12.4.05

Manifesto da Sexpol ( Wilhelm Reich)

O que é o caos sexual?

- é invocar no leito conjugal a lei do "dever conjugal";
- é contrair uma ligação sexual por toda a vida sem ter previamente conhecido o parceiro quanto à sexualidade;
- é deitar-se com uma rapariga proletária e, ao mesmo tempo, não exigir o mesmo de uma rapariga burguesa "respeitável";
- é a lubricidade de uma sórdida vida de prostituição ou a espera da noite de núpcias, por abstinência;
- é fazer culminar a potência viril no desfloramento;
- é, aos 14 anos, despir mentalmente, com avidez, de cima para baixo, uma gravura de mulher, e depois, aos 20 anos, participar na cruzada nacionalista em prol da pureza e da honra da mulher;
- é tornar possível a existência de tresloucados e inculcar os seus fantasmas perversos a dezenas de milhar de jovens;
- é castigar os jovens pelo delito de auto-satisfação e fazer acreditar aos adolescentes que, pela ejaculação, perdem a espinal-medula;
- é tolerar a indústria pornográfica;
- é excitar a mocidade com filmes eróticos, retirar daí lucros, mas recusar-lhes a satisfação sexual, apelando, ainda por cima, para a cultura.




O que não é o caos sexual?

- é desejar por um amor recíproco, o mútuo abandono sexual, sem atender às leis estabelecidas e preceitos morais, e agir em consequência;
- é libertar as crianças e adolescentes dos sentimentos de culpabilidade sexual e deixá-los viver conforme as aspirações da sua idade;
- é não se casar nem se ligar duravelmente sem ter conhecido o seu parceiro, quanto ao sexo;
- é não procriar filhos a não ser que os deseje e os possa criar;
- é não reclamar de alguém um direito ao amor e ao abandono sexual;
- é não matar o parceiro por ciúme;
- é não ter relações com prostitutas mas com amigas do seu meio;
- é não fazer amor atrás dos portões, como os adolescentes fazem hoje, mas fazê-lo em quartos sem ser perturbado;
- é não manter um casamento infeliz e fatigante, por um escrúpulo moral.

O movimento cultural revolucionário não vencerá se não forem resolvidas estas questões

(publicado no jornal Sexpol, de 1936)