31.1.05

A reinvenção do dinheiro ( o dinheiro local e os sistemas trocais)

Mónica Hargraves trabalhava no Reserva Federal prestando vassalagem diária ao sacrossanto dólar. O seu lema, como o de tantos outros conterrâneos, estava inscrito no reverso desses papéis verdes que são o bezerro de ouro do século XX: «In God We Trust» ( Cremos em Deus – que é como quem diz cremos na dívida pública, na economia global, no direito inalienável das multinacionais em dividirem entre si o bolo planetário).

Mas ao cabo de alguns anos, Mónica Hargraves acabou por se refugiar no bastião da «resistência local», nessa Ithaca de ressonâncias míticas que pouco ou nada têm a ver com a ideia que construímos dos Estados Unidos.
Em Ithaca teve que arranjar uns biscates por falta de negócio. Em Ithaca a população local cerrou fileiras para impedir o desembarque das grandes cadeias de hipermercados. O restaurante Moosewood e o mercado de produtos agrícolas acabaram por ser as principais atracções turísticas da cidade. Na verdade, os 30.000 habitantes de Ithaca têm o índice mais alto de associativismo dos Estados Unidos.
Até a prestigiosa Universidade de Cornell emprestou a Ithaca o seu prestígio intelectual. Uma década de gestão municipal à esquerda trouxe para as ruas da cidade o sentimento de que «vivemos em comunidade» . Entre os bosques e os lagos que rodeiam a cidade surgiu entretanto uma ecoaldeia que é considerada como «um modelo nacional de desenvolvimento sustentável». Já para não falar da força do movimento cooperativista e da agricultura biológica.

Mas o que chama mais atenção em Ithaca é o seu dinheiro local, colorido, que inventaram para – como dizem os seus habitantes - »controlar os efeitos sociais e ambientais do comércio».
«Aceiram-se HORAS de Ithaca» pode-se ler numa livraria local. E perante o espanto do visitante é possível ver um cliente a retirar da carteira uns bilhetes amarelos e laranjas que recordam, à falta de melhor imagem, os do Monopoly.
- Queres, em troca, dólares ou em HORAS? – pergunta a vendedora.
- Tanto faz – responde o cliente.

Mónica Hargraves a prófuga da Reserva Federal, é uma das artífices destas HORAS de Ithaca, herdeiras dos míticas LETS (Sistemas de Intercâmbio e de Comércio Local) que funcionam há décadas no Canadá, na Austrália e no Reino Unido.
As HORAS são mais que um simples instrumento de troca. São dinheiro contável e sonante reconhecido pelas próprias leis norte-americanas, que autorizam a emissão de bilhetes locais desde que sejam mais pequenos, tenham uma equivalência fixa com o dinheiro federal e sejam tributados.
Uma HORA vale pois o mesmo que 10 dólares, mas há bilhetes de 2 hras, de meia hora, de m quarto de gora e até de um oitavo de uma hora.
O dinheiro local é emitido por Conselho Assessor no qual estão representadas as forças vivas da cidade. E como garantia não há reservas de dólares ou lingotes de ouro; o único aval é o trabalho e as mercadorias de quem se compromete a aceitá-lo como sistema de troca.
A presumida inscrição no dólar – Cremos em Deus – é substituída pela inscrição «Cremos em Ithaca».
As figuras de Washington, Lincoln, Jackson e demais ídolos do império norte-americano foram simplesmente substituídos pelo que é mais representativo da idiossincrasia local. O papel utilizado nos bilhetes é de cañamo, dificílimo de falsificar, e no seu reverso pode-se ler em maiúsculas: Time is Money.
Mais abaixo, em letras miúdas, explica-se então ao portador a razão de ser das HORAS em Ithaca – que foram criadas «para estimular a economia local, reciclar a riqueza autóctone e criar novos postos de trabalho…Este dinheiro, que tem nas mãos, está assente no verdadeiro capital real: os nossos músculos, as nossas ferramentas e os nossos recursos naturais.»
«Em muito pouco tempo conseguimos criar uma vibrante economia local», orgulha-se em declarar Mónica Hargraves. «Cada ano movemos já uns 750.000 dólares em transacções efectuadas por meio das HORAS. E, para mais, este é um dinheiro que ficará sempre aqui, a circular e a gerar riqueza dentro da comunidade. As multinacionais, muito provavelmente, nunca o virão aceitar.»
As HORAS já são aceites em dezenas de lojas, cinemas e restaurantes. As HORAS circulam também no mercado agrícola e nas cooperativas. A Caixa de Aforro de Ithaca aceita HORAS como amortização dos empréstimos, e pode-se também pagar em HORAS o aluguer de um andar, a revisão do carro, a consulta de um advogado, dentista, médico, ou a simples tatuagem num braço.
A lista de pessoas que aceita o pagamento em dinheiro local é publicada mensalmente num boletim – o Hour Town - que rivaliza já com as Páginas Amarelas a quantidade enorme de serviços anunciados.
«Funcionamos de um modo muito simples», explica Paul Glover, fundador e caixeiro deste sistema de dinheiro local. « No fundo, o que fazemos eé reinventar o dinheiro: voltar a dar-lhe o sentido de uma ferramenta ao serviço da comunidade, antes que a especulação e a dívida pública terem desvirtuado o seu autêntico valor».
Glover está à frente do Conselho Assessor, e tem entre mãos a máquina de fazer bilhetes, que funciona ao ritmo dos negócios locais: « Quando o dono de uma loja, ou um profissional por conta própria, aceita o dinheiro local como forma de pagamento, recebe em troca duas HORAS do nosso Banco Central. Ao fim de 8 meses, sempre que mantenha o seu vínculo ao dinheiro local, receberá outra HORA grátis».
«É assim que se dá a emissão de bilhetes de forma gradual e continuada», acrescenta Glover.«O que estamos a criar é, nem mais nem menos, uma rede de intercâmbio, integrada por gente que confia nos seus vizinhos e nos recursos da comunidade. O nosso sistema é perfeitamente compatível como dólar. Nem sequer pretendemos extinguir o dinheiro federal, apesar de sentirmos orgulho cada vez mais por estarmos a retirar-lhe espaço de manobra.»
No princípio o Governo Federal observou algum receio quando, em 1991, viu a nascer esta alternativa ao dólar. Considerou-o pouco menos que um caso anedótico e sem projecção. Mas o movimento não parou e mais de sessenta vilas e cidades norte-americanas decidiram entretanto seguir o exemplo.
De Ohio ao Hawai, da Califórnia ao Texas, do Maryland a Massachusetts, todos podem encontrar com uma grande variedade de bilhetes alternativos ao dólar. Em Hot Springs chamam-lhe Mountain Money (dinheiro da montanha); em Bolinas, o nome é Sand Dollars (dólares de areia); já em Berkshires, a designação escolhida é Valley Dollars ( Dólares do vale).
Mas na grande maioria dos casos adoptou-se a designação de HORAS, e o fenómeno que começou nas comunidades agrícolas já se estendeu a bairros das grandes cidades como Detroit, Indianapolis e Santa Fe.
Em San António, Texas, funcionam desde há algum tempo as Community Hours, impulsionadas por um casal – Mary e Jim Lampkin – que convenceu os comércios locais da necessidade de se passar à acção contra a «acção destrutiva das multinacionais».
Em Santa Fe, Novo México, existe até uma versão bilingue dos bilhetes alternativos nos quais se pode ler: «As HORAS são um dinheiro apoiado pelo nosso tempo, pelo nosso esforço e desejo de nos apoiar uns aos outros.»
Uma das últimas comunidades a aderir ao dinheiro alternativo foi em Willimantic Connecticut. A unidade local chama-se City Bread ( Pão da Cidade) e em poucos menos de um ano estendeu-se por todo o comércio do centro histórico, que começou a renascer das cinzas depois da invasão dos shoppings centers.

Para Lewis Solomon, professor da Georgetown University e autor de vários livros sobre o boom do dinheiro local nos USA, «estamos perante um processo lógico que surge como resposta à economia global».
«Os cidadãos deram-se conta de que podem defender-se por si mesmos das forças destrutivas que ameaçam as suas comunidades», escreve Solomon. «O dinheiro autóctone é também uma maneira de injectar sangue novo nas sofridas economias locais sem necessidade de esperar pelos subsídios de Washington».
Solomon prognostica o florescimento do dinheiro local por todo o território americano que, poderá inclusivamente, a longo prazo, forçar uma reestruturação do sistema monetário central. Num futuro não está posto de parte a redefinição do que hoje entendemos por dinheiro.

Paul Glover, o inventor das HORAS, é mais peremptório: « Cada vez é maior a distância entre as duas economias –a do grande capital e a dos cidadãos. A primeira é representada pelo dólar. A segunda é a que nós reivindicamos com as HORAS e que se baseia no trabalho real e nos recursos da comunidade».
Glover lamenta a maré negra dos hipermercados, as cadeias de fast food e dos shoppings que alastram por esse mundo fora, com a conivência das próprias vítimas, que são os cidadãos, convertidos em consumidores clónicos.E acrescenta: «Não podemos ficar de braços cruzados vendo as multinacionais a vampirizar as economias locais e a destruir o planeta».

As HORAS são o antídoto necessário contra a globalização:«celebramos a cooperação e não a cobiça. Visamos a riqueza colectiva e não a especulação. O dinheiro local faz-nos sentir parte de um grupo de partilha dos mesmos recursos e dos mesmos interesses. Pensamos também na antiga utopia igualitária. Uma hora de trabalho vale exactamente o mesmo para todos: dez dólares».

Massachusetts é o Estado mais rico em dinheiro alternativo, desde que se tornou conhecido o caso de Frank Tortoriello,proprietário de um restaurante que precisava de uma imperiosa injecção de dinheiro. Como os bancos não lhe concediam qualquer empréstimo, Tortoriello teve a ideia de pedir crédito aos seus vizinhos e clientes. Emitiu os seus próprios bilhetes, os Deli Dollars, e vendeu-os s nove dólares por unidade. Recolhido o dinheiro e feitas as obras começou a devolver com juros o dinheiro emprestado sob a forma de bilhete onde dizia «Vale por dez dólares a hora do almoço ou do jantar».
A ideia de Tortoriello foi rapidamente seguida por outros comerciantes que assim garantiam fundos próprios. Por onde quer que se vá na região de Berkshires, a uns 250 km de Boston, encontramos uma variedade inimaginável de sistemas de trocas.

