29.12.08

Gentileza gera gentileza


A natureza não vende terra,
a natureza não cobra pra dar alimentação para nós.
Esse dia lindo,
essa luz que está em cima de nós, a nossa vida,
ou seja, vem do mundo, é de graça,
é Deus nosso Pai que dá.
Agora o capeta do homem que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo,
destruindo a própria humanidade.
Capeta vem de origem capital.
É o vil metal
Faz o diabo, demônio marginal.
Por esse motivo, a humanidade vive mal.
Mal de situação,
mau de maldade,
porque o capitalismo é falsidade,
o pranto de toda a maldade,
raiz de toda a perversidade do mundo.
É o dinheiro.

O dinheiro destrói a mente da humanidade.
O dinheiro coloca a humanidade surdo.
O dinheiro destói o amor.
O dinheiro cega.
O dinheiro mata.
Todo dia você lê jornal, ouve rádio,
televisão, só vê barbaridade:
é crime, é assalto, é sequestro, é vício, nudez, devassidão, fome e guerra.
Vai ver qual é a causa:
capitalismo.


Gentileza Gera Gentileza é uma acção global criada para espalhar as mensagens de amor e de paz, que foi lançada originalmente por José Datrino, o Profeta Gentileza. José Datrino foi um homem que renunciou à materialidade para se tornar o professor do amor, da compaixão e da beleza de espírito. Era ele o Profeta Gentileza.

José Datrino, chamado Profeta Gentileza (nasce em São Paulo, a 11 de abril de 1917 — e morre em São Paulo, a 29 de maio de 1996), tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um viaduto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. José Datrino teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga.

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo "Gran Circus Norte-Americano", o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. José Datrino que se dedicava ao transporte de mercadorias, pegou num de seus camiões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói. Aquela foi a sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com as suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se conhecido por "José Agradecido", ou simplesmente “Profeta Gentileza”. Quatro anos passados, começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e autocarros, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

Aos poucos, torna-se um personagem reconhecidamente popular. Cria provérbios e máximas para alcançar as pessoas, ensina a gentileza e proclama os costumes em plena época do movimento hippie, do rock e da minisaia.

Gentileza jamais aceitou dinheiro das pessoas: "é mais fácil um burro criar asas e avoar do que um centavo de alguém aceitar". Ao contrário, denunciava: "cobrou é traidor - o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o Papa tá papando, papão do capeta capital".

A pregação anti-capitalista constituiu a denúncia maior do Profeta. Às vezes foi tomado como comunista, tendo que explicar às "autoridades" o porquê das iniciais PC em seu estandarte (na época). Na ambigüidade criada, não se tratava de uma vinculação ao Partido Comunista, mas ao Pai Criador.

Todos esses aspectos contribuem para que, cada vez mais, Gentileza apareça e se destaque na sociedade da época. Gentileza era um caminhante incansável, que estendeu sua presença a vários bairros do Rio de Janeiro, às cidades da Baixada Fluminense, a Niterói e São Gonçalo.
Em fins dos anos 60, o Profeta inicia uma série de viagens que o tornarão conhecido no interior do País. Nessa época, retorna a Mirandópolis reapresentando-se como Profeta Gentileza. Em 1970, parte para o interior de Mato Grosso, rumo a Campo Grande e Aquidauna (atual MS), para pregar a gentileza. Nessa última urbe, sofreu sua primeira grande adversidade como profeta: foi detido por policiais que o conduziram à delegacia.

Nos anos 70 desponta seu culto à brasilidade, aos temas da bandeira nacional e ao herói cívico de maior expressão na história do País: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Sua admiração a Tiradentes levou-o várias vezes a Minas Gerais e, especificamente, a Ouro Preto, onde se abrigava em igrejas e repúblicas de estudantes. O monumento a Tiradentes na praça central da cidade era seu principal local de referência.

Foi numa dessas idas a Ouro Preto, no convívio com os estudantes que estes lhe sugeriram o uso de uma bata, que acabaria por marcar definitivamente sua figura mística. Em outros municípios, Gentileza também explicitou seu respeito por Tiradentes.

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km, e encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, por isso mais tarde foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em Janeiro de 1999. Em Maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o património urbano carioca foi preservado.

Esta obra, agora recuperada, constitui uma cartilha com os preceitos básicos de Gentileza à população. É um Livro Urbano, onde cada pilastra é uma página e a leitura é feita à janela dos veículos que por ali passam continuamente. Assim como o episódio do circo inscreveu Gentileza na memória popular, suas viagens pelo Brasil e suas inscrições, perenizadas na entrada do Rio de Janeiro, fizeram dele um dos maiores personagens populares do Brasil. A estrutura dos seus escritos e sua grafia, uma vez vistos, tornam-se inconfundíveis

Os temas do circo, do mundo como escola (Escrito 55) e a parábola do livro e da sabedoria aparecem tratados com singeleza. A questão da gentileza é, de novo, um despertar para atitudes: vivemos nas cidades rodeados de indiferença. O que gera a violência é o anonimato no meio da multidão... Gentileza pregava o amor fraterno e propunha às pessoas que dessem atenção umas às outras e criassem intimidade, o que faz muito bem à saúde. Um Profeta é isso: alguém que ilumina as pessoas

Gentileza era um ser da comunicação. A imprensa sempre nutriu por ele um interesse, talvez por cauda da sua inventividade, do seu caráter exótico e "tropicalista". Mas a sua própria máxima, gentileza gera gentileza, já começa a ser utilizada em campanhas publicitárias que encobrem fins comerciais.

Impõe-se assim explicitar, criticamente, um modo de apropriação do proclame da gentileza, onde esta se revela muito mais como uma proposição de natureza ética do que uma marca.

O tema central da mensagem do Profeta é a oposição que se estabelece entre a gentileza e o capital. Enganamo-nos, então, se vemos na gentileza uma mera oposição à violência. Esta visão é ainda uma leitura de superfície, tanto dos fatos, quando da sua simbólica. Para o Profeta, a violência, assim como outros males da sociedade se produzem a partir do vil metal.

Dos 56 escritos do viaduto do Caju, quase a metade destes descrevem os ensinamentos da gentileza e das suas virtudes, pontuando alguns outros temas da sua pregação; em cerca de 30 pilastras, aparece com toda a ênfase, a sua denúncia profética do capitalismo, "que vende e destrói tudo", "que cega a humanidade... e leva para o abismo".


Consultar:
http://www.gentileza.net/
http://www.riocomgentileza.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Profeta_gentileza
www.portalverde.com.br/fundacao_gentileza/o_profeta/profeta.htm

Video musical de Marisa Monte – Gentileza




Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

Activistas ambientais apagam as luzes dos letreiros dos anúncios e dos néons comerciais em Paris porque representam um desperdício energético inútil



Nesta época do ano, Paris - também conhecida como "Cidade Luz" - fica ainda mais iluminada por causa das milhares de luzes de Natal em prédios comerciais e residenciais na cidade.
Um grupo de jovens defensores do meio ambiente resolveu combater o excesso de gastos com energia eléctrica desligando letreiros luminosos de lojas durante a noite. Designam-se por «clã do néon» e defendem que a lei não proíbe o acto, contanto que ela ocorra na parte externa do estabelecimento. São acções não-violentas que já não se limitam à cidade de Paris e que servem para lutar contra a poluição luminosa das cidades que impede observarmos as estrelas, para além de representarem um desperdício de energia, quando os estabelecimento estão fechados, as pessoas nas casas, ficando apenas a alimentar a publicidade luminosa.

