31.12.08

Um final de ano com bailado … e muita vontade de sonhar e lutar pela emancipação social e individual (pelo sonho o mundo pula e avança)




Brel Barbara par Béjart - la valse à mille temps
( extracto do espectáculo "Brel Barbara par Béjart" (filmado em Abril de 2005) de Maurice Béjart, criado em 2001)






Polina Seminova (um espanto!)




Love Letter to Trisha Brown
Diane Madden and Vicky Shick dançam em homenagem a Trisha Brown




Alessandra Ferri and sting




Carmen de Bizet ( Ballet)




Sylvie guillem




Le Sacre Du Printemps by Pina Bausch Wuppertal Dance Theater



Anette Delgado - Ballet Nacional de Cuba - Swan Lake – 1




Anette Delgado - Ballet Nacional de Cuba - Swan Lake – 2





http://www.zeroland.co.nz/ind2.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ballet
http://en.wikipedia.org/wiki/Contemporary_ballet

Canção do sal e voltar aos 17 pelo grande Milton Nascimento

Milton Nascimento
Canção Do Sal



Trabalhando o sal
É amor, o suor que me sai
Vou viver cantando
O dia tão quente que faz
Homem ver criança
Buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia intei...ro
Pra vida de gente levar
Água vira sal lá na sali...na
Quem diminuiu água do mar
Ãgua enfrenta o sol lá¡ na sali...na
Sol que vai queimando até queimar
Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola
Problema maior,estudar
Que é pra não ter meu trabalho




Mercedes Sosa & Milton Nascimento - Volver a los 17


Um website em tributo a Noam Chomsky


http://www.chomskytribute.org/

Noam Chomsky, dissidente político do sistema político dominante, professor de linguística, e um dos mais prestigiados intelectuais do mundo inteiro, com uma obra ímpar de reflexão, análise e de denúncia do imperialismo norte-americano, e das injustiças em geral, simpatizante confesso do anarco-sindicalismo, completou 80 anos no passado 7 de Dezembro. Por tal motivo surgiu um website que pretende constituir um tributo à sua pessoa e uma forma de agradecimento pelo seu contributo para a compreensão do nosso mundo.


Pessoas de todo o mundo são aí convidadas a apresentar um texto, um vídeo ou uma simples mensagem dedicada a Noam Chomsky. Infelizmente, não se conta ainda com nenhum contributo vindo de Portugal.

Mas não faltam, certamente, portugueses para quem Chomsky é uma referência não só em termos culturais, mas principalmente de intervenção social…

Sessão sobre a Palestina (na Sexta-feira, dia 2, na Crew Hassan, às 21h30)







SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

CONVERSA SOBRE O DRAMA DO POVO PALESTINIANO


6ª FEIRA DIA 2 DE JANEIRO 21,15h

CREW HASSAN
RUA DAS PORTAS DE STº. ANTÃO, 159 - Lisboa

INICIATIVA DA TERTÚLIA LIBERDADE



30.12.08

Não ao Rali Dakar 2009(Argentina–Chile): a Argentina não é um deserto a conquistar, nem a América Latina um pátio de diversão dos países desenvolvidos

Assinem a Petição Não ao Rali Dakar 2009. Já há 9660 assinaturas. O objectivo até ao final deste ano é chegar às 10.000 assinaturas. Por isso, apressem-se. Assinem aqui


A organização do Rali Dakar 2009 é composta este ano por 530 equipas, 82 camiões, 188 automóveis, 30 quatrociclos e 230 motas que vão percorrer 9.000 Km, muitos deles pertencentes a áreas protegidas. Em cada dia irão ser transportadas cerca de 500 pessoas de um local a outro, estando previsto a mobilização de 1500 polícias para o certame.
Numerosas entidades, desde a Associação Argentina de Arqueólogos Professionais, até deputados-legisladores da Patagónia, passando por grupos ecologistas e profissionais, já alertaram para o fortíssimo impacto que o rali vai provocar sobre a região.

Mais concretamente alertam para a região que irá ser atravessada no próximo dia 5 de Janeiro, conhecida por El Caín e zonas límitrofes (Barril Niyeu, Pilquiniyeu, Puesto de Hornos, Rucu Luan), integrados na «Área Natural Protegida Meseta de Somuncura». No dia 6 os concorrente do Rali passarãi também na àrea Natural Protegida Valle Cretácico. Ambas as zonas têm ecossistemas frágeis.

A atravessia por estas zonas protegidas, e as respectivas autorizações governamentais, violam a legislação de protecção do meio ambienyal e, inclusive, algumas normas constitucionais.
Não por acaso o jornal diário argentino La nación refere-se na sua edição de 11 de Novembro ao Rali como uma aventura que tem sempre o seu preço. E a pergunta que salta logo é a de sabet se valerá a pena pagar o preço por esta competição motorizada que dura há já 30 anos. Um competição que tem uma clara matriz colonial, que abusa do valor simbólico da Patagónia e de regiões próximas, e que para o divertimento de alguns provocará inevitáveis prejuízos ao meio ambiente e às populações locais.

Em reacção a estes verdadeiro atentado a associação ecologista chilena Acción Ecológica já anunciou o seu repúdio e a sua intenção de organizar protestos contra a realização do Rali Dakar 2009 que irá atravessar a Argentina e o Chile nos primeiros dias do próximo ano. Segundo aquela associação o Rali é uma pseudo-competição que transmite uma mensagem negativa e pervesa, além dos inevitáveis impactos negativos no meio ambiente nas regiões por onde passar. Acción Ecológica promete mostrar a insensatez do rali para que todo o mundo saiba que também na América Latina não admitamos projectos deste género.


CONTACTOS:
Lic. Andrés Dimitriu SER (02941) 435087
andresdimitriu@gmail.com
amdimitriu@riseup.net
Claudia Rivero SER (02941) 15617219
sociedadecologicaregional@yahoo.com.ar
Alejandro Yaniello – PIUKE (02944) 442463 (02944) 15661465
ecopiuke@bariloche.com.ar
Elvio Mendioroz – UÑOPATUN .(02920) 464222
unopatun@rnonline.com.ar

RENACE - Red Nacional de Acción Ecologista

Petição contra o Rali Dakar 2009: Argentina –Chile

Assinem a Petição Não ao Rali Dakar 2009. Já há 9660 assinaturas. O objectivo é chegar às 10.000 assinaturas até ao final deste ano. Por isso, apressem-se. Assinem.

