3.1.09

Não deixe que a pobreza se transforme em paisagem - «A Pobreza no Porto», série de vídeos de Pedro Neves


Um conjunto de vídeos de gente com habitações degradadas ou sem um tecto onde se abrigar. Pessoas doentes sem ninguém que as cuide. Desempregados de longa duração sem perspectivas de futuro.


Pobreza no Porto: Habitação (I)
Ramiro Sousa e Laurinda das Neves vivem na casa 6 de Pego Negro, freguesia de Campanhã, desde 1969. Ali, na mesma casa que hoje continua sem água canalizada ou sequer um quarto de banho, criaram nove filhos, entre um cubículo com uma cozinha sem chaminé nem condições de higiene, um pequeno quarto e o anexo de contraplacado. Ramiro trabalhou na construção civil até Laurinda adoecer. Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) tirou-lhe a fala e a mobilidade. Ramiro abandonou o trabalho para tomar conta da mulher.




Pobreza no Porto: Habitação (II)
De Verão é um inferno. De Inverno, uma arca de gelo. As paredes são feitas com cartazes publicitários fora do prazo. O telhado é um amontoado de plásticos, madeiras podres, telhas velhas. Ali vive uma família de quatro pessoas.



Pobreza no Porto: Exclusão e Saúde (VídeoIII)
Num dos mais problemáticos bairros da cidade do Porto, gente como a D. Zulmira vive com baixas reformas associadas a problemas de saúde e à vergonha de pedir fiado para sobreviver



Pobreza no Porto: Desemprego (vídeo IV)
Têm idênticas proporções. Quando o desemprego aumenta arrasta com ele o desespero, a angústia e a frustração. Abílio Costa levanta-se às 7h e começa a procurar emprego. Está inscrito em 23 cursos técnico-profissionais. Há cinco anos que não consegue trabalho.




Pobreza no Porto V
Há momentos, situações, acontecimentos que podem mudar a vida de qualquer um. Não que a vida de Elísio e Cândida fosse desafogada. Nunca foi. Mas piorou. Elísio nasceu há 72 anos no Porto e tem a 4ª classe. Foi pedreiro, foi XXXX, até ir para combater para Angola onde passou três anos. Quando regressou foi trabalhar para os Correios de Potugal e é daí que lhe vem a reforma de 500 euros por mês. Cândida veio de Cinfães, no Douro, para o Porto com 12 anos. Serviu em casas como empregada. Nunca descontou (nem nunca descontaram por ela) e não recebe reforma ou qualquer rendimento. Sabe escrever o nome e conhece os números. Não sabe ler mais nada.




Pobreza no Porto: Solidão (vídeo VI)
Na mais profunda solidão
São idosos com reformas baixas. Vivem sós, com dificuldade em encarar o futuro, com muitas saudades do passado.



Pobreza no Porto: Alimentação (Vídeo VII)
Não há pobreza extrema em Portugal. Contudo, são cada vez as pessoas que precisam das instituições e redes sociais para terem de comer.



Pobreza no Porto: Abandono (Vídeo VIII)
Não faltam sem-abrigo no Porto. Pessoas sem um tecto, uma casa de banho ou um lugar para dormir que não a rua.





Autor dos vídeos-documentários - Pedro Neves, realizador e jornalista

Pedro Neves, nasceu em Leiria em 1977. Estudou no Porto, onde se licenciou em Ciências da Comunicação. Estagiou na Douro - Produções Artísticas, RTP e rádio Deutsche Welle, na Alemanha, antes de se tornar jornalista freelancer.
Desde 1999 que é colaborador do jornal Expresso, onde tem desenvolvido trabalhos de reportagem e diversas reportagens e curtas-metragens documentais para o site multimédia, bem como para a Única, Actual e 1º Caderno. Na Universidade do Porto, concluiu uma pós-graduação em Documentário (2002) e um mestrado em Cultura e Comunicação, variante Documentário, onde escreveu uma dissertação sobre o documentário dos anos da Revolução de Abril que aguarda publicação.
De 2003 a 2008 foi professor de rádio na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. Em 2004 participou no Lisbon Docs com o projecto de documentário 2 Horas de Liberdade. É co-autor do livro infantil Uma Bola Sem Fronteiras (2004). Em 2007 frequentou um curso de realização de documentários na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San António de los Baños, Cuba.
Em 2007 realizou o seu primeiro documentário, intitulado a olhar o mar (Portugal), e que venceu o Prémio do Público do Festival de Cinema e Vídeo de Vancouver, Canadá. No mesmo ano, co-realizou a curta-metragem documental En la Barberia (Cuba), presente no em diversos festivais internacionais. Em 2008 fundou, com Carlos Ruiz, a empresa audiovisual Red Desert.