30.8.09

A Escola Moderna: «servirei melhor as minhas ideias fundando a Escola Moderna do que fazendo política» ( Ferrer i Guàrdia)


Em Abril de 1901 Francisco Ferrer i Guàrdia recebe uma rica herança de uma viúva francesa a quem dava aulas de castelhano em Paris. Aos que tratavam de o convencer em utilizar o dinheiro para fins eleitorais, como tentou fazer o líder republicano-socialista radical Alejandro Lerroux ( ver a sua biografia em
http://es.wikipedia.org/wiki/Alejandro_Lerroux ; e para saber mais sobre o Partido Republicano Radical Socialista, consultar http://es.wikipedia.org/wiki/Partido_Republicano_Radical_Socialista ) Francisco Ferrer i Guàrdia respondeu:

« - Servirei melhor as minhas ideias fundando a Escola Moderna do que fazendo política»

E, na verdade, há que reconhecer que se a Catalunha e Barcelona esteve na vanguarda das lutas emancipadoras nos últimos cem anos, e a CNT se implantou tão fortemente naquela região, ao facto não é estranho certamente a adesão e o enraizamento que a Escola Moderna teve ali por obra e pela mão de Ferrer i Guàrdia.


No seu livro La Escuela Moderna, Ferrer definia assim o objectivo da Escola Moderna: « Extirpar do cérebro dos homens tudo o que os divide, substituindo-os pela fraternidade e a solidariedade indispensáveis para a liberdade e o bem-estar gerais para todos.»


E na realidade, a Escola Moderna foi um importante foco de educação popular: teve ensino primário e foi uma escola mista ( coisa inédita na época ), de dia era para crianças e à noite para adultos; teve aulas de francês, de inglês, alemão, taquigrafia e contabilidade; estava apetrechada com um local onde se realizavam conferências, vocacionado para os sindicatos e as colectividades operárias; tinha ainda uma editora a fim de suprir a crónica falta de material didáctico, e graças à qual foram editados manuais escolares, livros para adultos, folhetos, informações e um boletim.

O local escolhido para a sua instalação foi um antigo convento da rua Bailén, na cidade de Barcelona, tendo aberto as suas portas a 8 de Outubro de 1901.

O ensino ministrado na Escola Moderna seguia as seguintes orientações: o aluno é livre, livre inclusive de deixar a escola. O aluno goza de uma ampla liberdade de movimentos: vai ou não ao quadro, consulta ou não este ou aquele livro, entrega-se às suas fantasias quando lha agrada, e até pode sair da sala de aula quando tem vontade de o fazer.

Além disso, Ferrer é defensor da higiene, da educação física e da natação, ao mesmo tempo que rejeita os jogos e as provas de competição que servem para alimentar a vã glória dos seus participantes. Estimula os trabalhos manuais para os rapazes, assim como a jardinagem, a limpeza e os trabalhos domésticos, o que é uma forma de nivelar ambos os sexos para as mesmas tarefas.

Não havia exames, nem muito menos castigos e recompensas.

No primeiro ano inscreveram-se 20 alunos (12 raparigas e 18 rapazes); em 1902 já são 70, e 126 em 1904. Em 1905 a Escola Moderna espalhara-se por 147 espaços por toda a Catalunha. Em 1908 contam-se 1.000 alunos só na cidade de Barcelona, e criam-se estabelecimento do mesmo género em Madrid, Sevilha, Málaga, Granada, Cádiz, Córdoba, Palma, Valência, assim como no estrangeiro ( em São Paulo, Lausanne, Amsterdam e Lisboa).

Mas, entretanto, em Junho de 1906 o governo espanhol encerra a escola-mãe, na rua de Bailén, na sequência do atentado bombista de Mateo Morral, bibiotecário da Escola Moderna, contra a carruagem real no dia da boda de Alfonso XIII. Ferrer i Guàrdia é detido e processado como instigador. Absolvido das acusações, Ferrer sai da prisão em Junho de 1907, mas a Escola-mãe em Barcelona já não reabrirá mais.

Ferrer promove a criação da revista L’École Renouvée com o subtítulo «extensão internacional da Escola Moderna de Barcelona», cujo primeiro número é editado em Bruxelas a 15 de Abril de 1908.

Também em Abril de 1908, Ferrer i Guàrdia funda a «Liga Internacional para a educação racional da infância» que conta, entre os seus aderentes, Languevin, Bernard Shaw, Berthelot, e Gorki.



29.8.09

Mude para uma vida saudável, e sorria...


Deixe o carro em casa. Não trabalhe tanto. Brigue menos. Curta mais. Conviva com os outros. Ligue para os seus amigos. Faça um jantar a dois. Vá ao teatro. Faça sexo. Ofereça flores. Seja mais feliz. Faça algo de novo. Adopte uma vida saudável. Passeie à beira-mar, à beira-rio ou pelos montes. Respire melhor. Ouça música. Leia mais. Ame. Saúde os que se cruzam consigo. Dê muitos beijos. Ergue-se face à opressão e a tirania. Lute por causa justas. Seja amigo do ambiente. Não desista de alargar os limites da liberdade individual e colectiva. Reflicta. Intervenha com conhecimento de causa. Emocione-se. Cante. Seja criativo. Ajude os outros em emanciparem-se. Sonhe. Converse. Contribua à sua medida para as forças que buscam contruir um mundo mais justo. Aprecie as obras realmente valiosas. Seja simples. Não se escravize nem se submeta ao dinheiro. Não se drogue com a bolsa de valores da TV. Viva e sorria aos demais.

Continua…

Hostel Argonauta em Óbidos: um hostel para mochileiros e backpackers

Um nosso amigo das Caldas da Rainha informa-nos que na bonita cidade de Óbidos abriu há poucas semanas atrás o Hostel Argonauta por iniciativa de uma sua amiga, a Concha Rozas.
A partir de agora os viajantes, sobretudo os jovens backpackers / mochileros, dispõem de uma oferta mais económica que lhes permite aumentar a permanência na região. É mais uma boa razão para ficar pela região mais uns dias a conhecer o património natural e construído. E mais umas noites a sua acompanhar a programação cultural.

Clicar sobre a imagem para ampliar e ler em detalhe as informações



26.8.09

Escola libertária (Summerhill) versus Escola Tradicional ( e suas diferenças em relação à Escola Construtivista, e à Escola Montessoriana)

Escola tradicional - o que é?





Escola Montessoriana - o que é?







Escola Construtivista - o que é?





Escola tradicional versus Summerhill School






Imagine a School....Summerhill







Imaginem uma escola...


Onde as crianças e os jovens têm liberdade de ser eles próprios...

Onde o sucesso não é definido pelos resultados académicos mas pela definição de sucesso das próprias crianças
Essa escola é Summerhill School, em Suffolk, England, definida como escola livre, e que foi fundada em 1921 por A.S. Neil , e se mantém ainda hoje como uma referência para a educação democrática em todo o mundo.

Feira de troca, picknick com música e apresentação da revista alambique em Ferreira do Alentejo (29 de Agosto, a partir das 16h.)

No próximo Sábado, dia 29 de Agosto, a partir das 16h. em Ferreira do Alentejo realiza-se uma Feira da Troca que procura recuperar o espirito do Trocal, que tal como em Messejana há dois anos atrás, acontecia "porque tens demasiadas coisas... e talvez o teu vizinho precise... Para diminuir o lixo... Para gastar menos dinheiro em lojas... (e perceber que nem tudo se ganha só com dinheiro)..."


Vem para a troca, traz comezaina para o picnic e fica para a conversa e para a música de Can't Sing For Shit....

Lista das ecovias e ecopistas existentes actualmente em Portugal

As vias destinadas a veículos não-motorizados têm actualmente uma extensão perto dos 300 quilómetros que separam Lisboa do Porto. Mas há ainda ecopistas e ecovias em construção e outras que os autarcas querem arrancar do papel, como a ligação em bicicleta entre Algés (Oeiras) e a foz do rio Trancão (Loures) passando pela frente ribeirinha de Lisboa.

A ecopista do Montado, em Montemor-o-Novo, e a da Linha do Tâmega, em Amarante, são as mais recentes vias criadas com um perfil de ligação à natureza.

Mais linhas-férreas desactivadas podem, contudo, ser aproveitadas, uma vez que a Rede Ferroviária Nacional (Refer) defende a criação de ecopistas nos 700 quilómetros de linhas encerradas.

Por seu turno, no Algarve o projecto da Ecovia do Algarve (http://www.ecoviasalgarve.org/ ) visa criar ao longo de 214 quilómetros do litoral da região uma via destinada em especial às bicicletas. A ecovia, cujas obras arrancaram em 2007, tem início em Sagres – irá percorrer 12 concelhos – e termina em Vila Real de Santo António.


A ecopista do Dão ( desde Santa Comba Dão até Viseu) terá uma extensão de cerca de 50Km, e estará concluída no prazo de oito meses e será a maior do País. O seu custo é de cinco milhões de euros, sendo que o troço já concluído recebeu em dois anos 600 mil visitantes.

Existem actualmente em Portugal 13 ecovias e 9 ecopistas., num total de 268 quilómetros de vias ligadas à natureza.


