17 de Junho às 21:45 - CINEMA no Auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos
CHE – O ARGENTINO – PARTE UM
Realização e argumento: Steven Soderbergh
Actores: Benicio Del Toro, Julia, Pablo Guevara
Classificação: M/12
ESP/EUA/ FRA, 2009
Sinopse
Cuba, 1952, o general Batista toma o poder e anula as eleições. Fidel Castro, jovem advogado, decide confrontar o poder e depois de uma tentativa de levantamento popular, em 53, que o leva dois anos à prisão, exila-se no México. Durante estes anos, um jovem médico argentino, Ernesto Guevara, luta também pelos seus ideais e acaba por ter de se refugiar no México, onde vai conhecer o grupo revolucionário cubano. De um encontro em 55, entre Fidel e Che, nasce o momento chave na história de Cuba. Em 56, Fidel chega à ilha com 80 homens e o objectivo de derrotar a ditadura de Batista. Apenas 12 guerrilheiros sobrevivem, entre os quais Che, que vai provar ao longo dos anos as suas qualidades de combatente que o levam a tornar-se o rosto mítico da revolução.
Crítica
Por Luís Miguel Oliveira, Jornal Público
É um filme um tanto inesperado de Soderbergh, que nunca cultivou muito a relativa aridez em que "Che" se desenrola, nem esta espécie de longa linha horizontal, quase livre de oscilações, com que conta a história da glória e da extinção de Che Guevara. Se se pensa em Terence Malick pensa-se com alguma razão - foi Malick quem começou por trabalhar no argumento e parece evidente que Soderbergh preservou o seu rasto, mormente na segunda parte (a que foi directamente trabalhada pelo cineasta de "Thin Red Line"), a mais despojada, sem o enfoque "estruturalista" que Soderbergh congeminou para a primeira parte (a entrevista, o preto e branco, a ida de Che à ONU). É bem melhor, bem mais sólido, do que os "Diários da Motocicleta" com que Walter Salles filmou o jovem Che, e com um sabor estranhamente mais europeu do que americano (até nos passa pela cabeça que Soderbergh tenha visto um filme que o suíço Richard Dindo fez sobre o "diário boliviano" de Che, e mais ainda que o leve em consideração). Nem maniqueísta, nem crítico, nem galvanizante, muito menos empático, trata-se de transformar Che em personagem de cinema contemplativo (talvez seja o mais próximo que um cineasta americano se pode chegar de Albert Serra...) e segui-lo num mergulho que funde o idealismo na autodestruição.
Benicio Del Toro é o intérprete perfeito para isso, e o projecto só vacila ligeiramente na morte de Che em plano subjectivo. Mas também se pode dizer que esse é o momento em que o filme, por essa altura já perfeitamente "zen" ou coisa parecida, "morre" com a personagem…
http://www.zoom.pt/junho2009/junho2009Che.html
Trailer
Entrevista - Steven Soderbergh sobre 'Che, el argentino' 1/2