Fui para os bosques porque desejava deliberadamente viver, enfrentar apenas os factos essenciais da vida, e ver se poderia aprender o que ela tinha para ensinar, em vez de, quando estivesse para morrer, descobrir que não tinha vivido.Não desejava viver o que não era vida, viver é algo de precioso; não desejava igualmente praticar a renúncia, a não ser que fosse absolutamente necessário. Queria viver e, profundidade e sugar toda a medula da vida, viver com tanto vigor e de modo tão espartano que conseguisse desbaratar tudo o que não fosse a vida, cortar uma larga trilha de trigo e ceifá-lo raso, empurrar a vida contra uma esquina; reduzi-la aos seus termos mais humildes, e, se eles provassem ser escassos, apreender a inteira e genuína mesquinhez dela, e apregoar a sua mesquinhez ao mundo; ou se ela fosse sublime, sabê-lo por experiência, e ser capaz de apresentar um relato verdadeiro dela na minha próxima excursão. É que a maioria dos homens, parece-me, encontram-se numa estranha incerteza acerca dela, se ela pertence ao diabo ou a Deus, e concluíram um pouco apressadamente que a principal finalidade do homem neste mundo é «glorificar Deus e gozá-lo para sempre»
Henry David Thoreau
In Walden
O que me tenho vindo a preparar para dizer é que na natureza selvagem reside a preservação do mundo…A vida consiste em vida selvagem. O mais vivo é o mais selvagem. Não estando ainda subjugado pelo homem, a sua presença retempera-o…Quando quero re-criar-me a mim próprio, procuro o mais sombrio bosque, o pântano mais espesso e, para o citadino, o mais triste. Entro aí como num lugar sagrado, num Sanctum sanctorum. Aí está a força, o tutano, da Natureza.
Em resumo, todas as boas coisas são selvagens e livres.
H.D. Thoreau,
in «Thoreau’s visions: the major essays»