7.8.05

Quando os Estados Unidos se preparavam para invadir Portugal

Algum tempo depois do 25 de Abril e face ao desencadeamento de um processo revolucionário que se lhe seguiu o governo norte-americano acompanhava de perto o desenrolar dos acontecimentos em Portugal, até pelo facto do país ser um membro fundador da aliança militar que é a Nato.
Numa primeira fase enviou observadores ( serviços secretos) para o terreno, isto é, para Portugal. Toda a gente sabia ,por exemplo, que o embaixador americano em Lisboa era um alto funcionário da Cia, em «comissão de serviço» em Portugal, cujo trabalho foi, de resto, reconhecido quando anos mais tarde esse mesmo Embaixador chegou à Chefia da Agência Nacional de Segurança (vulgo, CIA) dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo o governo americano abria os cordões à bolsa e criava linhas de financiamento para as forças contra-revolucionárias portuguesas. É graças aos dólares americanos e aos marcos alemães que é criada a UGT, a actual central sindical social-democrata. São criados também jornais contra-revolucionários e até mesmo de direita mais extremista, com a ajuda dessas verbas disponibilizados pelas agências de informação dos serviços governamentais, com o claro objectivo de desinformar e intoxicar a população contra o «papão comunista» e o «perigo da anarquia».
Como tais operações não fossem suficientes para travar a dinâmica revolucionária em Portugal os Estados Unidos começaram a recorrer à força armada para abafar a revolução portuguesa.
Surgiram assim várias redes terroristas de carácter contra-revolucionário patrocinadas na sombra pelos serviços secretos americanos.
Mas como isso não chegasse o governo norte-americano começou seriamente a pensar numa intervenção militar no território português para que deu ordem para a realização por mais de duas vezes durante ano de 1975 de manobras militares da Esquadra da Nato que simularam inclusivamente desembarques nas praias atlânticas do Alentejo.
Afinal não foi necessário desembarque nem invasão. Os homens de mão dos americanos estiveram á altura da encomenda que lhes tinha sido ordenada.
Assim se explica que o golpe militar reaccionário do 25 de Novembro de 1975 que veio a instaurar a Recuperação Capitalista tenha tido como centro de operações a base aérea da Nato em Cortegaça, perto de Ovar.
Daí partiriam as ordens e os aviões que vieram a intimidar e atacar as força revolucionárias que exigiam transformações profundas na organização social no sentido de criar uma sociedade socialista, tal como se encontra ainda na actual Constituição da Republica Portuguesa, mas que não passa de letra morta para os nossos políticos e governantes para os quais a Lei e a Constituição só devem ser seguidas e respeitadas quando estiverem ao serviço dos interesses da classe dominante dos capitalistas e aos americanos.