Cuidado! As palavras enganam: ocultam a realidade...
Sim, é preciso ter cuidado com as palavras. As palavras podem induzir muitas vezes a enganos e levar a interpretações erróneas. Exemplos?
Por exemplo:
E se, afinal, os liberais no governo e no poder, em vez da Ordem Social que tanto gostam de falar, fossem os verdadeiros defensores da Desordem Social?
E se os anarquistas, apesar do aparente significado de anarquia ser sinónimo de desordem, serem eles realmente os arautos da Ordem Social?
E se os militares de todos os exércitos fossem os verdadeiros terroristas, aqueles que semeiam o perigo e a ameaça de terror sobre países e populações indefesas, enquanto os supostos terroristas, e acusados como tal, mais não fossem que simples campónios a defenderem, com machados e enxadas tecnologicamente actualizadas, as suas terras e os seus valores ancestrais?
E se os verdadeiros professores e pedagogos já não se encontrassem hoje nas escolas a ensinar alunos, mas antes nos balneários e nos relvados dos estádios a prepararem afanosamente os seus pupilos para serem cada vez melhores em cada semana, em cada prova e em cada teste que semanalmente os jogadores tiverem que se submeter? Enquanto nas escolas o que existem são sim autênticos treinadores e adestradores que domesticam os jovens na disciplina social da competição e do individualismo selvagem do mercado de trabalho?
E se aos que actualmente chamamos de desportistas não fossem aqueles que nós vemos na Sport TV, mas antes exímios actores do Espectáculo semanal e lucrativo , enquanto os verdadeiros desportistas, em vez de se encontrarem nos relvados, estão antes nas praias, nos jardins, nas ruas?
E se aquilo a que chamamos TV é, afinal, de contas uma verdadeira fábrica de cidadãos apáticos e estúpidos, tão sofisticada e tão poderosa, que mal a conseguimos associar à indústria e à produção em série, enquanto os recintos em que foram instaladas as modernas e tecnologicamente avançadas indústrias são verdadeiros parques tecnológicos de entretenimento para quem circular, dentro deles, diariamente.
E se os padres e moralistas fossem, afinal, os verdadeiros pecadores da imoralidade, enquanto as mulheres endiabradas e todos os homens acusados de blasfémia e que são condenados à excomunhão são os verdadeiros sacerdotes da Religião Celestial do Sublime, um ideal que todo o ser humano pretende alcançar?
Por tudo isso é que preciso, talvez, uma Revolução nas Palavras como condição prévia para a Revolução Social