As iniciativas locais estão apoiadas pela Associação de Autoajuda para uma Economia Regional (SHARE). E a sede da emblemática Schumacher Society, que difunde as ideias do autor da obra Small is Beautiful, um clássico dos anos 60, encontra-se situada na região. Recorde-se que aquele autor preconizava uma espécie de «budismo económico» face à globalização.

Na Schumacher Society trabalham Bob e Susan Witt, dois dos pioneiros do dinheiro alternativo, e editores da revista especializada no tema, a Local Currency News.
«A melhor maneira de reconstruir não só a economia como ainda os laços comunitários é emitir os bilhetes alternativos à escala local», defende Susan. «O dinheiro adquire um valor insuspeitado, que vai muito para além do que está no objecto de troca Quem decide aceitá-lo sabe que não só está a contribuir para o seu enriquecimento pessoal como a contribuir para a comunidade».

Na própria capital do império, Washington, criou-se os «Time dollars», uma alternativa electrónica de dinheiro.
«Estamos a experimentar o ADN do dinheiro», explica o seu criador, Edgar Cahn.«Em vez de utilizarmos bilhetes, registamos todas as transacções no nosso banco electrónico. O tempo é a nossa unidade de troca, e o deve e haver mede-se apenas por horas trabalhadas.»

Os bancos electrónicos do Tima Dollars» apareceram depois em quase todas as grandes cidades americanas. Graças a este sistema uma mãe pode, por exemplo, pagar as facturas do médico fazendo umas horas de trabalho para outra mãe.
«A nossa sociedade tem muitíssimas necessidades por satisfazer e um sem número de recursos por aproveitar, diz Edgar Cahn. «Ora o dinheiro, tal como hoje concebemos, é incapaz de preencher essas lacunas…Na verdade, há um tipo de intercambio que não é satisfeito pelo comércio lucrativo: um intercambio de carácter moral, que sirva para a construção de um mundo mais justo e equitativo».

Em Nova Iorque apareceu já um grupo de intercambio constituído só por mulheres. Começaram por ser só duas, e agora já ultrapassam a centena.

Na era da moeda única europeia, na antesala daquilo que chamam a economia global, há quem navegue em direcção contrária, propondo um tipo de economia de andar por casa. Talvez a resposta mais cabal a um sistema viciado na especulação e na burocracia.

Texto de Carlos Fresneda
Publicado no Ajoblanco nº 110, Setembro de 1998


Consultar:

http://www.ithacahours.com/

http://www.schumachersociety.org/lcnews.html

http://www.ratical.org/many_worlds/cc/promiseOfLCs.html

http://www.coopamerica.org/individual/marketplace/IMMMcurr.htm






30.1.05

Gandhi e o Dia da Não-Violência (30 de Janeiro)

O dia 30 de Janeiro foi proclamado Dia da Não-violência em homenagem a Gandhi cuja morte ocorreu justamente neste mesmo dia no ano de 1948. Trata-se de uma iniciativa não-governamental e independente no âmbito mais geral da educação para a paz, a solidariedade e o respeito pelos direitos humanos.

Mahatma Gandhi nasceu na Índia em 1869 e é considerado um dos principais expoentes do pacifismo e da luta não-violenta pelo respeito e realização dos direitos humanos e da justiça. Depois de ter estudado Direito na Inglaterra foi trabalhar para a África do Sul como advogado. Foi neste país que começaram as suas primeiras acções de protesto pacífico contra o sistema instituído baseadas na resistência pacífica e na não-cooperação com as autoridades. Ao fim de 20anos de luta, e depois de ter conseguido algumas melhorias para a comunidade indiana sedeada na África do Sul, decide ir viver para o seu país de origem - a Índia - e lutar pela sua independência face à Inglaterra, a potência colonizadora. Depois de muitas lutas e outras tantas detenções a Índia conquistou, ao fim de 40 sofridos anos e intemeratas lutas, a independência em 1947.

Os 4 principais pensamentos de Gandhi eram a verdade, o amor, a não-violência e a não-cooperação, aos quais se poderá ainda acrescentar a desobediência civil, e foi com eles que não só lutou contra os maus tratos e discriminações que os indianos sofriam na África do Sul como ainda foi através deles que obteve a independência da Índia.

Gandhi foi profundamente influenciado pelos livros sagrados da tradição religiosa hinduísta como o «Bhagavad-Gita» onde se ensina que a não-violência, a verdade, a simpatia entre os seres, o perdão, a força de vontade e a ausência de orgulho são as maiores virtudes do ser humano. Recebe também a influência do jainismo durante a sua infância, bem assim como o «Sermão da Montanha» bíblico. Finalmente foram também determinantes para a formação do seu pensamento as obras e vidas de H.D.Thoreau ( em especial, o seu livro sobre Desobediência Civil) e a pedagogia e os ensinamentos de Leon Tolstoi ( com o seu anarquismo cristão).

Outro aspecto importante em Gandhi era a dimensão espiritual. Defendia uma concepção aberta baseada na unidade essencial de tudo o que é ser vivo. O facto de considerar todas as religiões como mais ou menos verdadeiras está na base da sua mais profunda tolerância.

O pacifismo gandhiano está escorado numa filosofia e numa prática de libertação individual e social, bem como na reforma e mudança das estruturas sociais que oprimem o homem.

Recordemo-nos que os 3 grandes objectivos de Gandhi eram:
O desaparecimento da segregação que atingia os párias na Índia
A unidade e a irmandade entre todos os seres humanos, qualquer que fosse a sua religião, raça e casta, quer na índia quer no mundo.
A independência política da Índia deverá alcançar-se mediante procedimentos não-violentos de forma à edificação moral de todos e de maneira da transmitir um exemplo de fraternidade e paz.

O eixo central do pensamento de Gandhi é a Não-violência (Ahinsa) definida como: «A atitude de renúncia a matar e a causar danos aos outros seres por meio de pensamentos, palavras ou acções». Assim qualquer objectivo, por mais benéfico que seja, não justifica o uso de meios violentos ou contrários á moral.
Gandhi escreve: «A Não-violência é a maior força que existe à disposição do ser humano. É mais poderosa do que qualquer arma de destruição inventada pelo ser humano, e por mais sofisticada que seja.»

A este conceito de Não-violência, Gandhi acrescenta o da «Força da Verdade» (Satyagraha) cuja aplicação consiste na desobediência a determinadas leis consideradas injustas, mas ainda na aceitação disciplinada pelas sanções previstas pelo legislador, de forma a levar este à conclusão da ineficácia e insustentabilidade das suas próprias leis.

Os procedimentos e as formas de luta que defendia eram:
1- Manifestações pacíficas: diálogos, testemunhos, petições, marchas, jejuns, manifestações públicas, greves de fome, greves de zelo, orações e cooperação aberta com os mais oprimidos.
2- Não-cooperação através do boicote sistemático e na negação de colaborar com um regime ou com um sistema considerado como iníquo (Gandhi utilizou este procedimento contra tribunais, escolas e as instituições inglesas na Índia)
3- Desobediência civil por via da violação intencional, organizada, sistemática, pública e responsável das leis injustas

Segundo a concepção gandhiana o homem deve assumir plenamente a sua autonomia de ser livre e responsável: deve promulgar ele próprio as leis a que deve conformar os seus pensamentos, as suas palavras e acções (autónomo, vem do grego autos, ele próprio, e nomos, lei – ou seja, aquele que é regido pelas suas próprias leis), sem se remeter a qualquer autoridade exterior, seja ela religiosa, social ou política., que lhe ditaria a sua conduta.
É claro que essa autonomia comporta inevitavelmente a possibilidade de se enganar, mas só correndo esse risco é que o homem pode chegar à verdade. Para ele, o homem sincero não deixará de corrigir o erro quantas vezes forem necessários. Em contraste a isto, o homem que promete a obediência a uma autoridade exterior é que corre o risco de persistir no erro.
Aquele que procura a verdade deve convencer-se que está sempre na estrada e que nunca chegará ao fim do caminho. A verdade que ele apreende é sempre fragmentária, relativa e parcial, logo, imperfeita. É, por isso, que o homem nunca deve querer impor a sua verdade aos outros. A regra de ouro é a da tolerância mútua. Opor-se a um sistema injusto e atacá-lo, está correcto; mas opor-se ao seu autor e atacá-lo é tornar-se naquilo que ó o seu adversário, um agressor.
Gandhi não desconhece os instintos agressivos dos seres humanos, mas por isso mesmo escreve: «Enquanto animal, o homem é violento, mas enquanto espírito, ele é não-violento»

Coloca ainda a intrepidez à cabeça das virtudes do homem forte. Ser intrépido é não tremer frente ao perigo. «A intrepidez – escreve ele – revela que o indivíduo está liberto de qualquer receio exterior, seja ele o da doença, dos ferimentos físicos, da morte ou o de perder os seus bens»
Para testemunhar a verdade e para combater a injustiça, é preciso, antes do mais, que o homem supere o medo que o habita e o aconselha a permanecer ao abrigo de todo o perigo. «A força reside na ausência de receio», diz ele.

Gandhi pensa que a opressão sofrida pelos Indianos não deriva tanto da maldade dos Ingleses como da perfidez e injustiça do sistema colonial britânico. Consequentemente ele pretende combater esse sistema: « A nossa não-cooperação - afirma ele – não se dirige para os Inglese, mas no sistema que os Ingleses nos impuseram»
Assim, a luta não-violenta consiste em erradicar o mal sem eliminar o malfeitor: »Faço as coisas de modo a perseguir o mal onde quer que ele esteja, sem nunca molestar aquele que é responsável por ele», conclui.
Ao longo de toda a sua luta pela independência da índia, uma das principais preocupações da Gandhi foi não só combater a tutela do Império Britânico, mas permitir ao povo indiano governar-se a si próprio, sem recorrer aos mecanismos típicos de um Estado, único titular do poder de exercer violência sobre os cidadãos. Para ele, o melhor meio para resistir ao poder imperial dos ingleses é fazer com que os Indianos aprendam a governar-se sozinhos, isto é, a tornarem-se autónomos.