«Trata-se de um acto simbólico, mas queremos servir como exemplo para outras pessoas. Não existem pequenas economias e sim apenas economias», afirma David Drui, integrante do grupo .

Note-se que os néons têm uma potência média de cerca de 50W/metro, e a factura anual de electricidade associada aos néons representa algumas centenas de euros anuais, o que multiplicando pelos inúmeros estabelecimentos e anúncios publicitários luminosos chega facilmente a despesas inúteis de muitos milhões de euros.

http://clanduneon.over-blog.com/



Manifesto

La nuit, dans les rues commerçantes parisiennes, nous nous retrouvons souvent face à des enseignes lumineuses restées allumées. Des néons de boutiques qui ont pourtant fermé leurs portes...

A quoi servent ces néons ? A rendre la ville plus belle ? A continuer à marquer la présence d'un commerce ? A imposer une marque, un logo, une "identité" ?

ÉTAT DES LIEUX

Les enseignes des boutiques allumées toute la nuit représentent tout d’abord une agression publicitaire supplémentaire. Mais même au-delà de ce sentiment de harcèlement pesant, quel commerçant peut sincèrement considérer que ces néons allumés dans des rues presque désertes sont efficaces pour augmenter ses ventes ?

De plus, ces néons consomment une quantité importante d’énergie. Alors qu’on gaspille, des gens dorment dans les renfoncements des boutiques. Sans parler de l’impact écologique de ces consommations d’énergie dans le contexte actuel de raréfaction des ressources et de réchauffement climatique.
Les néons engendrent donc une double pollution, celle pour produire l’électricité mais aussi celle, lumineuse, qui nous empêche de voir les étoiles...

UNE ACTION SENSEE ET NON VIOLENTE

On peut tous lutter contre cette dérive, en éteignant simplement ces néons. Il suffit de désactiver les boîtiers néons (voir vidéo de démonstration). C’est un geste simple et non violent, qui ne dégrade pas les biens. Nous avons commencé à agir et nous comptons sur vous pour que le mouvement se diffuse. Toutefois, dans certains cas, nous reconnaissons l'intérêt des enseignes lumineuses. Nous luttons avant tout contre leur utilisation abusive, au service de la publicité. Nous sélectionnons avec attention les néons que nous éteignons. nous n’agissons jamais sur un commerce ouvert, un café ouvert, une pharmacie ouverte... En revanche, en cas d’abus, nous n’hésitons pas. Le plus marquant étant le cas de certaines banques, dont les horaires sont restreints mais qui continuent d'afficher fièrement leur logo... de banque... la nuit. Des repères ? Oui mais trop de néons tuent le néon utile ! Trop de lumière éblouit ! Une enseigne indiquant un distributeur de billets, d'accord ; toute la banque allumée pour un distributeur de billets, non.


Nous espérons que nos actions continueront à vous ravir et qu'elles seront même suivies et imitées, pour que les commerçants prennent enfin conscience de cette absurdité, et prennent les mesures nécessaires. C’est ce qu’exprime notre logo, paradoxalement en lettres de néon, qui ne s’éteindra avec notre “clan” qu’une fois que les commerces éteindront leurs enseignes la nuit.

L'éclairage de la voie publique ne doit pas être financé par des fonds privés, mais par des fonds publics. C'est pourquoi tant que les rues seront inondées de néons privés, tant qu'elles seront dénaturées par la publicité imposée, nous continueront d'exprimer notre désaccord et notre mécontentement en éteignant les néons. Alors Paris redeviendra une "ville lumière", où l'éclairage public guide les pas des artistes, des peintres des écrivains, éclairant ses habitants, plutôt qu'une "ville néon" telle Las Vegas, temple de l’absurdité de l’argent considéré comme fin et non simplement comme moyen. Nous irions bien y faire un tour d'ailleurs... Du boulot en perspective !



Um Dicionário da Anarquia, organizado por Michel Ragon, acaba de ser editado em França


Na Abadia de Thélème, imaginada por Rabelais, fazia-se o que se queria. Este constituiu um dos antecedentes daquilo que alguns séculos mais tarde se veio a designar por anarquia. As bases deste anti-sistema floresceu no lastro do iluminismo com William Godwin e Charles Fourier, mas o verdadeiro teorizador da anarquia foi, sem dúvida, Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), autor de uma doutrina política socialista que sempre se mostrou extremamente crítica em relação a outra corrente de pensamento, o socialismo de Karl Marx.

Enquanto movimento político propriamente dito, a anarquia só aparece por volta de 1880, pouco depois da morte do aristocrata Michel Bakounine (1814-1876), considerado o pai de todos os anarquismos, e que foi excluído por Marx da Internacional. A anarquia assume-se como um movimento exterior a todos os partidos, e agrega múltiplas variantes e tendências.


«O que há de comum entre o anarquismo individualista, de Stirner a E.Armand, e o comunismo libertário de Kropotkine senão a oposição mais completa ao aparelho estatal ? Assim como, pouco ou nada há em comum entre o pacifismo integral do anarquista Louis Lecoin, e a sua defesa da objecção de consciência, e o nihilismo terrorista, já sem falar do anarquismo cristão ou, até mesmo, do anar-capitalismo»

Michel Ragon acaba de editar em França um Dicionário da Anarquia destinado a esclarecer uma corrente de pensamento e um movimento social muito pouco conhecido pelas pessoas em geral. Um pensamento que Michel Ragon, filho de camponeses, e hoje octogenário ( nasceu em 1924), sempre partihou, e o marcou no seu percurso de autodidacta, desde o tempo que era alfarrabista nas margens do Sena até se ter consagrado como crítico de arte e de arquitectura.

De Proudhon a Cohn-Bendit, de Brassens a Léo Ferré, de Mirbeau a Camus, de Breton a Sartre, de Henry Thoreau a Herbert Marcuse, da Surréalisme ao Situationnisme, sem esquecer desenhadores como o belga Frans Masereel ou o pintor impressionista Camille Pissarro, a família libertária é de uma espantosa riqueza e de uma enorme diversidade, o que constitui simultaneamente o seu ponto fraco mas também a sua maior capcidade de atracção. Ora é todo este panorama que a obra de Michel Ragon, agora editada, pretende dar conta sob o ambicioso título, Dicionário da Anarquia.

Os nunerosos jornais e publicações que pontuam a história do anarquismo atestam essa vitalidade. Basta lembrarmo-nos que o jornal «A anarquia», título publicado por Anselme Bellegarrigue em Abril de 1850, e que foi o primeiro em França a reclamar-se do anarquismo, tinha como subtítulo a expressão «jornal da ordem». Tal não impede que o mesmo título seja escolhido para outra publicação, por Albert Libertad, em 1905, em que se assumia claramente uma postura anti-sindical, anti-obreirista, anti-pacifista, onde a crítica ao álcool e ao tabaco era acompanhada pela defesa do amor livre.

