28.2.11

Membros do Black Panthy Party estarão amanhã presentes em Serralves para a projecção de filmes e num seminário sobre a luta e arte dos negros


Amanhã, terça-feira, dia 1 de Março, e no dia seguinte, quarta-feira, dia 2, estarão no Museu de Serralves, três elementos dos Black panther party, movimento de defesa dos direitos cívicos dos negros norte-americanos, fundado nos anos 1960:
- Emory Douglas, ministro da cultura dos black panther e criador da imagem gráfica do partido,
- Robert King, um dos membros dos angola 3, que esteve preso numa cela solitária durante 32 anos - os outros dois companheiros ainda continuam na prisão, também em solitária, há mais de quarenta anos
- Bill x Jennings, fundador, historiador e arquivista dos black panther, irão partilhar as suas experiências a partir de um programa de filmes que serão exibidos em sessões às 18h30 e 21h30, no auditório de serralves.


Quem estiver interessado, pode ainda frequentar, gratuitamente, um seminário com Emory Douglas, amanhã pelas 15h, também em serralves.
As sessões de cinema custam dois euros e meio. a acompanhar os black panther estará o artista rigo 23, radicado em s. francisco há cerca de vinte anos, muralista e destacado activista político.

Estas iniciativas enquadram-se no programa da exposição "às artes. cidadãos!", visível em Serralves até 13 de março.



SEMINÁRIO com Emory Douglas: "UMA ARTE REVOLUCIONÁRIA". 1 MAR 2011 (Ter.), 15h00
Emory Douglas dedicou a sua vida à luta pela justiça social, sendo talvez o mais prolífico agitador gráfico do movimento negro de libertação. A eficácia das suas imagens e a mobilização colectiva que inspiraram, faz com que a sua obra constitua um exemplo de como a arte pode ser catalisadora da mudança social.
Na qualidade de Ministro da Cultura dos Panteras Negras, Emory Douglas traduz o compromisso da organização relativamente ao activismo e à luta pelos direitos humanos, traduzindo-se numa poderosa e reconhecível estética, com um papel significativo na mobilização comunitária. Os ideais e aspirações dos Panteras Negras eram comunicados a um público global através de um jornal, do qual Douglas foi director artístico até ao seu encerramento no início da década de 1980. Com formação em arte pelo City College de São Francisco, Douglas foi autor de centenas de desenhos que deram vida ao espírito radical do partido.

Este seminário terá tradução simultânea.

Local: Auditório de Serralves

Acesso gratuito.


LISTA e PROGRAMA dos FILMES A PROJECTAR (dia 1 e 2 de Março, no Museu de Serralves, Porto)

1 de Março - às 18h30:
"OFF THE PIG (Black Panthers)",
THE NEWSREEL film collective, 20', 1968
"THE MURDER OF FRED HAMPTON", Mike Gray e Howard Alk, 88', 1971


Uma selecção de filmes em torno da história dos Black Panthers, desde documentos dos primeiros anos do Partido fundado por Bobby Seale e Huey P. Newton, assim como os recentes "In the Land of the Free" e "41st & Central".
Emory Douglas e Robert King, membros destacados do Partido, assim como Billy X Jennings, historiador dos Black Panthers, e Rigo 23, artista presente na Exposição "Às Artes, Cidadãos!" estarão presentes para revisitar aquele que foi sem dúvida um dos mais radicais e importantes grupos activistas americanos do século XX.

Programa apresentado em colaboração com a exposição “all power to the people”, Galeria Zé dos Bois

1 de Março , às 21h30
"IN THE LAND OF THE FREE", Vadim Jean, 84’, 2010
"RICHARD AOKI: BPP MEMBER", Ben Wang and Mike Cheng, 20', 2010


2 de Março, às 18h30
"BLACK PANTHERS - HUEY!", Agnès Varda, 31', 1968
"COMRADE SISTER: VOICES OF WOMEN IN THE BLACK PANTHER PARTY", Phyllis Jackson e Christine Minor, 58'

2 de Março, às 21h30
"MAYDAY (Black Panthers)", Roz Payne and Collective Newsreel, 15', 1969
"41st & CENTRAL", Gregory Everett, 120', 2010

www.serralves.pt/actividades/detalhes.php?id=1903
www.serralves.pt/actividades/detalhes.php?id=1890&pai=5





http://www.blackpanther.org/
http://www.blackpanthertours.com/home.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Black_Panther_Party

O Black Panther Party é um Partido negro revolucionário estadunidense, fundado em 1966 em Oakland - Califórnia, por Huey Newton e Bobby Seale, originalmente chamado Partido Pantera Negra para Auto-defesa (no original, "Black Panther Party for Self-Defense", depois, mais conhecido como "Black Panther Party" (Panteras Negras))

A finalidade original do partido era patrulhar os ghetos negros para proteger os residentes dos atos de brutalidade da polícia. Os Panteras tornaram-se um grupo revolucionário marxista que defendia o armamento de todos os negros, a isenção dos negros no pagamento de impostos e de todas as sanções da chamada "América Branca", a libertação de todos os negros da cadeia, e o pagamento de compensação aos negros por séculos de exploração branca. A sua ala mais radical defendia a luta armada. No seu apogeu, nos anos de 1960, o número de membros dos Panteras Negras excedeu 2 mil e a organização teve sedes nas principais cidades norte-americanas

Os conflitos entre os Panteras Negras e a polícia nos anos de 60 e nos anos de 70 conduziram a vários tiroteios na Califórnia, em Nova Iorque e em Chicago, um desses resultando na prisão de Huey Newton pelo assassinato de um policial.

O punho erguido ("Raised Fist") foi usado como símbolo de propaganda do Black Panther Party.







Jornadas Anticapitalistas ( 1 a 8 de Março) começam amanhã em Lisboa


http://jornadasanticapitalistas.wordpress.com/


Vivemos numa sociedade onde a política se tornou profissional e estes profissionais já não mais são que gestores da crise do capitalismo. Vivemos numa sociedade do trabalho, onde para sermos considerados cidadãos de plano direito somos sujeitos a processos de selecção, que nos dão a escolher entre o recibo-verde, falso ou não, ou o desemprego, e no qual as mulheres são sempre as mais penalizadas. Vivemos numa sociedade onde, do nosso corpo à nossa vida, tudo se tornou mercadoria, descartável a qualquer momento.

Vivemos numa sociedade onde o estado social administrador da crise dissolve, dia após dia, as suas últimas garantias sociais. Vivemos numa sociedade onde a nossa liberdade e autonomia apenas é reconhecida enquanto for rentável, estável e calculável. Vivemos numa sociedade onde a administração autoritária da crise se revela na promessa de mais vigilância, afirmando de forma paternalista ser para “nossa” segurança. Vivemos numa sociedade onde a legitimação dessa repressão é feita pelos discursos mediáticos cúmplices ou reféns da lógica do poder.

Não queremos a economia, não queremos o estado, não queremos a política.

Não queremos esta merda.

Não queremos pagar por aquilo que não decidimos: das quantias maiores da dívida pública, as dívidas pequenas à segurança social. Não queremos viver em cidades onde o espaço desenha fronteiras, cria guetos e nos divide segundo a conta bancária. Não queremos que nos impinjam como responsabilização moral individual a salvação do planeta numa versão mais verde do capitalismo, enquanto recursos naturais continuam a ser arrasados.

Por isso, o único sim que podemos dizer reside exactamente na forma de dizer NÃO: em conjunto, horizontalmente, sem intermediários, representantes ou vanguardas.

Pensamos estas jornadas anti-capitalistas enquanto meio de criar uma discussão e uma prática que não se cinja a comités centrais, tácticas parlamentares, políticos profissionais, ortodoxias ideológicas e sectarismos fossilizados. Propomos um espaço de encontro, de reflexão e de acção, no qual possamos começar a pensar em como nos vamos organizar para reclamar as nossas vidas e os nossos espaços.

Uma outra crise é possível.

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Não queremos a vossa economia

Num momento em que o capitalismo se revela como crise e esta serve de pretexto à dissolução das últimas garantias do Estado social, numa altura em que dinheiros públicos pagam a bancarrota de bancos e seguradoras perdidos nas aventuras dos mercados, e onde o capital desbasta recursos naturais em prol do benefício de muito poucos, num tempo em que a democracia procura sobreviver à crescente perda de legitimidade representada pela corrupção no seio do poder político ou pelas elevadas taxas de abstenção nos actos eleitorais, num contexto de generalização do uso de dispositivos de segurança, controlo e mercadorização da palavra e do corpo, nós, como outros em todo o mundo, escolhemos organizar-nos.