ECOVIA ( definição: Infra-estrutura destinada à circulação a pé ou em bicicleta, e que tem como principal característica a ligação - tanto a nível local como regional - entre áreas de interesse ambiental e a população; Possuem presentemente um total de 174 quilómetros em território nacional)


1. PONTE DE LIMA (Rio Lima)

Açudes / Extensão de 14,1 Km

Lagoas / Extensão de 8,46 Km


Laranja / Extensão de 5,2 Km


Refoios / Extensão de 5,25 Km


Veigas / Extensão de 13,3 Km


2. PORTIMÃO


A Rocha Delicada / Extensão de 8,0 Km

Viagem Interior / Extensão de 25,0 Km


3. ODIVELAS


Escola Agrícola da Paiã / Extensão de 4,0 Km


4. ÉVORA


Água de Prata / Extensão de 7,0 Km


Monfurado / Extensão de 88,0 Km


5. CAMINHA (ECOVIA DO ATLÂNTICO)


Caminho das Gamboas / Extensão de 883 m


Caminho do Sargaceiro / Extensão de 1,7 Km


Foz do Minho / Extensão de 1.020 m


ECOPISTA ( definição: Corredor destinado à circulação a pé, de bicicleta ou a cavalo, ou a outras formas não motorizadas. As Ecopistas surgiram em muitos canais desactivados de linhas ferroviárias; Presentemente existem ecovias em Portugal numa extensão de 94 quilómetros)


6. VISEU
Extensão de 8,0 Km


7. SEVER DO VOUGA
Paradela / Extensão de 6,179 Km


8. FAMALICÃO
Extensão de 10,2 Km


9. MONÇÃO
Rio Minho / Extensão de 13,0 Km


10. ÉVORA
Mora / Extensão de 21,0 Km


11. VILA POUCA DE AGUIAR
Corgo / Extensão de 9,7 Km


12. GUIMARÃES
Extensão de 8,1 Km
Guimarães-Fafe / Extensão de 7,2 Km


13. MONCORVO
Sabor / Extensão de 9,7 Km



Consultar ainda:

A linha ferroviária de Saint Gothard na Suíça

A linha de Saint-Gothard na Suíça é conhecida principalmente pelo seu túnel de via dupla numa extensão de 15km, construído entre 1872 e 1881, que une Goschenen ao norte, no cantão de Uri a Airolo no cantão de Tessin. Os comboios percorrem o túnel em 11 minutos.
Durante a construção do túnel no século passado foi desencadeada em 27 de Julho de 1875 uma greve pelos operários que o construíam, reivindicando que o seu salário fosse pago em dinheiro e não em género como acontecia. Esta paralisação foi duramente reprimida pela polícia ( as chamadas «forças da ordem» ...!!!) causando 4 mortos entre os grevistas .















A volta à França em 80 comboios

















25.8.09

Um Encontro de vizinhos da ( Serra da ) Estrela realizou-se na eco-quinta Nemus no passado fim de semana


http://quintanemus.blogspot.com/




No passado dia 22 de Agosto realizou-se na eco-quinta Nemus (na Serra da Estrela) um «Encontro de vizinhos da Estrela» com a finalidade de promover a entre-ajuda, partilha, amizade e união dos habitantes ecológicos desta serra magnifica e arredores!

Estiveram presentes 25 visitantes, alguns de manhã, outros de tarde mas sempre muito bem dispostos e simpáticos!Entre muita conversa e boa comida começou-se a criar boas amizades e laços muito valiosos para todos os vizinhos desta magnifica serra!

Tratou-se de um encontro importante pois ajudou de alguma maneira a dar força a todos para erguer os projectos em que estão envolvidos.

Os integrantes da eco-quinta NEMUS são um casal(Sofia e Duarte), mais o filho de ambos, que pretendem levar por diante um projecto ecológico na nossa quinta em Loriga/Serra da Estrela.
Queremos uma vida mais harmoniosa com a natureza....permacultura, vegetarianismo, cura natural, partos, bebés, crianças e adultos naturais, paz, amor....

Todos os que vierem por bem e para ajudar são bem-vindos à quinta!
Quinta Nemus como o próprio nome diz é um lugar de árvores e terras sagradas.É uma pequena antiga aldeia perdida do mundo nos confins de uma montanha, repleta de historia e riquezas naturais esta quinta chamou-nos até ela, foi aqui que descobrimos a vida, a verdadeira família que é a natureza, a comunhão com esta terra dá-nos força para criar um lugar melhor, onde tudo é simples, ecológico e harmonioso






Subempreiteiros de construção civil exploram trabalhadores brasileiros e portugueses


Na Corunha e em Vigo, empresas como a JAI-AND/UNIPESSOAL, uma empresa de trabalho temporário de Vizela, têm recrutado trabalhadores no Porto e arredores para empreitadas de construção civil e obras públicas (como o "polígono industrial de Bueu", em VIGO e outras obras, perto do Carrefour da CORUNHA) onde estes trabalham e não são pagos. A alguns destes trabalhadores - com jornadas de trabalho entre 9 e 10 horas por dia - a empresa deve entre 60 a 15 dias de trabalho, desde o início de Maio.

Inicialmente foram-lhes prometidos salários de 5 a 7 euros/hora e até agora nenhum recebeu, tendo por esse motivo alguns abandonado o trabalho até que a empresa lhes pague o que lhes deve. Porém, a situação vai-se agravando, continuando alguns brasileiros e portugueses a trabalhar nas duas obras apenas a troco de comida.

Os trabalhadores também se queixam de serem geralmente transportados pela empresa em veículos bastante degradados e sujeitos a acidentes, bem como de a empresa não dispor da ferramenta necessária à execução dos vários serviços.

APELA-SE à ACÇÃO DIRECTA DE RESISTÊNCIA E PROTESTO DOS TRABALHADORES PRECÁRIOS E SUAS ORGANIZAÇÕES, TANTO NA GALIZA COMO EM PORTUGAL, JÁ QUE PARA ESTES EXPLORADORES A "CRISE" É DOCE...

Encontro europeu de construção com fardos de palha na Bélgica (26 a 30 de Agosto), e 1º encontro em Portugal ( 2 a 4 de Outubro)



Informação via:


Entendemos a arquitectura como a forma de planear, desenhar e construir com o objectivo de atingir a adequada integração do ser humano com o seu meio envolvente sempre orientado pelo máximo respeito pela Vida.
Responsável pela divulgação da iniciativa é a arquitecta Catarina Pinto, especializaçada em recuperação, construção em taipa e soluções ambientais. (Specialist in Earth "Taipa)


Actualmente, na União Europeia, a construção de edifícios consome 40% dos materiais, gera 40% dos resíduos e consome 40% de energia. Estes dados estatísticos falam-nos de um sector com enorme impacto sobre o meio económico, ecológico e social, confirmando em definitivo que se trata de um sector INSUSTENTÁVEL onde é urgente a mudança de comportamentos.


Se algo nos ensina a história da construção é que o ser humano sempre levou muito em conta a envolvente ambiental em que se encontrava e os materiais naturais à sua disposição no local, não utilizando um modelo tipificado de construção.Com o passar dos tempos, os avanços tecnológicos desviaram as nossas sociedades de tão notável adaptação. Do século XX à actualidade observamos que as características construtivas bem como os materiais utilizados se convertem em algo semelhante em qualquer parte do mundo, independentemente do clima e dos recursos disponíveis localmente. Nas nossas sociedades fortemente industrializadas, reina o mito da ciência e da técnica como garantia de todos os problemas e a total inconsciência na utilização de recursos que se julgam inesgotáveis. Afastámo-nos da benéfica e saudável interacção com a Natureza.


Cabe-nos a todos, que somos uma parte, um fio da trama da vida questionar este tipo de realidade desarmónica e pôr-lhe um ponto final. E passa mesmo por todos nós, incluindo-me e incluindo-te pois a subserviência, a auto-limitação, a inconsciência e a aceitação do modelo de realidade que nos impuseram faz-nos pactuar diariamente com os que criaram tais modelos.


Com esta consciência ampliada só faz sentido que o futuro da construção se imponha sustentável. Adaptando-se respeitosamente à Natureza, às energias do terreno e ao clima, poupando recursos, poupando energia, utilizando energias renováveis, reduzindo ao máximo a pegada ecológica, utilizando o conhecimento e a tecnologia ao nosso dispor de forma inteligente e contando sempre com a saúde, o conforto e a felicidade dos utilizadores.





Primeira conferência construir com fardos de palha em Portugal na Quinta dos Melros ( em Coimbra)

2-4 Outubro

http://construircomfardosdepalha.blogspot.com/

http://www.strawbalehouseportugal.blogspot.com/

http://www.quintadosmelros.org/

Dragon´s Place Event na Quinta do Tapado, em Fiais da Beira ( no Ervedal - Oliveira do Hospital) de 28 a 30 de Agosto


A Quinta do Tapado nos Fiais da Beira é uma das eco-quintas que existem em Portugal, são comunidades humanas sustentáveis que ainda dão passos tímidos em Portugal, e que surgem sob a forma de um bairro, aldeia, cidade ou região, tendo como denominador comum um estilo de vida em harmonia com a Natureza e entre os seus membros. As eco-comunidades são também estruturas que mais têm adoptado o modelo permacultural, que possibilita, por exemplo, o combate à erosão dos solos, a reutilização das águas e a construção de edifícios com recurso aos materiais locais.