Para ajudar à polémica, a definição que Prodhon dá de anarquia é tudo menos pacifica :

«A anarquia é uma forma de governo, ou constituição, na qual a consciência pública e privada formada pelo desenvolvimento da ciência e do direito se mostra suficiente para a manutenção da ordem e da garantia de todas as liberdades, e em consequência, o princípio de autoridade, as instituições de polícia, os meios de prevenção e de repressão, o funcionarismo, etc, encontram-se reduzidos à mais simples expressão, e em que as formas monárquicas, assim como a forte centralização, são substituídas por instituições federativas e os usos comunais» ( "L’anarchie est une forme de gouvernement, ou constitution, dans laquelle la conscience publique et privée formée par le développement de la science et du droit suffit au seul maintien de l’ordre et à la garantie de toutes les libertés, où par conséquent le principe d’autorité, les institutions de police, les moyens de prévention et de répression, le fonctionnarisme, etc., se trouvent réduits à leur plus simple expression, où les formes monarchiques, la haute centralisation, remplacées par les institutions fédératives et les mœurs communales, disparaissent." )

Até mesmo o lema «Nem Deus Nem Senhor», que é reivindicado pelos anarquistas contemporâneos, resulta de uma expressão de autoria de Blanqui que serviu de título para o seu jornal de 1880.

Não falta sequer neste dicionário a menção do nihilismo dos terroristas russos, referidos por Tourgueniev, Tchernychevski, Dostoïevski ou Nietzsche, ou os terroristas franceses, que se reivindicam anarquistas, desde Ravachol à Bande de Bonnot, ou mesmo da Action directe.
Figura tutelar em todo este movimento é, sem dúvida, Louise Michel (1830-1905), professora e conhecida figura da Comuna de Paris, a quem é reservada uma atença especial nas múltiplas entradas de que é constituído este valioso dicionário da anarquia


Música cigana e balcânica na passagem de ano no bar-livraria Gato Vadio ( a partir das 21h30)


Isto do comércio a retalho nunca se pode ter certezas e o melhor é o caro cliente franzir o sobrolho assim que nos veja atrás do balcão.

Nós que recusamos todas as formas do marketing indirecto, nós que escarnecemos das leis do comércio, que injuriámos o livro de reclamações até ao terceiro tomo, que nos esquivamos aos guichets burocráticos, que não deixamos o freguês sem troco, que atirámos a primeira e a última pedra, nós que estamos aqui para não ter de aturar mais ninguém, o Papa, o presidente do Infesta, o chefe de repartições, o gerente e o padreco, os mass media, o chulo, as valdovinas, íamos agora perder tempo a organizar uma noite de gala, quando a Gala já foi galada pelo Dalí enquanto o diabo esfregava o olho e os bigodes estratosféricos do Salvador, e, caro freguês, salvarmo-nos de quê?
Nós que para o ano prometemos erradicar o caruncho das cadeiras, nós que para o ano vamos adquirir – se os critérios de Co-invaginência permitirem e a ministra autorizar – outro aquecedor made in china para aplacar a friagem, nós que ao que tudo indica vamos pôr uns atoalhados novos, quiçá um sistema de wire-less assim que as teias de aranha sejam varridas dos frisos, que perdemos a cabeça e arranjámos um rádio a pilhas, pois o ano passado dando sinais de uma alienação à prova da Situação, esquecemo-nos, melhor, nem sequer nos ocorreu, que deveríamos estar atentos ao final Countdown, mas enquanto não trazemos os Europe – it’s the finest shut down!! – já frisámos os cabelos dos pés, e preparámos um Kit-míssil-calçado cosido à mão ali no vale do Ave, onde se mantêm algumas tradições árabes intactas apesar de não terem em todos os tempos possíveis e imagináveis a tal biblioteca de Bagdade que tinha mais livros na Idade Média que todas as bibliotecas juntas da nossa Europe tão civilizada e cujos altos desígnios mandaram escangalhar, pois dizíamos, a troco de uns tustos oferecemos o tal Kit-míssil-calçado para bombardear com chulé artesanal o ano velho e, vá que não vá, uma tacinha de champagne já que no ano passado sobraram três garrafinhas, e juntos cantaremos louvores ao novo ano pois continuaremos a chafurdar na mesma pocilga, e nós que temos com isso, e vem virá vir-se-à o famous grouse e o capão de Freamunde, venham, venham todos e todas que se nós pudermos ficamos em casa com os pés-de-molho, tanto calo e frieiras de tanto trabalhar um ano inteiro, por que esta vida de feirante e farsante não é para qualquer um, e venha a música da ciganada, a euforia balcânica, e se no ano passado prometemos a depressão e a loucura, vamos então dar lugar aos casamentos e funerais, a bem dizer, os vadios não passam de angelicais meninos de aliança e sinistros cangalheiros.
Que o Gato Vadio se aguente com o pernil ao alto antes que a dona Chica lhe arrume o pau…admiram-se?


Passagem de Ano no Gato Vadio

Música cigana e balcânica.

Taxa solidária vadia: 4€ (inclui champagne a rodos…)…

A partir das 21h30

Rua do rosário 281, Porto

28.12.08

«Ponto fraco (deste) Governo é o facto de não ter ideias» (José Gil em entrevista, onde fala do ensino e do novo autoritarismo que assola o país)

Excertos da entrevista de José Gil ao Correio da Manhã: ler aqui o texto completo

(...)

De certa maneira há, curiosamente é paradoxal o que vou dizer, curiosamente há uma espécie de liberdade maior mas que não vem do poder político, é uma liberdade maior que vem dos conflitos, dos embates sociais, do facto desses embates aparecerem mos meios mediáticos e serem consciente na parte da população. Também o facto de Portugal estar cada vez mais consciente do que se passa, como se dizia antigamente, lá fora. Quer dizer, Portugal está cada vez mais lá fora, o que dá uma reacção cada vez mais dentro. E isto é devido certamente a reacções sociais, das pessoas.

….

(a mentalidade dos mais novos que nasceram já depois do 25 de Abril, da Revolução de 74 não é nova, … ) ... primeiro, porque herdam uma velha forma dos pais. E naquilo que mudam na sua vida de adolescente, de jovem da universidade ou do trabalho, pura e simplesmente, eles vão encontrar umas estruturas, vão encontrar quadros de vida, escritórios, aonde encontram, aonde vão novamente ter de se moldar aos velhos comportamentos, às velhas mentalidades.



Há realmente uma nova tendência para o autoritarismo, para uma nova forma de autoritarismo.

Jornalista – Arrogância?

- Arrogância, autoritarismo. Quer dizer, desprezo da democracia em nome da vontade autocrática de um governante ou dois.

Jornalista – É o que se passa no caso dos professores? Nomeadamente neste momento em que os professores estão na rua, manifestações imensas. Refere-se muito à não-inscrição. A não-inscrição neste caso é o Governo ignorar isso tudo?

- Totalmente. É um exemplo típico de não-inscrição. Totalmente. Não só não-inscrição. Há pior do que isso. Eu ouvi o secretário de Estado, como milhões de pessoas ouviram na televisão, o secretário de Estado Pedreira dizer, depois das assinaturas, isto foi há três dias.


Jornalista – O abaixo-assinado.