O antigo rali Paris-Dakar deixou um rastro de morte e destruição ecológica nos países do norte de àfrica. Anulado na sequência de acontecimentos dramáticos no final de 2007 no território da Mauritânia, o rali Dakar viu-se confrontado com a impossibilidade de se realizar no espaço que sempre fora o seu e que obrigou a organização a deslocá-lo este anos para a América do Sul, com partida e chegada a Buenos Aires e um trajecto de 9.000 Km pela Argentina e Chile, via deserto de Atacama

Salvemos Atacama

Situado a mais de 4.000 metros de altitude, o deserto de Atacama é muito vulnerável. Com menos de 100mm de chuva por ano, é considerado o deserto mais árido do mundo, com um desenvolvimento da flora extremamente lento, pelo que a subsistência da própria vida é um desafio permanente. A sobrevivência das populações locais é pois particularmente difícil. Fazer uma competição motorizada nestas circunstância será simplesmente devastador. Acresce – o que não é pouco – o risco de destruição de numerosos sítios arqueológicos de mais de 12.000 anos.

Porquê travar o Dakar?

Ao mesmo tempo que os países de todo o mundo assinam os acordos do Tratado de Kyoto, os países mais desenvolvidos deveriam dar o exemplo e não difundir a mensagem do desperdício energético. Dizer NÃO ao Dakar 2009 é gritar alto e bom som que um Rali deste género não é próprio das realidades do século XXI.

Dizer NÃO ao Dakar 2009 é defender os valores humanos e ambientais

Dizer NÃO ao Dakar é dizer aos meios de comunicação social do Chile e da Argentina que este Rali não é nem uma actividade turística nem uma inciativa económica benéfica para os países latino-americanos.E não é porque a organização da prova como as equipas concorrentes já trazem tudo confeccionado e preparado, deixando só lixo nos locais por onde vão passando. Mas não só. Tal como aconteceu em África, crianças e adultos correm o risco de serem atropelados, e as populações locais retirados da sua tranquilidade. Será que temos de assistir a mais acidentes, desta vez na Argentina e Chile?

Assinem a petição: aqui


O deserto de Atacama

Requisição de alimentos no supermercado em Grenoble( relato)


Sábado, 27 de Dezembro de 2008
Supermercados Monoprix no centro de Grenoble
Secção da alimentação na cave
Cinco caixas, cinco funcionárias, mais os vigilantes do costume
O matraquear bip-bip dos produtos a passar pelas máquinas registadoras
O barulho surdo dos sacos de plástico
A luz agressiva dos néons
As decorações de Natal sempre presentes
Muita gente, sobretudo pessoas com pressa

Subitamente os bip-bip param
O acesso em cada caixa é bloqueado por várias pessoas
Outras desenrolam uma faixa,
«Face à crise, requisitemos, partilhemos»
O slogan é entoado por uma trintena de pessoas
Distribuem-se flyers

Mudança completa do ambiente
Olhares espantados
Vigilantes correm
As funcionárias das caixas mostram-se indecisas
Vigilantes falam pelo walkie-talk
Fazem-se de fortes
«Vamos, Saiam, Fora daqui, Proibido estar aí
Mas o que é que vocês querem?»

«Queremos ver o gerente do supermercado»
«Queremos requisitar alimentos,
Para as pessoas, para os sem-papéis,
Para os precários,
Para os desempregados.
Isto é uma acção política»


«O gerente não está!
Vamos, Saiam, fora daqui!
Vocês estão a sequestrar reféns
E Não é assim que as coisas se fazem»

«Então, como é?
Não estamos em crise?»

Chega do subgerente
Com olhar angustiado
Discussões, palavras flúem
O subgerente desaparece
Os vigilantes acalmam-se
As caixas continuam bloqueadas
A fila de espera não pára de aumentar
Explicações, slogans cantados, flyers continuam a circular
Os clientes esperam e mostram-se passivos
O que hão-de pensar?
Dir-se-ia que esperam
Alguns agitam-se
A maioria fica com um olhar vazio
Como pinguins em frente a um muro
À epera que algo aconteça

«A polícia está a chegar!»
Sim, a polícia chega
Cowboys apetrechados, mãos arregaçadas
Agir ou não agir
Troca de olhares
O que se vai passar?
A polícia sai de cena

Reaparece o subgerente
Tem fogo na cabeça
«Vá, peguem nos pães, e saiam daqui para fora,
E parem de gritar slogans»

«Assine aí, por escrito, que está de acordo com isso!

«Não, nem pensar. Têm a minha palavra, isso basta»

« Diga isso então frente a toda a gente»

«Sim, eu digo.»
Alto e em bom som:
«Tudo bem! Podem levar os pães»

«E os polícias?»

«Não há problemas com os polícias
Têm a minha palavra
Sim, basta a minha palavra, mas agora saiam
Saiam imediatamente»


Uma a uma, as caixas são desbloqueadas
Vários pães e bens alimentares saem
Gratuitamente
Canta-se baixinho
Depois com mais força

«Os maus dias acabarão
Toma atenção
Quando os pobres se vingarão»

Emoção geral
Sentimentos de força
E de solidariedade

O barulho dos bip-bip
Já se ouve de novo
A roda-viva do dinheiro recomeça
As funcionárias das caixas maquilhadas
Os clientes apressados
Os néons intensamente iluminados
As comidas embaladas
As encomendas pagas
Os chocolates estão em promoção


O cortejo reagrupa-se
Estamos todos?
Sim.
Vamos sair
Lá fora estão os polícias
Diante do supermercado
Com as carrinhas
Parece que comem pizzas
Vamos todos sair em grupo
Permanecer agrupados, é importante


Estamos na rua,
Passamos pelas carrinhas,
Cara a cara com os polícias,
Tensão do ar
Continuamos sempre juntos
Prosseguimos

Acção conseguida?



FACE À CRISE, REQUISITEMOS E PARTILHEMOS

A edição de Janeiro de 2009 do Le Monde Diplomatique inclui um dossier sobre o anarquismo



A próxima edição de Janeiro de 2009 do jornal Le Monde Diplomatique, que tem versões em mais de 40 diferentes línguas, inclui um dossier de 5 páginas sobre o anarquismo sob o título «Quem são os anarquistas?», acompnhado com ilustrações de Paskua ( que vive e trabalha em Raiatea, a ilha sagrada dos povos Maori, Polinésia francesa). Os artigos que compõem o dossier são:


« Appellations peu contrôlées », par Jean-Pierre Garnier ;
« Une indocilité contagieuse », par Claire Auzias ;
« CNT, les clés de l?énigme espagnole», par Angel Herrerín López ;
« En Extrême-Orient aussi? », par Cho Se-hyun ;
« L'infréquentable Pierre-Joseph Proudhon », par Edward Castleton ;
« Honte au suffrage universel ! », texte inédit de Proudhon.

Entretanto no website do jornal irão aparecer mais dois textos inéditos sobre o anarquismo:

« Une tradition révolutionnaire et philosophique », par Daniel Colson ;
« L'écologie anarchiste d?Elisée Reclus », par Philippe Pelletier.