Ocupamos um espaço fora da política institucional. Não pretendemos representar ninguém, nem nos orientamos por uma lógica programática. Não nos junta uma direcção, mas uma afinidade que se encontra mais numa rejeição óbvia do capitalismo do que em eventuais proximidades ideológicas. Entregamos em exclusivo a uma assembleia, horizontal, aberta e informal, todos os momentos de decisão. Uma assembleia em que todos podem a todo o tempo tudo decidir.

As Jornadas anticapitalistas são a proposta que apresentamos. O seu programa permanece e permanecerá sempre em aberto e outras acções, que com ela se identifiquem ou solidarizem, poderão e deverão ter lugar. Este documento é, por isso, também um apelo à mobilização de todos os anticapitalistas e antiautoritários.

Propomos um conjunto de diferentes actividades e acções a decorrer no período de 1 a 8 de Março, que conte com acções de rua, debates, visionamento de filmes, jantares e festas, entre outros, e que proponham saídas para este modo de vida ou que critiquem de forma radical e directa o sistema capitalista. Estamos de acordo que não queremos esta ou qualquer outra economia capitalista e, nessa recusa, criamos um terreno comum, onde os contributos acompanham as diferentes sensibilidades num processo colectivo de discussão, decisão e acção.

1ª Assembleia do MayDay 2011 realiza-se amanhã (dia 1 de Março, às 21h.) e está aberto a todos

Pelo 5º ano consecutivo realiza-se o MayDay

Junta-te à 1ª Assembleia do MayDay Lisboa 2011!

Vem pensar e construir este percurso e traz um amigo também,

Vamos dar voz aos Precários e dizer NÃO à exploração!

http://www.maydaylisboa.net/

O MayDay é uma protesto de trabalhadores/as precários/as que se realiza no 1º de Maio.

É uma iniciativa que começou em Milão em 2001 e, desde então, se espalhou por várias cidades europeias e do Mundo.
O MayDay Lisboa arrancou em 2007 e em 2009 foi pela primeira vez organizado no Porto.

25.2.11

II Jornadas Galego-Portuguesas de edição independente começam com uma palestra do Prof. Carlos Taibo sobre decrescimento(dia 2,às 18h na ESMAE, Porto)

Clicar por cima da imagem para ampliar e ler em detalhe



II Jornadas Galego-portuguesas de Edição Independente ( na cidade do Porto e em Compostela) - Acções da Soda-Caústica

Realizar-se-ão quer na cidade do Porto ( entre 2 e 10 de Março) quer em Santiago de Compostela ( entre 14 e 18 de Março) as II Jornadas Galego-portuguesas de Edição Portuguesa numa organização conjunta da Livraria-bar Gato Vadio, Casa Viva, Colectivo Hipátia, e edições Estaleiro e Corsárias.


Consultar: Livraria-bar GATO VADIO, Rua do Rosário, 281, Porto
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/2011/02/blog-post_24.html

“O capitalismo manifesta-se nas nossas vidas pela tristeza (…) Trata-se de estabelecer as condições materiais da disponibilidade partilhada para a alegria”,
In Appel

A consciência não pode render-se mais ao estado actual das coisas. Não é a soda-caústica que nos alimenta, ela apenas nos ajuda a tirar um mundo a limpo. Mundo, onde cada vez mais a nossa vontade de querer viver e de experimentar a aprendizagem colectiva de construir outro mundo não pode ter lugar. Contudo, a crítica não chega para nos deixar despertos. Estas Jornadas procuram o lugar que aos poucos se vai tecendo, são tão só mais um ponto de partida. Depois, a jornada continua.

PROGRAMA

2 DE MARÇO
Abertura das Jornadas
Decrescimento, Crise, Capitalismo
Palestra e Debate com Carlos Taibo (Prof. U. Autónoma de Madrid/Ensaísta)
2 de Março, quarta-feira, 18h
ESMAE – rua da Alegria 503
www.facebook.com/event.php?eid=114211105320823


3 DE MARÇO

O Estado de Excepção não-declarado + Controlo Social e Criminalização
Com Rui Pereira (Jornalista/Professor) + Painel de Testemunhos
3 de Março, Quinta-feira, 18h
Local: ESMAE – rua da Alegria 503

Sementes Livres, Transgénicos e o Monopólio da Indústria Agro-alimentar
Debate com Margarida Silva (prof./investigadora), João Torres (biólogo/investigador)
3 de Março, Quinta-feira, 21H30
Local: livraria-bar Gato Vadio

4 DE MARÇO, sexta-feira, às 21h30

Editoras: Independentes porquê? Porque fecham, porque resistem…
Mesa-redonda e debate
Local: livraria-bar Gato Vadio
Painel com:
Júlio Henriques
Deriva Ed.
Ed. Mortas
Ed. Antipáticas
Estaleiro Editora
Mula
Oficina do Cego
Oficina Arara


5 DE MARÇO

Ritmos de Resistência
Ensaio Público
5 de Março, sábado, 14h
Local: Jardins do Palácio de Cristal


Projecto Indymedia
5 de Março, sábado, 15h
Local: livraria-bar Gato Vadio

Oficina de Fanzines – Como fazer uma zine? (1ª parte)
5 de Março, sábado, 15h30
Local:livraria-bar Gato Vadio

O que é uma crítica dos media? - Oficina de autodefesa
Com Rui Pereira (Jornalista/Professor)
5 de Março, sábado, 17h00
local: livraria-bar Gato Vadio


6 DE MARÇO

“Ser ecológico" numa era pós-industrial e em plena globalização
Oficina com Pedro Jorge Pereira (activista e formador eco-social)
6 de Março, domingo, 15h
Local: livraria-bar Gato Vadio

Ritmos de Resistência
PROJECTO + DOC
6 de Março, domingo, 17h
Local: livraria-bar Gato Vadio

Oficina de Fanzines – Como fazer uma zine? (2ª parte)
6 de Março, domingo, 17h30
Local: livraria-bar Gato Vadio


10 DE MARÇO, às 21h30

A música portuguesa e galega
Música ao vivo com Xico de Carinho
Orga. AJA-Norte
Local: livraria-bar Gato Vadio

Cultura libertária em Agostinho da Silva - conversa amanhã, dia 26/2 às 17h. no Regueirão dos Anjos nº 69




Cultura Libertária em Agostinho da Silva - Conversa amanhã, dia 26 de Fev. às 17h. no RDA69

“o homem não se fez para trabalhar, mas para criar”

Este Sábado passa no RDA (Rua Regueirão do Anjos, 69), um filme biográfico em torno de agostinho, seguido de uma conversa com Rui Lopo da Associação Agostinho da Silva em que se quer abordar o pensamento e a vida do filósofo nas suas perspectivas libertárias.


Também amanhã, mas à noite, há jantar e festa em jeito de benefit para as despesas das Jornadas Anticapitalistas. Pela primeira vez o coro da casa da achada pisa o nosso palco (não vá ele abaixo) para nos trazer as letras cantadas da resistência.

Um conjunto alargado de pessoas e colectivos propõe estas jornadas enquanto meio de criar uma discussão e uma prática radical e política que não se cinja a comités centrais, tácticas parlamentares, políticos profissionais, ortodoxias ideológicas e sectarismos fossilizados. Propomos um momento de encontro, de reflexão e de acção, no qual possamos começar a pensar em como nos vamos organizar para reclamar as nossas vidas e os nossos espaços.


No Domingo, continuar-se-á a contruir o forno do Regueirão.

21.2.11

5 minutos de jazz, programa de rádio de José Duarte, faz hoje 45 anos


Escutar o genérico inconfundível do programa 5 MINUTOS DE JAZZ:
http://fonoteca.cm-lisboa.pt/mm/SOM/05000/04891B01.mp3


5 MINUTOS de JAZZ faz hoje 45 anos, sempre com o inconfundível genérico do quarteto do saxofonista Lou Donaldson do álbum “Lou's Blues”

O programa de jazz mais antigo da rádio portuguesa SOBREVIVEU À BOMBA que os Comandos militares reaccionários, a mando do Governo PS/PSD/CDS, fizeram explodir em 1975 nos emissores da Rádio Renascença ocupada pelos trabalhadores, acabando assim com os 5 minutos de Jazz, a música, a informação e a estação de rádio que apoiava o Poder Popular ( comissões de trabalhadores, de moradores, que lutavam por melhores condições de vida e por uma sociedade mais justa e livre.)

A sua primeira emissão data de 21 de Fevereiro de 1966 na Rádio Renascença, a estação que antes do 25 de Abril se permitiu introduzir inovações num panorama fortemente dominado pelo controle da comunicação social pela ditadura salazarista

O objectivo sempre foi divulgar todos os estilos da música jazz, de todas as épocas, desde o jazz de New Orleans, o swing dos anos 30, o bebop, e o free jazz.