- O abaixo-assinado apresentado no Ministério da Educação. Dizendo, mas isso podia ser forjado. Quer dizer. Eu fiquei com vergonha.

Jornalista – As assinaturas.

- Quer dizer. Não são as 60 mil assinaturas. É o facto de forjar. Percebe?

Jornalista – Claro.

- Quando isto vem à cabeça de alguém isto revela a cabeça de alguém



Nós temos um Governo, mas um Governo cinzento, morno. Quem é que sobressai ali? Nada (…)não sorriem, não estão contentes com a vida, parecem mais ou menos autómatos. Há ali pessoas muito inteligentes, não se vê nada, tudo aquilo é fato cinzento. E no meio, ou por cima ou ao lado há uma pessoa que tem um sorriso sempre até às orelhas, um dos sorrisos extraordinários que não pára, pára de vez em quando, e como se a vida fosse o triunfo quotidiano do progresso e essa pessoa é o primeiro-ministro. Não é esquisito isto? Aquele sorriso não deveria contagiar os mais próximos? O sorriso e os afectos é o que contagia imediatamente. E não contagia.

...

Ponto fraco do Governo é o facto de não ter ideias.



Jornalista – Voltando à Educação. Sempre tivemos um grande défice na Educação. Os alunos são mal preparados no liceu, chegam à universidade mal preparados e chegam à vida real mal preparados. Este processo nunca foi resolvido nestes anos de democracia. E cada vez está pior, não está? De preparar as pessoas para terem um olhar lá para fora? Como professor universitário não acha isso?

- Eu não posso falar ainda porque está a ser desenvolvido, está a começar a reforma universitária, mas no que diz respeito à reforma do ensino secundário eu acho, hoje acho que é um desastre. Lamento profundamente, tenho uma amargura profunda. Olhe, eu aí tenho uma amargura pelo meu País. Realmente. Realmente eu esperava qualquer coisa, e espero ainda não sei como. Porque é isso que vai mudar o País. Nós vimos de muito longe, de muito longe de analfabetismo, de iletracia, de pobreza. Somos um País secularmente pobre em tudo. Mentalmente e materialmente pobre. E era uma maneira agora de se transformar tudo.

Jornalista – Foi uma oportunidade perdida?

- Estou convencido que as reformas que estão a ser realizadas não vão transformar o nosso País.

….

José Gil, autor de várias obras sobre Filosofia, Artes, Dança e Literatura, nasceu em 1939 em Muecate, Moçambique. Aos 18 anos foi para França onde se licenciou em Filosofia na Faculdade de Letras da Sorbone, em Paris, em 1968. Anos mais tarde doutorou-se em Filosofia na Universidade Paris VIII. Em 1976 regressou a Portugal e foi assessor do secretário de Estado do Ensino Superior do IV Governo Provisório. Em 1981 entrou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa como professor convidado, onde hoje é professor catedrático.

27.12.08

A carnificina e o martírio dos palestinianos de Gaza sob as bombas terroristas do Estado sionista de Israel

Desenhos do cartoonista brasileiro Latuff

Imagens do ataque de hoje a Gaza






Este foi um Sábado Negro para os palestinianos da faixa de Gaza. Bombas e mísseis semearam terror, morte e sangue entre a população palestiniana a braços com falta de víveres e de recursos para a sua subsistência por motivo do cerco israelita ao território palestiniano. Informações transmitidas indicam que já se contabilizaram mais de 210 mortos e quase um milhar de feridos pelos ataques do exército sionista. Trata-se do ataque mais mortífero e sanguinários do exército ocupante israelita nos últimos 40 anos.


Entretanto, o líder do movimento Hamas que governa Gaza, Ismael Haniyeh, declarou que os palestinianos nunca se renderão a Israel. Depois do ataque, militantes do Hamas lançaram novos foguetes contra o território controlado por Israel que, como se sabe, ocupa ilegalmente vastas regiões da Palestina, apropriando-se de terras e descriminando a população local.


Consultar:





O Cigano do Ano

Escolha do blogue Insónia, e que o Pimenta Negra subscreve em absoluto

26.12.08

A indisciplina escolar ou como a escola capitalista gera reacções espontâneas e inconscientes de rejeição pelos jovens estudantes

O sucesso na escola capitalista massificada, segundo as actuais políticas educativas prosseguidas pelos Estados, na era do capitalismo desorganizado que é próprio da globalização mercantil neoliberal


NOTA PRÉVIA:

Apesar de não estar inteiramente de acordo com este tipo de abordagem, aparentemente não-ideologizada de Desidério Murcho, da escola e da indisciplina escolar, considero o texto que se reproduz abaixo, com a devida vénia, um bom ponto de partida para uma reflexão e análise dos problemas ligados à indisciplina escolar e à realidade massificadora da actual escola capitalista. Esta já deixou de formar as élites e os trabalhadores qualificados, como acontecia anteriormente, passando a assumir-se fundamentalmente com funções de controle social e de tutela da juventude ( de almofada social) com a desculpa ou o pretexto de estar a garantir o direito a todos à cultura e ao ensino, quando o que realmente oferece é a domestificação dos corpos, a massificação embrutecedora de telespectadores passivos e de consumidores obedientes às mensagens dos aparelhos comerciais, enfim, à proletarização de professores e alunos segundo o padrão, já não do capitalismo do fordismo industrial, mas do capitalismo cognitivo, onde o importante é a reprodução acéfala de competências cognitivas, e a eliminação do desejo por uma educação integral, com espírito crítico de indivíduos livres, criativos e soberanos. (Nota prévia deste Blogue)


Reproduz-se a seguir a crónica de Desidério Murcho da passada terça-feira sob o título« Falta de educação?»


A indisciplina é um dos problemas com que se debatem alguns professores do ensino secundário. Contudo, nem sempre se compreende que um dos factores que explicam alguns casos de indisciplina é a desvalorização da escola. É interessante comparar o comportamento de um mesmo estudante na escola e num clube de futebol, por exemplo. O mesmo estudante que na escola é mal-educado, falsamente rebelde e uma dor de cabeça para os professores, é um aprendiz normal no clube de futebol, dedicando-se com afinco a aprender o seu desporto favorito. E no clube de futebol as regras de comportamento podem até ser mais rígidas do que na escola.

A diferença é que o valor do futebol é para esse estudante óbvio, ao passo que vê a escola como uma imposição sem sentido. A menos que a escola seja valorizada no seu meio familiar, o estudante vê as aulas e o estudo como uma tolice que tem burocraticamente de cumprir antes de ir à vida que a morte é certa.

Ora, nada tem sido feito por parte dos responsáveis educativos para tornar óbvio o valor do estudo, dos livros e da escola a quem não aprende em casa a valorizar essas coisas. Pelo contrário: ao obrigar cada vez mais os professores a fazer as vezes de dinamizadores culturais, para não dizer palhaços, retirando da escola a sua dignidade própria e tentando transformá-la em entretenimento mentecapto, os responsáveis educativos pioraram a situação. Pois quando se encara a escola desta maneira é porque se pensa que a física, a matemática, a geografia, a história, a literatura ou a filosofia não são realmente interessantes.

