No século IV a.c., a Grécia está sob a tutela da Macedónia. Alexandre acaba de morrer, os generais lutam entre si, e as cidades gregas perdem a sua autonomia. Epicuro (341-270 a.c.) nasce na ilha de Samos, segue o ensinamento de vários mestres, põe-se a viajar e acaba por fundar uma escola de filosofia em Atenas: o Jardim.
As mulheres e os escravos eram bem-vindos e admitidos no «Jardim», coisa rara para a época. A influência da sua filosofia foi enorme nos séculos seguintes. A verdade, porém, é que a sua filosofia foi objecto de frequentes deturpações. Epicuro buscava a «felicidade», o prazer, e os meios mais simples para os alcançar.
Não raro procurou-se converter o epicurismo numa busca do puro prazer, no sentido moderno do termo. Certo é que os cristão nunca pararam de o criticar. Mas os enganos multiplicaram-se sobre um pensamento mais próximo do ascetismo que do hedonismo.
O epicurismo opera uma distinção entre os prazeres que são naturais e necessários, como comer, beber, e aqueles que, apesar de serem naturais, não são necessários, como comer uma refeição farta, ou beber muito. Relativamente aos prazeres que não são nem naturais nem necessários, como a procura de poder, de homens ou de riquezas, tais procedimentos só podem trazer instabilidade e desequilíbrio. Perante isto, só o primeiro género de prazeres deve ser seguida: a vida feliz baseia-se na moderação dos desejos, e nas coisas simples. Epicuro suprime todas as necessidades supérfluas. Não é preciso, de todo, multiplicar os nossos desejos, que acabam por nos alienar. Precisamos de nos acautelar relativamente as estes prazeres não naturais que nos acabam por nos prender.
O epicurismo opera uma distinção entre os prazeres que são naturais e necessários, como comer, beber, e aqueles que, apesar de serem naturais, não são necessários, como comer uma refeição farta, ou beber muito. Relativamente aos prazeres que não são nem naturais nem necessários, como a procura de poder, de homens ou de riquezas, tais procedimentos só podem trazer instabilidade e desequilíbrio. Perante isto, só o primeiro género de prazeres deve ser seguida: a vida feliz baseia-se na moderação dos desejos, e nas coisas simples. Epicuro suprime todas as necessidades supérfluas. Não é preciso, de todo, multiplicar os nossos desejos, que acabam por nos alienar. Precisamos de nos acautelar relativamente as estes prazeres não naturais que nos acabam por nos prender.
O pensamento de Epicuro torna-se, nos dias que correm, uma voz a ouvir. Ele viveu, tal como nós, numa sociedade despolitizada, e a sua filosofia pode ser vista como um convite para uma auto-reflexão, um caminho para a felicidade. Vinte e cinco séculos depois de ter vividos, não faltam os convites para o «expansão pessoal», e os magazines encarregam-se de vender cada um a sua receita…Mas, ao contrário do vendedores de felicidade e das ilusões, Epicuro não vê no consumo de bens materiais uma forma de atingir a felicidade. Muito pelo contrários, ele seria hoje o primeiros a estigmatizar os nossos hábitos de conforto, a nossa necessidade imperiosa de nos deslocarmo-nos a toda a velocidade, a nossa necessidade de comer carne três vezes por semana…Ora todos estes prazeres, que muitos de nós colocam no centro da sua vida, tornam-nos cegos sobre aquilo que o filósofo grego chamaria a felicidade: a simplicidade voluntária.
(texto de Sophie Divry, publicado no nº 26 de La Décroissance, le journal de la joie de vivre)