19.5.10

Novas Poéticas de Resistência - colóquio internacional no CES em Coimbra (25 de Maio)


Colóquio Internacional
Novas Poéticas de Resistência

25 de Maio 2010, Sala de Seminários do CES, 2º Piso, Coimbra


Programa

08h30: Recepção dos/as participantes

09h: Abertura do Colóquio

Mesa Temática: Estudos Linguísticos e do Discurso (Sociolinguística)

09h15:"Letras e reciclagens: (dois) espaços em escrita" - Clara Keating e Olga Solovova


Mesa Temática: Estudos de Tradução

09h45: "Resistir à Linguagem: a Tradução"- Isabel Pedro

10h00: "Linguajar, ou a alteridade radical do poema" - Adriana Bebiano

10h15: Coffee-break


Mesa Temática: Estudos Literários I

10h30: "Semânticas de identidade na escrita de mulheres portuguesas emigrantes em França e no Canadá" - Clara Moura Lourenço

10h45: "A (Re)constituição do Feminino em dois exemplos - Poetas Irlandesas e Portuguesas Hoje" – Gisele Wolkoff

11h00: Debate

12h00-14h00: Almoço


Mesa Temática: Estudos Literários II

14h00: "Observatório da Poesia Electrónica Portuguesa" - Manuel Portela e Rita Grácio

14h30: "Movimentos e Revistas de Poesia em Portugal" - Jorge Fragoso e Cristina Néry


Apresentação dos Projectos em Rede

15h00: "Novas Poéticas de Resistência" – Graça Capinha

15h30: "PennSound: Hearing Voices in Poetry's Coming Digital Present" – Charles Bernstein

16h00: “Uma guerrilha chamada Sibila”- Regis Bonvicino

16h30: "Portuguesia" - Wilmar Silva

17h00: Coffee-break

17h15: Debate

18h15: Leitura de Poemas

18h45: Encerramento dos Trabalhos


http://www.ces.uc.pt/eventos/evento206.php

Inscrições
www.ces.uc.pt/eventos/evento206_inscricao.php


Novas Poéticas de Resistência:
o século XXI em Portugal

Este projecto usa a palavra “poética” a partir da sua raiz etimológica: o primeiro fazer da primeira forma – dar forma a partir da raiz do som. Como diz o poeta e principal teórico da L=A=N=G=U=A=G=E School, Charles Bernstein, a linguagem é “a primeira coisa forjada”, a primeira extensão da forma do corpo: uma cópia e uma ilusão.

A partir desse primeiro momento, aquilo a que chamamos o real não é mais do que um real humana e socialmente “forjado”: um artifício cuja artificialidade se transforma em “objectividade fantasma” (Michael Taussig).


Tendo como cerne estas “formas de forjar o mundo”, este projecto procura as formas contra-hegemónicas deste fazer na linguagem.

Isto significa que se centra em políticas de linguagem através da observação de alguns discursos que, das suas margens, produzem o centro, ao mesmo tempo que o desafiam e lhe resistem: “servindo o que não é” (Dante), re-inventando e investigando os violentos territórios do excesso (Jean-Jacques Lecercle) onde se encontram todas as formas da linguagem do desaprovado, do improvado e do ainda por provar (Susan Howe).

As “novas poéticas de resistência” residem nesse território fundador e nas suas infinitas possibilidades: em formas literárias experimentais e transformadas pelas novas tecnologias; em inevitáveis e impossíveis esforços da tradução; no conhecimento da incompletude de uma hermenêutica dia(multi)tópica (Sousa Santos) exigida pelo multiculturalismo, o bilinguismo e trajectórias migratórias e multi-étnicas; numa pesquisa epistemológica baseada na procura permanente de linhas de fuga (Deleuze e Guattari) que levam a práticas descentradas e nómadas de desterritorialização das palavras e das identidades por elas forjadas.

A memória biográfica surge aqui como evento da “escrita do corpo”, referência histórica e motor de identidades híbridas em que crenças multiculturais e a saudade acendem a imaginação e se transformam em elementos significativos de uma cultura portuguesa dinâmica que hoje enfrenta os novos desafios impostos pela globalização.

Tentaremos participar numa epistemologia de presenças e ausências (Sousa Santos) oferecida pela transversalidade dos diferentes saberes.

Este projecto interdisciplinar cruza 4 áreas (Estudos Literários, Sociologia, Estudos de Tradução, Linguística) em 9 sub-projectos: (a) “Poéticas para Novos Mundos”, (b) “Observatório da Poesia Electrónica Portuguesa”, (c) “Movimentos e Revistas de Poesia em Portugal”, (d) “Resistir à Linguagem: a Tradução”, (e) “Para uma Sociologia do Autor: o Áudio-Visual”, (f) “A Poesia e o Design de Fernando: política, exílio e imigração”, (g) “Semântica da Identidade na Palavra Migrante de Autoras Portuguesas em Paris e Montréal”, (h) “Poética de Resistência e Literatura Oral — Vozes de Mulheres Judias nas Comunidades de Belmonte (Portugal) e Bom Fim (Brasil)”, (i) “Letras, Identidades e Contextos: reciclagem discursiva, desenvolvimento e transformação identitária em dois contextos de escrita e leitura”.

A poesia constitui-se como núcleo principal (a resistência enquanto “erro” e “malformação” no experimentalismo com a voz, o corpo, a imagem e através das novas tecnologias), mas o campo analítico inclui uma perspectiva comparada com outras dimensões contextualizantes e problematizadoras (a resistência como “erro” e “malformação” no âmbito do exílio, da imigração, da etnicidade e da terapia anti-toxicodependência).

“Poéticas para Novos Mundos” funcionará em network com o projecto “pennsound”, http://writing.upenn.edu/pennsound/ (áudio e vídeo) e com o “Electronic Poetry Center”, http://epc.buffalo.edu/authors/bernstein/blog/ (texto e links), dirigidos por Charles Bernstein da Universidade da Pennsylvania, Philadelphia, e ainda com um grupo de S. Paulo, no Brasil, à volta do poeta Régis Bonvicino e a revista de poesia Sibila,
http://lgpessoa.web.br.com/sibila2

A popularização das tecnologias electrónicas na produção e circulação de imagens re-equacionou a importância da dimensão material dessas imagens nas práticas sociais a elas associadas. Será que a Internet cria práticas culturais mais democráticas? Olhando o poeta como actor social e a experiência da visualização como experiência situada pela materialidade das imagens e pelo seu poder, quais são os impactos sociais destas novas práticas culturais?
Tentaremos perceber de que forma a linguagem e a ideologia dominantes podem ser desterritorializadas através de novos fazeres poéticos que introduzem a malformação e o erro como possibilidade para uma cidadania em devir – em usos da palavra que procuram, não só referir, mas interferir na ordem do mundo.
48 anos de silêncio – e um poema visual era considerado subversivo – têm implicações nas práticas culturais portuguesas. Eles significaram a impossibilidade de desenvolver um debate, uma verdadeira troca democrática nos campos da cultura, da literatura e do pensamento sobre a língua portuguesa – uma língua cuja diversidade e potencial de transgressão permanecem por descobrir.


Mais info: aqui