O oposto desta atitude é a conversa dos senhores de olhar severo que usam palavras caras na televisão para repetir sem quaisquer argumentos que essas são as coisas mais importantes do mundo, para toda a gente. Acontece que isto é uma mentira. A maior parte da humanidade nunca teve o mínimo interesse em física, matemática, história ou filosofia, e vive bem assim. Tal como a maior parte da humanidade nunca teve o mínimo interesse em saber fazer pão, saber fazer electricidade ou saber curar uma perna partida. Pessoas diferentes interessam-se por coisas diferentes.

Para a escola ser respeitada por estudantes e pais não precisamos de pregar a mentira evidente de que a matemática ou a história interessam a toda a humanidade. Tal como o estudante que aprende futebol não pensa com certeza que aquilo é a coisa mais importante do mundo; basta-lhe que seja interessante para ele, e que sinta ter talento para isso. Esta é a atitude que temos de ter na escola. A filosofia, a música erudita ou a matemática não são as coisas mais importantes do mundo. São apenas importantes para algumas pessoas. Mas para sabermos se somos uma dessas pessoas, temos de passar pela escola e estudar essas coisas da melhor maneira possível. Se não o fizermos, não saberemos se realmente nos interessa ou não. O papel da escola universal é dar a todos os estudantes esta oportunidade única, sobretudo aos que não a têm em casa.

Oficina e jantar com bolotas – no próximo Sábado (27/12) no Terra Viva (associação de ecologia social do Porto)



VIVA A BOLOTA! ABAIXO A CRISE!

-SÁBADO 27/12/2008 – sede da Terra Viva (R. Caldeireiros, 213 – Porto - à Cordoaria)

17.00 -OFICINA de UTILIZAÇÃO (Moagem primitiva) e RECEITAS de BOLOTAS (sobreiro e carvalho)

20.00 -JANTAR VEGETARIANO E SOLIDÁRIO (de BOLOTAS – sopa, guisado, sobremesa…) – com informação sobre próximas actividades da Terra Viva! e de outros colectivos do Porto.

Esquecida pelo tempo e também pelos alimentos introduzidos nas dietas europeias depois dos “descobrimentos” (milho, batata, tomate,etc.), a bolota já constituiu uma das principais bases da alimentação dos povos da península ibérica, não apenas na idade do bronze mas também nos grandes períodos de fome que assolaram a Europa . Em Portugal, nos anos mais duros da ditadura salazarista, a bolota era consumida como”alimento de recurso” pelas camadas mais pobres, sobretudo em Trás-os-Montes e Alentejo.
Num tempo em que novas “crises” se adivinham, será útil não esquecer este recurso alimentar…
ESTA ACTIVIDADE DESTINA-SE TAMBÉM A APOIAR O FINANCIAMENTO DOS CUSTOS DO ESPAÇO DA ASSOCIAÇÃO, TAMBÉM ELA TOCADA PELAS DIFICULDADES DA “CRISE”…

NOTA: se cada interessad@ trouxer uma pedra grande chata e outra mais roliça e pesada –por exemplo, seixo pesado de uma praia ou rio (moínho primitivo) + 1 kg. de bolotas de sobreiro, tem um desconto de 0,50 .
tlm - 967694816
Sede do Terra Viva: R.Caldeireiros, 213- Porto

- Taxa de participação solidária: 2,50 Eur

25.12.08

Os pecados ecológicos do Vaticano ou como a Santa Igreja mata os mais belos seres naturais



Tinha 120 anos e 33 metros de altura. Vivia num bosque remoto da montanha no município de Gutenstein, no vale de Piesting ( na Áustria), e nada sabia das nossas guerras, obsessões e vícios. Andava apenas preocupado em aguentar o peso da neve que periodicamente se depositava nos seus múltiplos ramos.

Até que num dia destes chegou um engenheiro florestal, parou, observou-o e disse-lhe, com voz de especialista:

- És o maior exemplar e o mais bonito de todos desta zona.

Ao ouvi-lo, algumas folhas dos ramos mais baixos coraram de vergonha, enquanto toda a árvore se pavoneou de vaidade, aproveitando um intervalo da ventania que ali soprava forte, sabendo bem que as árvores suas vizinhas, ao ouvirem aquilo, ficariam roídas de inveja.

Alguns dias mais tarde, o engenheiro voltou, mas desta vez com dezenas de operários e um grande camião com uma grua de todo o tamanho. Quando ouviu o som nauseabundo das moto-serras, o velho e garboso abeto percebeu logo que tinha chegado a sua hora.

Ainda tentou reclamar:

- Afinal, não me tinham dito que era o mais belo, alto e proporcionado abeto deste bosque? Então porque é que me matam?

Ouviu então uma resposta que arrepiava, e que tinha tanto de loucura como de cinismo:

- Meu caro, tens muita sorte, é o que te digo! Na verdade, o teu cadáver irá ser a prenda do nosso grande país, a Áustria, ao país mais pequeno do mundo, o Vaticano. Iremos instalar-te no centro de uma conhecidíssima praça, a praça de São Marcos, no Vaticano, para que todos admirem o teu cadáver. Enfeitaremos o teu corpo com milhares de bolas e enfeites, luzes e luzinhas a apagar e a acender, antes de, no topo, depositarmos uma estrela polar. Um coro de crianças dar-te-ão as boas vindas, e cantarão bonitas canções. Infelizmente já não as poderás ouvir, porque já estarás morto. O teu cadáver ficará assim exposto por alguns dias, até ao dia 2 de Fevereiro para a glória da Áustria e do Vaticano. Serás assim o símbolo do nascimento de Cristo e da vida eterna, prazer que, no en tanto, já não vais gozar porque assim decidiu o engenheiro florestal que te encontrou. Milhares pessoas, que te irão visitar, hão-de tirar fotografias do teu cadáver para mais tarde te recordar.

Espantado e incrédulo, a árvore gigante ainda perguntou:

- E depois?

- Bem, depois…, depois de 2 de Fevereiro vão-te lançar à lixeira, ou mandar-te para alguma incineradora nos arredores de Roma…. !!!

Desgraçadamente este não é um conto de fadas. É sim a triste realidade dos dias de hoje, no Estado eclesial do Vaticano, de acordo com um costume idiota, iniciado…. com o Papa João Paulo II !!!

Será que é tão difícil para a Igreja e a Cúria Vaticana salvar a vida destas árvores de enorme porte e que são um hino à mãe-natureza? Será que às suas consciências não pesará o pecado ecológico de serem cúmplices e autores morais dos assassinatos destas portentosas árvores, já para não falar do desperdício de energia que o seu transporte e a alimentação das luzes vai representar?

Que as imagens da chegada do cadáver de mais uma vítima inocente sirva de reflexão a todos nós sobre a frieza, a insensibilidade e a falta de respeito do Vaticano para a mãe-natureza, em particular para estar bonitas e majestosas árvores que são os enormes abetos das montanhas alpinas.
Tradução livre do um texto encontrado em:


24.12.08

Por um natal ecológico ( Econatal ), e não compulsivamente consumista




O Econatal é uma forma alternativa de festejar o Natal, onde o importante não é o valor económico do que se oferece, o importante é oferecer de forma muito especial: dar um pouco de ti, dar uma prenda ecológica, dar ajudando em vez de destruir!

O GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, no âmbito das iniciativas internacionais associadas ao DIA SEM COMPRAS (Buy Nothing Day) e NATAL SEM COMPRAS (Buy Nothing Christmas), coloca à disposição um website original com dicas e conselhos preciosos para que possamos evitar - ao contrário do que normalmente fazemos, ainda que de forma inconsciente - a destruição do ambiente, a exploração de trabalhadores e a feroz alienação comercial; para que todos, e também o nosso planeta, possamos celebrar um Natal realmente Ecológico e de acordo com o seu espírito original.


PORQUÊ?

Devíamos começar por tentar compreender a origem dos produtos que compramos todos os dias: sapatos, roupas, jogos, CD’s, consolas, telemóveis, e mesmo comida. A grande maioria destes produtos, se não mesmo todos, são produzidos por grandes Multinacionais que directa ou indirectamente (recurso a "subempreiteiros") corrompem governos e exploram países do terceiro mundo.

Sob uma máscara de auxílio a estes Países, acabam por torná-los ainda mais pobres, tanto a nível de recursos naturais, como em capacidade de gerar a sua própria riqueza. Resultante do total desrespeito pelo equilíbrio do Planeta Terra e pelos Direitos Humanos obtêm uma força de trabalho facilmente substituível e disposta a sofrer todo o tipo de abusos. Estão destinados a fazerem-nos “felizes” até ao final dos seus breves dias.

Enquanto nos preocupamos com a marca deste ou daquele tipo de produto e o que é que vão dizer os nossos amigos por o usarmos, há, de facto, pessoas a morrer para nos darem essa hipótese de escolha. Serão mesmo necessários todos esses produtos que compramos?

Toda a máquina publicitária tem em vista seduzir-nos a consumir, consumir e consumir, levando-nos às vezes à ruína pessoal e familiar, fazendo-nos crer que seremos mais felizes, bonitos, “fixes”, se possuirmos determinado objecto. O telemóvel que era ontem o melhor do mundo é hoje obsoleto, e os sapatos que eram da moda estão hoje completamente “out of fashion“. O ritmo da moda e da tecnologia incentiva-nos assim a rejeitar produtos que acabámos de comprar.

Estamos a gastar os recursos cada vez mais escassos do nosso planeta a fabricar bens descartáveis, cujo destino final será encher aterros sanitários de resíduos e poluir rios e florestas. Quantos papéis e plásticos envolvem os brinquedos que vamos oferecer este ano como presente de Natal?

Aproveite esta época para reflectir e ponderar sobre os seus hábitos e as suas verdadeiras necessidades. Quando fizer as suas compras de Natal, tente comprar prendas o mais ecológicas e justas possíveis. Também pode optar por fazer você mesmo as suas prendas! Os seus amigos/familiares receberão assim algo mais pessoal. Neste Natal, pense no Natal do planeta Terra! Não o “consumas”!


Quando no Natal, num Aniversário, ou simplesmente quando nos apetecer, quisermos oferecer uma prenda a um amigo, devemos ter em mente que não temos necessariamente que comprar um presente. Há imensas coisas que podemos ser nós mesmos a fazer. E como nos dedicamos na construção da prenda (tempo, precisão) esta terá mais valor, tanto para nós, como para quem recebe.

Para fazermos alguns destes presentes temos que comprar os materiais, mas outros são fáceis de encontrarmos na Natureza, ou são coisas que já não usamos, ou que vamos deitar fora.

Podemos pensar numa espécie de esquema de graduação de impacto ecológico no acto de oferecer uma prenda. Primeiro devemos tentar oferecer algo feito por nós de raiz. Depois tentar oferecer algo feito por nós comprando apenas a matéria-prima. Se mesmo assim, tivermos dificuldade com prendas para certas pessoas, podemos comprar prendas mais ecológicas e éticas, como por exemplo prendas que incentivem um consumo mais ecológico como sacos de pano, sacos para o pão, ou prendas em lojas do comércio justo, vendas de natal, lojas de artesanato local, lojas de segunda mão (ver secção alternativas)... E quando comprarmos devemos ter o cuidado de pensar na utilidade da prenda, de comprar algo que a pessoa necessite.


O que podemos fazer... ver
aqui

O que oferecer… ver aqui

18 dicas para um Natal melhor… ver
aqui

Alternativas… ver aqui


http://gaia.org.pt/econatal/

Consultar ainda:
http://www.buynothingchristmas.org/
http://simpleliving.org/

10 sugestões para um Natal mais simples ... ver
aqui

Para ler sobre o assunto:
Bill McKibben, Hundred Dollar Holiday (Simon & Shuster, 1998).

Sallie McFague, Life Abundant: Rethinking Theology and Economy for a Planet in Peril (Fortress, 2001). .

Herman E. Daly and John B. Cobb, Jr. in For the Common Good: Redirecting the Economy Toward Community, the Environment, and a Sustainable Future (Beacon Press, 1994).

Doris Janzen Longacre, Living More With Less (Herald Press, 1980).

23.12.08

Yes, we Kant!




Um ano inteiro a respeitar escrupulosamente os princípios kantianos!
Sim, é este, com efeito, o desafio que Cathal Morrow se propõe realizar ao longo do próximo ano.
Viver de maneira kantiana, o que é que significa , então?
Fundamentalmente 3 coisas :

- não mentir
- comportar-se de maneira a que cada acção sua possa ser universalizável ( ou seja, se todos fizerem como faço, o mundo e a vida seriam muito melhores)
- considerar o outro como um fim e não como um meio

São estes os princípios essenciais que sobressaem na moral kantiana que Cathal Morrow, um homem de 43 anos, casado e pai de 2 filhos, se propõe seguir nos próximos anos. Note-se que, de acordo com Kant, se tais princípios morais forem seguidos, e se todos nós fossemos seres morais, então estaria garantia a Paz Perpétua!


Esta saga moral pode ser seguida no blogue de Cathal Morrow:
http://thecompletekant.com/
http://thecompletekant.com/the-book/

A desobediência bíblica à lei e às ordens, ou como os professores cristãos não vão parar ao inferno se não obedecerem aos diktats de Sócrates



Retirado daqui com o título original:

A desobediência, segundo Mateus. Ou de como a resistência interna nas escolas pode ser justificada à luz da ética cristã


Ao ler uma vez mais o capítulo 2 do Evangelho de Mateus (2-3), nomeadamente os Magos do Oriente, a Fuga para o Egipto e Jesus em Nazaré, apercebi-me que o Natal é uma história de desobediência: primeiro dos Reis Magos que desobedeceram à ordem do Rei Herodes e depois da Virgem Maria e de São José, que também desobedeceram às ordens do Rei Herodes, fugindo para o Egipto! Só quando morreu o Rei Herodes, que atentava contra a vida do Menino Jesus, o anjo apareceu a São José e lhe disse que podia "parar de desobeder" e regressar a Israel. Ainda assim, José foi para a Galileia em vez de regressar à Judeia, não fosse Arquelau, sucessor de Herodes, dar continuidade aos crimes do seu antecessor...

