Deixe que lhe endosse felicitações, doutor A.Marinho Pinto.
É minha convicção que, se V.Exa. continuar a falar alto e claro, vão triturá-lo, estragar-lhe a vida, insinuar que é um agitador senão mesmo um louco.
O sr. presidente do Sindicato dos magistrados já deu um sinal inquietante: V.Exa. não devia dizer o que disse, visto que de acordo com aquele notável cidadão e sindicalista, o doutor Marinho Pinto é um membro do Estado. Dadas as funções que desempenha, não devia dizer e cito de memória “o que se costuma dizer nos cafés”.
E eu direi: benditos cafés, onde pelos vistos se fura o bloqueio de negrume que começa a cobrir-nos.
E mais: pelo que se entende, é nos cafés que se dizem as coisas - que partem da convicção geral - que em certos lugares expressos e estatais não se dizem mas deviam dizer-se. E mesmo descriptar-se.
Pelo que, sr. doutor, não lhe almejo grande futuro - a não ser que como sempre sucede passem por alto as suas afirmações como se fossem fumo e, num passe de mágica ou numa finta, escondam esse “esqueleto”,que o senhor acaba de destapar, no mais profundo armário.
Seja como for e mesmo que no futuro próximo o cubram de véus ou de opróbrio, V.Exa já prestou um enorme serviço ao Povo Português: abrir como que uma fresta por onde se soltou um livre e luminoso grito de indignação.
Que as pessoas do Povo, A NÃO SER NOS CAFÉS, por medo ou desesperança, já não se atrevem a soltar!
Bem haja, sr. Bastonário da Ordem dos Advogados!
Nicolau Saião
Nota – O dr. António Marinho Pinto, actual Bastonário da Ordem dos Advogados (cargo a que na recente eleição acedeu por maioria absoluta) deu uma entrevista à rádio na qual chamava vivamente a atenção para as “ligações perigosas” entre políticos dos governos e empórios argentários e comerciais.
(Texto enviado como comentário, mas não publicado, como ultimamente costuma ser cada vez mais frequente em relação aos comentadores em geral, no Portugal Diário).