A subversão consiste em levar uma vida filosófica na qual as virtudes dominantes da nossa época mercantil ( o dinheiro, o poder, a riqueza, a ostentação, as honras, a busca de celebridade, a futilidade, a mundanidade, a paixão pelas aparências…) sejam completamente ignoradas e substituídas sem alarde por valores pesados: ser em contraste com o ter; o poder sobre si e não sobre os outros; a indiferença em relação ao dinheiro – quer o tenhamos ou não, nada se fará para o ter; a supremacia da vida interior contra o império do olhar do outro sobre si; a recusa das honras, de que se preferirá o sentido da honra; a indiferença relativamente à celebridade – tenha-se ou não, o importante é nada fazer para a ter; o desejo de se construir em profundidade longe da superficialidade mundana, ou seja, a escultura de si como acto para si e não como ficção para o outro.
(excerto de um texo publicado na edição de Novembro da revista Lire intitulado «Mon abécédaire» de autoria de Michel Onfray)
Aristipo de Cirene
Filósofo grego (Cirene, c. 435 a.C. -?, 356 a.C.)
Aristipo foi discípulo de Sócrates e fundador da Escola Cirenaica. Ganhava sua vida lecionando e escrevendo na corte de Dionísio de Siracusa. De seus escritos, nada restou; nem mesmo fragmentos. Tudo o que se conhece da reflexão filosófica de Aristipo decorre do comentário de terceiros.
Como Sócrates, Aristipo se interessou quase que exclusivamente pela ética. Segundo o filósofo, a vida ética deveria ser praticada para atingir um fim específico que era o gozo de todo prazer imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma depêndencia dos prazeres.
Tanto a dor quanto o prazer eram vistos como uma espécie de movimento. O prazer seria um movimento leve e a dor um movimento violento. Já o êxtase, era visto como a ausência tanto de prazer quanto de dor e não era, portanto, nem agradável nem doloroso.
Frase de Arisitpo de Cirene:
«Somente o presente nos pertence, não o momento passado nem aquele que esperamos, porque um já se desfez e o outro não sabemos se virá»