Links:

www.multimania.com/manco

www.mahatma.org.in


Leituras:

O Princípio da Não-Violência, Jean_Marie Muller, Edições do Intituto Piaget,1998

Gandhi l'insurgé, L'épopée de la marche du sel, Jean-Marie Muller (Albin Michel).






29.1.05

United States of Advertising: 3.600 mensagens publicitárias bombardeiam diariamente o cérebro do americano médio

United States of Advertising:
3.600 mensagens publicitárias bombardeiam diariamente o cérebro do americano médio



Segundo investigações recentes a publicidade está a atingir números record nos Estados Unidos, invadindo e ocupando tudo o que é espaço público e não parando no dia-a-dia de matraquear os cérebros dos norte-americanos.
O norte-americano médio é quotidianamente bombardeado com 3.600 anúncios publicitários sob as mais variadas formas. Estes números – cerca do dobro do que se regista actualmente em França – não pára de aumentar.
Para além dos meios clássicos ( TV, rádio, imprensa escrita,…) a publicidade está, actualmente, em todo o lado em doses maciças: nas ruas, estádios, toilettes, museus, no interior das escolas, nos bancos de jardim, nos filmes que se vai ver nas salas de cinema ( somas colossais são investidas pelos publicitários não só nos spots que precedem o visionamento dos filmes, mas também nas cassetes de empréstimo dos blockbuster,…).
Devido ao facto dos órgãos de comunicação do mainstream dependerem cada vez mais das receitas de publicidade, os conteúdos da imprensa são moldados segundo os critérios e os gostos dos publicitários e não tanto segundo critérios jornalísticos ou de interesse público.
Por reacção a esta avalanche várias associações estão a defender uma regulação mais apertada para a actividade publicitária, que inclua uma nova taxa semelhante às taxas que já foram aprovadas para as entidades responsáveis pela poluição.
E ao lado das associações anti-publicidade tão conhecidas como a Adbusters ou a Billboard Liberation Front, têm surgido novas associações a lutar contra a praga publicitária.

Mais informações consultar:
www.freepress.net/issues/pages.php?id=advertising

Leituras sobra a matéria:

Schiller, Herb - Information Inequality: the deepening social crisis in América, New York:Routledge, 1996

Schiller, Herb – Culture, Inc: The Corporate Takeover of public expression, New York: Oxford, 1989

Turow, Joseph – Breaking up América: Advertisers and the New Media World, 1997




Suécia estuda a hipótese de impôr a responsabilidade civil ilimitada às centrais nucleares

Actualmente todas as centrais nucleares funcionam segundo o sistema da responsabilidade civil limitada, o que reduz drasticamente os custos dos contratos de seguros a pagar pelos titulares dessas centrais nucleares. O governo sueco está presentemente a estudar a hipótese de eliminar esta limitação a fim de garantir o total pagamento dos riscos de um acidente nuclear por parte das empresas detentoras dessas centrais nucleares.

A aplicação da responsabilidade civil limitada nesta matéria foi indispensável para o desenvolvimento da produção da energia nuclear nos Estados Unidos através da lei Price_Andersen nos anos 50 e ao abrigo da qual foram construídas as primeiras centrais nucleares norte-americanas, uma vez que até à data nenhuma seguradora se atrevia a cobrir os riscos de uma tal actividade que se revelavam impossíveis de avaliar. Ora a referida lei limitava os custos dos potenciais prejuízos. Os riscos não cobertos pelo seguro seriam assumidos pelo Estado.
Presentemente todos os países que possuem centrais nucleares seguem uma orientação semelhante.
O estudo da alteração legislativa na Suécia poderia servir de precedente e constituiria uma sério revés para a indústria nuclear, que se veria confrontadas com despesas acrescidas para a manutenção em funcionamento do seu perigoso equipamento.

(informação transmitida pelo site dos ecologistas en accion)

Arquitectos Sem Fronteiras

Os Arquitectos Sem Fronteiras-Portugal pertencem a uma rede internacional éuma associação independente, sem fins lucrativos e de apoio voluntário, quevisa prestar colaboração técnica na melhoria dos assentamentos humanos nocontexto de pobreza, apoiando iniciativas que vão da supressão davulnerabilidade geográfica e redução de riscos até à colaboração emprogramas de desenvolvimento social e luta contra apobreza ( autoconstruçãoassistida, tecnologias apropriadas, bancos e oficinas de materiais, etc).

www.asfp.net







28.1.05

Orwell versus Huxley

(Antinomia das concepções visionárias de Orwell e Huxley)

Georges Orwell e Aldous Huxley são dois destacados escritores ingleses do século XX que publicaram obras-primas da literatura mundial e que são conhecidas por todos.
Orwell escreveu variadíssimos livros como «1984», «Animal Farm», Homenagem à Catalunha ( um retrato da guerra civil espanhola) , etc. Por seu lado, Aldous Huxley é conhecido por ter escrito o «Admirável Mundo Novo» (Brave New World), uma espantosa descrição ( e previsão) das sociedades futuras.

Orwell advertia-nos na sua literatura para o risco de uma opressão ditatorial que seria imposta a todos nós, submetidos a uma vigilância e controle permanente.
Em oposição, Huxley tinha também uma perspectiva pessimista do futuro mas descrevia-o de forma muito diferente: para ele não seria necessário Big Brothers, ou uma vigilância do ditador sobre toda a população, pela simples razão que a autonomia e a capacidade de pensar dos indivíduos seria adequadamente neutralizada, e acabaríamos todos por adorar a própria opressão a que estaríamos sujeitos.

Podemos fazer um breve quadro comparativo dos dois tipos de futuros que os dois autores vaticinavam:

Orwell receava que os livros seriam objecto de censura, perseguição e interdição
Huxley previa que no futuro não seria necessário qualquer censura ou proibição sobre os livros perigosos ou subversivos, pela razão simples que nessa sociedade futura ninguém desejará ler livros.

Orwell receava que as informações seriam ocultadas e cuidadosamente seleccionadas pelos dispositivos do poder
Huxley, em contrapartida, previa que no futuro a população receberia tantas e tão variadas notícias e informação que tal avalanche acabaria por provocar nas pessoas uma atitude passiva face à realidade.

Orwell advertia-nos para o perigo do poder esconder a verdade.
Huxley previa que a verdade seria submergida por um mar de irrelevâncias.

Orwell receava que todos nós acabaríamos por nos converter a uma cultura fechada.
Huxley, pelo contrário, previa que seríamos inundados por uma cultura trivial, marcada por sensacionalismos e por predomínio das aparências.


Huxley escreve em 1958, vinte sete anos depois de Admirável Mundo Novo, outro livro de carácter mais ensaístico que ficcional com o título «Brave New World Revisited» em que trata de expor os métodos que tornariam real o Admirável Mundo Novo do futuro projectado, técnicas essas que serviriam para nos distrair e privar de liberdade como a lavagem ao cérebro, o controle químico pelas drogas ( e fármacos), o excesso de organizações, a propaganda ( subliminar, e não só).

Na utopia negativa de Orwell as pessoas são controladas pela dor, na concepção visionária de Huxley esse controle é conseguido pelo prazer, pelas distracções e pelo show-bizz ( espectáculo)

,
Para obter mais informações, consultar:
Neil Postman, «Amusing Ourselves to Death», 1985






O «humanitarismo» lucrativo.

Há mais de 100 milhões de minas pessoais disseminadas pelo mundo inteiro. Estes artefactos continuam a explodir muitos anos depois do fim das guerras que tinha justificado a sua colocação. Algumas dessas minas têm o cinismo cruel de estarem desenhadas sob a forma de bonecas, borboletas ou objectos coloridos que facilmente chamam a atenção das crianças. E, realmente, verdade seja dita: as crianças acabam por ser metade das vítimas daquelas minas.
Paul Donovan, um dos promotores da campanha mundial pela proibição das minas pessoais, denunciou recentemente que as fábricas de armamento ( e de minas) encontraram uma nova galinha de ovos de ouro: estas empresas dedicam-se agora a oferecer os seus préstimos para limpar e desminar os terrenos onde foram semeadas tais minas. Aparentemente nada de anormal: ninguém melhor do que os próprios fabricantes a encarregarem-se do assunto. Acontece que o negócio da desminagem é altamente lucrativo: arrancar as minas custa 100 vezes mais que colocá-las!




27.1.05

O campo de extermínio nazi de Auschwitz foi libertado pelos soviéticos há 60 anos

Libertado pelos soviéticos em 27 de Janeiro de 1945, o campo de Auschwitz-Birkinau foi o mais importante centro de extermínio nazi. Neste complexo situado perto da cidade polaca de Oswieden, na região da alta silésia, perto de Cracóvia, foram mortos, segundo os historiadores, cerca de 1,1 milhões de pessoas, entre as quais 960.000 judeus, 75.000 polacos, 21.000 ciganos e 15.000 prisioneiros soviéticos.
O campo constituiu um verdadeiro pilar do sistema de morte industrial, projectada pelos nazis sob a conhecida fórmula da «solução final». Os outros campos de extermínio foram Treblinka ( 750.000 vitimas), Belzec (500.000), Sobibor (200.000), Chelmno (150.000), Majdanek (50.000).