Em 1983, José Duarte regressa com o programa na Rádio Comercial, onde ficou até 1993. E desde essa altura que faz parte da programação da RDP. Actualmente o programa é emitido na Antena 1, sempre às 21.50h e 03.50h, de 2ª a 6ª feira, porque o jazz é uma música da noite.

Para comemorar a data está prevista uma emissão especial no próximo dia 28 de Fevereiro pelas 22:00, no Instituto Francês de Portugal, em Lisboa.

Também nos dias 23, 24 e 26 de Fevereiro às 04:55, 09:40 e 16:20 a Antena 1 apresentará um conjunto de reportagens de Mário Galego sobre o programa Cinco minutos de Jazz.
No dia 28 de Fevereiro a partir das 22:00 emissão especial na Antena 1 conduzida por António Macedo e produção de Ana Fernandes, que inclui a transmissão do concerto no Instituto Frânces de Portugal.

Nesta emissão estarão presentes os músicos:
-Rodrigo Amado (saxofone barítono & tenor)
-Miguel Mira (violoncelo)
-Gabriel Ferrandini (bateria & percussão)

Recorde-se que José Duarte escreveu vários livros sobre Jazz, como Jazzé e outras músicas (Ed. Cotovia, 1994), João na terra do Jaze (Ed.A Regra do Jogo, 1981), A História do Jazz, O Papel do Jazz, 4 vols. (Ed. Cotovia, 1997-1998), colecção de cds. com livro Let's jazz em público (com a universidade de Aveiro e o jornal "Público", 2005) e cinco minutos de jazz'''''40 anos (Antena 1/BPI, 2006), sem esquecer outros programas de rádio como A Menina Dança?

Ultimamente ajudou a fundar o Centro de Estudos de Jazz na Universidade de Aveiro, onde lecciona disciplinas ligadas ao jazz.




Lou's Blues" do Lou Donaldson


20.2.11

Orgia dos ricos - foi com estas palavras que activistas ingleses contra os cortes nos serviços públicos interromperam uma sessão de leilão da Sotheby

Mais de 100 activistas ingleses manifestaram-se contra os cortes nos apoios sociais e na prestação de serviços públicos, alguns deles interromperam uma sessão de leilão da conhecida casa Sotheby’s, enquanto outros permaneceram na rua junto às instalações onde decorria aquele leilão, em protesto pela política de cortes que está a ser seguida pelo governo conservador e liberal inglês

Lá dentro, os activistas simularam ruídos e murmúrios de teor sexual erguendo um cartaz onde se podia ler «Orgia dos Ricos». Cá fora, outros manifestantes simulavam um leilão dos serviços públicos ( educação, bibliotecas, etc)

Um manifestante declarou :

« We are here to expose the orgy of the rich that the Sotheby’s auctions represent. The super rich, bankers and collectors who buy this art exist in an international bubble of their own and don’t seem at all affected by the so-called ‘austerity’ of the government. They commodify creativity and Sotheby’s helps them ferret away their goods by offering creative accounting services such as ‘obtaining conditional exemption’»

Os 30 milhões de libras obtidos nesta sessão de leilão de obras e arte da Sotheby’s daria, segundo o mesmo manifestante, apara pagar 1389 novos professores, 1765 enfermeiros, correspondendo ao orçamento de 150 bibliotecas.

Os manifestantes eram maioritariamente estudantes, artistas e criativos e num texto público podia-se ler os seus objectivos:

«We are fighting back against the most aggressive attacks on the public sector in living memory. We are in solidarity with the other sectors fighting against cuts and openly welcome co-ordinated creative action to oppose the selling off of our public services, the demise of the welfare state, the speculative valuation of art and the orgy of the rich.»

http://artsagainstcuts.wordpress.com/
http://ukuncut.org.uk/
http://www.spacehijackers.org/





Abraço ao rio Tua ( 26 de Fevereiro) e comunicado da Quercus a propósito do lançamento da 1ª pedra da barragem

A todos os amigos da defesa do Vale e da Linha do Tua!

Um conjunto de activistas está a organizar para o próximo dia 26 de Fevereiro a realização de uma acção simbólica, O Abraço ao Tua, utilizando a ponte rodoviária, acompanhado de um piquenique e visita à zona envolvente e de um fórum/discussão pela causa, para dar visibilidade à luta contra a construção da barragem e pela defesa do rio, do vale e da Linha do Tua.





COMUNICADO SOBRE O INÍCIO DA CONSTRUÇÂO DA BARRAGEM DE FOZ DO TUA
QUERCUS – NÚCLEO REGIONAL DE VILA REAL E VISEU

A primeira pedra da barragem da Foz do Tua, simboliza a pedra que se quer colocar em cima de um defunto a quando do seu enterro.

Simboliza o desejo pela morte do Turismo do Tua, da biodiversidade do Vale, doDesenvolvimento Sustentável, do Património Humano, Cultural e Arquitectónico e da *Linha do Tua* com mais de 123 anos de História.

Demonstra ainda o desrespeito pelo passado e o “não querer saber” do futuro. O desrespeito pela identidade da região.

A Quercus lembra que *a futura barragem, a ser construída, produzirá o equivalente a 0,07% da energia eléctrica consumida em Portugal em 2006 *(Dados da Rede Eléctrica Nacional).

Esta barragem afectará de modo irremediável o Património Natural do Vale do Tua*um dos mais bem conservados de Portugal.

Afectará também de forma irreversível a paisagem Património Mundial do Douro Vinhateiro.

A construção da barragem de foz Tua viola a Directiva Quadro da Água, por destruição da qualidade da água.

A construção desta barragem acaba com a linha do Tua e com a acessibilidade ferroviária ao nordeste.

A construção desta barragem, a concretizar-se, irá afectar muito negativamente os últimos dois pilares de desenvolvimento da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro: a Agricultura e o
Turismo*. Recorde-se que estas duas actividades não são deslocalizáveis e de alto valor
acrescentado.

Se barragens fossem sinónimo de riqueza e emprego esta região seria uma das mais ricas e com taxas de desemprego mais baixas da Europa, e isso não se verifica, bem pelo contrário.

Trás-os-Montes e Alto Douro está a ficar cada mais pobre e mais despovoado. A construção desta barragem só irá agravar a situação


A estimativa do custo do Plano Nacional de Barragens é de 7.000 milhões de euros a ser pagos pelos consumidores - em vez de um investimento em alternativas energéticas que custariam somente 360 milhões de euros para obter os mesmos benefícios em termos de protecção da clima e de independência energética (1).


Para mais informação contactar João Branco – 96 453 47 61


[1] As novas grandes barragens requerem um investimento de 3600 M€, implicando custos futuros com horizontes de concessão até 75 (setenta e cinco) anos. Somando ao investimento inicial os encargos financeiros, manutenção e lucro das empresas eléctricas, dentro de três quartos de século as nove barragens terão custado aos consumidores e contribuintes portugueses
não menos de 7000 M€ – mais um encargo brutal em cima dos que já se anunciam por força da crise e em cima dos custos de deficit tarifário eléctrico que neste momento atinge cerca de 1800 M€.
A mesma quantidade de electricidade que as barragens viriam a gerar pode ser poupada com medidas de uso eficiente da energia, na indústria e nos edifícios, com investimentos 10 (dez) vezes mais baixos, na casa dos 360 M€, com períodos de retorno até três anos, portanto economicamente positivas para as famílias e as empresas. Estas estimativas foram feitas por :

- Madeira A, Melo JJ (2003). Caracterização do potencial de conservação de energia eléctrica em Portugal. *VII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente*. APEA, Lisboa, 6-7 Novembro 2003
- Melo JJ, Rodrigues AC (2010). O PNBEPH numa perspectiva de avaliação estratégica, política energética e gestão da água. 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes (CNAI´10). APAI/UTAD, Vila Real, 20-22 Outubro 2010.


QUERCUS A.N.C.N – NÚCLEO REGIONAL DE VILA REAL E VISEU
Bairro da Araucária, Bloco G, Cave 7
5000-584 VILA REAL

Manifesto e apelo aos estudantes para participarem no protesto da geração à rasca (dia 12 de Março em Lisboa e no Porto)


Apelo a todos os estudantes para que venham à manif da Geração à Rasca

Sábado, 12 de Março às 15:00 - 13/3 às 15:30

Local :
Lisboa -Avenida da Liberdade
Porto - Praça da Batalha

Sofres com os cortes nas escolas, os cortes nas bolsas, os cortes nos apoios sociais, a precariedade no emprego, o desemprego? Queres viver num país onde o futuro seja mais risonho? Não sejas parvo! Junta-te a nós!