Para os próximo fim-de-semana está marcado um encontro na Quinta do Tapado com o objectivo de reunir pessoas para que possam compartilhar os conhecimentos e habilidades para viver de uma forma mais simples, natural e de forma sustentável. É tudo uma questão de partilha de práticas ecológicas de forma a pensar encontrar soluções realistas para o futuro através de workshops e grupos de trabalho, e voltar a viver o mesmo entusiasmo do ano passado


http://dragonsplace.ning.com/
Sustainable rural farm and eco-technology based community, Belgian and English, situated in Portugal. Open to new members.






Áreas de interesse, poderão incluir:
• Alimentos saudáveis
• Soluções energéticas
• Soluções de Jardinagem ecológica, por exemplo, jardins-floresta
• Conforto-natural e abrigo
• Tecnologias alternativas
• Reutilização e reciclagem
• Redes de cooperação Local, para uma vida mais rica e mais barata
• Necessidades Não-materiais - saúde, práticas espirituais, divertimento e alegria
• Na verdade, tudo isto é uma actualização de Permacultura

Haverá também uma pequena feira da ladra e mercado cambial.
Trata-se de sementes, ferramentas, materiais, assuntos de jardinagem etc,
Se estiver interessado, em apresentar o seu workshop, entre em contacto connosco pelo menos com uma semana de antecedência a registar-se e nós enviar-lhe-emos, as condições de participação.

Haverá diversão 24-horas/dia, com muitas gargalhadas e tempo para a festa, mas não venha se só quiser festa, este evento é para as pessoas que realmente querem encontrar caminhos para um futuro melhor.

Congratulamo-nos também com novas pessoas, por isso, se você conhece outras pessoas que possam estar interessados, por favor, fale-lhes sobre este evento.

Não recomendamos que traga crianças, poderá ser entediante para elas, este espaço e ambiente é muito difícil e rude. Se trouxer crianças, deve assumir a responsabilidade e deve tomar conta delas permanentemente a tempo inteiro.

Não traga animais - Iriam interferir com os animais que já temos na Quinta (caprinos, cães, gatos).

Programa Típico
7,00 - 8,00 Este tempo está aberto para quem quiser fazer/propor ioga, meditação, ou outras sessões similares.
8,30 - 9,00 Pequeno almoço
9h30 - 12/30 reuniões matinais: Alimentos e assuntos não-materiais (saúde, práticas espirituais, etc)
13.00 - 14.00 Almoço
15h00 - 18h00 – Reuniões da Tarde: Técnicas e soluções práticas e promoção de grupos de trabalho, debate sobre potenciais workshops futuros.
20,00 - 21,00 Ceia
21,00 - 24,00 música ao vivo e tempo de festa
Haverá um bar disponível das 10.00 - 12.00 e 14.00 - 22,00

O programa pode mudar e novos workshops podem ser adicionados. Haverá anúncios a cada manhã sobre o calendário para o dia.

Acomodação e instalações

Há espaço para campismo - traga sua própria tenda, colchão, saco de dormir etc

Existem casas de banhos secas (de compostagem) e duches frios e acabámos de fazer um sistema de carga de tubo preto com os nossos voluntários, que permite chuveiros quentes, quando o sol brilhar!

Alimentação
Haverá três refeições por dia. Todos os alimentos são vegetarianos.
Infelizmente, não temos a capacidade de fornecer para todo o tipo de alergias alimentares, por isso, se tem necessidades alimentares particulares, traga por favor, o que precisa consigo.

Regras Importantes
1.O risco de incêndio é grave - é proibido usar fósforos, isqueiros ou acender quaisquer fontes de fogo, incluindo velas ou fogões de gás portáteis. Existem duas áreas de fumadores - é proibido fumar em qualquer outro lugar.
2. Não traga animais.
3.Não desperdice de água.
4.Mostre respeito pelas pessoas que estão a dormir, e não faça barulho ao redor áreas de descanso se for para a cama tarde.
5.Tome conta da Quinta e use os caminhos para não destruir árvores e pastos que dão comida para os animais (por exemplo, caprinos).
6.Devemos também obedecer à lei, por isso você não pode fazer nada ilegal na Quinta.
7.Não pode haver comercialização de bens, (a não ser que esteja inscrito na feira da ladra).•
Coisas para trazer
Essencial:
1.Tenda, saco de dormir (ou colchão e se quiser)
2. Vestuário adequado, incluindo calçado forte, o solo é áspero e íngreme.
3.Lanterna (de preferência com dínamo ou com pilhas recarregáveis), mas nada que trabalhe com chama / fogo
4. Prato, faca, garfo, colher e caneca
5.Toalha
6. papel higiénico
7. Certifique-se por favor que o seu sabonete, pasta de dentes etc são ecológicos/ bio degradáveis, uma vez que este é um ambiente natural e que não o queremos poluir
8.Boas maneiras e amizade
9.Se pagar antecipadamente, deve trazer o comprovativo de pagamento consigo.

Opcional:
1.Instrumentos Musicais
2.Pés dançantes
3.Ideas para o que queira discutir
4.Habilidades, por exemplo, meditação e yoga ensino, saúde terapias
5.Algo para se sentar - por exemplo, almofada ou cobertor (manta de yoga?)
6. Repelente de insectos
7. Protecção solar - chapéu, protector solar, etc
8.Vestuário de chuva - se achar que vai ser necessário!

Voluntários e contribuições
Quem se quiser oferecer como voluntário para ajudar com tarefas adicionais durante o evento, em troca de dias grátis, por favor contacte-nos pelo menos uma semana de antecedência para obter mais informações.
Também se está interessado em voluntariado no período de preparação do evento, para ajudar a organizar a Quinta, em troca de dias grátis, por favor contacte-nos para mais informações.

Se alguém poder fornecer boa comida natural, favor comunique connosco com antecedência (até 23 Agosto).
Custo
€ 10/dia se pagar antecipadamente (deve ser recebido até 21 ago)
€ 15/dia se pagar no dia

O custo inclui a sua participação no evento e workshops, e inclui 3 refeições por dia.

Esperamos a ajuda de todos com as pequenas tarefas diárias, por exemplo preparação de alimentos e manutenção do espaço limpo e bonito. Terá que lavar a sua louça após as refeições.

Como pagar e inscrever-se
- Pagamentos adiantados devem ser recebidos até 21 Agosto
Para se inscrever, deve enviar um e-mail com as seguintes informações para Dirk Van der Auwera e Christine Krol em: Scorpio.Irondragon@gmail.com
1.Nome completo
2.Data de nascimento
3.Nationalidade
4.Local de residência
5.Telefone (fixo e / ou móvel)
6.Prova de pagamento - por favor, queira enviar um scan do seu pagamento ou enviar o número do seu pagamento electrónico
7.Para famílias, deve dar informações sobre o número e as idades dos seus filhos

O pagamento deve ser enviado ao número de conta: 0045 3381 40221722177 55
(IBAN: PT50 - 0045 3381 4022 1722 1775 5 BIC / SWIFT: CCCMPTPL)
Se pagar antecipadamente, deve trazer comprovativo de pagamento consigo

O número de pessoas para este evento é limitado, por isso, se você registrar após 21 Ago., telefone com antecedência para se certificar de que ainda há lugares.

Após 21 de Agosto, o pagamento deve ser feito em dinheiro no momento da chegada ao evento.

Quando chegar deve ir à recepção para registo e apresentar seu comprovativo de pagamento, ou fazer um pagamento em dinheiro. Receberá um bilhete para o evento, que terá de mostrar, de forma a ter refeições.
Endereço e contactos
Se nos quer conhecer visite o nosso website: http://dragonsplace.ning.com/

Endereço:
Quinto do Tapado
3405-077
Fiais de Beira
Ervedal
Oliveira do Hospital

Dirk - Telefone: (+351) 238 648 048
E-mail: scorpio.irondragon@gmail.com

24.8.09

Manifestação contra a central nuclear de Almaraz e visita ao Parque nacional de Monfrague (12 e 13 de Setembro) pelo núcleo de Portalegre da Quercus


À semelhança dos anos anteriores, o núcleo de Portalegre da Quercus vai participar no próximo dia 12 de Setembro, Sábado, numa Manifestação pelo Encerramento da Central Nuclear de Almaraz em Espanha, junto ao Tejo, na província de Cáceres.

Esta manifestação será organizada pelo Movimento "Cerrar Almaraz", que congrega diversas Associações Ambientalistas, tais como "Ecologistas en Acción", "Adenex", "Greenpeace", etc, etc.

A Quercus resolve mais uma vez estar presente, por acreditar que esta Central é um exemplo claro de como os argumentos contra esta forma de energia são válidos e reais, ao contrário do que algumas pessoas têm procurado veicular em Portugal.

Este ano iremos também aproveitar a oportunidade para fazer uma visita ao Parque Nacional de Monfrague (http://www.monfrague.com/ ) perto de Cáceres, e deste modo, inteirarmo-nos sobre a realidade desta importante Área Protegida Espanhola, prolongando assim, para os interessados, a deslocação para Domingo.

O programa (provisório) da actividade será o seguinte:

Sexta, dia 11 de Setembro:

18:00 horas - Partida de Portalegre;

21:00 horas - Chegada ao Parque Nacional de Monfrague;

21:30 horas - Jantar;

23:00 horas - Alojamento (Bungalow Camping Monfrague).


Sábado, dia 12 de Setembro:

8:30 horas - Visita ao Parque Nacional de Monfrague;

13:00 horas - Almoço;

14:00 horas - Visita ao Parque Nacional de Monfrague – centro de interpretação;

16.30 horas - Saída para participação na Manifestação em Almaraz;

21:00 horas - Jantar e convívio;

24:00 horas - Alojamento (Bungalow Camping Monfrague).