Os historiadores indicam habitualmente que a «solução final» para a questão dos judeus foi oficialmente tomada em 20 de Janeiro de 1942 por ocasião da Conferência de Wannsee, perto de Berlim. É certo que o termo Endlosung (solução final) foi já empregue em 1939 para caracterizar um IIIe Reich Jundenrein ( limpo de judeus), mas a ideia da exterminação dos judeus só amadurece progressivamente, porque a ideia inicial dos nazis era a emigração forçada dos judeus, mas como não havia países disponíveis a tendência passou a ser a sua concentração em ghettos que, a breve trecho, também se mostrou inviável, pelo que o governo hitleriano se decidiu pela sua morte industrial.
Inicialmente, em Junho de 1940, Auschwitz era um pequeno campo de concentração para prisioneiros polacos, e mais tarde, para prisioneiros soviéticos. Em Dezembro de 1941 foi realizado o primeiros gazeamento-teste com o Zyklon-B (ácido cianídrico) sobre russos, considerados como comunistas fanáticos, assim como sobre doentes irrecuperáveis.
O comandante de Auschwitz, Rudolf Hoss, julgado e executado no pós-Guerra, conta nas suas memórias como foi informado por Himmler, chefe das SS, «que os centros de exterminação já existentes não estavam em condições de responder às grandes acções projectadas».
Nessas condições,e tendo em conta o facto de Auschwitz constituir um entroncamento de linhas ferroviárias, foi o local escolhido para ser o campo de concentração para onde passaram a convergir milhares de prisioneiros e deportados.
A mão-de-obra dos deportados do campo será utilizada para construir um segundo campo de a 3 km de distância, cujo objectivo declarado era justamente ser uma fábrica de morte industrial: foi o campo de extermínio de Birkeneu (Auschwitz II) inaugurado no mês de Outubro de 1941. Num terceiro campo, AuschwitzIII-Monowitz, será instalada a fábrica IG Farben
Auschwitz também ficou tristemente célebre pelas atrocidades médicas através das experiências do Dr.Mengele
Recorde-se que primeiro genocídio do século XX terá sido cometido na Turquia durante a I Grande Guerra contra a minoria arménia pelos Jovens Turcos que ansiavam pela homogeneidade nacional e viam esta como um instrumento de modernização.

O nazismo representa a barbárie aplicada mediante uma rigorosa tecnologia e segundo uma lógica de extermínio. Homens normais como o próprio doutor Mengele se podem transformar em monstros sob a tutela de um poder e de uma ideologia.


Alguns sites:

www.auschwitz-muzeum. .

www.ushmm.org/wlc/en Holocaust Encyclopedia.

www.candles-museum.com Children of Auschwitz Nazi Deadly Lab Experiment Survivors Holocaust Museum.

www.bbc.co.uk/history/war/genocide/holocaust_overview_01.shtml BBC articles and background.

www.ifs.csic.es/holocaust/bbg.htm

www.wiesenthal.com

www.geocities.com/trudibirger/

www.yadvashem.org - memorial do holocausto com uma base de dados sobre as 6 milhões de vítimas do Holocausto nazi.

www.bostonreview.net/BR07.6/appelfeld.html



Livros-testemunhos e ensaios sobre a barbárie dos campos de concentração nazis, em particular o de Auschwitz


- Se isto é um homem – de Primo Levi (há tradução portuguesa)

- A trégua – de Primo Levi

- Os náufragos e os salvados – ensaio de Primo Levi

- El llargo viaje – de Jorge Semprún, que esteve em Buchenwald

- A escrita ou a vida – Jorge Semprún

-A espécie humana – de Robert Antelme, comunista francês

- A noite – de Elie Wiesel

- Os diários (1931-1941) – de Victor Klemperer

- O coração pensante dos barracões – de Etty Hillesum

- O Diário de Anne Frank – Anne Frank

- Cartas desde os campos de concentração

- Para além da culpa e da expiação – ensaio de Jean Améry

- Um instante de silêncio junto ao paredão – ensaios de Imre Kertész

- Kaddish pelo filho não nascido – Imre Kertész

-Sociologia dos campos de concentração – de E. Kogon

- O Universo concentracionário - de David Rousset

- Auschwitz e depois – de Charlotte Delbo

-Mnima moralia – ensaio de Th Adorno

- Eichmann em Jerusalém – ensaio sobre a banalidade do mal de Hanna Arendt

-O problema da culpa – Karl Jaspers

-Massa e poder – uma aproximação à psicossociologia do hitlerismo,da autoria de Elias Canetti

- Os catalães nos campos de concentração – de Monserrat Roig

- O que resta de Auschwitz – de Giorgio Agamben

- Modernidade e Holocausto – de Z. Baumann

- A história fragmentada. Um ensaio sobre Auschwitz e os intelectuais – de E. Traverso

- Auschwitz, os nazis e a solução final – de Lawrence Rees

- Entre la mémoire et l’oubli – de Annette Wieviorka

- Déportation et Génocide – de Annete Wieviorka


- Sobre a história natural da destruição –W.G. Sebald

- A passo de caranguejo – de Gunter Grass

- O Incêndio – de Jorg Friedrich, sobre o sentido dos bombardeamento sobra as cidades alemãs

- Obras completas – de Paul Celan

- Fuga e tranformação – de Nelly Sachs

- São João - teatro de Max Aub

- A indagação – peça de Peter Weiss

- Himmelweg – de Juan Mayorga

Filmes:

- Shoah – de Claude Lanzmann

- Noite e neve – de Alain Resnais

- Holocausto – série de tv

- A lista de Schindler – de S. Spielberg




25.1.05

Obrigatoriedade de indicadores sobre a sustentabilidade das empresas...na Alemanha!

As grandes empresas alemães passam a ser obrigadas a incluir indicadores de sustentabilidade nos seus relatórios de gestão e balanço.


A empresas alemães que estiverem cotadas na Bolsa, assim como os grandes grupos empresariais, passam a ser obrigados a incluir indicadores de sustentabilidade nos seus relatórios de gestão e balanço a partir do 1 de Janeiro de 2005, segundo a nova Lei da Contabilidade recentemente aprovada.
Esta informação foi dada pela agência de rating Oekon, segundo a qual a reforma da Lei de Contabilidade alemã prevê a integração de indicadores não financeiros nos tradicionais relatórios de gestão e contabilidade anuais das empresas, o que supõe uma alteração dos artigos 289 e 315 do Código de Comércio alemão que terá que ser adaptado às novas directrizes europeias que pretendem garantir maior transparência.
Face a este avanço legislativo o Comité Alemão de fiscalização da contabilidade das empresas redigiu um novo guia para a execução contabilística que, no entanto, não estabelece nenhum requisito informativo para todas as empresas com o argumento de que cada sector de actividade tem diferentes indicadores de sustentabilidade.




Os sacos de plástico ou a vida

O mundo deve declarar a guerra aos sacos de plásticos. Considerá-los o inimigo público número um que é forçoso extirpar da face do planeta.

Na realidade, os sacos de plástico abandonados não só desfeiam as ruas das cidades e as paisagens rurais como matam a fauna, entopem as canalizações e têm uma duração de vida de várias décadas! Têm ainda o péssimo hábito de levantar voo à menor deslocação de ar. Os únicos a defendê-los são os representantes das industrias do plástico.
Com certeza que os sacos de plástico estão longe de ser o pior problema ecológico do planeta. Mas não podemos esquecer todos os seus efeitos e o sintoma que ele revela: um dia-a-dia e uma vida plastificada…
Desde os anos 70, quando ele aparece em larga escala, que o saco de plástico é utilizado por todo o mundo.Calcula-se que, por exemplo, no Reino Unido o seu consumo atinja a astronómica cifra de 9 a 17 milhões de sacos por ano! Em todo o planeta calcula-se que 500 e 1000 milhares de sacos sejam trazidos para casa em cada ano que passa! Ou seja, consomem-se 150 sacos de plástico por ano para cada habitantes, o que se traduz num milhão de sacos por cada minuto. E os números,isto é , os sacos de plásticos não param de aumentar! Em suma: tudo isto é uma enormidade, um exagero de gastos, com efeitos inimagináveis para o meio ambiente.
Na verdade, em termos de poluição o impacto dos sacos de plásticos ultrapassa todas as previsões pessimistas que se possam fazer, pela simples razão que a circulação e a mobilidade deste tipo de lixo é muito maior. O seu efeito é devastador para a fauna: ultimamente tem sido descobertos baleias, focas e outros animais mortos, por terem os intestinos obstruídos por pilhas de sacos de plástico. Uma das vítimas encontradas foi um animal onde se veio a descobrir 800 Kg de sacos de plástico no seu estômago!!!
A fundação ecologista australiana Planet Ask estima que dezenas de milhares de baleias, pássaros focas, e outros animais morram cada ano por causa dos sacos de plástico.
Os sacos em polietileno, um derivado do petróleo, têm uma duração de vida esyimada em 100 anos, e constituem uma importante fonte de poluição quer no caso do seu simples abandono quer no caso da sua incineração pois que a sua combustão emite fumos tóxicos. Especialistas calculam que 120 milhões de sacos de plástico estejam enterrados nos fundos marinhos!!!

Por isso mesmo é incontornável a necessidade de declarar guerra aos aços de plástico.

O dilema é: o saco de plástico ou a vida

A Irlanda e outros países já começaram a combater esta praga. Para quando nós?.





24.1.05

Declaração Universal dos Direitos Humanos

(versão popular)

(nota muito pessoal: talvez mais correcto será falar de Violação Universal dos Direitos Humanos, tal é a frequência da sua não-observância por parte de muitos países, Estados, entidades e responsáveis públicos e privados)


Todos nascemos livres e somos iguais em dignidade e em direitos

Todos temos o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal e social

Todos temos o direito a proteger a casa, a família e a honra

Todos temos direito a um trabalho digno e bem remunerado

Todos temos direito ao descanso, ao ócio e à diversão

Todos temos direito à saúde e à assistência médica e hospitalar

Todos temos direito à instrução, à arte e à cultura

Todos temos direito à protecção social na infância e na velhice

Todos temos direito a criar e participar organizações populares, sindicais e políticas

Todos temos direito a eleger e a ser eleitos para funções de governo

Todos temos direito a uma informação verdadeira e correcta

Todos temos direito a ir e a vir, mudar de cidade, região e país.

Todos temos o direito a não sofrer nenhum tipo de discriminação

Todos somos iguais face à lei

Ninguém pode ser preso arbitrariamente, nem privado do direito à defesa

Toda a pessoa é inocente até que a justiça, baseada na lei, demonstre o contrário.

Todos temos a liberdade de pensar, manifestar, reunir e ter um credo

Todos temos o direito ao amor e aos frutos do amor

Todos temos o dever de respeitar e proteger os direitos da comunidade

Todos temos o dever de lutar pela conquista e ampliação destes direitos






Vanunu, cientista e prisioneiro de consciência, foi eleito como reitor da Universidade de Glasgow

Os estudantes da Universidade de Glasgow utilizaram o seu voto democráticopara eleger Mordechai Vanunu para o lugar de Reitor, abrindo assim umabrecha no manto de silêncio que mantém Vanunu em semi-prisão assim como acumplicidade internacional à volta da produção massiva e desestabilizadorade arma nucleares por parte de Israel.