Sobre Paskua ( que se assume como anartiste):

http://artpaskua.skyrock.com/

http://fr.wikipedia.org/wiki/Paskua


Gaza: choque e pavor - artigo de Alain Gresh disponibilizado no site português do Le Monde Diplomatique


Retirado de: http://pt.mondediplo.com/

Sábado, dia 27 de Dezembro, a aviação israelita fez raides assassinos contra Gaza. De acordo com as autoridades israelitas, os lugares visados eram centros de comando do Hamas e das suas forças armadas. O balanço deste dia eleva-se a mais de 270 mortos e várias centenas de feridos. Numerosos civis foram atingidos, como relata o correspondente do The New York Times em Gaza, Taghreed El-Khodary («Israeli Attack Kills Scores Across Gaza»):

«No hospital de Shifa, numerosos corpos jaziam na morgue, esperando que a sua família os viesse identificar. Muitos estavam desmembrados. No interior, a família de um bebé de cinco meses que tinha sido gravemente ferido na cabeça por um rebentamento de obus. Com o hospital sobrelotado, o seu pessoal parecia incapaz de prestar ajudar. Na esquadra de polícia de Gaza, pelo menos quinze agentes de trânsito que estavam a treinar foram mortos. Tamer Kahruf, 24 anos, um civil que trabalhava numa obra de construção civil em Jabaliya, no Norte de Gaza, explica que os seus dois irmãos e o seu tio foram mortos sob os seus olhos quando a aviação israelita bombardeou um posto de segurança nos arredores. Kahruf está ferido e sangra da cabeça.»

Vítima desde há várias semanas de um bloqueio total, Gaza (e os seus médicos, evidentemente) está impossibilitada de cuidar dos feridos em condições normais.

O sítio Internet Free Gaza recolheu numerosos testemunhos de estrangeiros e de palestinianos no terreno que dão uma ideia da dimensão dos ataques.

O Hamas ripostou disparando várias dezenas de mísseis sobre Israel. Um israelita foi morto e vários foram feridos em Netivot e Ashkelon.

No domingo, dia 28, de manhã, as agências de imprensa anunciavam que o exército israelita estava a concentrar as suas tropas terrestres à volta de Gaza. Os bombardeamentos tinham sido retomados, tendo os raides israelitas atingido desta vez, designadamente, uma mesquita e uma estação de televisão. De acordo com o ministro da Defesa Ehud Barack, em caso algum punham a hipótese de um cessar-fogo: «É necessário mudar as regras do jogo» (« Israel resumes Gaza bombardment », Al-Jazeera English, 28 de Dezembro).

Na sexta-feira, Israel tinha excepcionalmente reaberto três pontos de passagem e deixado passar várias dezenas de camiões. Segundo um comentador israelita que defende o ponto de vista do seu governo, esta abertura fazia parte de actos de «diversão e de camuflagem adoptados pelo governo nos últimos dias» para apanhar o Hamas de surpresa. A escolha de um dia de sabat também. O mesmo comentador, Ron Ben-Yishal, explicou a 27 de Dezembro no sítio Internet a estratégia israelita: «Shock Tretment in Gaza».

«O que começou em Gaza no sábado de manhã é aparentemente uma acção limitada, visando obter um cessar-fogo a longo prazo entre o Hamas e Israel, em termos favoráveis a Israel. Estes termos incluiriam o fim dos ataques com morteiros e mísseis; o fim dos ataques terroristas através da fronteira de Gaza; negociações séria para a libertação de Gilad Shalit; e a suspensão do reforço militar do Hamas. O meio para garantir os objectivos mencionados é, literalmente, um “tratamento de choque”. Assim, o Hamas já não será capaz de tomar a iniciativa, e será Israel que tomará a iniciativa e mostrará ao Hamas que vai responder de forma “desproporcionada” de cada vez que os habitantes do Negev Ocidental forem bombardeados. Nesta fase, não falaremos do derrube do regime do Hamas, mas sobretudo da formulação de novas regras do jogo e de um esforço para pressionar o Hamas a aceitar um novo cessar-fogo.»

No sítio Internet do diário Haaretz, Amos Harel assinou um comentário intitulado «IAF strike on Gaza is Israel’s version of ‘shock and awe’».

«Os acontecimentos ao longo da frente Sul que começaram sábado de manhã, às 11h30, parecem-se muito com uma guerra entre Israel e o Hamas. É difícil dizer onde (geograficamente) e por quanto tempo vai prosseguir a violência antes de uma intervenção da comunidade internacional com vista à suspensão das hostilidades. Todavia, a salva de abertura israelita não é uma operação “cirúrgica” ou um ataque limitado. É o assalto mais violente a Gaza desde que este território foi conquistado em 1967.»

Esta ofensiva coloca-se também no quadro, se assim se pode dizer, da campanha eleitoral israelita. No dia 10 de Fevereiro de 2009 terão lugar eleições gerais e cada um dos candidatos faz apostas ousadas. Mesmo o partido de esquerda Meretz apelou, antes do desencadeamento do ataque israelita, a uma acção armada [1]. Em contrapartida, o Gush Shalom, a organização de Uri Avnery, condenou firmemente a acção israelita e os ditos apoiantes da paz, como Amos Oz, que a apoiam. Lembremos que em Fevereiro de 1996, o primeiro-ministro de então, Shimon Peres, tinha lançado uma ofensiva contra o Líbano («Uvas da cólera») – que ficou célebre pelo massacre de Cana, com uma centena de refugiados mortos – na esperança de ganhar as eleições que se preparavam. Resultado: Benyamin Netanyahu ganhou e tornou-se primeiro-ministro. No sábado à noite, um milhar de pessoas manifestou-se em Telavive contra os ataques israelitas.

É interessante notar que os comentadores israelitas, como a maior parte dos comentadores da imprensa ocidental, não assinalam a razão mais importante do falhanço do cessar-fogo de seis meses, que durou de 19 de Junho até 19 de Dezembro.
Como nos confirmou Khaled Mechaal, chefe da comissão política do Hamas na semana passada, o acordo compreendia, para além do cessar-fogo, o levantamento do bloqueio de Gaza e um compromisso do Egipto em abrir a passagem de Rafah. Ora, não só Israel violou o acordo de cessar-fogo lançando um ataque que matou várias pessoas no dia 4 de Novembro, como os pontos de passagem não foram reabertos senão parcialmente, e o bloqueio foi mesmo reforçado nas últimas semanas. A população, que era largamente favorável ao acordo em Junho, exige hoje uma clarificação: ou a guerra ou a abertura incondicional dos pontos de passagem e o fim da chantagem permanente que permite a Israel matar lentamente à fome (e privar de cuidados de saúde) a população. Esta está certa quando acusa Israel, como relata o sítio Internet da Al-Jazeera em inglês: «Gazans: Israel violated the truce» (Mohammed Ali).

O presidente Nicolas Sarkozy reagiu com um comunicado. «O presidente da República exprime a sua mais viva preocupação perante a escalada da violência no Sul de Israel e na Faixa de Gaza. Condena firmemente as provocações irresponsáveis que conduziram a esta situação, assim como o uso desproporcionado da força. O presidente da República deplora as importantes perdas civis e exprime as suas condolências às vítimas inocentes e às suas famílias. Pede a paragem imediata dos lançamentos de mísseis sobre Israel, assim como dos bombardeamentos israelitas sobre Gaza, e apela à moderação de ambas as partes. Lembra que não existe solução militar em Gaza e pede a instauração de uma trégua duradoura.»