PROTESTO da GERAÇÃO À RASCA (12 de Março em Lisboa , no Barreiro, e no Porto)

http://www.facebook.com/event.php?eid=180447445325625
http://geracaoenrascada.wordpress.com/


“É mais fácil lutar contra a ditadura do que contra a ditamole”

É inacreditável o ódio que escorre pelas caixas de comentários das notícias relativas à manifestação marcada para dia 12 de Março, ódio pelas pessoas que querem continuar a lutar por este país. E é inacreditável o “tom” do especial informação da SIC – que é recorrentemente mencionado nestes comentários – “Geração à rasca” – que tenta passar a ideia de que os precários são todos uns meninos que querem é carros e telemóveis de última geração: “vícios de quem quer ser moderno e nem pensa na velhice” – como se o sistema de transportes públicos que temos permitisse a todos chegar ao emprego, e como se abdicando do telemóvel se resolvesse o problema do desemprego – deveríamos todos virar mórmones para fazer face à crise? Se passarmos a dormir numa tenda à porta do emprego e usamos pombos correio para comunicar, tudo ficará bem. Os recém-licenciados desempregados entrevistados vivem todos em casa de familiares. Gostava que tivessem procurado os licenciados que saíram de casa dos pais e que estão a trabalhar precariamente e a partilhar apartamentos com mais 5 ou 6 pessoas. Nem todos podem ficar em casa dos pais, mas ninguém se lembra desses.

O jornalista pergunta ao pai de um licenciado em cinema há 7 meses, que vive em casa dos pais: “Então? Não está farto deste filme? Pagaram os estudos ao menino e agora têm o menino a viver cá em casa” – coitado do “menino”, neste país não lhe valeu estar licenciado há apenas 7 meses e já ter um prémio de realização português e um sérvio… devia era ir lavar sarjetas, para saber o que é a vida, em vez de contar com a ajuda dos pais mais 2 ou 3 anos, até um dia o ICAM se lembrar que há mais talento em Portugal para além da lista de 15 ou 20 nomes que vão todos os anos buscar para atribuir financiamentos… Segue-se uma comparação das vantagens de se ser mais velho e as desvantagens de se ser mais novo: reformas, saúde, acesso ao crédito. Esta história de tentar virar os pais contra os filhos e os filhos contra os pais mete mesmo nojo. Os vampiros não são os filhos, nem são os pais. São as empresas sem princípios, os abusos e a ganância generalizada.

Parece emergir a ideia de que estes jovens – que estão muito desiludidos porque as licenciaturas não lhes valeram um posto de trabalho – teriam feito uma aposta melhor se não tivessem procurado o ensino superior. Felizmente aparece o Reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, que lembra que “o desemprego é mais significativo entre os não licenciados”. – Pois é. Se os licenciados estão mal, os não licenciados estão bem na m… parece ser necessário lembrar também que a formação superior não serve só para ter um emprego, serve para a formação pessoal e para elevar o nível intelectual de um país. Como ficamos face ao resto do mundo? E falando em resto do mundo, sugere-se aos jovens recém-licenciados que vão para fora. Como se ir para fora não implique liquidez financeira, e esteja ao alcance de qualquer um.

Por fim aparece a crítica aos jovens “que não querem “sacrificar o sonho pelo possível” – querem mesmo convencer-nos que “isto” é o possível. E o “isto” não se esgota nos licenciados que não conseguem um emprego digno – nas áreas para as quais estudaram, ou noutras – “isto” chegou ao ponto a que chegou porque a maior parte do tecido empresarial português acha que a competitividade se consegue pagando o mínimo possível, escravizando pessoas com ordenados próximos ou por vezes abaixo dos ordenados mínimos. O que está mal é ser normal as empresas recorrerem a falsos recibos verdes e a estágios não remunerados para manter lucros obscenos e os ordenados e privilégios dos quadros superiores muito acima da média europeia. O que está mal é a corrupção e a exploração selvagem. Se não há trabalho na área para a qual os jovens estudaram, há-de haver noutra área qualquer, mas convém que paguem o trabalho, ou não? A competitividade consegue-se com um produto de qualidade, e isso não se consegue com empregados deprimidos que lutam para comprar comida no supermercado, nem com comboios de “estagiários” que se substituem uns aos outros sucessivamente, nunca ficando tempo suficiente para fazer o melhor pela empresa para a qual querem trabalhar. A verdade é que não os deixam trabalhar e os tratam abaixo de cão, porque há sempre outro estagiário que pode ficar com o lugar. O trabalho não será tão bom, mas serve para “tapar o buraco”. Não os deixam crescer como profissionais, e depois queixam-se da “falta de competitividade”.

Sou licenciada, estou nos quadros de uma empresa, e faço o que sempre quis fazer. Sou uma excepção. Mas não tenho a ilusão pretensiosa de que foi única e exclusivamente por lutar muito que consegui. Lutei muito, e sou boa no que faço, mas acima de tudo tive sorte. Antes disso fui muitos anos precária, e conheço profundamente a realidade. Aceitei trabalhos fora da área que me iam comprometendo para sempre o meu projecto de vida. Por isso, porque quero um futuro melhor para os meus filhos, e porque este é o meu País: vou à Manif. E tu?





Manifesto

Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.

Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.

Caso contrário:
a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.
b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.
c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.

Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.

Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.

Município de Paris decide reduzir em 30% os anúncios e a superfície ocupada pela publicidade em toda a cidade


Todos os dias faço uma lavagem ao cérebro com a publicidade

A Publicidade mata a liberdade de pensar




A câmara de Paris acaba de decidir reduzir em 30% os espaços ocupados com publicidade da cidade. Decidiu ainda retirar os painéis 4x3 (12m2) nas vias periféricas que atravessam e contornam a cidade. O novo regulamento local de publicidade recebeu os votos contra dos partidos da direita, não se livrando porém de críticas dos representantes ecologistas que queriam ir mais longe na redução dos espaços públicos com publicidade.

A publicidade será ainda proibida num raio de 50 metros à volta das escolas, nas margens do Sena, canais, nos cmitérios, espaços verdes e jardins públicos.

A decisão do município parisiense aguarda ainda o parecer de dois organismos administrativos para poder ser aplicada.

Entretanto, os activistas anti-publicidade lamentam, por seu lado, estas medidas~pois no seu entender não alteram nada de substancial, recordando que, segundo as estimativas, cada indivíduo é bombardeado por dia com uma média de 3.000 mensagens publictárias, o que constitui um autêntico ataque à liberdade de consciência.


http://antipub.org/spip.php?article204

http://www.jacques-boutault.fr/article/958

Descobrir e viver o paganismo - workshop em Sintra (5 de Março) por Gilberto Lascariz



DESCOBRIR E VIVER O PAGANISMO
por Gilberto de Lascariz
5 Março (Sábado), Sintra

No ano passado a Inglaterra fez-se ouvir no mundo com a legalização do Druidismo como religião oficial em Inglaterra. Este é o primeiro passo para gradualmente regressarmos ao Paganismo, por alguns considerada "a religião original da Europa".

Ao longo da história do Paganismo encontrámos verdadeiros mitos avatáricos que ilustram esse processo de transformação da alma, desde Dionísio a Odin e, tão tardiamente quanto o século VII EC, figuras de culto como Ceridwen, Merlin e Taliesin.

Na realidade não existiu um Paganismo mas vários Paganismos na Europa, assim como vários modelos iniciáticos de transformação cognitiva, dos quais se deve realçar os modelos ctónicos e agrários, guerreiros e mágicos.

Programa:

- A Chegada da Luz do Antigo Paganismo e o crepúsculo do monoteísmo Judaico-Cristão.
- O Homem Pagão entre as Forças Ctónicas da Fertilidade e as Forças Celestes da Sabedoria.
- O Homem Sensorial e Imaginal como substrato cognitivo do Antigo Paganismo.
- Iniciação versus Religião. O significado da Iniciação no Antigo Paganismo.
- O Paganismo do Campo, o Paganismo dos Mistérios e o Paganismo da Teurgia.
- Os Quatro Mistérios Pagãos: Agrários, Guerreiros, Metalúrgicos e Eróticos.
- A Concepção da Alma e o relacionamento com o Mundo dos Mortos.
- Merlin e Ceridwen como avatares divinos da via xamânica do Ocidente.
- Dois mitos opostos do Paganismo: a descida ao Mundo Subterrâneo e a Ascensão pelas Esferas Planetares, enquanto mitemas dos impulsos contraditórios de Vida e Morte na Natureza.
- A via do corpo convulsivo como método extático em Dionísio.
- O Deus Cornudo (Cernunnos/Hu Gadarn/Dionísio) como epifania da Alma da Natureza.
- O Culto da Cabeça e o culto do Falo: dois pólos complementares do Paganismo.
- O caminho sacrificial do guerreiro astucioso em Odin.
- Magia sexual em Freya e Afrodite enquanto Via Sexualis do Paganismo.
- O significado do Sacramento entre os pagãos. A sua prática na vida quotidiana.
- A Via Onirosófica e os retiros oniromânticos.
- O Conhecimento do Daimon/Siddhe e o papel de Hermes na Tradição Pagã.
- Um programa de experimentação das vias pagãs para uso quotidiano.

