A religião parece que está outra vez na moda, para isso bastando presenciar os canais de televisão que ocupam tempo e espaço ao assunto seja por causa de visitas ou declarações papais, seja pels múltiplas referências ao islamismo que hoje invadem o panorama audiovisual.
Acontece que o significado etimológico de religião é re-ligar, isto é, estar unido ou atado a Deus. Se lermos os Padres da Igreja, como Lúcio Cecilio, Santo Agostinho, Isidoro de Sevilha, todos eles coincidem na ideia de que a religião é assim chamada por os seus crentes estarem ligados a Deus.
Mas se assim é, então o que devemos falar na actualidade será mais de arreligião do que outra coisa, já que hoje em dia tanto as grandes religiões como as seitas não pregam essa tal ligação a Deus, uma relação espiritual com o divino, mas pedem-nos antes que nos sujeitemos aos líderes religiosos, e às suas homilias e directrizes. São eles que se arrogam em iluminados e que nos dizem o que devemos e não devemos fazer.
Ou seja, a religião converteu-se em ideologia, num conjunto de normas e ritos a cumprir, numa dotrina formatada pelos dirigentes religiosos e que nos diz o que devemos fazer. São eles que são os intérpretes da «verdade» e a eles devemos obedecer
Que a religião continua a ter uma imensa influência, isso ninguém dúvida. Mas também é inquestionável que a sua rejeição aumenta cada diaque passa. Rejeição que se dirige sobretudo àquelas instituições e figuras que pretendem representar ou ser os representantes da vontade de Deus !!!
Por tudo isso é que podemos dizer que nas nossas sociedades contemporãneas mais do que ateísmo devemos falar sobretudo de anticleicalismo, pois é mesmo disso que se trata, bastando ir às nossas aldeias e vilas para ouvir as múltiplas censuras que o povo vai dizendo, em surdina, dos padres e bispos, isto é, dos funcionários da Igreja