Domingo, dia 13 de Setembro:

9:00 horas - Visita ao Parque Nacional de Monfrague (cont.);

14:00 horas - Almoço;

16:00 horas - Regresso a Portalegre.

A alimentação e o alojamento será a cargo dos participantes, sendo que a organização providenciará o transporte (vagas limitadas) a partir de Portalegre no dia 11/9 e regresso a 13/9. O alojamento terá o custo, por pessoa, de cerca de 7 Euros por noite (para alojamento em tendas) ou de 20 Euros por noite (para alojamento em Bungalow). Será possível a participação em apenas um ou dois dias de actividade, conforme a disponibilidade dos interessados, sendo contudo a inscrição obrigatória.


Para inscrições ou informações adicionais, contactar:
QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Núcleo Regional de Portalegre
Apartado 163, 7301-901 PORTALEGRE,
Telefs: 96 010 70 80 / 96 020 70 80
E-mails: portalegre@quercus.pt



Conferência inter-disciplinar sobre Spinoza ( «Spinoza and Bodies»)

Uma Conferência inter-disciplinar sobre Spinoza vai realizar-se nos próximos dias 10 e 11 de Setembro na University of Dundee (UK).
A Conferência é organizada pela Spinoza Research Network que visa reunir os estudiosos e investigadores de diferentes áreas que se inetressem pelas obras e ideias de Spinoza.


Entretanto, está prevista para o Brasil para o mês de Novembro de 2009 a realização do II Colóquio Internacional Benedictus de Spinoza na cidade de Fortaleza (Ceará-Brasil), mais concretamente no período de 16, 17, 18, 19 e 20 de novembro de 2009.

Spinoza and Bodies: an interdisciplinary conference on Spinoza and the sciences and social sciences. Sept 10-11, University of Dundee

Attendance is FREE - advance registration is required.

Speakers:

Daniel Selcer (Duquesne), “Singular Things and Spanish Poets: Spinoza on Corporeal Individuation”

Caroline Williams (Queen Mary University of London), “Reconfiguring Body and Mind: Thinking Beyond the Subject with/through Spinoza”

Michael Mack (Nottingham), “Spinoza and Freud, or how to be mindful of the mind”

Eric Schliesser (Leiden), “Spinoza’s criticism of mathematical science”

Anthony Paul Smith (Nottingham/DePaul), "The Ethical Relation of Bodies: Thinking with Spinoza towards an Affective Ecology"

Mateusz Janik (Polish Academy of Sciences), "Thinking the Future - Spinoza's Political Ontology Today"

Please visit our
website for full details of conference registration








Podcasts com conferências sobre o pensamento de Spinoza: Ver
AQUI




www.benedictusdespinoza.pro.br/index2.html
www.benedictusdespinoza.pro.br/9539/157484.html

Noite europeia dos Morcegos (European Bat Night) é de 29 a 30 de Agosto, e vai ter actividades em Pombal e Loulé



A Noite Europeia dos Morcegos ( EUROBATS) pretende sensibilizar a população em geral para a importância destes pequenos mamíferos voadores, muitos dos quais em perigo de extinção, e desmistificar preconceitos e superstições sobre estes animais, assim como dar a conhecer o trabalho de salvaguarda, estudo e conservação já realizado.

Em Portugal, encontram-se ameaçadas de extinção várias espécies de morcegos. Este grupo de mamíferos é muito importante para o Homem. Contribui para o controlo das populações de insectos, que constituem pragas agrícolas e são transmissores de doenças.

Neste contexto, a iniciativa conta com diversas actividades programadas destinadas ao público em geral (infantil, juvenil e adulto) em vários pontos do país e promovido por diversas associações e entidades.



Em Pombal, o Grupo Protecção Sicó decidiu mais uma vez associar-se à 13ª Noite Europeia dos Morcegos, organizando a 2ª Noite dos Morcegos de Pombal no dia 29 de Agosto.

Desta vez a saída será efectuada no Vale do Poio Novo (Redinha), canhão fluviocársico utilizado como abrigo por algumas espécies de morcegos, como por exemplo o Morcego-anão e o Morcego-rabudo. Nesta saída esperamos ver e ouvir estas e outras espécies que utilizam este vale como abrigo e como zona de alimentação, tentando ao mesmo tempo identificá-las através das suas vocalizações (utilizando um detector de -ultra-sons) .

A concentração será em Pombal (junto à Biblioteca Municipal), estando disponível transporte para levar os participantes até próximo do local onde será efectuada a actividade. Será ainda necessário percorrer um trajecto a pé (percurso não adequado a pessoas com dificuldades de locomoção).

Inscrições até 28 de Agosto (inscrições limitadas), através do telefone 236212054 ou do email gps.sico gmail. com. Só serão admitidas crianças se acompanhadas por adulto. Será disponibilizada iluminação. Os participantes devem levar calçado de campo, merenda e água.

Seguro e logística: 5€

Data: 29 de Agosto
Local: Vale do Poio (Redinha/Pombal)
Horários: 18h45 - concentração junto à Biblioteca Municipal de Pombal; 20h às 22h - identificação e audição de morcegos com recurso a detector de ultra-sons
Organização: GPS - Grupo Protecção Sicó
http://gps-sico.blogspot.com/


No Algarve também se realizará uma actividade por iniciativa da associação algarvia Almargem, mais exactamente na Rocha da Pena.
Pontos de encontro: 18h00 (Loulé - sede da Almargem); 18h30 (Pena - no Centro
Ambiental).
Nível: 2 de 10 (3 km).
Equipamento: lanterna pequena, sapatos de campo, mochila, merenda.
Seguro e logística: 4 €.
Inscrições: até 28 de Agosto (Telef. 289412959 / 960295202. SMS: 937306942).
também na Rocha da Pena.
Guia - J. Tiago Marques (Univ. Lisboa)
Nº limitado de inscrições
almargem@mail.telepac.pt
www.almargem.org

Volta a Espanha e Portugal em 80 comboios














23.8.09

Petição a favor do mercado do Bom Sucesso na cidade do Porto

A Câmara do Porto pretende privatizar o mercado do Bom Sucesso e transformá-lo em mais um duvidoso edifício de centro comercial com hotel dentro.
Obra do colectivo de arquitectos ARS, este é um edifício em vias de classificação pelo seu interesse como edifício modernista, sendo objecto de estudo de alunos e investigadores.

As cidades precisam cada vez mais de comércio de proximidade, mais barato, mais perto, onde compradores e vendedores se conhecem, onde se encontram produtos locais sem grandes custos financeiros e ambientais ligados ao transporte da origem até nossas casas. Esse é o futuro. O presente na cidade do Porto, pelo contrário, são os vários centros comerciais totais ou parcialmente abandonados, alguns bem recentes. Uma cidade viva precisa destes serviços.

O poder autárquico eleito tem como obrigação gerir estes equipamentos e não pô-los à venda para privados lucrarem por largas dezenas de anos, comprometendo um futuro sobre o qual não deveria ter direito de decisão: os bens públicos que recebeu no início do mandato devem permanecer públicos e bem cuidados.

O que defendemos:
-O Mercado deve ser reabilitado, dinamizado e não de servir de novo foco de concorrência e instabilidade para o pequeno comércio já instalado.
-As licenças de operação no seu interior devem ser reabertas, dando oportunidade às novas gerações para assumir esses postos de trabalho.
-Todas as e os comerciantes aí instalados, no terrado ou em lojas no exterior têm direito a contratos de locação desse espaço que reflictam o uso e serviço que estão a prestar.

O Porto precisa dos seus mercados!


Texto da Petição pública
1 - O anúncio público a 1 de julho pela Câmara do Porto da intenção da "Construção de dois novos edifícios no interior do Mercado do Bom Sucesso" para a instalação de um hotel low-cost, escritórios e estacionamento, diminuindo o nº actual de 140 vendedores para apenas 44, vem motivar o protesto dos cidadãos abaixo-assinados.
Uma vez mais o executivo PSD / CDS tenta entregar a privados a concessão de espaços municipais por extensos períodos de tempo ( 50 + 20 anos).

2 - O património humano dos mercados desta cidade, a alma do pequeno comércio popular e urbano dos mercados está uma vez mais sob implacável ataque pela ditadura dos interesses, com a cumplicidade activa por parte do poder que deveria ser público.
Exigimos o respeito devido, aos mercados, ao tipo de alimentação e ao modo de vida que destes emana.

3 - Quanto ao Património construido: Não acreditamos ser possível mantêr a "traça" (sic) de um edificio modernista em vias de classificação (Mercado do Bom Sucesso, construção - 1952), quando se pretende construir no seu interior um extenso programa que altera radicalmente os seus espaços, conforme o demonstram os desenhos tornados públicos, e ao contrário dos argumentos invocados.
Está em risco o magnifico espaço interior, amplo, generoso, inteligentemente iluminado que caracteriza este histórico mercado.
A política de entrega dos melhores e mais centrais terrenos da cidade e dos edifícios públicos já construidos aos bons negócios privados / MAUS negócios públicos tem que acabar.
Exigimos a reversibilidade deste negócio.

4 - Nós, cidadãos abaixo- assinados já conhecemos a "traça" deste executivo Camarário, incapaz de gerir o património público como lhe compete.