Num comunicado publicado na sequência do seu encontro com Abul Gheit, ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner reiterou as mesmas posições, acrescentando todavia que a França pedia «a reabertura dos pontos de passagem», um ponto ignorado por Sarkozy.

A senadora Nathalie Goulet, da UMP (União para um Movimento Popular), pertencente à Comissão dos Negócios Estrangeiros,
publicou a declaração seguinte: «Como sempre, Israel faz um uso excessivo da força perante a indiferença da comunidade internacional, que deixa degradar-se a situação em Gaza há meses e meses. Não há que culpar nem o Irão nem o Hamas, mas a inércia da comunidade internacional, o apoio sistemático da política americana a Israel e a intolerável “atitude dupla” das organizações internacionais. Israel viola desde há quarenta anos dezenas de resoluções da ONU, sem embargo, sem sanções e com toda a impunidade. A situação é insuportável para os habitantes civis de Gaza desde há anos. A situação tem vindo a degradar-se, com o seu cortejo de humilhações e uma sede de vingança. Olho por olho tornará o mundo cego, disse Gandi. Há já demasiado, demasiado tempo que estamos cegos e surdos em relação ao sofrimento do povo palestiniano.»

Os ataques também suscitaram as condenações habituais dos países árabes. Uma reunião de emergência da Liga Árabe terá tido lugar no domingo. O Egipto declarou que acusava Israel como responsável; esta afirmação é talvez uma resposta a informações da imprensa israelita que afirmam que o Cairo teria dado luz verde a uma operação limitada a Gaza visando derrubar o Hamas («Report: Egypt won’t object to short IDF offensive in Gaza», por Avi Issacharoff, Haaretz, 25 de Dezembro). Um outro artigo do Haaretz publicado no dia 28 de Dezembro, e que descreve a campanha de desinformação do governo israelita antes da ofensiva de Gaza, explica que Tzipi Livni, a ministra dos Negócios Estrangeiros, tinha informado o presidente Mubarak do ataque («Disinformation, secrecy and lies: How the Gaza offensive came about», por Barak Ravid). A cumplicidade do Cairo é confirmada por um relatório da Y-net, «Egypt lays blame on Hamas», por Yitzhak Benhorin (27 de Dezembro), que retoma as declarações do ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros Abul Gheit, explicando que o seu governo tinha prevenido o Hamas e que os que não tinham escutado estes avisos assumiam a responsabilidade da situação (sobre as razões da política egípcia, ler esta entrevista com Khaled Mechaal).

Nestas condições, é duvidoso que estas condenações árabes conduzam a resultados. A única iniciativa espectacular e eficaz que o Cairo poderia tomar seria reabrir a ponte de passagem de Rafah, o que não quer fazer de modo nenhum – até agora, limitou-se a abrir a passagem aos feridos palestinianos. E, de acordo com a agência de imprensa Maan, nenhum ferido se apresentou, afirmando os médicos palestinianos que o transporte dos feridos graves é impossível, a menos que o Egipto envie helicópteros («Not one Gazan at Rafah crossing despite Egyptian promise to treat wounded, country to send medical supplies instead», 27 de Dezembro).

Para lá do bloqueio, é necessário lembrar que:

• a recusa da comunidade internacional em reconhecer o resultado das eleições legislativas de Janeiro de 2006, que deram a vitória aos candidatos do Hamas, contribuiu para a escalada israelita; assim como a recusa de admitir realmente o acordo de Meca entre a Fatah e o Hamas;
• a União Europeia e a França em particular, quaisquer que sejam a suas tomadas de posição, encorajam concretamente a política israelita, designadamente recompensando Israel
pela melhoria das relações entre Israel e a União Europeia, apesar das violações repetidas por Israel de todos os compromissos (diminuição do número de check-points, desmantelamento dos colonatos «ilegais», etc.);
• finalmente, lembremos esta verdade, cuja evidência é demasiadas vezes ocultada: a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental estão ocupadas desde há mais de quarenta anos. É esta ocupação que é a fonte de toda a violência no Médio Oriente.


Notas:
[
1] «Leftist Meretz issues rare call for military action against Hamas», por Roni Singer-Heruti, Haaretz, 25 de Dezembro

29.12.08

Gentileza gera gentileza


A natureza não vende terra,
a natureza não cobra pra dar alimentação para nós.
Esse dia lindo,
essa luz que está em cima de nós, a nossa vida,
ou seja, vem do mundo, é de graça,
é Deus nosso Pai que dá.
Agora o capeta do homem que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo,
destruindo a própria humanidade.
Capeta vem de origem capital.
É o vil metal
Faz o diabo, demônio marginal.
Por esse motivo, a humanidade vive mal.
Mal de situação,
mau de maldade,
porque o capitalismo é falsidade,
o pranto de toda a maldade,
raiz de toda a perversidade do mundo.
É o dinheiro.

O dinheiro destrói a mente da humanidade.
O dinheiro coloca a humanidade surdo.
O dinheiro destói o amor.
O dinheiro cega.
O dinheiro mata.
Todo dia você lê jornal, ouve rádio,
televisão, só vê barbaridade:
é crime, é assalto, é sequestro, é vício, nudez, devassidão, fome e guerra.
Vai ver qual é a causa:
capitalismo.


Gentileza Gera Gentileza é uma acção global criada para espalhar as mensagens de amor e de paz, que foi lançada originalmente por José Datrino, o Profeta Gentileza. José Datrino foi um homem que renunciou à materialidade para se tornar o professor do amor, da compaixão e da beleza de espírito. Era ele o Profeta Gentileza.

José Datrino, chamado Profeta Gentileza (nasce em São Paulo, a 11 de abril de 1917 — e morre em São Paulo, a 29 de maio de 1996), tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um viaduto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. José Datrino teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga.

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo "Gran Circus Norte-Americano", o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. José Datrino que se dedicava ao transporte de mercadorias, pegou num de seus camiões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói. Aquela foi a sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com as suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se conhecido por "José Agradecido", ou simplesmente “Profeta Gentileza”. Quatro anos passados, começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e autocarros, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

Aos poucos, torna-se um personagem reconhecidamente popular. Cria provérbios e máximas para alcançar as pessoas, ensina a gentileza e proclama os costumes em plena época do movimento hippie, do rock e da minisaia.

Gentileza jamais aceitou dinheiro das pessoas: "é mais fácil um burro criar asas e avoar do que um centavo de alguém aceitar". Ao contrário, denunciava: "cobrou é traidor - o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o Papa tá papando, papão do capeta capital".