O 119º reitor eleito pelos 17.000 estudantes da Glasgow deverá agora serlibertado pelo governo israelita a fim de poder tomar posse do seu cargo,colocando o governo britânico numa posição difícil uma vez que Vanunu foihá anos raptado pelas Mossad numa capital europeia e esteve sequestradoem Londres durante bastante tempo.

Recorde-se que Mordechai Vanunu é um qualificado cientista israelita quedenunciou o Estado de Israel pela posse e produção de armas nucleares.Raptado e sequestrado pelos serviços secretos israelitas numa cidadeeuropeia, ele esteve preso durante anos nas masmorras israelistas etornou-se o mais conhecido prisioneiro de consciência do mundo.

No Outono passado ele foi finalmente libertado, mas por pouco tempo. Depoisde uma entrevista a um jornalista inglês, Vanunu foi finalmente detido pelapolícia do Estado e está incomunicável.University of Glasgow VANUNU 4 RECTOR Campaign

http://www.vanunu4rector.org.uk/



23.1.05

Eco-literacia

(tradução de um texto de Fritjof Capra, publicado no nº 57 de Janeiro/Fevereiro de 2005 da revista Adbusters, journal of the mental environment)

O grande desafio do nosso tempo é criar comunidades sustentáveis – comunidades assim designadas por os seus estilos de vida, as tecnologias que utilizam e as suas instituições sociais respeitarem, apoiarem e cooperarem com as limitadas possibilidades naturais existentes de uma forma de vida sustentável. E não é preciso inventá-las a partir de um qualquer guião, basta descobrir nos ecossistemas naturais essas tais comunidades sustentáveis de plantas, animais e micro-organismos.

O primeiro passo neste caminho é tornarmo-nos ecologicamente literatos, ou seja, compreendermos todos, quais os princípios de organização envolvidos nos ecossistemas e capazes de sustentar a rede da vida.

Nas próximas décadas, dúvidas não há, de que a sobrevivência da humanidade dependerá da nossa literacia ecológica – da nossa capacidade para entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles.

Literacia ecológica ou ecoliteracia deve cada vez mais tornar-se numa competência crítica dos políticos, dos líderes económicos, e dos profissionais de todas as áreas, e constituir mesmo a parte mais importante de todos os níveis educativos – desde o ensino pré-básico até ao universitário, sem esquecer a educação profissional e contínua ao longo de toda a nossa vida.
Precisamos de ensinar às nossas crianças ( e também aos nossos líderes políticos e empresariais ) os aspectos fundamentais da vida: que o lixo de uma espécie é o alimento de outra espécie; que os ciclos irrigam permanentemente toda a malha de vida; que a energia que alimenta os ciclos ecológicos provêm do sol; que a diversidade assegura a resiliência; que a vida, desde o seu começo há mais de três biliões de anos, não se expandiu pelo planeta por via de um combate mas antes por todo um trabalho de rede ( networking).

A ecoliteracia é, pois, o primeiro passo. O segundo é o ecodesign. Precisamos de aplicar o nosso conhecimento ecológico para redesenhar as nossas tecnologias bem assim as nossas instituições sociais de maneira a cobrir e ligar a distância entre os design humano e os sistemas ecologicamente sustentáveis da natureza.

Seguindo de perto as orientações de David Orr sobre educação ambiental adoptei a definição ecológica de design como «a adaptação dos fluxos de energia e matéria para fins humanos». O ecodesign é então o processo pelo qual os nossos objectivos humanos são cuidadosamente entrelaçados com os padrões e os fluxos do mundo natural. Os princípios de ecodesign reflectem os princípios organizacionais que a natureza se dotou para sustentar toda a rede da vida. A realização do design neste contexto exige assim uma profunda mudança da nossa atitude para com a natureza, mudança tanto sobre o que podemos retirar dela como sobre o que aprender com ela.

Nos últimos anos assistiu-se a uma crescente vaga de práticas e projectos de design com uma forte orientação ecológica. Foi o caso do renascimento mundial da agricultura orgânica, envolvendo tecnologias baseadas em conhecimentos de ecologia mais do que de química ou de engenharia genética, no cultivo dos terrenos, no controle de pesticidas, e na fertilização dos solos, na organização de várias indústrias dentro de uma rede ecológica que permita que os desperdícios e o lixo de umas possam ser os recursos das outras; a transformação de uma economia orientada em função de um produto, para uma outra economia baseada no «service-and-flow», em que os materiais brutos e os componentes técnicos usados pelas industrias circulam continuamente entre produtores e utentes; a construção de edifícios que produzam mais energia do que a que consomem, que não produzam desperdícios e que permanentemente sejam capazes de monitorizar o seu desempenho; a montagem de carros híbridos semi-eléctricos que economizam o seu consumo de energia; o desenvolvimento eficiente de células de hidrogénio que inaugure, em definitivo, a era da chamada «economia de hidrogénio». Estas tecnologias e todos estes projectos incorporam os princípios básicos da ecologia e representam bem a tendência para o design de pequena escala, com preferência para a diversidade, a eficiência energética, e as comunidades vocacionadas para a não-produção de poluição, e o uso intensivo do trabalho.

Para implementar efectivamente estas tecnologias teremos que redesenhar muitas das nossas instituições sociais. Por exemplo, nós precisamos de mudar o nosso sistema fiscal de modo a este deixar de incidir sobre as coisas que valorizamos – empregos, investimentos – para passar a incidir sobre aquilo que todos reconhecemos como prejudicial como seja a poluição e o desperdício de recursos.
Precisamos de acabar com os subsídios perversos entregues à indústrias insustentáveis e altamente prejudiciais, assim como a certas práticas empresariais das grandes corporações. E devemos reconhecer que o crescimento económico ilimitado só pode levar-nos ao desastre pelo que devemos agir sobre as economias em conformidade com tais conclusões.
As tecnologias hoje disponíveis permitem-nos facilmente que a transição para um futuro sustentável já não seja visto como um problema conceptual nem muito menos de carácter técnico. É, antes, e sobretudo, um problema de valores e de vontade política.

Nota: Fritjof Capra é o fundador e director do Center for Ecoliteracy em Berkeley, Califórnia. É também autor de várias obras, entre as quais «The Hidden Connections»


http://www.adbusters.org/magazine/57/ecoliteracy.php

http://www.ecoliteracy.org/






A Guerra é o mesmo que Terrorismo, mas com um orçamento maior!...

Ultimamente fala-se muito de terrorismo. Talvez esta seja uma forma de, falando-se de terrorismo, fazer esquecer os assuntos da guerra. O que é espantoso!

Porque a semântica não nos engana: em termos de escalada e de custos humanos e materiais, a guerra é muito pior que o terrorismo... O certo é que o poder global instituído (leia-se os Estados Unidos) prefere falar de terrorismo, e fazer esquecer que os Estados Unidos ( seus aliados) estão em guerra...

Já agora é preciso não esquecer o significado do envio dos guardas republicanos portugueses para o Iraque: o Estado Português também está em guerra!

Mas esta inversão que consiste em sobrevalorizar o terrorismo para desvalorizar a guerra constitui não só um óptimo exemplo de como a ideologia dominante funciona (=uma mentira repetida mil vezes, torna-se «realidade»), mas ainda uma boa demonstração de como funciona a governação estatal dos países ditos «democráticos», isto é, de como a elite económico-política se reproduz e se mantém sobre toda a população, depois de se assenhorear do poder político e esvaziar de conteúdo a democracia com que enchem a boca todos os dias a fim de enganar os tolos.

É por isso que a democracia está refém desta estratégia de poder oligárquico globalizador que governa populações e sociedades inteiras, e que não passa de um dispositivo retórico para legitimar e reproduzir um poder económico e político eminentemente oligárquico, com necessidade de refrescar permanentemente o seu pessoal político de modo a que tudo fique na mesma.

A democracia tornou-se pois em mais uma mistificação ao lado de outras tais como as "guerras humanitárias", e a "luta contra o terrorismo". Cabe aos homens amantes da liberdade e da emancipação humana desmontar toda essa panaceia que condiciona e lança para a cegueira mental milhões de seres.

Por isso, e mais do que nunca, é necessário um enorme e colossal esforço no campo da educação e formação para neutralizar a matraqueagem preparada pelo poder através dos meios de comunicação de massa postos ao seu serviço pelos grandes grupos económicos que dominam hoje a produção e circulação da informação (daí não ser despropositada a afirmação que estamos numa fase de transição de um capitalismo patrimonial para um capitalismo informacional, onde o núcleo duro do capital já não é representado por património material, mas pela posse da informação, uma vez que esta é um pré-requisito para o assenhoreamento e apropriação dos principais bens económicos) .

O terrorismo é um meio de acção descredibilizador que não contém nada de positivo para a emancipação social. Trata-se até de uma via de acção que exaspera as tendências primárias arcaicas dos indivíduos (homem-lobo) não ajudando à construção social da fraternidade e liberdade enquanto projecto colectivo partilhado por cada indivíduo.




22.1.05

2005 é o ano Einstein, físico e pacifista

Em 1905, Einstein anunciou sua Teoria da Relatividade, que mudou completamente o panorama da ciência moderna. Ele morreu nos Estados Unidos, em Abril de 1955, aos 76 anos.
Isso faz de 2005 um ano comemorativo do conhecido cientista.

Albert Einstein é conhecido por todos pelas suas revelações científicas que mudaram os conceitos sobre tempo e espaço..

2005, considerado o Ano de Einstein, é marcado por dois factos: a divulgação da Teoria da Relatividade, há 100 anos, e o ano de sua morte, 50 anos atrás.

Durante este ano irão ser realizados diversos tipos de eventos para homenagear o grande nome da ciência que é Einstein. Serão congressos, palestras, exposições e passeios pelos lugares que Einstein frequentou, principalmente na região de Berlim e Brandemburgo, onde ele viveu durante 18 anos.


