Ano 20.311...
... no decorrer dos tempos a verdadeira natureza dos problemas ia-se revelando aos olhos alucinados da plebe.
Um dos descobrimentos mais marcantes foi, sem dúvida, o episódio dos “ladrões do tempo”:
Nos primeiros anos do 3º Milénio ( por volta de 2002) havia um grupo de indivíduos que tinham curiosamente a missão, ou a profissão, de fazer perder tempo aos demais. Havia-os de todas as categorias e género: eram os funcionários que faziam parar o tempo na burocracia do Estado, ou empresarial, até àqueles personagens cuja única missão era sair aos fins de semana para fazer perder tempo àqueles de também saíam para viver
...a missão destas pessoas era realmente fazer com que a vida livre em conjunto fosse impossível.
Estavam ainda na Internet, inundando de publicidade os diversos sites, fazendo impossível ler o correio electrónico, que chegavam ininterruptamente com aquele lixo, ou de outra forma qualquer, de tal modo que o resultado era uma sobredose de informação, completamente impossível de ser absorvida.
Estavam igualmente na rua, assaltando-te com panfletos publicitários, e todos os outros transeuntes, a quem abordavam sem parar de maneira a fazer-lhes perder tempo, e convertendo o contacto humano em algo artificial pelo uso de uma linguagem publicitária.
Parecia uma loucura pensar que estas pessoas estavam a trabalhar para o Sistema, mas a verdade é que, directa ou indirectamente, estavam-no a fazer
Eram pessoas que agiam sob as ordens de uma empresa que os havia contratado, e que se moviam com o objectivo de gerar a hipnose telepática da publicidade junto dos incautos
As empresas chegavam mesmo a publicar livros que eram convertidos em manuais de estudo nas escolas e nas universidades!
O resultado de tudo isto era um mundo inabitável, estranho, irreal, virtual
Acontecia o caso inclusivamente daquelas pessoas que queriam transformar o mundo, activistas da liberdade, e que passavam o seu tempo, encerrados, frente ao monitor, criando conteúdos web, muito ou pouco visitados, mas que eram exactamente os inputs da maquinaria e do complexo tecnológico industrial-capitalista..
Felizmente, pela mesma época, havia outras pessoas que se empenhavam em desertar deste sistema, regressando ao local , reinventando a convivialidade da cidade, exercendo o supremo direito de existir neste planeta, renunciando aos deus-dinheiro, e restabelecendo as relações naturais com a natureza, e que tentavam resgatar a fresca brisa da liberdade.
...e foram, estes últimos, os activistas que conseguiram transformar o mundo...