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8 perguntas para entender o que se passa com a Terra e o que pode fazer pelo Mundo
1. O que é o clima?
2. O que são alterações climáticas?
3. O que é o efeito de estufa?
4. O que é o aquecimento global?
5. Porque devo preocupar-me?
6. Quem é mais afectado?
7. Quem é responsável?
8. O que podemos fazer?
O que é o clima?
Vento, chuva, neve – estes são alguns dos fenómenos climáticos que definem o estado do tempo todos os dias. O clima é o comportamento mais comum do tempo meteorológico para uma determinada região durante um período alargado (cerca de 30 anos). O clima resulta das interacções que se estabelecem entre os cinco componentes do sistema climático: a atmosfera, os oceanos, a biosfera terrestre e marinha, a criosfera (água em estado sólido) e a superfície terrestre.
O que são alterações climáticas?
O clima sempre variou ao longo do tempo em função de causa naturais: alterações na radiação solar, erupções vulcânicas que podem cobrir a Terra com poeiras que reflectem o calor do sol de volta para a espaço e ainda variações naturais no próprio sistema climático. Mas nos últimos séculos juntaram-se às causas naturais as causas humanas. Desde que se iniciou a industrialização, o clima da Terra tem sofrido alterações climáticas, sob a forma de mudanças na atmosfera que se adicionam às que o planeta sempre sofreu de forma natural.
O que é o efeito de estufa?
A temperatura média da Terra poderia ser bem menos amena, caso não existissem na atmosfera certos gases. O dióxido de carbono (CO 2), o óxido nitroso, o ozono e o metano são os principais gases que impedem que todos andemos bater o dente com frio: sem eles, a temperatura média à superfície da Terra andaria pelos -15ºC. Estes gases deixam passar a radiação do sol rumo à superfície do planeta, mas absorvem parte do calor – radiação infravermelha – que a Terra devolve para a atmosfera, aumentando deste modo a temperatura. A esta contenção do calor chama-se efeito de estufa.
O que é o aquecimento global?
Quanto maior for a concentração de gases com efeito de estufa (GEE) na atmosfera, maior será a quantidade de calor que eles impedem de regressar ao Espaço, causando a subida da temperatura à superfície da Terra. Nos últimos séculos, a temperatura tem aumentado a um ritmo crescente, devido a cada vez maiores emissões de GEE para a atmosfera, sobretudo de CO 2. Estas emissões resultam da queima de combustíveis fósseis –tipo petróleo e carvão – e atingiram os níveis mais altos de sempre na década de 90 do século passado, causando um aumento da temperatura na Terra de cerca de 0,5ºC desde o início do século. Caso as emissões não sejam bastante reduzidas, em menos de cem anos o aquecimento global poderá ir até aos 5,8ºC.
Porque devo preocupar-me?
O aquecimento global tem causado a subida do nível das águas do mar (devido ao degelo dos glaciares), ameaçando as populações em zonas costeiras e certas ilhas; o aumento da intensidade das chuvas, provocando mais inundações e erosão dos solos; o crescimento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como furacões, que devastam vastas regiões, tornando-as ambientes propícios a epidemias; o avanço das regiões áridas e semi-áridas, mais vulneráveis a incêndios florestais e ainda a alteração dos habitats de numerosas espécies, colocando-as no caminho da extinção. Tudo isto irá continuar por pelo menos mais cem anos, garantidos pelos GEE já enviados para a atmosfera. O economista Nicholas Stern demonstrou que, caso nada seja feito, a economia mundial poderá entrar numa recessão sem precedentes – com os jovens na linha da frente dos desempregados. Ou seja, o mal já está feito; resta-nos adaptar-nos e evitar que cresça para um mal maior.
Quem é mais afectado?