A fórmula mais famosa de Einstein – E=mc² – tornou-se um verdadeiro ícone mundial.


A teoria que mudou o mundo

É raro um cientista desenvolver sozinho teorias que revolucionem de tal forma a concepção de natureza do homem. Mas esse foi o caso de Einstein, que elaborou cinco ensaios que poriam de pernas para o ar tudo o que a Física descobrira até então.
Tratou-se de uma revelação e de uma revolução sem precedentes.
Em 1921, ele recebeu o Prémio Nobel de Física, posicionando-se na lista dos grandes génios do século.

No dia 17 de Março de 1905, Einstein publicou uma teoria num dos mais conhecidos jornais especializados da Física, o Annalen der Physik. Trata-se de um texto sobre a irradiação e as características energéticas da luz. A teoria foi descrita por um amigo de Einstein como “muito revolucionária” e, de fato, este foi o primeiro passo para que a comunidade científica voltasse as suas atenções para o jovem cientista.
Einstein descreveu, neste primeiro ensaio, o efeito fotoeléctrico, que demonstra como a luz pode ser transformada em energia eléctrica.

Ainda no mesmo ano ele publica outros quatro textos, entre eles aquele no qual é apresentada a tal Teoria da Relatividade, com sua mais famosa fórmula: E=mc² (Energia é igual a massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz). Este foi o apogeu da sua carreira como cientista.

A mais conhecida fórmula científica propõe que matéria e energia podem ser transformadas uma na outra. Ele afirma ainda que uma pequena quantidade de massa pode ser transformada em grande quantidade de energia, a chamada equivalência entre massa e energia.

Isso permite-lhe explicar a combustão das estrelas, dando ao homem um conhecimento mais aprofundado sobre a matéria, assim como as enormes reservas de energia armazenadas no átomo. Isso esclarece também, de maneira geral, a capacidade e o funcionamento de uma bomba atómica.

Ele contava apenas 26 anos de idade quando desenvolveu a Teoria da Relatividade. Por esta façanha receberia o Prémio Nobel de Física, 16 anos mais tarde.


1919 é o ano em que Einstein tornou-se uma figura pública. O motivo foi a sua Teoria da Relatividade Geral (trata-se de uma parte da mesma Teoria da Relatividade, de 1905, porém apresentada somente em 1915), que foi confirmada através de observações astronómicas. Foi com este acontecimento espectacular, pouco depois do fim da Primeira Guerra Mundial, que Einstein se torna uma celebridade mundial.

O cientista aproveitou todo esse seu prestígio para empenhar-se social e politicamente. Ele apoiou a criação do Estado de Israel e o pacifismo, apoiando iniciativas e acções através de sua fama, na esperança de conquistar e ampliar direitos democráticos. Contudo, com a vitória do nazismo, Einstein e seu trabalho passam a ser difamados como trabalho judeu. Isso contribuiu fortemente para sua emigração para os Estados Unidos, no Outono de 1933, de onde anunciou que jamais regressaria à Alemanha.

A sua luta pela paz continuou.
Após a destruição das duas cidades japonesas no final da Segunda Guerra, Einstein acreditou na necessidade de os países assinarem um compromisso para fiscalizar e controlar a utilização de armas nucleares.
No início de Abril de 1955, ele enviou uma carta a Bertrand Russell, na qual se disse favorável ao manifesto proposto por Russell: solicitar que todas as nações renunciem aos armamentos nucleares.

Duas semanas depois, em 18 de abril de 1955, Albert Einstein morreu em consequência de um aneurisma, aos 76 anos, no hospital de Princeton.


As suas descobertas modificaram todo o panorama da Física de até então. Os seus estudos deram uma reviravolta no pensamento científico, ampliando horizontes e perspectivas, até mesmo em outras áreas do conhecimento. Através da elaboração de uma teoria revolucionária, novas conquistas tomaram forma. Sua maneira de pensar e agir e sua política pacifista poderiam ter contribuído significativamente para o desenvolvimento humano.

www.albert-einstein.org
www.einsteinjahr.de
www.alberteinstein.info - diários de viagem




Alexandra David-Neel

Livro que se encontra traduzido para português: Pela Vida, edição Antígona

(Tradução para português da sua breve biografia de Wikipedia)

Alexandra David-Néel (24/10/ 1868 -8/9/1969) foi uma notável mulher, de origem francesa, viajante intrépida que conseguiu chegar à cidade proibida de Lhasa, no Tibete. É também conhecida por ser espiritualista, budista e anarquista. Escreveu mais de 30 livros sobre filosofia, viagens e as religiões orientais. Exerceu uma considerável influêncis sobre os escritores beat norte-americanos como Jack Kerouac ( autor do conhecido livro «Pela Estrada Fora»), Allen Ginsberg ( poeta de «O Uivo» entre outras obras) e Alan Watts ( autor de «O Budismo Zen»)

O seu verdadeiro nome é Louise Eugenie Alexandrine Marie David e, desde sempre, revelou um grande desejo pela liberdade e espiritualidade. Em 1890-1891 trabalhou na Índia e só regressou por absoluta falta de dinheiro. Mais tarde, em Tunis encontrou o seu futuro marido, o engenheiro ferroviário Philippe Née. Em 1911 faz segunda viagem pela Índia a fim de aprofundar os seus estudos de Budismo, e é convidada para o mosteiro real de Sikkim. Encontra também o Dalai Lama por duas vezes em 1912, e interessa-se cada vez mais pelo budismo.

Entre 1914-1916 viveu numa cave do mosteiro de Sikkim, perto da fronteira com o Tibete, interessando-se pela espiritualidade oriental com a ajuda do monje tibetano Aphur Yongdon, que se tornou o seu companheiro de viagens inseparável. Atravessou em 1916 a fronteira tibetana até Panchen Lama, no Shigatse. Logo que as autoridades inglesas tomaram conhecimento desta incursão ( recorde-se que Sikkim era uma protectorado inglês na época), Alexandra teve de abandonar o país dirigindo-se para o Japão, uma vez que a Europa encontrava-se em plena I Grande Guerra. E foi no Japão que se cruzou com Ekai Kawaguchi, que lhe confessou ter visitado Lhasa, a cidade proibida, em 1901 disfarçado de médico chinês. Esta inconfidência levou Alexandra a resolver-se também a viajar até Lhasa atravessando a China desde a costa leste até às suas fronteiras com o Tibete, acabando por chegar a Lhasa disfarçada de peregrino, e onde se demorou cerca de dois meses.
Regressa a França onde se separa e se volta a conciliar com o seu marido até à morte deste em 1941. Passa e escrever livros.
Em 1937, Alexandra e Yongden voltam à China e ali se demoram durante todo o período da II Grande Guerra, só regressando à França em 1946. Tinha então 78 anos.
Alexandra David-Néel continuará a estudar e escrever até à sua morte aos 100 anos.

http://www.alexandra-david-neel.org/index_anim.htm



Bibliografia em francês:

1898 Pour la vie
1911 Le modernisme bouddhiste et le bouddhisme du Bouddha
1927 Voyage d'une Parisienne à Lhassa (1927, My Journey to Lhasa)
1929 Mystiques et Magiciens du Tibet (1929, Magic and Mystery in Tibet)
1930 Initiations Lamaïques (Initiations and Initiates in Tibet)
1931 La vie Surhumaine de Guésar de Ling le Héros Thibétain (The Superhuman Life of Gesar of Ling)
1933 Grand Tibet; Au pays des brigands-gentilshommes
1935 Le lama au cinq sagesses
1938 Magie d'amour et magic noire; Scènes du Tibet inconnu (Tibetan Tale of Love and Magic)
1939 Buddhism: Its Doctrines and Its Methods
1940 Sous des nuées d'orage; Recit de voyage
1949 Au coeur des Himalayas; Le Nepal
1951 Ashtavakra Gita; Discours sur le Vedanta Advaita
1951 Les Enseignements Secrets des Bouddhistes Tibétains (The Secret Oral Teachings in Tibetan Buddhist Sects)
1951 L'Inde hier, aujourd'hui, demain
1952 Textes tibétains inédits
1953 Le vieux Tibet face à la Chine nouvelle
1954 La puissance de néant, by Lama Yongden (The Power of Nothingness)
Grammaire de la langue tibetaine parlée
1958 Avadhuta Gita
1958 La connaissance transcendante
1961 Immortalite et reincarnation: Doctrines et pratiques en Chine, au Tibet, dans l'Inde
L'Inde où j'ai vecu; Avant et après l'independence
1964 Quarante siècles d'expansion chinoise
1970 En Chine: L'amour universe! et l'individualisme integral: les maitres Mo Tse et Yang Tchou
1972 Le sortilège du mystère; Faits étranges et gens bizarre rencontrés au long de mes routes d'orient et d'occident
1975 Vivre au Tibet; Cuisine, traditions et images
1975 Journal de voyage; Lettres à son Mari, 11 août 1904 - 27 decembre 1917. Vol. 1. Ed. Marie-Madeleine Peyronnet
1976 Journal de voyage; Lettres à son Mari, 14 janvier 1918 - 31 decembre 1940. Vol. 2. Ed. Marie-Madeleine Peyronnet
1979 Le Tibet d'Alexandra David-Neel
1986 La lampe de sagesse






21.1.05

Salvemos as sementes!