Local: Sintra (Caminho dos Frades, a 500 m da Quinta da Regaleira)

Horário: 10h – 18h (podendo estender-se até às 19h caso seja necessário)
Preço: 70 €
Almoço: Intervalo de 1h para almoçar. Refeição no local a 5€ p/ pessoa, opcional.
Inscrições:
workshop@zefiro.pt (ou tlm: 91 484 49 23)

Gilberto de Lascariz nasceu em Caracas, Venezuela, vindo desde muito cedo a viver em Portugal. Formou-se em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa, ao mesmo tempo que seguia Língua e Cultura Sânscrita na Universidade Nova de Lisboa. Desde muito cedo esteve envolvido em várias sociedades esotéricas de carácter rosacruciano e maçónico, tendo tomado votos na Tradição Nyngma-Pa do Budismo Tibetano. A sua envolvência com o Wicca Tradicional na Tradição Alexandriana a partir de 1982, associado ao seu envolvimento com a Antroposofia, despertou-o para a necessidade de desenvolver métodos meditativos e rituais que permitissem uma abordagem esotérica da Bruxaria Iniciática e Neo-Pagã em antítese à sua superficialização New Age. Em 1989 criou em Portugal o Coventículo TerraSerpente de Wicca Alexandriana e lançou a Confraria Sol-Negro, uma organização artística dedicada à renovação estética das artes sob o ponto de vista do esoterismo neo-pagão, na sua acepção evoliana. As suas palestras nas “Conferências do Inferno”, realizadas nos anos 80/90 no Porto, alertaram-no para a necessidade de registar em livro o seu pensamento esotérico e neo-pagão. Publicou os livros Mãe Canibal, O Culto da Bruxaria no Artista e Escritor Austin Osman Spare e traduziu e prefaciou o livro de Ronald Huton, Os Xamãs da Sibéria. Em 1999 criou o Projecto Karnayna, uma organização que visa fornecer instrução esotérica na perspectiva do Neo-Paganismo sendo o primeiro autor a fazer workshops de Wicca em Portugal, tal como é hoje praticado por Janet Farrar e Vivianne Crowley. O magazine francês de cultura gótica Elegy Ibérica considerou-o em 2006 como sendo a figura mais importante do pensamento esotérico neo-pagão em Portugal. Na Zéfiro, publicou a obra Ritos e Mistérios Secretos do Wicca e Deuses e Rituais Iniciáticos da Antiga Lusitânia. É também autor do posfácio de O Chamado dos Velhos Deuses, de Nigel Jackson, e foi o coordenador da edição de 2009 de Mandrágora – O Almanaque Pagão, fazendo parte da direcção editorial deste almanaque.

http://www.zefiro.pt/
http://www.projectokarnayna.com/

Visita guiada a Tamera (em Odemira) a 12 de Março, a 14/5, 4/6, 13/8, 10/9 e 5/11 de 2011



Tamera é um Centro Internacional de Pesquisa para a Paz, uma escola do futuro e um ponto de encontro internacional de trabalhadores, oriundos de muitas partes do mundo, para a paz. Foi fundado em 1995 num terreno com cerca de 134 ha situado no Baixo Alentejo, na freguesia de Relíquias e concelho de Odemira.

Dias abertos com visita guiada
12 de Março, 14 de Maio, 4 de Junho, 13 de Agosto, 10 de Setembro, 5 de Novembro


Desde Agosto de 2007 está a ser criada uma paisagem aquática de permacultura no Centro de Pesquisa para a Paz de Tamera (em Relíquias), para servir de modelo na recuperação de paisagens ameaçadas pela desertificação. Numa região árida devido ao Verão cujo solo é esgotado pelas pastagens e sobreiros moribundos, foram criadas áreas de retenção aquática de aspecto natural em cujas margens crescem legumes e frutos durante todas as estações. Após a saturação do solo pela água, podemos começar agora com a reflorestação de árvores coníferas e caducas. A paisagem aquática de Tamera já está a atrair novamente plantas e animais autóctones bem como muitos especialistas nacionais e estrangeiros. Todos são unânimes: deste modo está a ser criado um paraíso natural que em breve poderá alimentar os seus habitantes. Cerca de 1.000 destas paisagens aquáticas em todo o Alentejo poderão salvá-lo da desertificação.

Sepp Holzer, um austríaco especialista em permacultura e agricultor de montanha, criou biótopos de grandes áreas no mundo inteiro para recuperar paisagens danificadas e para as cultivar em cooperação com a natureza. Em Tamera e algumas vezes por ano, lecciona cursos de permacultura através da sua paisagem aquática em crescimento.
Sepp Holzer irá liderar a visita nos seguintes dias: 4.06, 13.08, 05.11

Programa dos Dias Abertos

10:00 Horas – Boas-vindas a Tamera: o ponto de encontro é na Casa de Hóspedes
10:30 Horas – Visita guiada à paisagem aquática
13:00 Horas – Almoço (se estiver sol, é cozinhado com energia solar)
15:00 Horas – Apresentação de um outro projecto em Tamera

Morada: Monte do Cerro, 7630 Relíquias. Vindos de Colos ou de Relíquias.
GPS: 37°42´54“ Norte, 8°30´57“ Oeste

Inscrições:
seminarios@tamera.org ou +351 283 635 306

Os jornalistas podem contactar Leila Dregger:
leila.dregger@tamera.org

http://www.tamera.org/index.php?id=1&L=2

18.2.11

The War You Don’t See, documentário do jornalista John Pilger com legendas em português


O jornalista John Pilger fala neste seu último documentário do papel dos media na guerra ( nomeadamente a do Iraque e do Afeganistão) e o caso da WikiLeaks

http://www.johnpilger.com/


“It is not enough for journalists to see themselves as mere messengers without understanding the hidden agendas of the message and the myths that surround it."
John Pilger

"The major western democracies are moving towards corporatism. Democracy has become a business plan, with a bottom line for every human activity, every dream, every decency, every hope. The main parliamentary parties are now devoted to the same economic policies — socialism for the rich, capitalism for the poor — and the same foreign policy of servility to endless war. This is not democracy. It is to politics what McDonalds is to food."
John Pilger

"Many journalists now are no more than channelers and echoers of what George Orwell called the 'official truth'. They simply cipher and transmit lies. It really grieves me that so many of my fellow journalists can be so manipulated that they become really what the French describe as 'functionaires', functionaries, not journalists. Many journalists become very defensive when you suggest to them that they are anything but impartial and objective. The problem with those words 'impartiality' and 'objectivity' is that they have lost their dictionary meaning. They've been taken over... [they] now mean the establishment point of view... Journalists don't sit down and think, 'I'm now going to speak for the establishment.' Of course not. But they internalise a whole set of assumptions, and one of the most potent assumptions is that the world should be seen in terms of its usefulness to the West, not humanity."
John Pilger
















17.2.11

SANTA LIBERDADE – um acto «terrorista» de assalto a um navio no alto mar realizado há 50 anos atrás contra a ditadura de Salazar


SANTA LIBERDADE – um acto «terrorista» de assalto a um navio no alto mar realizado há 50 anos atrás contra a ditadura de Salazar
O Museu Nacional da Imprensa, na cidade do Porto, inaugurou no dia 22 de Janeiro, que se prolongará até Junho, uma exposição documental subordinada ao título “Santa Liberdade, 50 anos: O D. Quixote que abalou as ditaduras de Salazar e Franco”.

O objectivo visa mostrar o impacto (na imprensa) do assalto ao paquete Santa Maria, dirigido por Henrique Galvão, e que hoje seria considerado um acto de terrorismo e de pirataria!
Trata -se de uma mostra documental que evidencia toda a odisseia que impressionou a opinião pública mundial durante duas semanas, aproximadamente, a partir das múltiplas manchetes que o caso suscitou, até à entrega do navio a 3 de Fevereiro de 1961.