Os países pobres/em desenvolvimento, embora sejam quem menos polui, mostram-se mais vulneráveis às alterações climáticas, pois dispõem de menos meios para se adaptarem e para enfrentarem as consequências dessas mudanças. Em África – o continente mais afectado pela fome – a produção agrícola é muito sensível às variações no clima e as economias estão muito dependentes do sector agrícola. Além disso, os desastres naturais e as secas reduzem o tempo de que rapazes e raparigas dispõem para frequentar a escola. As alterações climáticas podem agravar as desigualdades existentes entre homens e mulheres nestes países: aumentarão as dificuldades no acesso aos recursos, especialmente à água e à lenha, o que implicará um acréscimo de trabalho para as mulheres; forçarão mais migrações masculinas em busca de trabalho, com a consequente carga adicional nas responsabilidades e tarefas femininas. As alterações climáticas foram ainda responsáveis no ano 2000 por aproximadamente 2,4% dos casos de diarreia em todo o mundo e por 6% dos casos de paludismo em alguns países em desenvolvimento. Muitas doenças infecciosas, como a malária e a febre amarela, ou transmitidas por alimentos e água, como a diarreia e a cólera, são sensíveis a mudanças nas condições climáticas. Em algumas regiões, o risco estimado de diarreias para o ano 2030 é 10% maior do que na ausência de alterações climáticas. O acréscimo no número de inundações trará consigo um aumento no risco de afogamentos, diarreias e doenças respiratórias, bem como fome e subnutrição. Considerando os cenários previstos de emissões de GEE, também aumentarão as doenças derivadas da contaminação do ar nas grandes cidades nos países em desenvolvimento. Nestes, a escassez de combustíveis “limpos” – como a energia solar – afecta directamente as habitações das zonas rurais, que dependem da lenha, do estrume, dos resíduos das colheitas e do carvão para a cozinha e para o aquecimento. A contaminação do ar em lugares fechados derivada da queima deste tipo de combustíveis causa por ano mais de 1,6 milhões de mortes, principalmente entre mulheres e crianças.
Quem é responsável?
Os países ricos/desenvolvidos foram responsáveis por quase 80% da queima de combustíveis fósseis de 1900 a 1999. Mas alguns países pobres/em desenvolvimento, como a China e a Índia, estão a aumentar rapidamente as suas emissões devido ao forte crescimento económico. Enfim, há responsabilidades partilhadas, mas diferenciadas: são os países mais ricos, entre os quais Portugal, quem tem maior responsabilidade na redução das emissões e em ajudar os países pobres a adaptarem-se às consequências das alterações climáticas.
O que podemos fazer?
Algumas das medidas para reduzir as emissões para a atmosfera de gases com efeito de estufa são:
• a redução do consumo de combustíveis fósseis (mediante a utilização de energias mais limpas, coma a solar, ou poupando energia);
• o incentivo à utilização eficiente da energia;
• a captação do metano emitido pelas lixeiras para posterior queima ou para utilização como biogás;
• o desenvolvimento da captação de carbono através actividades como a gestão florestal (pois os bosques são captadores naturais de CO 2).
Existem ainda numerosas opções para uma melhor adaptação às alterações climáticas e para minimizar os seus danos previsíveis:
• desenvolvimento de medidas de protecção face à subida do nível das águas do mar;
• melhoria dos sistemas de saúde;
• conservação e recuperação de ecossistemas naturais (como p.e. os mangais, que actuam como barreiras contra tempestades e inundações);
• desenvolvimento de infraestruturas adaptadas a fenómenos meteorológicos extremos;
• adaptação da agricultura a condições climáticas difíceis (como p.e. a utilização de espécies resistentes e o acesso melhorado a seguros agrícolas);
• ordenamento dos recursos hidrológicos de modo a garantir o acesso à água e a minimizar os riscos de secas e de inundações;
• em geral, incluir os riscos climáticos nos planos de ordenamento do território.
Nenhuma destas medidas é possível sem um compromisso dos Governos. Enquanto cidadãos dos países mais desenvolvidos, temos uma responsabilidade acrescida para exigir aos nossos governantes que façam mais pelo nosso mundo. Em especial, temos de exigir-lhes que não só façam melhor aqui, mas também que ajudem os governos dos países mais vulneráveis a responder às consequências das alterações climáticas. Temos de exigir-lhes que concedam mais Ajuda Pública para o Desenvolvimento de modo a que os países pobres consigam atingir os 8 Objectivos do Milénio e ainda que libertem fundos adicionais para que esses países possam apostar num desenvolvimento limpo.