A pregação anti-capitalista constituiu a denúncia maior do Profeta. Às vezes foi tomado como comunista, tendo que explicar às "autoridades" o porquê das iniciais PC em seu estandarte (na época). Na ambigüidade criada, não se tratava de uma vinculação ao Partido Comunista, mas ao Pai Criador.

Todos esses aspectos contribuem para que, cada vez mais, Gentileza apareça e se destaque na sociedade da época. Gentileza era um caminhante incansável, que estendeu sua presença a vários bairros do Rio de Janeiro, às cidades da Baixada Fluminense, a Niterói e São Gonçalo.
Em fins dos anos 60, o Profeta inicia uma série de viagens que o tornarão conhecido no interior do País. Nessa época, retorna a Mirandópolis reapresentando-se como Profeta Gentileza. Em 1970, parte para o interior de Mato Grosso, rumo a Campo Grande e Aquidauna (atual MS), para pregar a gentileza. Nessa última urbe, sofreu sua primeira grande adversidade como profeta: foi detido por policiais que o conduziram à delegacia.

Nos anos 70 desponta seu culto à brasilidade, aos temas da bandeira nacional e ao herói cívico de maior expressão na história do País: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Sua admiração a Tiradentes levou-o várias vezes a Minas Gerais e, especificamente, a Ouro Preto, onde se abrigava em igrejas e repúblicas de estudantes. O monumento a Tiradentes na praça central da cidade era seu principal local de referência.

Foi numa dessas idas a Ouro Preto, no convívio com os estudantes que estes lhe sugeriram o uso de uma bata, que acabaria por marcar definitivamente sua figura mística. Em outros municípios, Gentileza também explicitou seu respeito por Tiradentes.

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km, e encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, por isso mais tarde foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em Janeiro de 1999. Em Maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o património urbano carioca foi preservado.

Esta obra, agora recuperada, constitui uma cartilha com os preceitos básicos de Gentileza à população. É um Livro Urbano, onde cada pilastra é uma página e a leitura é feita à janela dos veículos que por ali passam continuamente. Assim como o episódio do circo inscreveu Gentileza na memória popular, suas viagens pelo Brasil e suas inscrições, perenizadas na entrada do Rio de Janeiro, fizeram dele um dos maiores personagens populares do Brasil. A estrutura dos seus escritos e sua grafia, uma vez vistos, tornam-se inconfundíveis

Os temas do circo, do mundo como escola (Escrito 55) e a parábola do livro e da sabedoria aparecem tratados com singeleza. A questão da gentileza é, de novo, um despertar para atitudes: vivemos nas cidades rodeados de indiferença. O que gera a violência é o anonimato no meio da multidão... Gentileza pregava o amor fraterno e propunha às pessoas que dessem atenção umas às outras e criassem intimidade, o que faz muito bem à saúde. Um Profeta é isso: alguém que ilumina as pessoas

Gentileza era um ser da comunicação. A imprensa sempre nutriu por ele um interesse, talvez por cauda da sua inventividade, do seu caráter exótico e "tropicalista". Mas a sua própria máxima, gentileza gera gentileza, já começa a ser utilizada em campanhas publicitárias que encobrem fins comerciais.

Impõe-se assim explicitar, criticamente, um modo de apropriação do proclame da gentileza, onde esta se revela muito mais como uma proposição de natureza ética do que uma marca.

O tema central da mensagem do Profeta é a oposição que se estabelece entre a gentileza e o capital. Enganamo-nos, então, se vemos na gentileza uma mera oposição à violência. Esta visão é ainda uma leitura de superfície, tanto dos fatos, quando da sua simbólica. Para o Profeta, a violência, assim como outros males da sociedade se produzem a partir do vil metal.

Dos 56 escritos do viaduto do Caju, quase a metade destes descrevem os ensinamentos da gentileza e das suas virtudes, pontuando alguns outros temas da sua pregação; em cerca de 30 pilastras, aparece com toda a ênfase, a sua denúncia profética do capitalismo, "que vende e destrói tudo", "que cega a humanidade... e leva para o abismo".


Consultar:
http://www.gentileza.net/
http://www.riocomgentileza.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Profeta_gentileza
www.portalverde.com.br/fundacao_gentileza/o_profeta/profeta.htm

Video musical de Marisa Monte – Gentileza




Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

Activistas ambientais apagam as luzes dos letreiros dos anúncios e dos néons comerciais em Paris porque representam um desperdício energético inútil



Nesta época do ano, Paris - também conhecida como "Cidade Luz" - fica ainda mais iluminada por causa das milhares de luzes de Natal em prédios comerciais e residenciais na cidade.
Um grupo de jovens defensores do meio ambiente resolveu combater o excesso de gastos com energia eléctrica desligando letreiros luminosos de lojas durante a noite. Designam-se por «clã do néon» e defendem que a lei não proíbe o acto, contanto que ela ocorra na parte externa do estabelecimento. São acções não-violentas que já não se limitam à cidade de Paris e que servem para lutar contra a poluição luminosa das cidades que impede observarmos as estrelas, para além de representarem um desperdício de energia, quando os estabelecimento estão fechados, as pessoas nas casas, ficando apenas a alimentar a publicidade luminosa.

«Trata-se de um acto simbólico, mas queremos servir como exemplo para outras pessoas. Não existem pequenas economias e sim apenas economias», afirma David Drui, integrante do grupo .

Note-se que os néons têm uma potência média de cerca de 50W/metro, e a factura anual de electricidade associada aos néons representa algumas centenas de euros anuais, o que multiplicando pelos inúmeros estabelecimentos e anúncios publicitários luminosos chega facilmente a despesas inúteis de muitos milhões de euros.

http://clanduneon.over-blog.com/



Manifesto

La nuit, dans les rues commerçantes parisiennes, nous nous retrouvons souvent face à des enseignes lumineuses restées allumées. Des néons de boutiques qui ont pourtant fermé leurs portes...

A quoi servent ces néons ? A rendre la ville plus belle ? A continuer à marquer la présence d'un commerce ? A imposer une marque, un logo, une "identité" ?

ÉTAT DES LIEUX

Les enseignes des boutiques allumées toute la nuit représentent tout d’abord une agression publicitaire supplémentaire. Mais même au-delà de ce sentiment de harcèlement pesant, quel commerçant peut sincèrement considérer que ces néons allumés dans des rues presque désertes sont efficaces pour augmenter ses ventes ?

De plus, ces néons consomment une quantité importante d’énergie. Alors qu’on gaspille, des gens dorment dans les renfoncements des boutiques. Sans parler de l’impact écologique de ces consommations d’énergie dans le contexte actuel de raréfaction des ressources et de réchauffement climatique.
Les néons engendrent donc une double pollution, celle pour produire l’électricité mais aussi celle, lumineuse, qui nous empêche de voir les étoiles...

