27.5.06

As vergonhosas praxes nas escolas portuguesas e a realidade que elas ocultam…



Não resistimos a reproduzir as seguintes notícias( a primeira do JN e a segunda do Público), seguida de um comentário retirado de:
http://matarbustos.blogspot.com

Um terço concorda com praxe violenta

Mais de 80% dos alunos inquiridos dizem-se favoráveis à discriminação sexual na praxe e recusam qualquer revisão do respectivo código que conduza à igualdade de direitos
Quase um terço (32,3%) dos alunos da Universidade de Coimbra (UC) concorda com a prática de actos de "violência física ou simbólica" no âmbito da praxe académica.
Esta é a extrapolação que se pode fazer de um inquérito, realizado pelo sociólogo Elísio Estanque e pelo historiador Rui Bebiano, a que responderam 2819 alunos.
Os resultados do trabalho serão apresentados no colóquio internacional "Movimento Estudantil Dilemas e Perspectivas", hoje e amanha na Faculdade de Economia da UC.
À pergunta sobre se a praxe "deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica", responderam "sim" 67,7% dos alunos inquiridos.
O inquérito revela, também, que "28% dos alunos discordam da ideia de que praxe deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderir". Mais de 80% dizem-se favoráveis à discriminação sexual, recusando qualquer revisão do código da praxe que igualdade os direitos de homens e mulheres. Só 3% dos alunos defendem que a praxe "deve ser completamente abolida, pois é uma violência".
O Cortejo da Queima das Fitas, o uso de traje e a Bênção das Pastas são os rituais académicos a que um maior número de alunos atribui a importância máxima.
Quase um quinto dos inquiridos (18,4%) admite que não lê livros e 29,6% utilizam automóvel próprio nas deslocações diárias, revela o inquérito realizado por Elísio Estanque e Rui Bebiano no âmbito do projecto"Culturas Juvenis - Diferença, Indiferença e Novos Desafios Democráticos", com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
O carácter cada vez mais regional da UC é confirmado no estudo 20,1% dos alunos tem a família a residir no concelho de Coimbra; 15,2% no resto distrito; e 35% no resto da região Centro.
Os dois investigadores do Centro de Estudos Sociais verificaram igualmente que 30,5% dos alunos são filhos de profissionais não qualificados, 23,5% de quadros dirigentes ou intermédios, 21,1% de empregadores e 14,6 de trabalhadores por conta própria.Quanto ao local de residência dos alunos, o estudo conclui que 22,1% moram no centro histórico de Coimbra, 55,8% em outros bairros dentro da cidade e 10,8% na periferia. Há 29,7% dos alunos a viver com colegas em apartamentos arrendados, 24,7% com os pais, 23,5% em quartos arrendados a particulares, 9,6% em residências universitárias, 8,8% em apartamentos próprios ou dos pais (mas independentes), 2,4% em casa de outros familiares e 1,1% em repúblicas.Quinze por cento dos inquiridos são filiados em algum movimento, organização não governamental ou partido político

Fonte: Jornal de Notícias


Praxes: 32,3 por cento dos estudantes de Coimbra defendem violência

Um inquérito na Universidade de Coimbra revela que 32,3 por cento dos estudantes concordam com "actos de violência física ou simbólica" durante a praxe académica. O presidente da Federação Académica do Porto (FAP) está surpreendido com os resultados e frisa que na Universidade do Porto as práticas violentas são condenadas.
"Surpreendem-me estes resultados porque as práticas de violência são conde nadas pela nossa academia", frisou Pedro Barrias.Os resultados do inquérito, a que responderam 2819 alunos de Coimbra, hoje revelados pelo "Jornal de Notícias", mostram também que 28 por cento dos alunos não concordam que a praxe seja "facultativa", números que também surpreenderam Pedro Barrias, que defende que a praxe deve ser "facultativa e voluntária"."Fico surpreendido [por] estudantes em plena consciência considerarem que a praxe deve ser obrigatória, quando se trata de uma recepção a novos alunos na vida universitária que deve ser partilhada por todos e não deve ser imposta a ninguém", comentou o presidente da FAP.Quanto ao facto de 80 por cento dos estudantes de Coimbra inquiridos se dizerem favoráveis à discriminação sexual e recusarem qualquer revisão do código da praxe que iguale os direitos de homens e mulheres, Pedro Barrias preferiu não comentar estes números por se tratar de uma questão muito específica, que depende de cada conselho de veteranos.Este órgão é específico de cada instituição e define as suas próprias regras relativamente aos procedimentos a ter durante a praxe. Afirmou, no entanto, que no Porto não existe um código de praxe mas sim um conjunto de regras transmissíveis oralmente.
Fonte:
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1258233


Comentário às notícias pelo autor do blog
http://matarbustos.blogspot.com


«Quando estas 'crianças' começarem a governar veremos surgir em força a extrema direita no país e -- quiçá -- o retrocesso à ideologia fascista. Que tristeza, que cambada de intelectuais da treta.



É que a praxe faz as delícias dos arrogantes que serão um dia patrões e políticos. Mais: como não há poleiros para todos, os restantes aprendem cedo a baixar a bolinha e a lamber botas, vencidos pela progressão em cunha, entregando-se à submissão cega das hierarquias de compadrio. Assim se perpetua e agrava a pasmaceira do tuga obediente. Sobram uns poucos para 'levar' da mole alienada a incompreensão indignada por não alinharem no jogo preverso da sociedade da competição.

A praxe é a imagem da conduta das hierarquias governamentais e empresariais. O jovem estudante que só a vê como brincadeira corre o risco de se tornar mais uma vítima da selva de autómatos amestrados.
Questionar é fundamental.»