E o que nos diz o evangelista Mateus? Que a desobediência é saudável, que devemos desobedecer?!... Certamente que não, mas que ela se impõe quando é para evitar uma mal maior ou quando permite alcançar um bem maior. De facto, a desobediência é fundamental e crucial na história da humanidade e justifica-se quando colocada ao serviço da nobreza e do carácter! Na verdade, não teríamos tido salvação na terra, se não tivesse havido três reis magos que desafiaram o Rei da terra: em vez de o avisarem onde nascera o Menino, voltaram a casa por outro caminho... Mas também não teríamos tido salvação se a Virgem Maria na Anunciação não tivesse dito "SIM, faça-se em mim segundo a Tua palavra"! E se o Anjo não tivesse avisado são José em sonhos! Tantas pequeninas coisas que, juntas, salvaram o mundo...

E o que é que estes episódios bíblicos têm que ver com a luta dos professores, nomeadamente com a recusa na entrega dos objectivos individuais? Tudo. Só não entende quem não quiser.

Cristina Ribas

22.12.08

Ao lado de um grande homem está por vezes uma grande mulher: faleceu Carol Chomsky


Carol Chomsky, mulher de Noam Chomsky, e tal como este, uma importante figura na linguística, para além de se ter também destacado na área da educação, faleceu ontem em Massachusetts aos 78 anos de idade. Tornou-se conhecida sobretudo pelos estudos realizados com a aprendizagem da linguagem nas crianças.
Carol e Noam conheceram-se muito cedo, e estavam casados há 59 anos.

Segue-se o obituário publicado no New York Times


Carol Chomsky, 78, Linguist and Educator, Dies


Carol Chomsky, a linguist and education specialist whose work helped illuminate the ways in which language comes to children, died on Friday at her home in Lexington, Mass. She was 78.
The cause was cancer, her sister-in-law Judith Brown Chomsky said.


A nationally recognized authority on the acquisition of spoken and written language, Professor Chomsky was on the faculty of the Harvard Graduate School of Education from 1972 until her retirement in 1997. In retirement, she was a frequent traveling companion of her husband, the linguist and political activist Noam Chomsky, as he delivered his public lectures.
Carol Chomsky was perhaps best known for her book, “The Acquisition of Syntax in Children From 5 to 10” (M.I.T. Press), which was considered a landmark study in the field when it appeared in 1969. In it, she investigated children’s tacit, developing awareness of the grammatical structure of their native language, and their ability to use that awareness to extract meaning from increasingly complex sentences over time.


Young children, Professor Chomsky found, could distinguish no difference in meaning between superficially similar sentences like “John promised Bill to shovel the driveway” and “John told Bill to shovel the driveway” — they could not discern who did the shoveling in each case. Older children, she found, could do so automatically, without having been formally taught.

Where earlier investigators had concluded that the acquisition of syntax — the grammatical structure of sentences — is complete by the time a child is 5, Professor Chomsky demonstrated that when it came to syntactically complex constructions, at least, acquisition is far from finished at that age.
Professor Chomsky’s later research focused on children’s acquisition of the written word. In the late 1970s, she developed a technique for helping struggling readers attain greater fluency. She had the students silently read a passage while a tape recording of the passage played along. The process was repeated until the student could read the text fluently, without the tape. The technique, known as repeated reading, has been widely used in classrooms ever since.


Still later, Professor Chomsky turned her attention to educational technology, creating software that develops reading-comprehension skills.

Carol Doris Schatz was born in Philadelphia on July 1, 1930. She married Noam Chomsky, whom she had known since childhood, in 1949. In 1951, she earned a bachelor’s degree in French from the University of Pennsylvania.

In the 1960s, faced with the possibility that her husband would be jailed for his activities in opposition to the Vietnam War, Carol Chomsky resumed her education: a doctorate would be useful should she need to become the sole family breadwinner. Though that prospect did not materialize, she earned a Ph.D. in linguistics from Harvard in 1968.

Besides her husband, the Institute Professor and emeritus professor of linguistics at the Massachusetts Institute of Technology, Professor Chomsky is survived by their three children, Aviva Chomsky, a professor of Latin American history at Salem State College in Salem, Mass.; Diane Chomsky of Mexico City; and Harry Chomsky, of Albany, Calif.; a brother, J. Leonard Schatz of Burlington, Mass.; and five grandchildren.

In a 2001 interview with The Pennsylvania Gazette, the alumni magazine of the University of Pennsylvania, Carol Chomsky contrasted her brand of linguistics — practical, experimental, hands-on — with her husband’s abstract, quasi-mathematical approach:
“It’s a very different sort of ‘linguistics’ from Noam’s pursuits,” she said. “I always have to laugh when people talk about how interesting our dinner-table conversation must be since we’re in the same field.”



Ver ainda:
http://news.infoshop.org/article.php?story=20081221161552160

Mande um email de protesto contra a aliança da ASAE com os partidários dos transgénicos



Se não concorda que a ASAE ponha a dirigir a comissão técnica de avaliação de risco dos transgénicos uma das pessoas que em Portugal mais defende esses mesmos transgénicos, então faça ouvir o seu protesto!


Copie o texto abaixo (pode alterar o que entender) e envie-o para os emails indicados.


Não se esqueça de pôr o seu nome e nº de BI no final da carta. Se possível, faça cópia para o email da Plataforma Transgénicos Fora (info@stopogm.net) para se registar a dimensão do protesto. E, claro, passe este email aos seus amigos e colegas, para que protestem também! O objectivo é atingir cinco mil envios até ao final de Janeiro de 2009. Todos os emails contam!


Título do email:


ASAE - Pedido de demissão da presidente da Comissão OGM


Enviar para:
gmei@mei.gov.pt, gsecsdc@mei.gov.pt, gsea@maotdr.gov.pt, sedrf@madrp.gov.pt, george@dgs.pt, correio.asae@asae.pt, mbdias@asae.pt, belem@presidencia.pt, rvieira@ps.parlamento.pt, ginestal@ps.parlamento.pt, clopes@ps.parlamento.pt, hantunes@ps.parlamento.pt, jalmeida@ps.parlamento.pt, jfao@ps.parlamento.pt, lferreira@ps.parlamento.pt, mjrodrigues@ps.parlamento.pt, antao@ps.parlamento.pt, cpoco@psd.parlamento.pt, hvelosa@psd.parlamento.pt, carloto@psd.parlamento.pt, mpalmeida@psd.parlamento.pt, nunocamarapereira@psd.parlamento.pt, hamaral@pp.parlamento.pt, francisco.lopes@ar.parlamento.pt, al@pcp.parlamento.pt

Texto:

Exmo Sr Ministro da Economia e da Inovação, Doutor Manuel Pinho
Exmo Sr Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Dr Fernando Serrasqueiro
Exmo Sr Secretário de Estado do Ambiente, Doutor Humberto Rosa
Exmo Sr Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Dr Ascenso Simões
Exmo Sr Director-Geral da Saúde, Dr Francisco George
Exmo Sr Inspector-geral da ASAE, Dr António Nunes
Exmo Sr Director Científico da ASAE, Eng Manuel Dias
Exmo Sr Consultor da Assessoria para os Assuntos Económicos e Empresariais da Presidência da República, Eng Sevinate Pinto
Exmo Sr Presidente da Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Desenvolvimento Regional da Assembleia da República, Dr Rui Vieira
Exmos Srs Deputados da Subcomissão de Agricultura, Florestas, Desenvolvimento Rural e Pescas da Assembleia da República (Miguel Ginestal, Carlos Lopes, Horácio Antunes, Jorge Almeida, Jorge Fão, Lúcio Ferreira, Manuel José Rodrigues, Nuno Antão, Carlos Poço, Hugo Velosa, Luís Carloto Marques, Miguel Almeida, Nuno da Câmara Pereira, Helder Amaral, Francisco Madeira Lopes, Agostinho Lopes)


Venho expressar a minha indignação pela nomeação da Doutora Margarida Oliveira para presidente da Comissão Técnica Especializada da ASAE responsável pela avaliação de risco dos alimentos transgénicos. Com efeito, e tal como detalhado no comunicado de imprensa recentemente divulgado pela Plataforma Transgénicos Fora (que reproduzo abaixo), há anos que a Doutora Margarida Oliveira se empenha pessoalmente na promoção dos transgénicos em Portugal, inclusive tomando por eles partido para além do que pode permitir o estado do conhecimento na matéria e desprezando ostensivamente o princípio de precaução inequivocamente consagrado na legislação europeia.

