Texto-comunicado da
www.federation-anarchiste.org
O escândalo da abertura de bordéis gigantes (hiper-bordéis) na Alemanha não pára de aumentar à medida que se aproxima o Mundial do futebol. O desporto-negócio sempre estimulou o mercado da prostituição em paralelo aos grandes acontecimentos desportivos. E a legalização da prostituição além-Reno permite aos capitalistas explorar daqui para a frente mais esta mina financeira. Recorde-se que o maior bordel da Europa – o Artémis – pode acolher em Berlim 650 clientes para 100 prostitutas e isto não é senão um começo…
A consequência directa da criação do Artémis é a chegada de milhares de prostitutas vindas dos países economicamente dependentes ( Europa do leste, mas também da América Latina). Trata-se de um verdadeiro tráfico de carne humana, orquestrado para favorecer os empresários do Artémis e de todos os proxenetas que consideram as mulheres como mercadorias e encaram os clientes como consumidores de produtos de supermercado.
Estes bordéis são a consequência de uma sociedade iníqua onde a lógica do lucro predomina: enchem-se de mulheres «a render», a quem convencem com rendimentos «fáceis», sem qualquer protecção social. Artémis é o sonho de todos os patrões e, principalmente, a consequência da degradação dos direitos sociais e da precarização generalizada. A indústria da prostituição é de tal modo lucrativa que o investimento de 6,4 milhões de euros fica quase pago em 6 meses. Os promotores do Artémis reivindicam-se do modelo do MacDonald ... Trata-se na verdade de um dos mercados mais lucrativos, juntamente com o das armas e o das drogas.
A legalização da prostituição na Alemanha e nos Países Baixos não mudou o problema de fundo e se a legalização permitiu a saída de uma situação hipócrita de invisibilidade, o certo é que não trouxe a melhoria das condições de vida de numerosas prostitutas: precariedade, suicídio, reféns de redes mafiosas, violências, drogas, etc. De resto, o efeito foi aumentar o número de prostitutas em situação de precariedade: estima-se que 25% das prostitutas do Artémis sejam mulheres sem papéis legais. E a situação piora quando se sabe que os serviços sociais alemães estão impossibilitados de fazer um trabalho de informação e de investigar as condições de prevenção e de higiene porque simplesmente os seus elementos não poderão entrar !!!
O Estado alemão tem inteira responsabilidade por esta situação uma vez que é ele que vai embolsar dinheiro fácil graças a esta mina que é o turismo sexual. E não se esqueça que em França as leis de sarkozy preferem criminalizar as prostitutas do que os proxenetas e os clientesA crescente pauperização causada pela economia liberal estimula e desenvolve a prostituição, pelo que a melhor forma de lutar contra os bordéis organizados é combater a favor da igualdade social e pela partilha de riquezas.Por natureza, o Estado prefere sempre salvaguardar os interesses dos capitalistas.Combater os bordéis e a prostituição é lutar contra o capitalismo e a ordem patriarcalPor um mundo solidário, igualitário e de amor livre.
Fédération anarchiste, le 4 juin 2006