12.3.07

Filo-café no Porto no próximo dia 24 de Março. Inscrevam-se e apareçam.

Consultar e informações:

Filo-Café: Ritos e Rituais
24 Março 2007, 21h 30
Clube Literário do Porto
Rua Nova da Alfândega, 22Porto
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Estão abertas as inscrições para o próximo filo-café.
As áreas de inscrição envolvem o Pensamento, Antropologia, Poesia, Música, Fotografia, Vídeo-criação, Performance
Durante o Filo-Café será apresentado o livro Amalaya (poesia, bilingue castelhano-português) de Sílvia Zayas.
As inscrições devem ser enviadas para incomunidade@yahoo.com.ar indicando nome, proveniência e área de inscrição. Também para o mesmo endereço podem ser enviadas criações, nas diversas possibilidades que o suporte blogue admite, para eventual publicação em pequeno dossier sobre o tema.
Todas as informações:00351.965817337
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Instruções para comer terra
1. Chegar o ouvido à língua da terra:A sua história infeliz repete lagartos falantes. Aprendo a sua linguagem.
2. Reptar, deixar que entre:A minha boca mastiga terra. Recinto fechado sem mundo. Meço as minhas entranhas como quem mede um pássaro. Sento-me na pedra contorcionista com as pernas para o cume da montanha. Dói.
3. Avançar uns metros:Deixo espaço, imito o som da gravilha quando o vento brinca com ela. Fumo a poeira para cima, faço-me minúscula e plana. Alambrados rente a mim esburacam-me as costas com as suas fauces metálicas.
4. Olhar para cima com a boca cheia de terra:Tudo se alarma longe, grande. Reza inatingível o feixe de luz e não me remenda sacramento nenhum.
5. Medir o movimento:Tenho medo ao barulho do meu corpo.
6. Deixar-se estar em silêncio:Habito uma Madragoa com pelagens do mamífero que não esteve nunca. Cobre-me a mão da noite, com o mal que lhe tenha dado algum animal pré-histórico, quero deter o tempo como a mentira do chapeleiro que atascou os seus relógios à hora combinada, para acocorar-me em alguma estrela.
7. Fazer um ritual inútil com cardos e folhada (que não mudará o mundo):Golpeio madeira como louca, a louca da terra, a louca da raiz, a louca loucura.
8. Conhecer / amanhecer:Procuro um pássaro para alimentar-me do seu voo, com desejo exacto de ave e de segar o ar em tantos pedaços como pari a alma. Súbito e pele, caminha-me por cima o vesgo e olha para mim atravessado. Ata-me ao verso. Enfeitiça-me ao malefício do verso, ao seu estigma, à sua dificuldade de ser quotidiana.
9. Gritar AMALAYA:
Levanto-me atordoada. Malhayada*, decido o movimento. O vesgo é o poeta e dá-me o encantamento do olhar. Já não há prodígio nenhum que me devolva a cegueira.
10. Já de pé, avançar aos saltos pela circunferência do mundo.
Sílvia Zayas
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Alberto Augusto Miranda
Rua Diogo Cão, 1239 - 3º Dto4200-262 Porto
Tm: (00351) 965817337