Lugar: Institut Franco-Portugais
Morada: Avenida Luís Bívar, 91 / 1050-143 Lisboa
Tel: (+351) 21 311 14 00
Debate em francês e português animado por
Jean-Yves Mercury
Dominique Mortiaux
Nuno Nabais
O próximo Café Philo, tem como tema A Liberdade e vai realizar-se na terça-feira dia 12 de Fevereiro, à partir das 21h00, com a habitual condução de Jean-Yves Mercury, Dominique Mortiaux e Nuno Nabais. A entrada é livre. O debate promete e faz-se em duas línguas: francês e português.
“Duma questão como esta temos tudo a recear já que, desde que a filosofia existe, numerosos pensadores tentaram responder a esta interrogação que incessantemente nos colocamos:
Somos livres ou é apenas uma ilusão?
É ao confrontarmo-nos com a simplicidade desta questão que podemos medir o alcance e as dificuldades de uma qualquer resposta. É verdade que queremos ser livres e agrada-nos pensar que o somos, por duas razões:
nós não somos animais subjugados aos seus instintos,
nós também não somos escravos submetidos aos seus donos e, assim, transformados em objectos.
No entanto, será isto suficiente para pensarmos que somos livres? O que será esta liberdade que o homem reivindica como diferença em relação aos outros seres vivos? Será porque temos uma consciência e que tentamos reflectir e pensar, que somos incontestavelmente livres? Será então a liberdade, esse poder da consciência e do pensamento para escolher, arbitrar, e assim se autodeterminar sem suportar o peso irreversível de certos determinismos?
O que ganhamos em pensar que a liberdade existe e que ela é uma condição fundamental da nossa humanidade? Será, como o sugere J.J. Rousseau, um incondicionado? “Renunciar à sua liberdade é renunciar à sua qualidade de homem. (...) Não há nenhuma compensação possível para quem renuncie a tudo.” Do Contrato Social, I-4. Assim, renunciar ou perder a nossa liberdade seria ruinoso visto que a nossa humanidade não poderia sobreviver a isso. Então, mais vale pensar que somos livres se essa liberdade nos confere dignidade, isto é, a impossibilidade de sermos reduzidos a uma coisa, um objecto, um meio...
Alguns podem dizer que se trata de um princípio “louvável” mas demasiado teórico e pouco aplicável. O que seria de uma liberdade que fosse apenas um princípio e que não pudesse ser vivida, transformar-se e ser acto? Porque, não será a nossa liberdade o que se vive no quotidiano no meio dos obstáculos, dos constrangimentos e das obrigações que se nos deparam? Eu só sou o que faço e as minhas acções são a expressão do meu empenho e da minha liberdade em movimento e em situação. No entanto, será que não faz sentido recear a restrição ou a perca da nossa liberdade sob a influência da alienação cujas formas são múltiplas e se renovam? Ao fim e ao cabo, a liberdade não será um fardo que pesa sobre os nossos ombros? Será que não preferimos a segurança? Em resumo, perguntas e mais perguntas sobre as quais iremos debater na terça-feira dia 12.”