UNE ACTION SENSEE ET NON VIOLENTE

On peut tous lutter contre cette dérive, en éteignant simplement ces néons. Il suffit de désactiver les boîtiers néons (voir vidéo de démonstration). C’est un geste simple et non violent, qui ne dégrade pas les biens. Nous avons commencé à agir et nous comptons sur vous pour que le mouvement se diffuse. Toutefois, dans certains cas, nous reconnaissons l'intérêt des enseignes lumineuses. Nous luttons avant tout contre leur utilisation abusive, au service de la publicité. Nous sélectionnons avec attention les néons que nous éteignons. nous n’agissons jamais sur un commerce ouvert, un café ouvert, une pharmacie ouverte... En revanche, en cas d’abus, nous n’hésitons pas. Le plus marquant étant le cas de certaines banques, dont les horaires sont restreints mais qui continuent d'afficher fièrement leur logo... de banque... la nuit. Des repères ? Oui mais trop de néons tuent le néon utile ! Trop de lumière éblouit ! Une enseigne indiquant un distributeur de billets, d'accord ; toute la banque allumée pour un distributeur de billets, non.


Nous espérons que nos actions continueront à vous ravir et qu'elles seront même suivies et imitées, pour que les commerçants prennent enfin conscience de cette absurdité, et prennent les mesures nécessaires. C’est ce qu’exprime notre logo, paradoxalement en lettres de néon, qui ne s’éteindra avec notre “clan” qu’une fois que les commerces éteindront leurs enseignes la nuit.

L'éclairage de la voie publique ne doit pas être financé par des fonds privés, mais par des fonds publics. C'est pourquoi tant que les rues seront inondées de néons privés, tant qu'elles seront dénaturées par la publicité imposée, nous continueront d'exprimer notre désaccord et notre mécontentement en éteignant les néons. Alors Paris redeviendra une "ville lumière", où l'éclairage public guide les pas des artistes, des peintres des écrivains, éclairant ses habitants, plutôt qu'une "ville néon" telle Las Vegas, temple de l’absurdité de l’argent considéré comme fin et non simplement comme moyen. Nous irions bien y faire un tour d'ailleurs... Du boulot en perspective !



Um Dicionário da Anarquia, organizado por Michel Ragon, acaba de ser editado em França


Na Abadia de Thélème, imaginada por Rabelais, fazia-se o que se queria. Este constituiu um dos antecedentes daquilo que alguns séculos mais tarde se veio a designar por anarquia. As bases deste anti-sistema floresceu no lastro do iluminismo com William Godwin e Charles Fourier, mas o verdadeiro teorizador da anarquia foi, sem dúvida, Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), autor de uma doutrina política socialista que sempre se mostrou extremamente crítica em relação a outra corrente de pensamento, o socialismo de Karl Marx.

Enquanto movimento político propriamente dito, a anarquia só aparece por volta de 1880, pouco depois da morte do aristocrata Michel Bakounine (1814-1876), considerado o pai de todos os anarquismos, e que foi excluído por Marx da Internacional. A anarquia assume-se como um movimento exterior a todos os partidos, e agrega múltiplas variantes e tendências.


«O que há de comum entre o anarquismo individualista, de Stirner a E.Armand, e o comunismo libertário de Kropotkine senão a oposição mais completa ao aparelho estatal ? Assim como, pouco ou nada há em comum entre o pacifismo integral do anarquista Louis Lecoin, e a sua defesa da objecção de consciência, e o nihilismo terrorista, já sem falar do anarquismo cristão ou, até mesmo, do anar-capitalismo»

Michel Ragon acaba de editar em França um Dicionário da Anarquia destinado a esclarecer uma corrente de pensamento e um movimento social muito pouco conhecido pelas pessoas em geral. Um pensamento que Michel Ragon, filho de camponeses, e hoje octogenário ( nasceu em 1924), sempre partihou, e o marcou no seu percurso de autodidacta, desde o tempo que era alfarrabista nas margens do Sena até se ter consagrado como crítico de arte e de arquitectura.

De Proudhon a Cohn-Bendit, de Brassens a Léo Ferré, de Mirbeau a Camus, de Breton a Sartre, de Henry Thoreau a Herbert Marcuse, da Surréalisme ao Situationnisme, sem esquecer desenhadores como o belga Frans Masereel ou o pintor impressionista Camille Pissarro, a família libertária é de uma espantosa riqueza e de uma enorme diversidade, o que constitui simultaneamente o seu ponto fraco mas também a sua maior capcidade de atracção. Ora é todo este panorama que a obra de Michel Ragon, agora editada, pretende dar conta sob o ambicioso título, Dicionário da Anarquia.

Os nunerosos jornais e publicações que pontuam a história do anarquismo atestam essa vitalidade. Basta lembrarmo-nos que o jornal «A anarquia», título publicado por Anselme Bellegarrigue em Abril de 1850, e que foi o primeiro em França a reclamar-se do anarquismo, tinha como subtítulo a expressão «jornal da ordem». Tal não impede que o mesmo título seja escolhido para outra publicação, por Albert Libertad, em 1905, em que se assumia claramente uma postura anti-sindical, anti-obreirista, anti-pacifista, onde a crítica ao álcool e ao tabaco era acompanhada pela defesa do amor livre.

Para ajudar à polémica, a definição que Prodhon dá de anarquia é tudo menos pacifica :

«A anarquia é uma forma de governo, ou constituição, na qual a consciência pública e privada formada pelo desenvolvimento da ciência e do direito se mostra suficiente para a manutenção da ordem e da garantia de todas as liberdades, e em consequência, o princípio de autoridade, as instituições de polícia, os meios de prevenção e de repressão, o funcionarismo, etc, encontram-se reduzidos à mais simples expressão, e em que as formas monárquicas, assim como a forte centralização, são substituídas por instituições federativas e os usos comunais» ( "L’anarchie est une forme de gouvernement, ou constitution, dans laquelle la conscience publique et privée formée par le développement de la science et du droit suffit au seul maintien de l’ordre et à la garantie de toutes les libertés, où par conséquent le principe d’autorité, les institutions de police, les moyens de prévention et de répression, le fonctionnarisme, etc., se trouvent réduits à leur plus simple expression, où les formes monarchiques, la haute centralisation, remplacées par les institutions fédératives et les mœurs communales, disparaissent." )

Até mesmo o lema «Nem Deus Nem Senhor», que é reivindicado pelos anarquistas contemporâneos, resulta de uma expressão de autoria de Blanqui que serviu de título para o seu jornal de 1880.

Não falta sequer neste dicionário a menção do nihilismo dos terroristas russos, referidos por Tourgueniev, Tchernychevski, Dostoïevski ou Nietzsche, ou os terroristas franceses, que se reivindicam anarquistas, desde Ravachol à Bande de Bonnot, ou mesmo da Action directe.
Figura tutelar em todo este movimento é, sem dúvida, Louise Michel (1830-1905), professora e conhecida figura da Comuna de Paris, a quem é reservada uma atença especial nas múltiplas entradas de que é constituído este valioso dicionário da anarquia


Música cigana e balcânica na passagem de ano no bar-livraria Gato Vadio ( a partir das 21h30)


Isto do comércio a retalho nunca se pode ter certezas e o melhor é o caro cliente franzir o sobrolho assim que nos veja atrás do balcão.