Esta tentativa vergonhosa de entrega ao promotor "Eusébios" - por um período de 50 anos ( com a possibilidade de prorrogação por mais 20 anos) é apenas mais uma pedrada num charco já repleto de pedras:
-A concessão do Teatro Municipal Rivoli a um empresário do espectáculo, fazendo tábua - rasa da política de abertura do Teatro às várias "culturas" da cidade.
-A tentativa falhada de demolição e fecho, para a entrega também por 70 anos, do Mercado Municipal do Bolhão à empresa TCN, que pretendia demoli-lo e construir um centro comercial.
Actualmente a Câmara Municipal do Porto, numa atitude de adiamento e com a cumplicidade do Senhor Ministro da Cultura, pretende, com o programa preliminar, de novo um shopping coberto, comprometer as entradas nas caves do Mercado através do parque de estacionamento privado da "antiga casa forte", retirar do terrado os espaços comerciais as "Casinhas", entregar a gestão deste espaço a privados e provocar a saída dos Comerciantes do Mercado.

-A privatização do uso, para eventos empresariais do Pavilhão Rosa Mota, num péssimo negócio para as finanças municipais ( apenas 20% de participação pública na entidade gestora).

5 - Que edifícios públicos mais nos restarão no futuro?
A Câmara Municipal? Ou será também ela cedida para casino ao império de Stanley Ho?
Menos não seria de esperar deste executivo capaz de vender sobretudo o que não é seu, mas de todos nós.
Exigimos a manutenção integral do uso para mercado de frescos no Mercado do Bom Sucesso e a manutenção e recuperação integral do edificio actual, classificando-o como Património, em posse 100% pública!

Os cidadãos abaixo-assinados:
....

Texto do arquitecto José Pulido Valente sobre o assunto:

Avizinha-se a ameaça da destruição do mercado. Trata-se de um equipamento bem localizado com vocação para o comércio de frescos, rodeado de lojas de conveniência variadas que em conjunto constitui um pólo comercial complementar do centro comercial vizinho, já com data de demolição marcada por ser super-dimensionado.

É verdade que uma intervenção na construção e no modo operandi é necessária por isso é conveniente analisar a situação dos detentores de direitos e a duração da sua actividade no mercado para verificar que há a obrigação de rever as situações contratuais já que muitos se queixam que a razão do envelhecimento e deserção dos negociantes se deve a cláusulas injustas que impedem os comerciantes de livremente negociar as suas superfícies. Logo que este assunto esteja resolvido será necessário esperar para renovar aqueles contratos que venham a passar de mão e verificar quais os negócios que vão querer instalar-se ali.

Uma vez isto feito deve-se abrir concurso público de arquitectura de modo a escolher legalmente o autor do projecto de remodelação.

As coisas não foram feitas até aqui de uma maneira correcta e escorreita pelo que há que impedir que mais um abuso de poder autocrático e feroz agrida a cidade. Para tanto deve-se recorrer a uma providência cautelar que pare o processo e permita tomar em mãos, com consulta aos comerciantes e aos cidadãos, um novo procedimento culturalmente e juridicamente correcto.
O que se pretende fazer, além de ser um abuso ilegal, destrói um naco da cidade e diminui a qualidade de vida naquele local.

José Pulido Valente

Projecto 80 anos de Zeca Afonso


O Projecto 80 anos de Zeca Afonso é constituído por um conjunto de entidades que decidiram juntar-se para celebrar a vida dos 80 anos de José Afonso, entre 2 de Agosto de 2009 e 1 de Agosto de 2010.


http://80anosdezeca.blogspot.com/


Manifesto elaborado para efeitos do Projecto 80 anos de Zeca e que se encontra aberto para adesão e subscrição a todos os interessados em fazê-lo.
Para subscrever o manifesto basta enviar um email para
80anosdezeca@gmail.com com o nome (individual ou da entidade) e a localidade.



Manifesto do Projecto 80 anos de Zeca

Aveiro, 2 de Agosto de 1929.
Nascia para o mundo o ser humano, o poeta, o cantor andarilho, o cidadão.
Na sua vida atribulada de “torna –viagem”, Belmonte, Angola, Moçambique, Coimbra, Algarve, sentem-lhe os cheiros
A Galiza dá-lhe guarida até acostar em Setúbal.
Nessa sua vida de saltimbanco nascem ousadias em todos os lugares sem nome nos dias que se iam fazendo à medida do crescimento de uma vida inundada pelas derivas da inquietação.
O “triângulo mágico” do seu quotidiano de décadas – Portugal, África, Galiza – molda o seu imaginário, aponta os sentidos da sua presença, das suas causas, dos afectos que o foram construindo.
José Afonso, no solitário fado das águias, num mar largo de incertezas, foi aprendendo a recusar enquanto crescia, o coro dos caídos nos lagos de breu para, com as suas tamanquinhas, ir cantando que nem as montanhas… poderiam impor tectos à liberdade.
Nos tempos em que a morte saía à rua por tudo e por nada, José Afonso procurava encontrar nas esquinas da vida uma qualquer janela por onde espreitar à espera de tudo quanto é doce, na busca de tudo que o fizesse apressar o amanhã.
Nas cantilenas da paciência, com a sua verdade e a mentira do que era anunciado, foi ajudando a vencer o medo tendo na proa do barco os remos da utopia a que os tempos não nos habituavam.

II
Por isso, estes 80 anos de caminho representam o gozo de continuar a ter o Zeca dos “óculos grandes”, distraído, esquecido e de cabelo desgrenhado no seio da comunidade humana, com sua arte, com seu exemplo cívico, com palavras e sonhos que continuam, de forma simples, a lançar-nos permanentes desafios
Porque, na verdade, 23 de Fevereiro de 1987 e uma campa rasa num cemitério de Setúbal não representam rigorosamente nada para a memória de um amor que não se engana quando se sabe o que faz falta.
Na tradição cultural de quem rejeita a desistência e o esquecimento as entidades subscritoras deste manifesto querem celebrar José Afonso e com ele fazer ouvir o brado da terra, mesmo quando sussurrado ao longe, por um menino de um qualquer bairro negro.
Nós, homens e mulheres, envolvidos em actividades multidisciplinares de carácter associativo queremos falar da alegria de ter no nosso seio, há 80 anos, José Afonso, sabendo que, mesmo que se voara mais ao perto nem por isso estaria mais junto a todos nós.

III
Entre 2 de Agosto de 2009 e 1 de Agosto de 2010 – nestes “80 ANOS DE ZECA” – queremos dançar, fazer teatro, cantar, dizer palavras, ver, pintar, tomar conta da rua, dar azo à libertinagem do agora. Porque o “senhor poeta” não merece que sejamos pais incógnitos de contos velhinhos que nos induzam a deixarmo-nos embalar no mundo surreal do “faz de conta”.
Para nós, estes “80 ANOS DE ZECA serão o porto de abrigo onde poderão e deverão chegar, em qualquer altura, todos os amigos que queiram vir por bem, porque todos juntos haveremos de ser muito mais que alguém.
Olhem as estrelas e deliciem-se: as grândolas de todos os dias nunca serão um redondo vocábulo enquanto houver força para a alegria da criação.

Porto, 1 de Agosto 2010

Subscritores colectivos do Manifesto
A Cadeira de Van Gogh - Associação Cultural (Porto)
ABC – Piano BAr (S.Mamede Infesta)
ABRIL - Associação Regional para a Democracia e o Desenvolvimento (Lisboa)
Ágorarte – Assoc. Cultural e Artística (Ermesinde)
Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto
Associação José Afonso (Núcleo do Norte)
Associação 25 de Abril (Delegação do Norte)
Bar Svbvra (Braga)
Café "Pedra Nova" (Porto)
Café "Marinhos" (Porto)
Casa do Povo da Longra (Felgueiras)
Centro Social “A Gentalha do Pichel”(Santiago de Compostela)
CICP - Centro Infantil e Cultural Popular (Guimarães)
Cineclube de Guimarães (Guimarães)
Círculo de Arte e Recreio (Guimarães)
Clube Literário do Porto
Companhia de Teatro do Vale do Sousa
Conservatório de Música de Felgueiras
Editora “LEMBRABRIL” – Guimarães
Escola Artística Soares dos Reis (Porto)
Escola da Ponte (Vila das Aves)
Escola das Virtudes, Cooperativa de Ensino Polivalente Artístico
ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (Porto)
Federação das Colectividades do Distrito do Porto
Fundação José Rodrigues
Gato Vadio – Livraria, Atelier de Design, Café-Bar (Porto)
Gesto – Cooperativa Cultural, CRL (Porto)
Grupo Poético de Aveiro
Grupo “Toque de Caixa” (Matosinhos)
Grupo Vocal "Canto Décimo"
Império da Girafa – Atelier, Galeria, Bar (Porto)
Jovens da Ocupação de Tempos Livres, Novelas, Penafiel
MC – Mundo da Canção
“Na Virada”,Sociedade Cultural – (Cangas do Morrazo, Pontevedra)
NEFUP – Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto
Nova Oficina de Teatro e Coral de Lousada
Novelartecine (Novelas, Penafiel)
Projecto Casa Viva (Porto)
Quarteto Vintage
Sindicato dos Professores do Norte (SPN/FENPROF)
Sindicato dos Trabalhadores das pescas do Norte
“Sons de Sempre” – Associação Artítica e Cultural
Tane Timor – Associação Amparar Timor (Porto)
Teatro Art`Imagem (Porto)
Teatro Ensaio – Teatreia, Associação Cultural (Porto)
Teatro do Frio – Pesquisa Teatral do Norte
Teatro Helena Sá e Costa (Porto)
União dos Sindicatos do Porto/ CGTP-IN
Unicepe – Coop. Livreira de Estudantes do Porto, CRL
Universidade Popular do Porto

