26.12.09

Movimento em defesa do Rio Tinto responsabiliza os políticos pelos prejuízos provocados pelas recentes inundações

«O rio não perdoa a quem comete desmandos sobre a sua integridade»

O Movimento em Defesa do Rio Tinto (MDRT), Gondomar, responsabilizou os decisores políticos pelos estragos causados pelas cheias do rio na noite de segunda para terça-feira da semana passada.

"Há toda uma série de más decisões que se têm acumulado, entre as quais destacamos o entubamento do troço mais emblemático, a desnaturalização do leito e margens, revestindo-as de betão ou impermeabilizando-as, a ocupação inconsciente de leitos de cheia", refere o movimento, em comunicado.

O MDRT realça que as preocupações aumentaram com as obras de ampliação da rede do Metro do Porto, "com um traçado em certos pontos pouco compreensível e com soluções técnicas intrigantes, tais como um novo entubamento parcial e total manutenção do anterior".

"O rio transbordou, inundou casas, destruiu muros, pontões, pavimentos. Explicar estes acontecimentos como aleatória 'catástrofe natural' é, realmente, fugir às responsabilidades e camuflar a raiz dos problemas", salienta o movimento.

No caso das obras do metro, o MDRT considera que "os factos (águas a galgarem o betão, a arrastarem tubos a quilómetros de distância, a destruírem protecções) comprovam que o traçado, o projecto, o licenciamento e a fiscalização da obra não foram adequados à realidade dos locais onde ela se implanta".

"Esperamos, vivamente, que os responsáveis, com particular realce para a Câmara Municipal de Gondomar e empresa Metro do Porto, saibam escutar a mensagem que o rio deixou. Porque, mais do que minimizar os efeitos dos danos agora verificados, importa tomar medidas de fundo que previnam a sua repetição", acrescenta o movimento.

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O rio também se zanga

Como já temos dito várias vezes,maltratar os recursos naturais, terá sempre consequências.
No caso particular do nosso rio, despejar resíduos de forma clandestina e, sobretudo, ocupar os leitos de cheia com construções, taludes artificiais mal projectados e entubamentos forçados, são exemplos de actuações que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por redundar em prejuízos mais ou menos graves.

No passado dia 21 de Dezembro, durante algumas horas,choveu intensamente em Rio Tinto.
Foi o suficiente para o rio, apertado por margens não naturais, galgar pontões, alagar e enlamear ruas, inundar casas, rebentar muros e grades,deixando atrás de si um rasto de danos e desolação.

Esta situação, como foi reconhecido por muita gente (designadamente responsáveis da protecção civil) foi agravada pelas obras da ampliação da rede do metro.

Designadamente na zona das Perlinhas, o rio zangou-se a sério, levou vedações à sua frente, inundou caves, fez abater pavimentos.

E o entubamento que foi aqui implementado (e que alguns, estranhamente, teimam em considerar como provisório), para além de acrescentar mais um atentado contra-natura ao rio, parece estar, mesmo assim, subdimensionado.
Esperamos, vivamente, que estes lamentáveis acontecimentos, que deixaram em desespero muitas centenas de cidadãos, possam servir de lição.

Que os responsáveis e decisores possam olhar para estas ocorrências, com um olhar atento, inteligente e lúcido.

Porque , quer se queira quer não, o rio não perdoa a quem comete desmandos sobre a sua integridade.

E, quando se zanga, pode ser muito violento.


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