A desobediência, segundo Mateus. Ou de como a resistência interna nas escolas pode ser justificada à luz da ética cristã
Ao ler uma vez mais o capítulo 2 do Evangelho de Mateus (2-3), nomeadamente os Magos do Oriente, a Fuga para o Egipto e Jesus em Nazaré, apercebi-me que o Natal é uma história de desobediência: primeiro dos Reis Magos que desobedeceram à ordem do Rei Herodes e depois da Virgem Maria e de São José, que também desobedeceram às ordens do Rei Herodes, fugindo para o Egipto! Só quando morreu o Rei Herodes, que atentava contra a vida do Menino Jesus, o anjo apareceu a São José e lhe disse que podia "parar de desobeder" e regressar a Israel. Ainda assim, José foi para a Galileia em vez de regressar à Judeia, não fosse Arquelau, sucessor de Herodes, dar continuidade aos crimes do seu antecessor...
E o que nos diz o evangelista Mateus? Que a desobediência é saudável, que devemos desobedecer?!... Certamente que não, mas que ela se impõe quando é para evitar uma mal maior ou quando permite alcançar um bem maior. De facto, a desobediência é fundamental e crucial na história da humanidade e justifica-se quando colocada ao serviço da nobreza e do carácter! Na verdade, não teríamos tido salvação na terra, se não tivesse havido três reis magos que desafiaram o Rei da terra: em vez de o avisarem onde nascera o Menino, voltaram a casa por outro caminho... Mas também não teríamos tido salvação se a Virgem Maria na Anunciação não tivesse dito "SIM, faça-se em mim segundo a Tua palavra"! E se o Anjo não tivesse avisado são José em sonhos! Tantas pequeninas coisas que, juntas, salvaram o mundo...
E o que é que estes episódios bíblicos têm que ver com a luta dos professores, nomeadamente com a recusa na entrega dos objectivos individuais? Tudo. Só não entende quem não quiser.
Cristina Ribas