13.1.07

A pegada carbónica do Rali Lisboa-Dacar - leiam que é elucidativo...

Por Helena de Sousa Freitas, da Agência Lusa.

As emissões de dióxido de carbono (CO2) associadas ao combustível gasto no Dacar 2007 totalizam 3.625 toneladas e poderiam ser compensadas plantando 620 hectares de floresta,
ou seja, uma área semelhante ao território de Gibraltar e três vezes superior a todo o Principado do Mónaco.
Isto contabilizando apenas as emissões das viaturas durante a competição, pois os números seriam maiores se fossem equacionados outros aspectos, caso do CO2 produzido pelas deslocações dos espectadores que vão assistir ao arranque da prova.
A "pegada carbónica", como é designada, foi calculada pela entidade Carbono Zero, a pedido da agência Lusa, e teve por base os gastos de combustível previstos pela organização do Dacar e divulgados na sua página de Internet, alojada em www.dakar.com.
Segundo o sítio da prova, tal como em 2006, este ano serão gastos 600 mil litros de Jet A1 pelos aviões, 250 mil litros de Avgas pelos carros, 500 mil litros de gasóleo pelas diversas viaturas ligadas à prova e 140 mil litros de fuel pelos helicópteros.
No caso dos helicópteros, a Carbono Zero (uma infra-estrutura da E.Value - Estudos e Projectos de Ambiente e Economia) considerou que o combustível utilizado será querosene, uma vez que "fuel" é uma designação muito genérica.
De salientar que, além do CO2, outros gases com efeito de estufa - metano e óxido nitroso - são emitidos durante o funcionamento dos motores de combustão interna, embora em níveis mais reduzidos, não tendo estes integrado o cálculo efectuado.
De acordo com Maria João Gaspar, da Carbono Zero, "para compensar as 3.625 toneladas de CO2 emitido seria necessária, em média, a capacidade de sequestro [absorção] de dióxido de carbono de 620 hectares de floresta durante um ano".
Este é um valor médio, "uma vez que a capacidade de sequestro de carbono de uma área florestal depende fortemente de diversos factores, como as espécies existentes e as características dos solos e do clima do local", esclareceu ainda a responsável.
Ao mesmo tempo que procura compensar as emissões de dióxido de carbono através da plantação de árvores, a Carbono Zero acautela que "sejam escolhidas apenas espécies autóctones" e exclui "todas as que são consideradas invasoras", explicou também Maria João Gaspar.
"Tendo em conta a rapidez do seu crescimento, os eucaliptos fariam o resgate do CO2 muito mais depressa do que outras árvores, mas essa espécie não é considerada, optando-se, em Portugal, pelo pinheiro-manso ou pinheiro-bravo e pelo sobreiro", indicou à Lusa.
Para diminuir o efeito nocivo das emissões de CO2 - compensando o planeta pela poluição causada - os organizadores de qualquer evento podem apostar na plantação de árvores, dispondo a Carbono Zero de várias áreas já florestadas.
"Temos duas áreas na zona da península de Setúbal e uma na Tapada Militar de Mafra, contígua à Tapada Nacional, e que, após ter ardido parcialmente em 2003, foi plantada por iniciativa da organização do Rock In Rio em Lisboa 2006".
No caso do festival, foi apurado um total de 3.883 toneladas de dióxido de carbono, tendo a maior fatia de emissões (55 por cento) resultado das deslocações do público, dado que muitos espectadores vinham de pontos distantes da capital e preferiram o automóvel.
Para equilibrar estas emissões, foram plantados 18 hectares de floresta (cerca de 19 mil árvores) com capacidade de resgate do CO2 ao longo de 30 anos.
Segundo a Carbono Zero, apesar da proximidade das emissões (3.883 toneladas para o festival e 3.625 para a prova desportiva), os hectares do Rock In Rio são muito inferiores aos apontados para o Dacar 2007, "porque quanto mais se alongar o período de tempo em que se pretende compensar as emissões, menor é a área a plantar".
Face às estimativas sobre as emissões da prova, a agência Lusa tentou contactar a organização do Dacar 2007 para saber se está a ser equacionada alguma forma de compensar a poluição mas, devido à proximidade do arranque da competição, não obteve informações
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