As lógicas dos impérios têm muito em comum e será, pois, oportuno relembrar o que se passou quando um governador imperial britânico, Sir Stamford Raffles, visitou uma das ilhas da Indonésia, no final do século XIX. Aqui as populações viviam autonomamente, graças a uma vida frugal e às palmeiras espontâneas locais que lhes forneciam tudo aquilo de que necessitavam.
Afirmou então o Governador: «Mas estas pessoas são ingovernáveis!».
Queria ele dizer que eram ingovernáveis porque não havia nada que o poder lhes pudesse dar e que elas quisessem ou precisassem.
Perante isso, é evidente que o governo sob a chefia do dito Governador foi forçado a deitar abaixo as «malditas palmeiras» a fim de tornar as populações locais dependentes e, por conseguinte, governáveis.
As ideologias das missões, da colonização e do «desenvolvimento»
Antes da colonização, a ideologia da missão dividia os seres humanos em cristão e pagãos, tendo os primeiros o «dever» de levar a «fé» aos pagãos.
A ideologia da colonização, surgida no século XVIII dividia os seres humanos em civilizados e selvagens, competindo aos civilizados a tarefa de levar a «civilização» aos «selvagens».
A partir da II Grande Guerra Mundial começa-se a falar e a fazer-se a distinção entre desenvolvimento e subdesenvolvimento: os seres humanos são então divididos em ricos e pobres, cabendo aos ricos ajudar os «pobres» de forma a estes se tornarem «ricos». Esta ideologia do «desenvolvimento» aparece nos Estados Unidos e visa substituir a ideologia da colonização, já que os próprios Estados Unidos tinham sido colónias pelo que dificilmente poderiam aceitar a ideologia da colonização.
Hoje em dia em plena época do capitalismo financeiro e da globalização capitalista o termo subdesenvolvidos toma um tom pejorativo e passa-se a estabelecer diferenças na base do maior ou menor grau de industrialização, aparecendo então a distinção entre 1) países industrializados; 2) Novos países industrializados; 3) Países em Desenvolvimento.