Subscritores individuais do Manifesto
Adão Inácio Coelho, Felgueiras
Adelaide Teixeira, Porto
Adelino Mota, Marco de Canaveses
Adelino Neves, Matosinhos
Albano Augusto Veiga Viseu, Mirandela
Alberto Gonçalves, Valbom, Gondomar
Alexandre Almeida, Porto
Alfonso Lechon Piedehierro
Alípio de Freitas, Alvito
Américo Magalhães, V.N.Gaia
Amílcar Vasques Dias, Évora
Ana Filgueiras Rei, Galiza
Ana Ribeiro, Matosinhos
António Carlos Domingues Rebelo, Valbom, Gondomar
António Pedro Ribeiro, Vila do Conde
Augusto Gonçalves Ribeiro, Braga
Aurora Gaia, Porto
Bernardo Vilas Boas, Porto
Carlos Fonseca, Amadora
Carlos Guerreiro, Setúbal
Carlos Lemos, V.N.Gaia
Carlos Mendes, Lisboa
Edite Cardoso, V.N.Gaia
Eduarda Dionísio
Eduardo Graça, Lisboa
Eduardo Pinheiro, Porto
Emanuel Pereira, V.N.Gaia
Emília, Paris
Ermelinda Ferreira, Foz do Sousa, Gondomar
Eugénio Alves, Lisboa
Fernando Alves, Silvalde, Espinho
Fernando de Sousa, Montgeron, França
Fernando Lacerda, V.N.Gaia
Filomena Gigante, Porto
Francisco Pena Vilhar, Xico de Carino, Cangas, Galiza
Friederike Hans, Porto
Gabriela Marques, Porto
Gil Pereira, V.N.Gaia
Gonçalo Magalhães, Felgueiras
Gustavo Miguel Rodrigues Maia Rebolho, Porto
Helder Costa, Lisboa
Henrique Raposo, Bruxelas
Hermenegildo Pereira, V. N.Gaia
Isabel Maria Esteves Damião, V. N. Gaia
Joana Afonso, Porto
João Medina, Porto
João Quaresma, Matosinhos
João Teixeira Lopes, Porto
Joaquim Brandão, Porto
Jorge Fonseca Ferreira, Lisboa
Jorge Martins, Pontinha
José Alves, Nova Iorque, EUA
José António Gomes, Porto
José Carlos Pereira, Felgueiras
José Hipólito dos Santos, Oeiras
José Mesquita, Coimbra
Judite Almeida, Porto
Lígia Cardoso, V.N.Gaia
Lígia Penim
Luís G. Souto, A Corunha, Galiza
Luísa Maria Moreira
Manuel de Sousa Mendes, Marco de Canaveses
Manuel Dominguez, Galiza
Manuel Faria de Almeida, Matosinhos
Manuel Pinto Bessa, Penafiel
Manuel Valdrez, Ermesinde
Marco Rodrigues, Immokalee, Florida, EUA
Maria Augusta Gonçalves da Silva, Braga
Maria da Conceição Cancela, Porto
Maria de Fátima Rodrigues, Porto
Maria Guadalupe Magalhães, Lisboa
Maria José Ribeiro, Matosinhos
Marina Narciso, Monte de Caparica
Mário Rietsch Monteiro, Porto
Michaël Dias, Saint-Etienne, França
Nuno Sérgio Pacheco Carvalho, Porto
Osvaldo Marta, V.N.Gaia
Paula Cabeçadas, Lisboa
Paulo Esperança, Porto
Paulo Veloso, Porto
Raúl Calado, Lisboa
Reinaldo Meireles, Novelas, Penafiel
Rui Cardeira, Santa Maria da Feira
Rui Mota, Lisboa
Rui Oliveira, Lisboa
Rui Pato, Coimbra
Tareixa Roca, A Corunha, Galiza
Tino Flores, Guimarães
Torcato Ribeiro, Guimarães
Viriato Teles, Lisboa
Vitor Paulo, Seixal
Xabier Paz, Vigo, Galiza
Zélia Santos, V. N. Gaia

«O anti-terrorismo é uma técnica de governo» (Julien Coupat, em entrevista ao jornal Le Monde)


Eles podem colocar as prisões sob prisão preventiva, mas não o vento nem a luz


Texto da tradução para português retirado do website: http://www.radioleonor.org/

Entrevista a Julien Coupat, realizada ainda na prisão e por escrito pelas jornalistas Isabelle Mandraud e Caroline Monnot e publicada a 25 de Maio pelo Le Monde [diário francês].



Coupat esteve em prisão preventiva entre 15 de Novembro de 2008 e 28 de Maio de 2009 acusado de “terrorismo”, no seguimento dos acontecimentos de “Tarnac”.
“É o aspecto mais formidável deste processo: um livro transcrito integralmente no dossier da instrução, interrogatórios onde se tenta fazer-nos dizer que vivemos como está escrito em «A insurreição que vem», que nos manifestamos como é preconizado em «A Insurreição que vem», que sabotamos linhas de comboio para comemorar o golpe de Estado bolchevique de Outubro 1917, como é mencionado em «A Insurreição que vem», um editor convocado pelos serviços anti-terroristas para interrogatório. Na memória francesa, há muito tempo que não se via o poder ter medo por causa de um livro. Havia mais o hábito de considerar que enquanto os esquerdistas estavam ocupados a escrever, pelo menos não estavam a fazer a revolução. Os tempos estão a mudar, seguramente. Regressa a seriedade histórica.”

Como está a viver a sua detenção?

Muito bem, obrigado. Exercício, corrida, leitura.

Pode recordar-nos as circunstâncias da vossa detenção?
Um bando de jovens encapuzados e armados até aos dentes arrombou-nos a casa., Depois de terem destruído tudo, ameaçaram-nos, algemaram-nos e levaram-nos. Fomos sequestrados a bordo de potentes carros de alta cilindrada, que rodavam a mais de 170 km/h pela auto-estrada. Nas suas conversas, aparecia frequentemente um certo M. Marion [antigo chefe da polícia antiterrorista] cujas façanhas viris os deixava bastante divertidos - como a de esbofetear com bom humor um colega no ambiente divertido de uma festa de despedida. Estivemos sequestrados durante 4 dias numas das suas “prisões do povo”, atordoados com questões onde o absurdo rivalizava com o obsceno.
Aquele que parecia ser o cérebro das operações descartava-se vagamente de todo este circo, explicando que era tudo culpa dos “serviços”, lá em cima, onde se move todo o tipo de gente que nos desejaria bastante. Até hoje, os meus raptores permanecem a monte. Diversos factos recentes atestam mesmo que eles continuam as sevícias com toda a impunidade.

As sabotagens das catenárias dos caminhos de ferro (SNCF) em França foram reivindicadas na Alemanha. Que diz disto?
No momento da nossa detenção, a polícia francesa tinha já em sua posse um comunicado que reivindicava, além das sabotagens que nos foram atribuídas, outros ataques ocorridos simultaneamente na Alemanha. Este panfleto apresentava numerosos inconvenientes: foi redigido em alemão e enviado de Hanôver exclusivamente para jornais alemães, mas sobretudo não encaixava bem na fábula mediática feita à nossa custa - a de um pequeno núcleo de fanáticos que conduz o ataque ao coração do Estado pendurando três pedaços de ferro sobre catenárias. Adoptar-se-à, desde logo, o extremo cuidado de não mencionar demasiado este comunicado, nem no processo, nem na mentira pública.
É verdade que a sabotagem de linhas de comboio perde aí muita da sua aura misteriosa: tratava-se apenas de protestar contra o transporte para a Alemanha, por via ferroviária, de resíduos nucleares ultra-radioactivos e de denunciar de passagem a grande burla da “crise”. O comunicado termina com um muito SNCF “agradecemos a compreensão dos passageiros dos comboios afectados”. Há que sublinhar o tacto revelado por estes “terroristas”!

Reconhecem-se nas qualificações de “cena anarco-autónoma” e de “ultra-esquerda”?

Permitam-me ir um pouco mais longe. Vivemos actualmente em França, o fim de um período de paralisia histórica, cujo acto fundador foi o acordo entre gaullistas e estalinistas em 1945 para desarmar o povo sob o pretexto de “evitar uma guerra civil”. Os termos deste pacto poderiam formular-se assim, para ser breve: enquanto a direita renunciava às suas tendências abertamente fascistas, a esquerda abandonava no seu interior qualquer perspectiva séria de revolução. A vantagem que tem e goza, desde há quatro anos, a clique sarkoziana, é a de ter tomado unilateralmente a iniciativa de romper este pacto, reatando “sem complexos” com os clássicos da reacção pura – sobre os loucos, a religião, o Ocidente, a África, o trabalho, a história de França, ou a identidade nacional.
Face a este poder em guerra, que ousa pensar estrategicamente e dividir o mundo em amigos, inimigos e quantidades neglicenciáveis, a esquerda permanece paralisada. É demasiado cobarde, demasiado comprometida, em suma, demasiado desacreditada para poder opor a mais pequena resistência a um poder que ela própria não ousa tratar como inimigo, e que lhe subtrai, um a um, os mais engenhosos entre as suas fileiras. Quanto à extrema-esquerda à-la-Besancenot, sejam quais forem os resultados eleitorais, e mesmo saindo do estado grupúscular onde desde sempre vegetou, ela não tem um perspectiva mais ambiciosa a oferecer que não seja o cinzentismo soviético, agora retocado em Photoshop. O seu destino é desiludir.