Nós que recusamos todas as formas do marketing indirecto, nós que escarnecemos das leis do comércio, que injuriámos o livro de reclamações até ao terceiro tomo, que nos esquivamos aos guichets burocráticos, que não deixamos o freguês sem troco, que atirámos a primeira e a última pedra, nós que estamos aqui para não ter de aturar mais ninguém, o Papa, o presidente do Infesta, o chefe de repartições, o gerente e o padreco, os mass media, o chulo, as valdovinas, íamos agora perder tempo a organizar uma noite de gala, quando a Gala já foi galada pelo Dalí enquanto o diabo esfregava o olho e os bigodes estratosféricos do Salvador, e, caro freguês, salvarmo-nos de quê?
Nós que para o ano prometemos erradicar o caruncho das cadeiras, nós que para o ano vamos adquirir – se os critérios de Co-invaginência permitirem e a ministra autorizar – outro aquecedor made in china para aplacar a friagem, nós que ao que tudo indica vamos pôr uns atoalhados novos, quiçá um sistema de wire-less assim que as teias de aranha sejam varridas dos frisos, que perdemos a cabeça e arranjámos um rádio a pilhas, pois o ano passado dando sinais de uma alienação à prova da Situação, esquecemo-nos, melhor, nem sequer nos ocorreu, que deveríamos estar atentos ao final Countdown, mas enquanto não trazemos os Europe – it’s the finest shut down!! – já frisámos os cabelos dos pés, e preparámos um Kit-míssil-calçado cosido à mão ali no vale do Ave, onde se mantêm algumas tradições árabes intactas apesar de não terem em todos os tempos possíveis e imagináveis a tal biblioteca de Bagdade que tinha mais livros na Idade Média que todas as bibliotecas juntas da nossa Europe tão civilizada e cujos altos desígnios mandaram escangalhar, pois dizíamos, a troco de uns tustos oferecemos o tal Kit-míssil-calçado para bombardear com chulé artesanal o ano velho e, vá que não vá, uma tacinha de champagne já que no ano passado sobraram três garrafinhas, e juntos cantaremos louvores ao novo ano pois continuaremos a chafurdar na mesma pocilga, e nós que temos com isso, e vem virá vir-se-à o famous grouse e o capão de Freamunde, venham, venham todos e todas que se nós pudermos ficamos em casa com os pés-de-molho, tanto calo e frieiras de tanto trabalhar um ano inteiro, por que esta vida de feirante e farsante não é para qualquer um, e venha a música da ciganada, a euforia balcânica, e se no ano passado prometemos a depressão e a loucura, vamos então dar lugar aos casamentos e funerais, a bem dizer, os vadios não passam de angelicais meninos de aliança e sinistros cangalheiros.
Que o Gato Vadio se aguente com o pernil ao alto antes que a dona Chica lhe arrume o pau…admiram-se?


Passagem de Ano no Gato Vadio

Música cigana e balcânica.

Taxa solidária vadia: 4€ (inclui champagne a rodos…)…

A partir das 21h30

Rua do rosário 281, Porto

28.12.08

«Ponto fraco (deste) Governo é o facto de não ter ideias» (José Gil em entrevista, onde fala do ensino e do novo autoritarismo que assola o país)

Excertos da entrevista de José Gil ao Correio da Manhã: ler aqui o texto completo

(...)

De certa maneira há, curiosamente é paradoxal o que vou dizer, curiosamente há uma espécie de liberdade maior mas que não vem do poder político, é uma liberdade maior que vem dos conflitos, dos embates sociais, do facto desses embates aparecerem mos meios mediáticos e serem consciente na parte da população. Também o facto de Portugal estar cada vez mais consciente do que se passa, como se dizia antigamente, lá fora. Quer dizer, Portugal está cada vez mais lá fora, o que dá uma reacção cada vez mais dentro. E isto é devido certamente a reacções sociais, das pessoas.

….

(a mentalidade dos mais novos que nasceram já depois do 25 de Abril, da Revolução de 74 não é nova, … ) ... primeiro, porque herdam uma velha forma dos pais. E naquilo que mudam na sua vida de adolescente, de jovem da universidade ou do trabalho, pura e simplesmente, eles vão encontrar umas estruturas, vão encontrar quadros de vida, escritórios, aonde encontram, aonde vão novamente ter de se moldar aos velhos comportamentos, às velhas mentalidades.



Há realmente uma nova tendência para o autoritarismo, para uma nova forma de autoritarismo.

Jornalista – Arrogância?

- Arrogância, autoritarismo. Quer dizer, desprezo da democracia em nome da vontade autocrática de um governante ou dois.

Jornalista – É o que se passa no caso dos professores? Nomeadamente neste momento em que os professores estão na rua, manifestações imensas. Refere-se muito à não-inscrição. A não-inscrição neste caso é o Governo ignorar isso tudo?

- Totalmente. É um exemplo típico de não-inscrição. Totalmente. Não só não-inscrição. Há pior do que isso. Eu ouvi o secretário de Estado, como milhões de pessoas ouviram na televisão, o secretário de Estado Pedreira dizer, depois das assinaturas, isto foi há três dias.


Jornalista – O abaixo-assinado.

- O abaixo-assinado apresentado no Ministério da Educação. Dizendo, mas isso podia ser forjado. Quer dizer. Eu fiquei com vergonha.

Jornalista – As assinaturas.

- Quer dizer. Não são as 60 mil assinaturas. É o facto de forjar. Percebe?

Jornalista – Claro.

- Quando isto vem à cabeça de alguém isto revela a cabeça de alguém



Nós temos um Governo, mas um Governo cinzento, morno. Quem é que sobressai ali? Nada (…)não sorriem, não estão contentes com a vida, parecem mais ou menos autómatos. Há ali pessoas muito inteligentes, não se vê nada, tudo aquilo é fato cinzento. E no meio, ou por cima ou ao lado há uma pessoa que tem um sorriso sempre até às orelhas, um dos sorrisos extraordinários que não pára, pára de vez em quando, e como se a vida fosse o triunfo quotidiano do progresso e essa pessoa é o primeiro-ministro. Não é esquisito isto? Aquele sorriso não deveria contagiar os mais próximos? O sorriso e os afectos é o que contagia imediatamente. E não contagia.

...

Ponto fraco do Governo é o facto de não ter ideias.



Jornalista – Voltando à Educação. Sempre tivemos um grande défice na Educação. Os alunos são mal preparados no liceu, chegam à universidade mal preparados e chegam à vida real mal preparados. Este processo nunca foi resolvido nestes anos de democracia. E cada vez está pior, não está? De preparar as pessoas para terem um olhar lá para fora? Como professor universitário não acha isso?