Dezenas de exemplares da imprensa nacional e internacional integram a exposição subordinada ao título “Santa Liberdade, 50 anos: O D. Quixote que abalou as ditaduras de Salazar e Franco”. A abertura decorreu precisamente no dia (22 de Janeiro) em que, há meio século, o capitão Henrique Galvão comandou o assalto ao navio Santa Maria, caso que viria a ser um dos mais duros golpes aplicados ao regime ditatorial que vigorava em Portugal desde 1926. A exposição mostra exemplares raros da repercussão do caso na imprensa mundial, designadamente nas grandes revistas mundiais Life e Paris Mach e em alguns dos principais jornais do mundo

O paquete de luxo Santa Maria, transportava cerca de mil pessoas depois de deixar Caracas, na Venezuela, e foi tomado por cerca de 25 rebeldes comandados por Henrique Galvão, exilado na Venezuela, após uma singular fuga do Hospital de Santa Maria, em 1959, onde se encontrava detido à guarda da PIDE, a polícia política do ditador Oliveira Salazar. A imprensa da época relata que, depois de ter sido tomado por Galvão, o navio passou a designar-se de “Santa Liberdade”, ostentando tal denominação, em diferentes partes do convés. Além disso, o paquete conseguiu fintar a marinha e a aviação americanas, tendo navegado incógnito, durante milhas, em pleno oceano Atlântico, com rota orientada para África. O comando naval do navio era da responsabilidade de um ex-capitão da marinha espanhola, Jorge Sotomayor, exilado na Venezuela. A acção denominava-se de “Dulcineia” e fora desencadeada pela DIRL (Direcção Ibérica Revolucionária de Libertação), organização que integrava exilados portugueses e espanhóis, associada ao movimento de Humberto Delgado. Em termos jornalísticos, o caso era muito singular e mobilizou meios nunca utilizados até aquela altura, como foi o uso de pára-quedas por jornalistas do Paris-Match. A inauguração da mostra documental do Museu contou com a presença de um dos rebeldes do grupo de Galvão - Camilo Mortágua – que evocou os acontecimentos de há 50 anos.



http://www.museudaimprensa.pt/?go=noticias#staliberdade






Trailer do filmes documentário de Margarida Leda sobre o acontecimento

A França e o Mundo árabe é o tema da conversa com um militante da CNT francesa no dia 18 de Fev. às 21h30 (organização da Tertúlia Liberdade)

Na próxima 6ª feira dia 18 de Fevereiro a Tertúlia Liberdade, promove uma conversa com o militante anarco-sindicalista da CNT Paris Georges, de passagem por Lisboa.

Esta conversa será em português e terá como tema «A FRANÇA E O MUNDO ÁRABE».

Será às 21,30 horas na Livraria Letra Livre, situada na loja da Galeria Zé dos Bois na Rua da Barroca, 5 ao Bairro Alto.

PARTICIPA! DIVULGA! PARTICIPA! DIVULGA! PARTICIPA! DIVULGA!


AS LINHAS GERAIS DA TERTÚLIA LIBERDADE

A Tertúlia Liberdade, define-se, desde o seu início há 3 anos, como um grupo de pessoas que procuram reflectir e agir sobre a cena social, política e cultural portuguesa de forma autónoma, isto é sem se sujeitar a orientações partidárias, estatais ou de quaisquer instituições. Desde então que mantemos a nossa independência, articulando esforços e colaborando com associações congéneres numa base de igualdade e respeito mútuo, procurando fomentar a cooperação entre grupos e, partindo da realidade portuguesa que melhor conhecemos, para o desenvolvimento de uma perspectiva internacionalista, segundo o conceito de agir localmente mas pensar globalmente.
A esta autonomia é necessário acrescentar outros dois aspectos básicos da nossa reflexão e acção, a defesa da liberdade e o fomento da auto organização.
A Liberdade que defendemos está bem expressa no pensamento bakuniniano, é uma liberdade que tem em consideração os aspectos sociais, não se limitando a uma visão meramente individualista que, as mais das vezes, transborda para o egoísmo mais flagrante. Esta liberdade define-se a partir do seguinte conceito, “A minha liberdade é tanto maior, quanto maior for a liberdade do outro, porque a minha liberdade é reflectida pelo outro, que funciona como um espelho para mim. Por isso não posso ser livre se me confronto com outros, enquanto servos ou amos”. A liberdade assim definida conduz à igualdade e pode também ser referenciada como dignidade. É a minha dignidade que está em causa quando me retiram um pedaço que seja da minha liberdade.
Outro conceito em que nos baseamos é a auto-organização, definida como a capacidade e possibilidade efectiva de cada pessoa e cada colectivo de qualquer ordem, poder organizar e dirigir a sua vida, o seu projecto, seja de que espécie for, sem amos, nem interferências de terceiros. Tudo isto fora de qualquer tentativa de um isolamento contra o outro, mas sim de cooperação com todos numa base de igualdade, de cooperação e de dignidade.
Um outro aspecto ainda, que temos aperfeiçoado ao longo do tempo, diz respeito aos elementos da Tertúlia Liberdade. Embora a Tertúlia Liberdade se reveja em muitos aspectos identitários da ideologia anarquista e vários entre nós perfilhem essa perspectiva, a Tertúlia Liberdade não se define como uma associação anarquista, é na verdade uma associação sem chefes, com decisões tomadas por consenso e sem pretensões hegemónicas. Pretendemos isso sim, trocar experiências com outros e avançar na cooperação, nacional e internacional. Num sentido igualitário e federalista. Todos aqueles que aceitem e levem, à prática estes princípios mínimos são bem aceites no nosso colectivo.
Por fim, a diferença que por vezes possa existir entre vários pontos de vista dos companheir@s é enriquecedora, obriga-nos a reflectir e faz-nos avançar. É indispensável evitar a uma perigosa unanimidade aparente e balofa.
Estes serão os nossos princípios básicos, os tijolos que permitirão continuar a edificação da nossa Tertúlia com segurança e que, se o movimento social o exigir, nos darão a possibilidade de dispor da ética necessária às respostas a dar. E, como disse um filósofo, a ética é estar à altura dos acontecimentos.

16.2.11

Leitura encenada de Uma Carta a Cassandra de Pedro Eiras na livraria-bar Gato Vadio ( dia 17 de Fev. às 22h.)

Uma Carta a Cassandra
de Pedro Eiras

Leitura encenada
por Cláudia Marisa Oliveira e Nuno Meireles

seguida de conversa com o autor

quinta-feira, 17 de Fevereiro, 22h

entrada livre

na

Livraria-bar Gato Vadio, Rua do Rosário, 281, Porto


Uma carta de um soldado (americano, português?) que está numa base (iraquiana?, no deserto?) à sua namorada Vera (que tudo percebe)

José escreve uma carta a Vera

José
"Estou com remorsos de te escrever uma carta tão triste. Quando peguei na esferográfica, pensei que te ia mandar boas notícias. Mas as cartas têm uma força estranha, desobedecem à nossa vontade e dizem o que lhes apetece."

Vera
"A tua carta desobedeceu à tua vontade, José, e disse o que lhe apetece. Que disse a tua carta, José, contra a tua vontade?"

http://poesiaemvozalta.blogspot.com/2011/02/leitura-encenada-de-uma-carta-cassandra.html

Atrás dos altos muros: reclusão e direitos humanos - é o tema do debate promovido pelo Observatório dos direitos humanos (dia 19 de Fev. às 15h.)


http://www.observatoriodireitoshumanos.net/

Atrás dos altos muros: reclusão e direitos humanos - é o tema do debate promovido pelo Observatório dos direitos humanos no próximo dia 19 de Fev. às 15h na FNAC de Rua Sta Catarina , na cidade do Porto.

15.2.11

O blogue Pimenta Negra e o projecto Pão Rebelde foram tema da crónica de Fernando Alves no programa Sinais nas manhãs da TSF

No programa Sinais, de autoria de Fernando Alves, o profissional que sabe fazer poesia na rádio, do passado dia 11 de Fevereiro fala-se da iniciativa do colectivo do PÃO REBELDE e do blogue PIMENTA NEGRA.

Pela nossa parte, para além dos agradecimentos devidos pela referência ao blogue, o que mais desejávamos era sentir que outros SINAIS despontassem nas vidas de muitos que diariamente ouvem o programa de Fernando Alves

Para escutar a crónica, clicar neste link:
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1781622

Os "Sinais" nas manhãs da TSF, com a sua marca de água de sempre: anotação pessoalíssima do andar dos dias, dos seus paradoxos, das suas mais perturbadoras singularidades. Todas as manhãs, num minuto, Fernando Alves continua um combate corpo a corpo com as imagens, as palavras, as ideias, os rumores que dão vento à actualidade.

Sinais -de Segunda a Sexta, 08h50m

14.2.11

O Egipto, a Tunísia e o conformismo da canção dos Deolinda




“Notícia de última hora: daqui a minutos vai haver uma festa no palácio presidencial!”.
(Faixa na praça Tahrir empunhada por uma egípcia).