Na esfera da representação política, o poder em funções não tem portanto nada a recear de ninguém. E não são certamente as burocracias sindicais, mais vendidas do que nunca, que o irão importunar, elas que desde há dois anos dançam com o governo um ballet bem obsceno. Nestas condições, a única força que enfrenta directamente o gangue sarkoziano, o seu único inimigo real neste país, é a rua, a rua e as suas velhas inclinações revolucionárias. Apenas ela, de facto, nas revoltas que se seguiram à segunda volta do ritual plebiscitário de Maio de 2007, soube erguer-se por um instante à altura da situação. Apenas ela, nas Antilhas ou nas recentes ocupações de empresas ou de faculdades, soube fazer passar uma outra palavra.

Esta análise sumária do teatro de operações conseguiu impor-se bastante cedo, desde que os serviços de informação fizeram aparecer a partir de Junho de 2007, sob a pluma de jornalistas às ordens (e nomeadamente no Le Monde), os primeiros artigos que revelavam o terrível perigo que os “anarco-autónomos” representam para toda a vida social. Era-lhes atribuída, desde logo, a organização dos motins espontâneos que em muitas cidades saudaram o “triunfo eleitoral” do novo presidente.

Com esta fábula dos “anarco-autónomos”, ficou desenhado o perfil da ameaça à qual a ministra do interior se dedicou docilmente; de detenções arbitrárias a rusgas mediáticas, conseguiu um pouco de carne e algumas caras. Quando já não se pode conter o que transborda, pode-se ainda criar um caso e aí encarcerá-lo. Ora a figura dos “violentos” - onde daqui para a frente se cruzam aos encontrões os trabalhadores de Clairoix, os putos dos subúrbios, os estudantes que fecham escolas e os manifestantes das contra-cimeiras - certamente eficaz na gestão corrente da pacificação social, permite criminalizar os actos mas não as existências. E está bem patente na intenção do novo poder atacar o inimigo, enquanto tal, sem esperar que este se exprima. É esta a vocação das novas categorias da repressão.

Pouco importa, finalmente, que não exista ninguém em França que se reconheça como “anarco-autónomo”, nem que a ultra-esquerda seja uma corrente política que conheceu a sua glória na década de 1920 e que depois disso nada mais tenha produzido do que inofensivos volumes de marxologia. De resto, o recente sucesso do termo “ultra-esquerda”, que permitiu a certos jornalistas apressados catalogar sem esforço os revoltosos gregos de Dezembro último, deve muito ao facto de ninguém saber o que foi a ultra-esquerda, nem mesmo que ela tinha alguma vez existido.

Neste ponto, tendo em contra os levantamento que não podem senão sistematizar-se face às provocações de uma oligarquia mundial e francesa vociferante, a utilidade policial destas categorias já não carece de debate. Não é portanto possível antever qual das categorias - “anarco-autónomo” ou “ultra-esquerda” - servirá por fim os favores do Espectáculo, a fim de remeter para o inexplicável uma revolta que tudo justifica.


A policia considera-o chefe de um grupo a ponto de resvalar para o terrorismo. Que pensa disto?

Uma alegação tão patética só pode ser o produto de um regime a ponto de resvalar para o nada.


Que significa para si a palavra terrorismo?
Nada pode explicar que o departamento de informações e segurança argelino, suspeito de ter orquestrado a vaga de atentados de 1995 sob orientação da DST (Direction de Surveillance du Térritoire, serviços franceses anti-terrorismo), não seja colocado a par de outras organizações terroristas internacionais. Nada permite explicar também a súbita transmutação do “terrorista” em herói de libertação, em parceiro recomendado pelos acordos de Evian, em polícia iraquiano ou em “talibã moderado” dos nossos dias, ao sabor das últimas alterações da doutrina estratégica americana.
Nada, a não ser a soberania. É soberano, neste mundo, aquele que designa o terrorista. Quem se recusa a fazer parte desta soberania evitará por isso responder à vossa questão. Quem apenas pedincha por algumas migalhas não hesitará em fazê-lo. Quem não estiver entupido de má fé achará muito instrutivo o caso desses dois ex-“terroristas” tornados, um o primeiro-ministro de Israel, o outro o presidente da Autoridade palestiniana, tendo ambos recebido, para cúmulo, o Prémio Nobel da paz.
A névoa que envolve a qualificação de “terrorismo”, a impossibilidade manifesta de a definir, não remete para uma qualquer lacuna provisória da legislação francesa - constituem o princípio dessa coisa que se pode definir bastante bem: o anti-terrorismo, de cujo funcionamento são uma das condições. O anti-terrorismo é uma técnica de governo que mergulha as suas raízes na velha arte da contra-insurreição, da guerra dita “psicológica”, para não ir mais longe.
O anti-terrorismo, ao contrário do que o termo insinua, não é um meio de luta contra o terrorismo, é o método através do qual se produz, positivamente, o inimigo político enquanto terrorista. É sobretudo um luxo de provocações, de infiltrações, de vigilância, intimidação e propaganda, uma ciência da manipulação mediática, da “acção psicológica”, da fabricação de provas e crimes, através da fusão do policial com o judiciário, trata-se de aniquilar a “ameaça subversiva” associando entre a população, o inimigo interior, o inimigo político, com o adepto do terror.
O essencial, na guerra moderna, é esta “batalha pelos corações e pelos espíritos” onde todos os golpes são permitidos. O procedimento elementar é, aqui, invariável: individualizar o inimigo de modo a separá-lo do o povo e do senso comum, expô-lo com as vestes de um monstro, difamá-lo, humilhá-lo publicamente, e incitar os mais infames a destilarem ódio sobre ele. “A lei deve ser utilizada como apenas uma outra arma do arsenal do governo e neste caso não representa mais do que uma cobertura de propaganda para desembaraçar-se dos membros indesejáveis do público. Para uma maior eficácia, convém que as actividades dos serviços judiciários estejam ligadas ao esforço de guerra de maneira o mais discreta possível”, aconselhava já, em 1971, o brigadeiro Frank Kitson [antigo general do exército britânico, teórico de guerra contra-insurreccional] que sabia algumas coisas acerca do assunto.

Uma andorinha não faz a primavera e, no nosso caso, o anti-terrorismo foi um fracasso. A França não está pronta a deixar-se aterrorizar por nós. O prolongamento da minha detenção por uma duração “razoável” é uma pequena vingança bem compreensível, considerando os meios mobilizados e a profundidade do fracasso; como é compreensível a obstinação um pouco mesquinha dos “serviços”, desde o 11 de Novembro, em responsabilizar-nos atravé da imprensa pelos delitos mais incríveis, ou em seguir qualquer um dos nossos camaradas. Até que ponto esta lógica de represálias se apoderou da instituição policial e do pequeno coração dos juízes, eis o que foi revelado nos últimos tempos pelas detenções cadenciadas de “pessoas próximas de Julien de Coupat”.
É necessário dizer que alguns apostam neste processo toda a sua lamentável carreira, como Alain Bauer [criminólogo], outros o lançamento dos seus novos serviços, como o pobre M. Squarcini [director central do serviço de informações interiores], outros ainda a credibilidade que nunca tiveram e que jamais terão, como Michèle Alliot-Marie [Ministra da Administração Interna ]


Saiu de um meio muito confortável que poderia orientá-lo noutra direcção….
“Existe plebe em todas as classes” (Hegel).

Porquê Tarnac?
Vá lá, você compreende. Se não compreende, receio que ninguém lhe poderá explicar.


Você define-se como um intelectual? Um filósofo?

A filosofia nasceu enquanto luto tagarela da sabedoria originária. Platão entendia já a palavra de Heraclito como algo que escapou de um mundo defunto. Numa época de intelectualidade difusa, não vemos o que poderia especificar “o intelectual”, senão a extensão do fosso que separa, nele próprio, a faculdade de pensar da aptidão de viver. Tristes títulos esses, na verdade. Mas, para quem, afinal, seria necessário alguém definir-se?

Você é o autor do livro A insurreição que vem?

