O rei-poeta árabe Almutâmide, nascido em Beja no século XI e imortalizado na obra "As Mil e Uma Noites", e a poesia do Garb al-Andalus estiveram em destaque num colóquio internacional em Évora, na sexta-feira e sábado (13 e 14de Março).
Celebrizado pela obra poética que deixou para a posteridade, Al-Mu`tamid ibn `Abbâd nasceu em Beja em 1040, onde residiu até aos 13 anos, quando partiu para Silves.
Foi o último soberano do reino Taifa de Sevilha (as Taifas surgiram depois do declínio do califado de Córdova), a cujo trono subiu com 29 anos, depois da morte do pai, como refere, num dos seus livros, Adalberto Alves, poeta e arabista que tem traduzido os poetas do al-Andalus.
Até ser derrotado pelos almorávidas (berberes do Norte de Marrocos que aproveitaram a fraqueza dos reinos Taifas para os dominar) em 1091, Al-Mu`tamid estendia o seu reinado, além do Algarve e de grande parte do Alentejo, a cidades como Ronda, Huelva, Carmona, Algeciras, Jaén, Córdova, Sevilha ou Múrcia.
Último soberano da dinastia Abádida, Al-Mu`tamid foi enviado para o exílio, em Aghmât, perto de Marraquexe, Marrocos, onde acabou por falecer em 1095. A fama lendária que granjeou durante a vida estendeu-se até aos mais longínquos confins do mundo árabe.
A realização deste Colóquio Internacional, com a participação de alguns dos mais prestigiados arabistas e investigadores nacionais, mas também espanhóis e marroquinos, resulta de uma feliz parceria entre o CEDA - Centro de Estudos Documentais do Alentejo-Memória Colectiva e Cidadania, o CIDEHUS-UE - Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora e o Município de Évora.
A temática em análise, reflexão e debate “Almutâmide e a Poesia do Garb al-Andalus”, é um assunto que está na ordem do dia e que cada vez mais desperta o interesse e a paixão dos investigadores, mas por outro lado é ainda quase desconhecido do grande público e pouco divulgado mesmo nas camadas mais informadas da sociedade portuguesa.
Neste contexto, é objectivo da organização deste Colóquio Internacional, através da reflexão e do debate realizado a partir das conferências e comunicações apresentadas pelos arabistas, colectivamente com outros investigadores e todos os participantes, lançar alguma luz sobre esse período decisivo para a nossa poesia lírica, que foi a 2ª metade do século XI e também as décadas seguintes, e a sua importância para moldar um reino que ia emergir em breve, fruto das peculiaridades várias, mas em grande parte consequência de um legado civilizacional, isto é, dando continuidade à síntese da civilização mediterrânica, que o Islão depositou na Península Ibérica.
O outro aspecto deste Colóquio Internacional é a mais que justa Homenagem que prestamos ao Professor António Borges Coelho – o pioneiro contemporâneo do arabismo português – ele que abriu muitas portas, a começar por Portugal na Espanha Árabe e por Mértola e a que todos nós, investigadores e apaixonados por esta temática somos devedores. Ao professor e ao mestre humanista, ao historiador brilhante, ao poeta sensível, ao cidadão empenhado, ao amigo fraterno e solidário, o nosso profundo reconhecimento e o nosso abraço.
Neste contexto, é objectivo da organização deste Colóquio Internacional, através da reflexão e do debate realizado a partir das conferências e comunicações apresentadas pelos arabistas, colectivamente com outros investigadores e todos os participantes, lançar alguma luz sobre esse período decisivo para a nossa poesia lírica, que foi a 2ª metade do século XI e também as décadas seguintes, e a sua importância para moldar um reino que ia emergir em breve, fruto das peculiaridades várias, mas em grande parte consequência de um legado civilizacional, isto é, dando continuidade à síntese da civilização mediterrânica, que o Islão depositou na Península Ibérica.
O outro aspecto deste Colóquio Internacional é a mais que justa Homenagem que prestamos ao Professor António Borges Coelho – o pioneiro contemporâneo do arabismo português – ele que abriu muitas portas, a começar por Portugal na Espanha Árabe e por Mértola e a que todos nós, investigadores e apaixonados por esta temática somos devedores. Ao professor e ao mestre humanista, ao historiador brilhante, ao poeta sensível, ao cidadão empenhado, ao amigo fraterno e solidário, o nosso profundo reconhecimento e o nosso abraço.