A rede «sementes camponesas» lançou uma petição internacional exigindo a livre circulação e difusão das sementes. Isto porque a União Europeia não autoriza senão a comercialização de sementes que estejam no catálogo oficial das sementes, cuja inscrição é de custo elevadíssimo só suportável para grandes empresas. Só para dar uma ideia da enormidade basta ver que a inscrição no catálogo oficial das sementes custa 15.000 euros para sementes de cereais e 4.000 euros para sementes hortícolas. Nestas condições não é difícil concluir que as multinacionais têm todas as condições para efectuar as suas inscrições, que ficam vedadas, porém, para os agricultores independentes. É certo que existe um outro catálogo designado de «amador» cujo custo de inscrição é muito mais acessível ( cerca de 200 euros) mas que se destina unicamente para as variedades de sementes mais antigas… e só na condição de não serem cultivadas senão para o seu próprio consumo.
O resultado desta política tem sido a redução drástica da variedade de sementes. Para se opor a esta ameaça que pesa sobre os agricultores e sobre a biodiversidade foi lançado a referida petição pela Reseau semences paysannes, Cazalens, 81600, Brens.
e-mail: semencepaysannes@wanadoo.fr


Por seu lado a Associação Kokopelli, que defende a biodiversidade de sementes a nível mundial, possui uma vasta documentação que pode ser pedida e parcialmente consultada em
www.kokopelli.asso.fr


Outras fontes e contactos:
IFOAM – federação dos movimentos agrobiologistas a nível mundial
www.ifoam.org

Via Campesina
www.viacampesina.org

CNRAB – centre national de ressources en agriculture biologique
www.agribio.com

ITAB – Institut de l’agriculture biologique
www.itab.asso.fr

Alliance paysans écologistes consommateurs
www.alliancepec.free.fr

FNAB – Federação nacional de agricultura biológica francesa
www.fnab.org

Conféderation paysanne
www.confederationpaysanne.fr

Os microchips subcutâneos ao serviço do Big Brother

O governo norte-americano acabou de autorizar a implantação de chips electrónicos no corpo humano para fins médicos. Tais chips subcutâneos darão acesso directo e imediato aos antecedentes médicos do doente. Esta decisão é vivamente contestada pelas associações de defesa das liberdades que receiam por possíveis manipulações. Um chip que vos é injectado sob a pele tendo na memória os vossos dados pessoais e o vosso dossier médico já não pertence ao mundo da ficção científica, mas é a mais recente invenção de uma empresa de alta tecnologia norte-americana, a Applied Digital Solutions. Mas ainda mais espantoso é que a Food and Drug Administration (FDA), organismo do governo americano encarregado de testar e regulamentar os produtos alimentares, deu o seu aval a esta tecnologia a ser aplicada nos hospitais americanos.
Baptizado por «verichip» este dispositivo do tamanho de um grão de arroz é um micro-chip rádio RF-d (Rádio Frequency Identificator), e funciona como um emissor-receptor microscópico. Quando é activado, graças a um scanner, ele pede um código de identificação, mediante o qual ele permite o acesso a uma base de dados onde estão registadas as informações médicas da pessoa, que podem ser lidas num terminal de computador ou num simples PDA. Segundo os investigadores trata-se de uma promissora tecnologia para o diagnóstico médico. O chip pode realizar igualmente um certo controlemédico sobre certas funções biológicas como o ritmo cardíaco ou ataxa de glicemia. Os «verichips» funcionam tal como os códigos de barras dos produtos de hipermercado. Tais etiquetas electrónicas miniaturas implantadas na derme da pessoa podem ser facilmente usadas para outras finalidades e servirem de autênticas tatuagens electrónicas. Pior que tudo isso é que tais dispositivos conectados a uma rede de satélie do tipo GPS (Global Positioning System) permitirá localizar rapidamente o doente a todo o tempo.
É mesmo para dizer que chegaram os cyborgs.
Blade Runner, Robocop, Darth Vador já não são simples figuras híbridas meio-humanas/meio-máquinas de cinema fantástico. Passamos a conviver com eles lado a lado.

http://www.rfi.fr/actufr/articles/058/article_31122.asp






Contraste da ajuda do Estado norte-americano para as vítimas do Tsunami asiático e o custo de um bombardeiro militar

Desculpem se o texto está em inglês mas os números são suficientemente explícitos. Comentários para quê?

350 million dollar US-aid for 4 countries

VERSUS

2 billion dollar for ONE B-2 bomber


An examination of the nature of US tsunami relief aid and the reasons for the differences in US corporate news coverage of wars and natural disasters.

At first, President George W. Bush stated that the US contribution to aid for tsunami victims in Asia would be 15 million. Then, as embarrassment grew over the miserly nature of the contribution by the world's richest nation, the figure for the aid increased to 35 million and subsequently to 350 million. Consider that one B-2 bomber or nuclear powered submarine costs over 2 billion dollars or over 6 times the amount spent to help people suffering immensely from this terrible natural calamity.

The US military budget is approaching 500 billion dollars a year and the amount spent on the Iraq war so far is well over 100 billion dollars. It is obvious that the priorities of the US government are much more inclined towards death, destruction and the theft of other people's natural resources than they are toward alleviating the suffering of poor people around the world.

Believing that the US government is motivated by tender compassion for victims of this natural catastrophe, while it is simultaneously bombing into rubble cities like Fallujah in Iraq and poisoning their land with depleted uranium, is similar to believing the Mafia could suddenly transform themselves into the sisters of mercy. Of course, some aid must be given so that the great myth of the beneficence of the United States can continue unchallenged.

The corporate media will greatly accentuate the magnanimity of US aid and then Americans will ask after another attack: "Why do they hate us so much, when we have given them so much assistance in time of need?" Even without natural disaster millions of children die every year from starvation or from diseases caused by the lack of clean drinking water. It would take only a small portion of the Pentagon's annual budget to provide safe drinking water to the population of the Third World. Enough food is produced in the world each year to feed everyone if poor people had the money to buy it.


The answer to this problem is the abolition of the capitalist economic system and the further enrichment of the US ruling class at the expense of poor people here and abroad. However, the Pentagon's mission is the exact opposite of that. The Pentagon wants to perpetuate capitalism and enable even greater exploitation of Third Word people by American capitalists. The US corporate media's reaction to the tsunami disaster in Asia is also very revealing as to their real objectives.

An estimated 100,000 Iraqi civilians have been killed so far in the war in Iraq. However, one does not see pictures of the destroyed houses, the corpses in the rubble and the wounded children crying for their parents in Iraq as one can easily see pictures of the victims of the tsunami hour after hour on all corporate television news channels. A saying of the corporate news media is that if it bleeds, it leads, but it bleeds a lot in Iraq and is almost totally ignored. Why is this? The answer is that there is a big difference between natural disasters and wars. There is little blame or criticism which can be leveled at those who own and dominate American society and their servants in government from natural disasters or so-called acts of God. However, wars are an entirely different matter. Wars are the deliberate actions of governments and can be prevented or stopped once they occur. Also, wars are extremely profitable for some corporations and many of these corporations own the US media. It could be very disadvantageous to the popularity of these wars among the American people if ugly images of corpses or crying children filled American television screens every night. Therefore, even though the casualty figures may be similar, there occurs the tremendous divergence in corporate news coverage of wars and natural calamities. This duplicity by the US corporate media adds significant evidence to the contention that they are not free and independent observers of the world situation, but are instead intimate collaborators with the US government in their illegal, immoral wars and designs for empire.








Os Verdes alemães, quem os viu…

Os Verdes alemães acabam de festejar o seu 25ºaniversário como Partido político. Ao longo destes 25 anos, os Verdes alemães transformaram-se num partido estabelecido ao lados dos demais, o que só vem a confirmar a profecia de um dos seus fundadores de há 25 anos, Hubert Kleinert: «Vamos ser como eles (os partidos estabelecidos) e não vamos reparar nisso». Ora esse prenúncio acabou por se verificar mais cedo do que muitos previam.
Em 1983 os Okopaxe (eco-pacifistas) conquistaram alguns assentos no Bundestag através da irreverência e contestação política. Hoje, o seu elemento mais conhecido, Joschka Fischer, um dos mais aguerridos elementos da juventude alemã radical dos anos 70, é vice-chanceler do governo alemão e ministro dos negócios estrangeiros












Fábrica norte-americana fecha em Gondomar, e lança centenas de trabalhadores para o desemprego.

A multinacional norte-americana Kaz Ibérica, cujas instalações fabris de produção de aquecedores a óleo se situavam em Fânzeres, Gondomar, decidiu encerrar lançando para o emprego 207 funcionários, a maior parte dos quais residentes da freguesia de S.Pedro da Cova. A decisão de encerramento foi comunicada por um administrador da empresa que se deslocou dos Estados Unidos para o efeito. Os operários, reunidos em plenários, rejeitaram as propostas de rescisão que lhes foram apresentadas. Lamentam ainda a desonestidade da empresa que tinha recorrido anteriormente ao lay-off, e não têm dúvidas sobre a intenção da empresa em deslocalizar a sua produção para países como a China. Consultar JN de 14/01/2005








Saldo da Segurança Social a descer

Pelos dados fornecidos pelo Tribunal de Contas o saldo da Segurança Social entre Janeiro e Junho de 2002 foi de 661,7 milhões de euros. Em igual período do ano seguinte o saldo baixou para 517,3 milhões de euros, e no ano de 2004, para o igual período de Janeiro a Junho o referido saldo já era de 392,5 milhões de euros.
Estranhamente de um total orçamentado de 120 milhões de euros, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social apenas tinha transferido no ano de 2004 até ao mês de Junho 10 milhões de euros!
Do lado da despesa, os subsídios de desemprego, de doença e o Rendimento Social de Inserção absorvem o grosso dos fundos. Até Junho de 2004, o subsídio de desemprego absorveu já 665 milhões de euros, o que corresponde a uma taxa de execução de 57% da verba prevista para todo o ano, e representa uma subida de 16,1% face ao semestre homólogo de 2003.
Até Junho a despesa da Segurança Social crescera a 9,7 % face ao ano anterior de 2003, enquanto a receita subiu 7,3%




20.1.05

A multinacional Monsanto é condenada a multa milionária por suborno

A empresa multinacional agroquímica Monsanto vai pagar uma multa de 1,5 milhão de dólares por subornar uma autoridade da Indonésia para facilitar a introdução de produtos transgénicos no país. A empresa admitiu que há três anos pagou 50 mil dólares a um elemento do governo indonésio para facilitar a aprovação da introdução do algodão.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou o acordo pelo qual a multinacional vai pagar a multa em troca de que as autoridades não apresentem nenhuma acusação formal durante os próximos três anos. Neste período, a empresa será monitorada e caso cumpra todos os termos do pacto, o caso será abandonado.
Segundo as acusações, a Monsanto contratou uma empresa indonésia de consultoria que subornou um funcionário do ministério do Meio Ambiente da Indonésia para autorizar a venda de produtos transgénicos sem que fossem feitas as avaliações de impacto ambiental, o que é exigido no país. Pela transacção, um funcionário da empresa norte-americana pediu para que a consultoria apresentasse facturas falsas, especificando como "gastos de consultoria", o que consta também nos livros da contabilidade da Monsanto.
Nos Estados Unidos, há uma lei contra as práticas corruptas no exterior que persegue as empresas norte-americanas que realizam subornos ou práticas similares. Apesar do suborno, a autoridade indonésia, que não foi identificada, não alterou o decreto que determinava a necessidade de um estudo de impacto ambiental do algodão transgénico. A Monsanto disse ter despedido todos os funcionários envolvidos no caso e que criou o cargo de director de conduta nos negócios. A empresa também actua no Brasil e beneficia da nova lei que liberaliza o plantio de transgénicos.
Fonte:http://www2.rnw.nl/rnw/pt/atualidade/americadonorte/at050107Monsanto_transgenicos




Afinal, a produtividade em Portugal é maior que nos Estados Unidos!!!!