O Egipto, a Tunísia e o conformismo da canção dos Deolinda

Afirmar que aquilo que de mais importante se passou nos últimos tempos em Portugal foi o levantamento popular na Tunísia e no Egipto conduz-nos à necessidade de reflectir sobre o que nos aproxima e o que nos distancia desses dois países da outra margem do Mediterrâneo.

Pese embora num primeiro relance não pareça, é o contexto económico o que mais nos aproxima. As coordenadas da macroeconomia e os ditames do funcionamento do capital, com as relações de poder autocráticas que comportam, são os mesmos: de um lado subsidiarização pelos EUA/CIA, do outro subsidiarização pelo Banco Central Alemão. Em ambas as sociedades, dependência e controlo externo, destruição do tecido social, precarização dos assalariados, crescente sub-emprego e desemprego generalizado de camadas jovens, coesão social estilhaçada.

Separa-nos o contexto político e do imaginário social – sem nos determos nas diferenças culturais e identitárias, frequentemente televisionando o dispositivo integrista de olhar o mundo (quer o eurocentrismo maioritário a Ocidente, quer a violência minoritária de grupos religiosos islâmicos), encobrindo o que nessa diferença e diversidade existe de potência contra a supremacia cultural do capitalismo globalizado e da ordem dominante.

Os tunisinos e os egípcios encontram-se numa fase histórica que explica a razão de reivindicarem um estado social e mais justiça no quadro de uma economia de produção. Mesmo essa crença difusa da democratização da sociedade através da centralização do poder em órgãos representativos do Estado parece admissível, se confrontada com o espectro de uma atroz ditadura de 30 anos.

Assiste-lhes o direito a percorrer pelo próprio pé o logro que representa a sociedade do bem-estar, a mentira da equidade e coesão dentro do quadro de uma economia de produção capitalista, e, ironicamente, arroga-se-lhes o direito a ignorarem a gargalhada sarcástica das personagens cosserynianas, mal estas ouvem o argumento da democratização do poder central…

Paradoxalmente, centenas de milhar de egípcios exigem o advento do liberalismo, com mais fé do que os mollahs arvoram a sharia. Esse conceito que explica, em parte, o vazio político que se criou nas sociedades ocidentais, ou melhor, a política do vazio: aquela que fez crer a cada cidadão que a rua não é dele, que lhe inculcou que a sua actividade política é no máximo insultar o circo governativo à hora do telejornal. Nesse vácuo e nesse controlo do imaginário que estabelece como fronteira política a porta de casa, quando muito a porta do café, e três notas a mais ou a menos na carteira no fim de cada mês, cresceu como nunca o terreno mole e dócil para fortalecer a cultura do “nada se passa” e a hegemonia dos poderes dominantes e das oligarquias que o regulam. Sem o liberalismo e o entretenimento não seria possível chegar ao apagão político da sociedade. Pudesse o levantamento popular no Egipto, que despertou a consciência política em colectivo e com focos generalizados de auto-organização, não ser amansado pela vertigem eurocêntrica do liberalismo ideológico. E se desde a queda de Mubarak o Exército tem tentado dispersar os contestatários da praça, que de pedra e cal fizeram da rua a sua vida e da sua vida um gesto político de dissensão, os apelos e as armadilhas do liberalismo serão bem mais sofisticados e sinuosos do que a mera necessidade de restabelecer “o trânsito” evocada pelos militares.

Se parece certo que os líderes religiosos só entraram na carruagem quando o comboio do levantamento popular já tomara balanço, parece evidente que entre as burocracias que ocuparão o Estado egípcio e que desviarão o eixo do movimento de base, da sua energia, da sua alegria desarmada e desarmante, da sua potência para a auto-organização, a mais politizada e dissidente será a Irmandade Muçulmana.

O terror ao islão fabricado a Ocidente parece encandear e simplificar o facto de no Egipto nenhuma força política ser tão consistentemente contra a ordem dominante como a Irmandade Muçulmana, a única que despreza a submissão ao imperialismo político das potências estrangeiras e aos seus interesses; a única que poderá redefinir a história de opressão e cerco do povo palestiniano; aquela que praticamente a solo manteve uma relação política e social quotidiana com os mais espoliados e desfavorecidos (sem querer esquecer, neste âmbito, os movimentos sociais de defesa dos direitos humanos que ao longo dos últimos anos nunca baixaram os braços no Egipto apesar das prisões, da tortura, da humilhação e do controlo a que estavam sujeitos). E que uma leitura apressada e maniqueísta não veja aqui a defesa de um Estado confessional…

O passo que ficará por dar, quer pelos movimentos de base que alastraram pelo Egipto (como na Tunísia), quer pela Irmandade, é o confronto com o profeta MacDonald: a regulação das relações de poder pelo capitalismo, que vai da fábrica à sala de operações diplomáticas da embaixada estado-unidense.

A acumulação do poder político no Ocidente não precisa de uma via autocrática pura e dura, porque o liberalismo concedeu ao ultra-capitalismo uma arma de regulação espectacular: a abdicação das massas de cidadãos ao seu papel político. Na verdade, à interiorização e politização generalizada do conceito chave do liberalismo: a admissão de que o papel das massas é reproduzir na prática e na teoria a crença de que o papel político de cada um não existe. E esse papel político que se toma por apolítico é desempenhado maciçamente no quotidiano do espaço público, no trabalho, nas escolas, nos tempos livres, na cultura, reproduzindo, socializando, politizando, fazendo crescer a mais perigosa das ideologias, aquela que não se vê e prospera como acções do BPN: a ideologia da não-ideologia. Essa ideologia inconsciente e desapaixonada concorre como nenhuma outra para a desmesura do pensamento único e para manter o pensamento dissidente na inépcia e na aridez.

O liberalismo, juntamente com a tecno-ciência e a indústria do entretenimento/cultura da sociedade de consumo, permitiu uma aceleração da coesão capitalista em todas as esferas, numa transversalidade medonha, numa agonia da dissensão jamais vista.
E essa coesão, regulada e determinada hoje pelas oligarquias financeiras, económicas e militares, tem ainda um inatacável álibi humorístico: os hemiciclos da democracia representativa, que nada podem decidir e que representam apenas uma divisão de honra num campeonato de interesses e poderes próprios e viciados.

Há uma parte do hemiciclo português que devia olhar para a praça Tahrir e perceber que a população egípcia deu um passo decisivo contra a ordem política instalada sem líderes nem burocracia, que a polícia foi derrotada e que não se deve chamá-la para controlar os movimentos sociais, que um minuto do movimento auto-organizado numa praça tem uma alegria e vitalidade que nenhum hemiciclo atinge nem transformando São Bento noutro tipo de parque temático…

Quanto à esquerda parlamentar anti-capitalista, de moção de censura em moção de censura, a sua placa giratória contribui para a ilusão de uma regulação mais funcional do capitalismo, para uma humanização e reforma da economia predatória e global em que vivemos. Reféns da lógica da política parlamentar e unicamente aptos a pensarem o seu papel enquanto instrumentos da própria ordem dominante, que lhes impõe o terreno dócil onde se parlamentam as condições necessárias à preservação do status quo, unificando ilusoriamente o terreno que o capitalismo determina como antagónico, as direcções comunistas e bloquistas negoceiam só aquilo que os Mercados estipulam como possível estabilização dos desequilíbrios e iniquidades, reivindicando direitos e concertando salários de 500€ para recauchutarem um antagonismo de negociata do supérfluo por há muito terem abdicado do necessário.

A deriva de pacotes de promoção revolucionários no Facebook, na visão instantânea e publicitária à la Zeitgeist, e os escassos movimentos precários compõem o ramalhete exigindo a integração na… precariedade do sistema. Não deixa de ser a grande vitória a toda a linha de uma única maneira de pensar a economia de vida: enquanto os operários da geração anterior (das lutas dos anos 60/70) queriam reapropriar-se dos meios de produção, hoje os assalariados virtuais e estatísticos querem a esmola-integradora no sistema que lhes espoliou as bases materiais e utópicas, sem que para tal, o dito sistema, lhes ordene a ampla aceitação de um imaginário de submissão.
Imaginário esse, que tem ainda como legitimação a mitologia do progresso que continua a avançar não só perpetuando a iniquidade social e agravando o fosso económico entre ricos e pobres, como exacerbando a diferença entre Ocidente e países pobres, arruinando economias locais e comunitárias.

A almejada sociedade do lazer e da reapropriação do tempo livre que seria assegurada pela explosão da tecnologia, só garantiu a sempre notável capacidade inspiradora da lógica e das estratégias do capitalismo (bem longe das teorias conspirativas, o capitalismo é “inspirativo”, não conspira as condições da base exploratória que o sustenta, inspira-se nessas condições mutáveis para as degradar e moldar ao vórtice lucrativo).

