Texto retirado do jornal O Primeiro de Janeiro
As desvantagens do «standby»
Representantes da Comissão Europeia da indústria e dos consumidores europeus discutiram no final da passada semana “acções concretas” para reduzir o consumo dos electrodomésticos que continuam a gastar energia mesmo depois de desligados.
Electrodomésticos como máquinas de lavar a roupa e a loiça, ou de entretenimento, como vídeos e televisões, continuam a consumir energia depois de desligados, ou seja, quando se encontram em modo «standby».
Nesse sentido, o Fórum Consultivo para o Eco-design (Desenho Ecológico) encara a possibilidade de solicitar que se imponham standards obrigatórios sobre o consumo eléctrico em «standby» na Europa, explicou a Comissão Europeia (CE), em comunicado, após um encontro entre representantes dos 27 Estados-membros da UE no final da passada semana.
De acordo com um estudo desenvolvido pela CE, a aplicação de medidas para reduzir o consumo de electrodomésticos e aparelhos de escritório que se encontram nesse modo “permitiria poupar cerca de trinta teravatios, energia equivalente ao consumo anual de um país como a Hungria”. “O nosso objectivo é utilizar a directiva europeia sobre desenho ecológico para reduzir drasticamente o consumo eléctrico do aparelhos em «standby» nas casas e escritórios”, anunciou na ocasião o comissário europeu de Energia.
“Contribuição importante”
De acordo com Andris Piebalgs, esta medida pode ser uma “contribuição importante para atingir os objectivos de eficiência energética e alterações climáticas acordados pelos Estados-membros da UE e, ao mesmo tempo, uma forma de poupar para os cidadãos”.
Um recente estudo sobre os gastos energéticos de 30 famílias portuguesas desenvolvido pela associação ambientalista Quercus, indicou que a redução nos consumos energéticos no lar passava pela “eliminação dos consumos fantasma e de«standby»”.
Para a elaboração do estudo, apresentado no passado mês de Setembro, a Quercus recolheu dados junto de 30 famílias voluntárias entre Novembro de 2005 e Abril de 2006.
Os dados analisados corresponderam aos primeiros seis meses de estudo – a fase de diagnóstico – e nesse período a organização ecologista realizou 155 visitas aos domicílios e mediu os consumos de 235 equipamentos eléctricos.
Segundo a coordenadora do estudo Ecofamílias, Rita Antunes, a principal conclusão da análise foi que “os consumos energéticos das famílias não dependem do número de pessoas que habitam dentro das casas”, mas sim “dos hábitos de utilização de equipamentos e o tempo de ocupação das habitações”.
A redução nos consumos energéticos no lar passa pela eliminação dos consumos fantasma e de standby, “substituindo as habituais fichas triplas por fichas com interruptor”, recomendou.