27.1.06

Democracia ecológica


A democracia ecológica não deve ser confundida com a democracia representativa nem muito menos com a forma republicana de governar.

A democracia em geral refere-se ao governo do povo, enquanto na democracia ecológica dá-se voz também não só ao povo como ainda à natureza.
Note-se, no entanto, que a democracia ecológica não pode alcançar-se sem uma autêntica democracia participativa de base, nem ainda na ausência de uma consumada democracia económica e social.

Há quem indique como características de uma democracia ecológica os seguintes elementos:

- Sabedoria ecológica
-Responsabilidade pessoal e social
-Valores pós-patriarcais
-Descentralização
-Perspectivas de futuro
-democracia participativa de base
-respeito pela diversidade
-Economia baseada na sociedade
-Não violência
-Responsabilidade mundial


A democracia ecológica não se limita ao processualismo democrático nem à chamada democracia representativa. Envolve quer a democracia económica como ainda a satisfação de necessidades que não sejam meramente físicas.
A este propósito, o sociólogo Manfred Max-Neef aponta fundamentalmente nove necessidades básicas:

-a subsistência
- o afecto
- a compreensão
- a participação
- o ócio
- a criação
- a identidade
- o sentido
- a liberdade


Por seu turno, a conhecida ecologista Wangari Maathai ( Prémio Nobel da Paz de 2004) esboçou alguns princípios da democracia ecológica:

- eliminar a pobreza
- estabelecer um comércio justo e respeituoso com o meio ambiente
-inverter o fluxo líquido dos recursos entre o Sul e o Norte
-reconhecer as responsabilidades do que está a suceder no mundo das indústrias e das grandes empresas
-modificar os modelos de consumo depredadores
-internacionalizar os custos ambientais e sociais dos recursos naturais
-assegurar um acesso equitativo a tecnologias ambientais sãs e aos seus respectivos benefícios
-redireccionar os gastos e as despesas militares para objectivos sociais e ambientais
-democratizar as instituições sociais e as estruturas de tomada de decisões locais, nacionais e internacionais.


( excertos do livro de Franz J. Broswimmer, Ecocídio)