Considero pois que não estão reunidas as condições de independência científica e credibilidade previstas no regulamento da ASAE e que a Doutora Margarida Oliveira deverá ser demitida. Também a restante composição desta Comissão deverá ser revista, já que comporta elementos com perfil semelhante e que não oferecem garantias plenas de isenção e independência. Na ausência destas medidas estará em risco a saúde de todos os consumidores portugueses no que toca à avaliação dos reais riscos dos transgénicos.

Cumprimento e aguardo,
[NOME]BI [nº]



Comunicado de imprensa

Plataforma Transgénicos Fora


Agricultura é o próximo alvo da Autoridade

A.S.A.E. DE BRAÇO DADO COM A INDÚSTRIA DOS TRANSGÉNICOS


Quando se lê o Despacho 30186-A/2008 publicado no Diário da República de 21 de Novembro*1 e se toma conhecimento da nomeação dos presidentes das Comissões Técnicas Especializadas que dão apoio ao Conselho Científico da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), não podemos deixar de ficar perplexos perante a nomeação da Doutora Margarida Oliveira, da Universidade Nova de Lisboa, para a comissão de avaliação de risco dos organismos geneticamente modificados (transgénicos).

Ora, é sobejamente conhecido que a Doutora Margarida Oliveira tem mantido, ao longo da última década, uma intensa e visível campanha pública a favor da introdução dos alimentos transgénicos em Portugal, tendo sido convidada para defender uma posição favorável à utilização desta tecnologia em vários debates sobre o tema. No entanto, segundo o Despacho em causa, espera-se dos nomeados "apoio independente" (vide preâmbulo), isto numa Autoridade que se rege "pelos princípios da independência científica, da precaução, da credibilidade."*2

Como acreditar que a Doutora Margarida Oliveira, que já foi presidente do Centro de Informação de Biotecnologia, uma estrutura financiada pela indústria*3 e que promove a sua adopção em Portugal, vai poder presidir com imparcialidade a avaliações independentes desses mesmos transgénicos?

Como acreditar que a Doutora Margarida Oliveira, que afirma publicamente sobre os transgénicos "são as plantas mais seguras que o consumidor pode consumir",*4 vai de facto dar-se ao trabalho de analisar o seu risco, o qual no seu entender não existe, ou de aplicar o princípio da precaução previsto pela ASAE, que tem vindo a advogar ser desnecessário?
Como acreditar que a Doutora Margarida Oliveira, que entende que a legislação portuguesa "exagera"*5 nas regras para o cultivo de transgénicos, se vai preocupar em considerar seriamente os requisitos nacionais e comunitários?

Como acreditar que a Doutora Margarida Oliveira leve sequer a ciência a sério, quando, ao ser confrontada com uma longa lista de artigos científicos sobre o impacto dos transgénicos publicados por diversos grupos de investigação de todo o mundo, se limita a responder, publicamente e sem qualquer justificação científica, que nada daquilo é verdade?

A ASAE, se pretende ser credível nesta matéria, tem de cumprir o que está previsto no próprio regulamento interno*6 das comissões técnicas especializadas que, no seu artigo 3º, estabelece explicitamente que os seus membros não podem ter "interesses pessoais que possam ser considerados conflituantes com a independência necessária ao exercício das suas funções." Se alguma vez houve exemplo de tal conflito de interesses, ele está patente neste caso de forma explícita e, considerarão alguns, insultuosa para o interesse público.

Se a ASAE o não fizer, cabe ao Sr Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Dr. Fernando Serrasqueiro, fazer cumprir a letra e espírito da lei que rege a Autoridade e convidar a Doutora Margarida Oliveira a sair.

______________________________________________


NOTA - A composição da restante Comissão Técnica (disponível no boletim ASAEnews nº5, em www.asae.pt ) apresenta um enviesamente igualmente inaceitável. Com efeito, a maioria dos elementos que a integram também participa em debates ou defende posições públicas de cariz político a favor da introdução dos transgénicos em Portugal.


2 - Vide http://www.asae.pt (no menu ASAE - Missão, Visão e Valores)




6 - Vide http://www.asae.pt (no menu ASAE - Conselho Científico)



Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por doze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras.


Para mais informações contactar info@stopogm.net ou http://www.stopogm.net

A brigada treze e os tiques marcelistas da pseudo-anarca Lurdes Rodrigues

A vassalagem revela uma atitude mental de subserviência, completamente desadequada aos tempos modernos e a uma educação e formação cívica de cidadãos activos, conscientes e reivindicativos, que é próprio das sociedades livres

A propósito da peregrinação de 13 professores ao Ministério da Educação a fim de apoiar o modelo de desempenho da função docente imposto pelo governo xuxialista, transcreve-se abaixo um texto de opinião publicado no jornal A Voz da Póvoa:

A Brigada Treze

A ministra da Educação já provou vezes sem conta que está a mais no cargo, se olharmos para o seu desempenho pelo lado do interesse dos alunos, dos professores e dos pais. Está muito bem onde está, se analisarmos a sua acção pelo lado dos que mandam num Governo que não é mais do que um sinédrio de jagunços ao serviço dos senhores do capital financeiro.

E fazemos esta distinção porque o senhor Belmiro de Azevedo, por exemplo, já manifestou o seu desacordo pela abertura dos cofres públicos aos bancos.

Os cavalheiros da indústria não vão em cantigas e também acham que distribuir dinheiro pelos bancos é um crime. E se há quem pense que os fundos que os bancos vão buscar aos especuladores financeiros mundiais, com o aval do Estado, não vão ser pagos por nós, esperem para ver, quando eles fecharem as portas e forem montar a tenda para outra freguesia.

Mas estávamos a falar da ministra da Educação. Quando já ninguém acredita nela, nem o Menino Jesus, eis que a santa senhora recebeu no seu gabinete 13 professores que lhe foram manifestar apoio à sua política. No tempo da outra senhoria, uns generais carunchosos foram prestar vassalagem ao ditador Marcelo Caetano, estava o regime a cair de podre. Nesta choldra do socialismo cavaquista o melhor que se pode arranjar é uma brigada de 13 professores para apoiar Sócrates e a sua ministra. Isto começa a ir ao fundo.

Texto retirado do
jornal Voz da Póvoa