É o aspecto mais formidável deste processo: um livro transcrito integralmente no dossier da instrução, interrogatórios onde se tenta fazer-nos dizer que vivemos como está escrito em A insurreição que vem, que nos manifestamos como é preconizado em A Insurreição que vem, que sabotamos linhas de comboio para comemorar o golpe de Estado bolchevique de Outubro 1917, como é mencionado em A Insurreição que vem, o seu editor convocado pelos serviços anti-terroristas para interrogatório.
Na memória francesa, há muito tempo que não se via o poder ter medo por causa de um livro. Havia mais o hábito de considerar que enquanto os esquerdistas estavam ocupados a escrever, pelo menos não estavam a fazer a revolução. Os tempos estão a mudar, seguramente. Regressa a seriedade histórica.
O que funda a acusação de terrorismo, no que nos diz respeito, é a suspeita da coincidência entre um pensamento e uma vida; o que faz a associação de malfeitores, é a suspeita de que esta coincidência não é deixada ao heroísmo individual, mas antes se torna o objecto de uma atenção comum. Negativamente, isto significa que não se suspeita de nenhum daqueles que assinam com o seu nome ferozes críticas ao sistema, sem alguma vez pôr em prática a mais ínfima das suas firmes resoluções; a injúria é quanto baste. Infelizmente, não sou o autor de A insurreição que vem - e todo este assunto deveria antes conseguir convencer-nos do carácter essencialmente policial da função do autor.
Eu sou, em retaliação, um leitor. Ao reler o livro, há menos de uma semana, compreendi melhor a irritação histérica que provocou, nas altas esferas, na perseguição aos seus presumíveis autores. O escândalo deste livro, é que tudo o que aí figura é rigorosamente, catastroficamente verdadeiro, e não pára de se revelar cada dia mais enquanto tal. Porque aquilo que se evidencia, para lá da “crise económica”, de uma “perda de confiança”, de uma “rejeição massiva das classes dirigentes”, é exactamente o fim de uma civilização, a implosão de um paradigma: o do governo, que tudo comandava no Ocidente - a relação dos seres entre si não menos do que a ordem política, a religião ou a organização das empresas. Existe, em todos os escalões do presente, uma gigantesca perda de controlo para a qual nenhuma espectacular operação policial servirá como remédio.
Não será por nos trespassarem com penas de prisão, com vigilância minuciosa, com controlo judiciário, e interdições de comunicação sob o pretexto de que somos os autores desta constatação lúcida, que se fará evaporar o que foi constatado. É próprio das verdades, uma vez enunciadas, libertarem-se de quem as formulou. Governantes, não vos servirá de nada entregar-nos à justiça, muito pelo contrário.

Está a lêr «Vigiar e punir», de Michel Foucault. Essa análise ainda lhe parece pertinente?

A prisão é o pequeno segredo sórdido da sociedade francesa, não está na margem de relações sociais mais apresentáveis, é antes a sua peça-chave. O que se concentra aqui num todo compacto não é, como se encarregam de nos fazer crer, um amontoado de bárbaros selvagens, mas antes o conjunto das disciplinas que tecem, cá fora, a existência dita «normal». Vigilantes, cantina, jogos de futebol no pátio, emprego do tempo, divisões, camaradagem, cenas de porrada, arquitectura repressiva: é necessário ter já passado algumas noites na prisão para tomar plena consciência de tudo o que a escola, a inocente escola da República, contém, por exemplo, de carcerário.
Encarada a partir deste ângulo inexpugnável, não é a prisão que serve de tapete para esconder os fracassos da sociedade, mas antes a sociedade actual que assume a forma de uma prisão fracassada. A mesma organização da separação, a mesma administração da miséria pela droga, pela televisão, pelo desporto e pela pornografia reinam em toda parte, ainda que certamente de modo menos metódico que aqui. Finalmente, estes muros altos não ocultam senão esta verdade de uma explosiva banalidade: são vidas e almas em tudo semelhantes as que se desenrolam de um lado e de outro do arame farpado, e por causa dele.
Se são seguidos com tamanha avidez os testemunhos «do interior», que deveriam finalmente expor os segredos que a prisão oculta, é apenas para melhor ocultar o segredo do que ela é: o da vossa servidão, vocês que são considerados livres ao mesmo tempo que a sua ameaça pesa invisivelmente sobre cada um dos vossos gestos.
Toda a virtuosa indignação que acompanha o buraco negro das prisões francesas e os seus repetidos suicídios, toda a grosseira contra-propaganda da administração penitenciária, que apresenta perante as câmaras guardas prisionais dedicados ao bem-estar dos detidos e directores de prisão zelosos do «objectivo da sentença», resumindo: todo esse debate acerca do horror do encarceramento e da necessidade de humanizar a detenção, é tão velho como a prisão. É necessário partir precisamente da sua eficácia, que permite combinar o terror que deve inspirar com o hipócrita estatuto de punição «civilizada». O pequeno sistema de espionagem, de humilhação e de devastação que o Estado francês emprega em relação aos detidos, mais fanaticamente do que qualquer outro na Europa, não é sequer escandaloso. O Estado paga por ele todos os dias, multiplicado por cem, nos seus subúrbios e isso não é claramente mais do que um princípio: a vingança é a higiene da plebe.

Mas a mais notável impostura do sistema judicial e penitenciário consiste certamente em pretender que ele serve para punir os criminosos quando ele não faz outra coisa senão gerar as ilegalidades. Não interessa que qualquer patrão – e não apenas o da Total –, qualquer autarca – e não apenas o do Hauts-de-Seine [subúrbio ocidental de Paris] -, qualquer bófia, saiba quantas ilegalidades são necessárias para o correcto exercício da sua profissão. O caos das leis é tal, nestes dias, que se torna prudente não procurar fazê-las respeitar em demasia e os próprios stups [polícia francesa encarregue dos narcóticos], fazem bem em apenas regular o tráfico em vez de o reprimir - o que seria social e politicamente suicidário.
A divisão não passa por isso, como pretenderia a ficção judicial, entre o legal e o ilegal, entre os inocentes e os criminosos, mas entre os criminosos que se julga oportuno perseguir e aqueles que são deixados em paz, conforme o exigido pelo policiamento geral da sociedade.

A raça dos inocentes está extinta há muito tempo e a punição não é aquilo a que a justiça nos condena: a punição é a própria justiça. Não se trata por isso, para mim e para os meus camaradas, de «clamar pela nossa inocência», como a imprensa ritualmente se encarregou de escrever, mas de derrotar a arriscada ofensiva política em que consiste todo este infecto processo judicial. Eis algumas das conclusões às quais o espírito é conduzido, ao reler «Vigiar e punir» desde Santé [Prisão parisiense]. Não saberíamos como sugerir, à luz do que vêm fazendo os foucaultianos com os trabalhos de Foucault ao longo de vinte anos, que estes sejam colocados na reforma por estes lados durante uns tempos…


Como analisa aquilo que vos aconteceu?

Desenganem-se: o que nos aconteceu, a mim e aos meus camaradas, há-de vos acontecer também. É desde logo essa a primeira mistificação do poder: nove pessoas vêm-se perseguidas no quadro de um procedimento judicial por “associação de malfeitores relacionados com objectivos terroristas” e deveriam sentir-se particularmente preocupadas com essa grave acusação. Mas não se trata do “caso Tarnac”, mais do que do “caso Coupat”, ou do “caso Hazan” [editor de La Fabrique, chancela que publicou A insurreição que vem].
Trata-se antes de uma oligarquia vacilante em todos os aspectos, que se torna feroz como todo o poder se torna feroz quando se sente realmente ameaçado. O Príncipe não tem qualquer outro apoio que não seja o medo que inspira, a partir do momento em que a sua figura não suscita mais do que o ódio e o desprezo entre o povo.

Trata-se de uma bifurcação com a qual estamos confrontados, simultaneamente histórica e metafísica: ou passamos de um paradigma de governação para um paradigma de habitação, ao preço de uma revolta cruel mas perturbadora, ou deixamos instaurar à escala planetária este desastre climatizado em que coexistem, sob o controlo de uma gestão “descomplexada”, uma elite imperial de cidadãos e massas plebeias mantidas à margem de tudo. Trata-se portanto, em todo o seu esplendor, de uma guerra, uma guerra entre os beneficiários dessa catástrofe e aqueles que possuem da vida uma ideia um pouco menos esquálida. Nunca se viu uma classe dominante suicidar-se com boa vontade.

A revolta tem condições, não tem causas. Quantos ministérios da Identidade nacional, despedimentos à moda da Continental, perseguições aos imigrantes sem documentos ou aos opositores políticos, crianças assassinadas pela polícia nos subúrbios e ministros que ameaçam privar de diploma os que ainda ousam ocupar a sua faculdade, serão necessários para decidir que semelhante regime, mesmo se instalado por um plebiscito aparentemente democrático, não tem qualquer razão para existir e merece apenas ser derrubado? É uma questão de sensibilidade.

A servidão é o intolerável que pode ser infinitamente tolerado. Porque é uma questão de sensibilidade e porque essa sensibilidade é imediatamente política (não na medida em que se coloca a questão “porque vou votar?”, mas antes “será a minha existência compatível com isto?”), torna-se para o Poder uma questão de anestesia, à qual este deve responder pela administração de doses incessantemente mais massivas de diversão, medo e embrutecimento. E lá onde a anestesia deixa de ser operativa, esta ordem, que reuniu contra si todas as razões para a revolta, tenta dissuadir-nos através de uma pequena administração de terror.

Eu e os meus camaradas não somos senão uma variável desse ajustamento. Somos suspeitos, como tantos outros, como tantos “jovens”, como tantos “gangs”, de nos dessolidarizarmos para com um mundo que se afunda. A esse respeito, não dizemos qualquer mentira. Felizmente, o amontoado de escroques, impostores, industriais, financeiros e prostitutas, toda essa corte de Mazarin sob efeito de neurolépticos, de Louis Napoleão em versão Disney, de Fouché domingueiro, que neste momento domina o país, carece do mais elementar sentido da dialéctica. Cada passo que dão no sentido de tudo controlar aproxima-os da sua queda. Cada nova “vitória” da qual se vangloriam alarga um pouco mais o desejo de os ver vencidos a todos. Cada manobra através da qual julgam sustentar o seu Poder acaba por torná-lo mais odioso. Para dizê-lo noutros termos: a situação é excelente. Não é o momento de perder a coragem.