A ideia do progresso (económico) é a falsa abundância que o capitalismo trouxe. Terrivelmente falsa, porque primeiro fez-nos crer que o progresso se confundia com o excesso material, a abundância de bens e da técnica, e depois porque perpetuou num contexto de “abundância” a iniquidade social e a exploração. Como corolário calamitoso, a ideia do progresso acelerou a lógica suicidária da destruição dos recursos do planeta, gerando com a estratégia ultra-produtivista a delapidação de recursos, num curto-prazo transformados em lixo, desperdício e resíduo, e legando às gerações vindouras a impossibilidade de terem acesso a recursos naturais (entretanto escassos ou extintos) para construírem as bases da sua economia e da sua sustentabilidade, e deixando-lhes ainda o problema adicional de se desembaraçarem do lixo e da sociedade do desperdício, e de terem de inventar energias alternativas.

A questão mais premente não é tanto a de saber como é que as classes dominantes recuperaram o controlo sobre a produção e a distribuição de riquezas, mas como conseguiram estabelecer a crença de que essa riqueza pode ser reapropriada socialmente.

E, mais profundo, desmistificar do imaginário que essa crença da riqueza e da sua distribuição social não deve ser questionada em si, que essa riqueza e acumulação desmesurada são um bem em si e que não pode parar.

Se o mito do progresso económico e tecnológico contaminou uma geração revolucionária, quer a que seguia a corrente marxista-comunista, quer a que praticava as premissas teóricas do anarquismo, se o imaginário revolucionária estava encantado e se esse encanto tinha ou não à época condições generalizadas de ser criticado e desmistificado, é uma questão que não encobre a resposta política e colectiva de uma geração (sem nos determos aqui naquilo que as distinguia).

Resposta que fracassou a quase toda a linha – a política, a da transformação das relações de poder, e a económica –, mas que teve como condão alargar o imaginário da geração que deitou ao mundo, ultrapassando as meras conquistas de conforto e bem-estar económico, oferecendo-lhe as condições materiais e conceptuais para uma libertação das possibilidades do que fazer com a realização da sua vida no seio de uma economia excedentária.

Se é compreensível que milhões de jovens tenham perdido a capacidade para a autonomia e a auto-organização, é terrivelmente obsceno que a geração que se auto-descreve como mais culta, mais crítica, mais “academizada”, não veja a chantagem onde se acoita e deseja cumprir a sua vida e a sua realização humana.

(É tão cego e pobre como a última grande concentração de protesto contínuo no país, a luta dos professores, cujo leit-motiv da sua reivindicação era a questão da progressão na carreira e a auto-avaliação dos professores, com a concomitante redução de salários, fazendo da questão remuneratória a base do seu antagonismo à política educativa liberal-capitalista, ignorando a questão do sistema educativo em si, essa fábrica de produção dos valores caros ao capital: competição, individualismo, salve-se quem puder, violência, primado da técnica e da estatística, e menosprezo da auto-organização, da autonomia, da consciência crítica, da solidariedade, do trabalho colectivo e do conhecimento holístico dos saberes).

A magia do liberalismo, ao serviço da sofisticação do imaginário do capital, levou-nos a pensar que a vida económica de cada um é um reduto do mérito e da liberdade individual e não um processo de conquista e participação colectiva.

O único compromisso de que um jovem europeu, excedentário e mergulhado na abundância, faz finca-pé é o compromisso com a sua exploração. Se o insulto que representa na Europa de hoje uma esmagadora maioria “lutar” com a miséria conceptual deste pressuposto, o insulto vai directo e concreto para a geração operária, da classe média e/ou da contra-cultura, que nos anos 60/70 do século passado, encetou processos colectivos de transformação social.

O espantoso não é só esta geração em Portugal, na Espanha, na Grécia, constatar que a economia de produção não lhe garante essa liberdade – quanto mais uma liberdade colectiva e ecologicamente sustentável – como, em vez de pôr em causa essa economia de produção, abdicar desse imaginário do que fazer com a possibilidade da sua liberdade de realização, esvaziando de sentido o legado de lutas emancipatórias da geração que a precedeu e, ainda mais grave, fazendo descer o nível do imaginário da próxima geração à servidão voluntária.

Engrossando call-centers, saltando de shopping em shopping, fazendo de caixa nos hiper-mercados, especializando-se em estágios, “tecnificando-se” com pós-licenciaturas, ou reivindicando, na qualidade de precário ultra-qualificado, um lugar na exploração do sistema, baixará o nível do imaginário da próxima geração a um patamar insolitamente miserável nesta velha e respeitável Europa do século XXI.

Especializado em pedir pela integração na selva do capital, quem é este precário? Aquele a quem nunca faltou nada de básico para sobreviver e que alienou a sua capacidade de viver além do imaginário dado pela fase actual do capitalismo. O precário é aquele que agora se apressa a desejar aquilo que os pais (ou uma parte deles…) conquistaram, o (falhado) Estado social e do bem-estar, aquilo que o capitalismo já nem sequer se dá ao trabalho de vender!

O precário reivindica a integração na sociedade que o abandona, lhe disseca o imaginário, lhe mutila a dimensão emancipatória. O precário europeu é aquele que não sabe escapar à chantagem do sistema. De petição em petição, milhares de jovens precário-privilegiados – essa minoria mundial que tropeça no excesso de bens, de recursos tecnológicos e no património cultural – vive incapaz de se organizar para refazer a (sua) economia, repensar as suas necessidades, e de garantir a autonomia das suas condições de susbsistência e os meios de realização pessoal e colectiva.

Ironia confrangedora, um jovem argelino, tunisino ou egípcio, ao olhar para as vagas migratórias que a Europa tenta regurgitar ou para as bolsas de pobreza do centro do Porto, do Vale do Ave, ou da Andaluzia, sabe melhor do que nós a falsidade do apologético Estado social europeu, assim como entende mais facilmente o cerco e as armadilhas à independência económica montado pelas economias reguladoras do FMI, EUA e Banco Central Europeu.

As loas generalizadas à música dos Deolinda só revelam a miséria ideológica cavada pelo capitalismo: toda a emancipação e dignidade humana se resumem à assunção de um niilismo existencial e colectivo que só pode ser colorido com a plena integração na máquina do capital. A área cinzenta da vida dos canudo-iludidos é a incapacidade de pensarem a sua vida além e aquém do capitalismo e das fronteiras que a sua lógica demarca, através do seu marketing, da sua indústria cultural e de entretenimento, da burocracia governativa, e no seio do império quotidiano da autocracia das empresas.

A canção dos Deolinda “não é um grito de revolta”, é o sussurro do conformismo. E a glorificação do que existe é o conformismo do imaginário. A real e profunda precariedade é a precariedade do imaginário, aquela que dita e exige o direito à exploração. Se quisermos, o apodrecimento e desaparecimento do pensamento utópico.

Já não é apenas tornar-se insensível com a degradação das relações humanas e perder toda a perspectiva de autonomia pessoal e colectiva, mas a pura rendição da consciência.
Entretanto, os palácios na Europa continuarão a fazer a festa.

Júlio do Carmo Gomes

12.2.11

Dos motins às revoluções - mesa-redonda no dia 19 de Fev.

http://u-ni-pop.blogspot.com/

Mesa-redonda DOS MOTINS ÀS REVOLUÇÕES, E VICE-VERSA

Casa da Achada, no Sábado, 19 de fevereiro, às 15h, com entrada livre

organização UNIPOP e revista imprópria

com a participação de:
Miguel Cardoso
Pedro Rita
José Soeiro
Manuel Loff
Paulo Granjo
Ricardo Noronha

A partir dos mais diversos pontos, de Roma a Tunes, do Cairo a Oakland, de Londres a Beirute, de Buenos Aires a Atenas, de Maputo a Sana, um conjunto muito significativo de lutas, manifestações, greves, ocupações tem vindo a ter lugar. Um elemento comum, além da assinalável capacidade de mobilização, parece ser o facto de muitas destas acções assumirem, formal e substancialmente, o questionamento não só da ordem estabelecida, mas também do padrão normalizado da luta política legal e confinada aos limites do poder de Estado. Num contexto de crise do capitalismo global, a ordem pública é confrontada com uma desordem comum que toma as ruas como o seu espaço, resgatando palavras como «revolução», «revolta», «motim». O debate que propõe a UNIPOP passa por procurar identificar que outros pontos de contacto têm estes diversos focos de luta, bem como quais são os seus limites, e perceber em que medida é que um certo efeito de arrastamento pode ou não ter como consequência a constituição de uma resposta emancipadora à crise do capitalismo global, ou seja, que articulação têm estes movimentos com o paradigma da «revolução» e de que modo o reconfiguram.