- Eu não posso falar ainda porque está a ser desenvolvido, está a começar a reforma universitária, mas no que diz respeito à reforma do ensino secundário eu acho, hoje acho que é um desastre. Lamento profundamente, tenho uma amargura profunda. Olhe, eu aí tenho uma amargura pelo meu País. Realmente. Realmente eu esperava qualquer coisa, e espero ainda não sei como. Porque é isso que vai mudar o País. Nós vimos de muito longe, de muito longe de analfabetismo, de iletracia, de pobreza. Somos um País secularmente pobre em tudo. Mentalmente e materialmente pobre. E era uma maneira agora de se transformar tudo.

Jornalista – Foi uma oportunidade perdida?

- Estou convencido que as reformas que estão a ser realizadas não vão transformar o nosso País.

….

José Gil, autor de várias obras sobre Filosofia, Artes, Dança e Literatura, nasceu em 1939 em Muecate, Moçambique. Aos 18 anos foi para França onde se licenciou em Filosofia na Faculdade de Letras da Sorbone, em Paris, em 1968. Anos mais tarde doutorou-se em Filosofia na Universidade Paris VIII. Em 1976 regressou a Portugal e foi assessor do secretário de Estado do Ensino Superior do IV Governo Provisório. Em 1981 entrou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa como professor convidado, onde hoje é professor catedrático.

27.12.08

A carnificina e o martírio dos palestinianos de Gaza sob as bombas terroristas do Estado sionista de Israel

Desenhos do cartoonista brasileiro Latuff

Imagens do ataque de hoje a Gaza






Este foi um Sábado Negro para os palestinianos da faixa de Gaza. Bombas e mísseis semearam terror, morte e sangue entre a população palestiniana a braços com falta de víveres e de recursos para a sua subsistência por motivo do cerco israelita ao território palestiniano. Informações transmitidas indicam que já se contabilizaram mais de 210 mortos e quase um milhar de feridos pelos ataques do exército sionista. Trata-se do ataque mais mortífero e sanguinários do exército ocupante israelita nos últimos 40 anos.


Entretanto, o líder do movimento Hamas que governa Gaza, Ismael Haniyeh, declarou que os palestinianos nunca se renderão a Israel. Depois do ataque, militantes do Hamas lançaram novos foguetes contra o território controlado por Israel que, como se sabe, ocupa ilegalmente vastas regiões da Palestina, apropriando-se de terras e descriminando a população local.


Consultar:





O Cigano do Ano

Escolha do blogue Insónia, e que o Pimenta Negra subscreve em absoluto

26.12.08

A indisciplina escolar ou como a escola capitalista gera reacções espontâneas e inconscientes de rejeição pelos jovens estudantes

O sucesso na escola capitalista massificada, segundo as actuais políticas educativas prosseguidas pelos Estados, na era do capitalismo desorganizado que é próprio da globalização mercantil neoliberal


NOTA PRÉVIA:

Apesar de não estar inteiramente de acordo com este tipo de abordagem, aparentemente não-ideologizada de Desidério Murcho, da escola e da indisciplina escolar, considero o texto que se reproduz abaixo, com a devida vénia, um bom ponto de partida para uma reflexão e análise dos problemas ligados à indisciplina escolar e à realidade massificadora da actual escola capitalista. Esta já deixou de formar as élites e os trabalhadores qualificados, como acontecia anteriormente, passando a assumir-se fundamentalmente com funções de controle social e de tutela da juventude ( de almofada social) com a desculpa ou o pretexto de estar a garantir o direito a todos à cultura e ao ensino, quando o que realmente oferece é a domestificação dos corpos, a massificação embrutecedora de telespectadores passivos e de consumidores obedientes às mensagens dos aparelhos comerciais, enfim, à proletarização de professores e alunos segundo o padrão, já não do capitalismo do fordismo industrial, mas do capitalismo cognitivo, onde o importante é a reprodução acéfala de competências cognitivas, e a eliminação do desejo por uma educação integral, com espírito crítico de indivíduos livres, criativos e soberanos. (Nota prévia deste Blogue)


Reproduz-se a seguir a crónica de Desidério Murcho da passada terça-feira sob o título« Falta de educação?»


A indisciplina é um dos problemas com que se debatem alguns professores do ensino secundário. Contudo, nem sempre se compreende que um dos factores que explicam alguns casos de indisciplina é a desvalorização da escola. É interessante comparar o comportamento de um mesmo estudante na escola e num clube de futebol, por exemplo. O mesmo estudante que na escola é mal-educado, falsamente rebelde e uma dor de cabeça para os professores, é um aprendiz normal no clube de futebol, dedicando-se com afinco a aprender o seu desporto favorito. E no clube de futebol as regras de comportamento podem até ser mais rígidas do que na escola.

A diferença é que o valor do futebol é para esse estudante óbvio, ao passo que vê a escola como uma imposição sem sentido. A menos que a escola seja valorizada no seu meio familiar, o estudante vê as aulas e o estudo como uma tolice que tem burocraticamente de cumprir antes de ir à vida que a morte é certa.

Ora, nada tem sido feito por parte dos responsáveis educativos para tornar óbvio o valor do estudo, dos livros e da escola a quem não aprende em casa a valorizar essas coisas. Pelo contrário: ao obrigar cada vez mais os professores a fazer as vezes de dinamizadores culturais, para não dizer palhaços, retirando da escola a sua dignidade própria e tentando transformá-la em entretenimento mentecapto, os responsáveis educativos pioraram a situação. Pois quando se encara a escola desta maneira é porque se pensa que a física, a matemática, a geografia, a história, a literatura ou a filosofia não são realmente interessantes.

O oposto desta atitude é a conversa dos senhores de olhar severo que usam palavras caras na televisão para repetir sem quaisquer argumentos que essas são as coisas mais importantes do mundo, para toda a gente. Acontece que isto é uma mentira. A maior parte da humanidade nunca teve o mínimo interesse em física, matemática, história ou filosofia, e vive bem assim. Tal como a maior parte da humanidade nunca teve o mínimo interesse em saber fazer pão, saber fazer electricidade ou saber curar uma perna partida. Pessoas diferentes interessam-se por coisas diferentes.

Para a escola ser respeitada por estudantes e pais não precisamos de pregar a mentira evidente de que a matemática ou a história interessam a toda a humanidade. Tal como o estudante que aprende futebol não pensa com certeza que aquilo é a coisa mais importante do mundo; basta-lhe que seja interessante para ele, e que sinta ter talento para isso. Esta é a atitude que temos de ter na escola. A filosofia, a música erudita ou a matemática não são as coisas mais importantes do mundo. São apenas importantes para algumas pessoas. Mas para sabermos se somos uma dessas pessoas, temos de passar pela escola e estudar essas coisas da melhor maneira possível. Se não o fizermos, não saberemos se realmente nos interessa ou não. O papel da escola universal é dar a todos os estudantes esta oportunidade única, sobretudo aos que não a têm em casa.