Para contrariar a ideia peregrina que os trabalhadores portugueses não trabalham (!!!) e que as nossas baixas taxas de produtividade se mostram insuficientemente competitivas em relação às suas congéneres dos países e das economias desenvolvidas encontramos um estudo realizado pelo Deutsche Bank, cujas conclusões foram agora divulgadas na grande imprensa.
Soube-se assim pelo Jornal de Notícias de 19 de Janeiro de 2005 que a produtividade do capital e do trabalho em Portugal cresceu mais do que nos Estados Unidos da América, quando comparada a produção total por hora trabalhada, segundo o referido estudo do Deutsche Bank.
Entre 1995 e 2003, a produção por hora trabalhada aumentou anualmente 2,2% em Portugal e 2,1% nos USA.
De 1990 a 1995, a diferença de crescimento foi maior, já que Portugal viu a sua produtividade crescer 3,1% por ano, contra os 1,3% dos norte-americanos.
Os analistas da instituição financeira alemã explicam que as diferenças de produtividade são normalmente empoladas a favor dos USA devido a «artefactos» estatísticos.
Tradicionalmente, os norte-americanos consideram a produtividade uma medida da produção por pessoas empregada, deixando de fora o sector agrícola e excluindo os valores das empresas públicas, ao contrário do que se passa na Europa, onde estes factores são incluídos.
Para ultrapassar essas dificuldades de comparação, a equipa de investigadores do Deutsche Bank preferiu avaliar a produtividade, enquanto medida da eficiência da produção, olhando para a produção por hora trabalhada, em linha de conta não só com o factor trabalho , mas também como o factor capital.
Na análise tradicional, a diferença entre a produtividade do trabalho na União Europeia e dos USA é 1,5 pontos percentuais por ano, mas segundo o novo esquema analítico que se refere à produtividade total (com capital e trabalho) essa diferença reduz-se já para 0,5 pontos percentuais.
De qualquer modo, nesta nova análise da produtividade alguns países europeus superam claramente a produtividade dos norte-americanos, entre os quais se conta Portugal com níveis de crescimento da produtividade total mais elevados que os norte-americanos, e da ordem dos 2,2% (entre 1995 e 2003)

Para contrariar a ideia peregrina que os trabalhadores portugueses não trabalham (!!!) e que as nossas baixas taxas de produtividade se mostram insuficientemente competitivas em relação às suas congéneres dos países e das economias desenvolvidas encontramos um estudo realizado pelo Deutsche Bank, cujas conclusões foram agora divulgadas na grande imprensa.
Soube-se assim pelo Jornal de Notícias de 19 de Janeiro de 2005 que a produtividade do capital e do trabalho em Portugal cresceu mais do que nos Estados Unidos da América, quando comparada a produção total por hora trabalhada, segundo o referido estudo do Deutsche Bank.
Entre 1995 e 2003, a produção por hora trabalhada aumentou anualmente 2,2% em Portugal e 2,1% nos USA.
De 1990 a 1995, a diferença de crescimento foi maior, já que Portugal viu a sua produtividade crescer 3,1% por ano, contra os 1,3% dos norte-americanos.
Os analistas da instituição financeira alemã explicam que as diferenças de produtividade são normalmente empoladas a favor dos USA devido a «artefactos» estatísticos.
Tradicionalmente, os norte-americanos consideram a produtividade uma medida da produção por pessoas empregada, deixando de fora o sector agrícola e excluindo os valores das empresas públicas, ao contrário do que se passa na Europa, onde estes factores são incluídos.
Para ultrapassar essas dificuldades de comparação, a equipa de investigadores do Deutsche Bank preferiu avaliar a produtividade, enquanto medida da eficiência da produção, olhando para a produção por hora trabalhada, em linha de conta não só com o factor trabalho , mas também como o factor capital.
Na análise tradicional, a diferença entre a produtividade do trabalho na União Europeia e dos USA é 1,5 pontos percentuais por ano, mas segundo o novo esquema analítico que se refere à produtividade total (com capital e trabalho) essa diferença reduz-se já para 0,5 pontos percentuais.
De qualquer modo, nesta nova análise da produtividade alguns países europeus superam claramente a produtividade dos norte-americanos, entre os quais se conta Portugal com níveis de crescimento da produtividade total mais elevados que os norte-americanos, e da ordem dos 2,2% (entre 1995 e 2003)

Aumento do desemprego

Segundo números divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional o total de desempregados inscritos nos centros de emprego do nosso país em Dezembro de 2004 é de 468.852 pessoas, o que corresponde a um aumento de 3,6 % relativamente ao mês de Dezembro do ano anterior. 42,2% dos desempregados relacionam-se com o chamado desemprego de longa duração. Do total de desempregados 56,% são mulheres e 43,7% são homens.
Esta estatísticas oficiais não incluem obviamente todos os existentes nem o sub-emprego, nem ainda o trabalho precário dos contratos temporários e dos contratos a prazo.






19.1.05

As auto-estradas: linhas da palma da mão ou tatuagens da ditadura do homem sobre a terra?

(texto de Vandana Shiva, publicado em zmag.org)


As auto-estradas tornaram-se na identidade distorcida da Índia contemporânea ao criarem raízes no coração do imaginário da Índia radiante (Índia Shining).

O primeiro-ministro indiano foi citado ao ter declarado:
«As auto-estradas são como as linhas da palma da mão. Há uma linha do destino que ligará Srinagar a Kanyakumani. Não demorará muito a hora em que poderemos sair de Kanyakumani e chegar facilmente a Srinagar.»

A redefinição da actual Índia pressupõe o esquecimento da Bharat, a Índia autêntica ( o nome oficial da Índia é Bharat Garanajivá). Escrever o nosso destino no cimento é apagar o destino do nosso solo, da nossa terra e da nossa ecologia.

Na Índia consideramos as nossas montanhas e os nossos rios como as «linhas da palma da nossa mão». São uma parte intrínseca da ecologia e da geografia da nossa terra-mãe: são, no fundo, os nossos doadores e os nossos receptores.

As auto-estradas não são, pois, as linhas da palma da mão, são antes como que tatuagens, marcas negras impostas na paisagem por efeito de decisões externas, um desenho que centraliza e exclui, um projecto que já fora utilizado, em outras épocas, por Hitler, para controlar o destino dos alemães. O carácter violento de um tal desenho, imposto a partir do exterior, ficou simbolizado no assassinato de um engenheiro, Dubey, que tentou denunciar e tornar pública a corrupção nos contratos de construção das auto-estradas, promovidos pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional.

Nós estamos intimamente ligados à nossa terra, aos nossos rios e montanhas. Foi a terra que moldou o nosso destino. E é através dessa união que nós nos unimos, enquanto civilização, desde Cachemira até Kanyakumari.

As fontes dos afluentes do Ganges são os «Char Dhams» ( Char Dham é uma expressão que inclui os quatro templos mais venerados da Índia). A população cruza o país em peregrinação até aos Himalaias, onde se encontra Yamunotri, Gangotri, Kedarnath e Badrinath. Nunca ninguém precisou de auto-estradas para que as pessoas do sul pudessem fazer essa peregrinação; eram suficientes os laços sagrados com as nossas montanhas e os nossos rios. Aliás, a peregrinação ganhava valor justamente pelo facto das pessoas fazerem-na a pé. A Índia sempre valorizou a «Padyatra» ( a marcha a pé).

A marcha de Gandhi foi uma Padyatra. O movimento Chipko ( movimento de resistência contra a destruição das florestas da índia, como fonte de recursos vitais, nos anos 70 e 80) difundiu-se a partir das montanhas dos Himalais por meio de Padyatras. Ainda hoje em dia, milhares de pessoas caminham com o objectivo de levar para casa «Gangajal» ( a água sagrada do Ganges), nas festas de Shivrathri ( a grande noite de Shiva). A maioria das mulheres das zonas rurais da índia costumam ir a pé buscar folhagem, lenha e água. Tais caminhadas serão cada vez mais longas à medida em que cada vez mais árvores serão cortadas, e menos água será encontrada, por causa do cimento e do alcatrão que as auto-estradas irão trazer.

A substituição, no nosso imaginário, dos nossos grandes rios sagrados pelas auto-estradas, assim como a troca da nossa união com a terra sagrada, com as suas montanhas e florestas, pelas ligações rodoviárias de alcatrão e cimento, vai mudar a ecologia da Índia, a sua cultura e a sua singularidade, e tudo isto só para adoptar o modelo ocidental de desenvolvimento obsoleto, fora de moda e insustentável pelo seu altíssimo custo social e ambiental.

Tagore recorda-nos que a Índia é diferente porque é uma «Aranya Sanskriti», isto é, inspira-se nas suas florestas e nos seres vivos, enquanto as características do ocidente derivam de tijolos e argamassas mortos.

E Gandhi escreveu:
« A civilização moderna procura aumentar os confortos do corpo, contudo, fracassa miseravelmente nisso… frente a uma civilização dessas, o que devemos é ser pacientes, porque ela inevitavelmente se autodestruirá… apesar de não haver limite para as vítimas que serão imoladas no seu altar. Os seus efeitos letais levarão as pessoas a lançarem-se nas suas chamas, acreditando que tudo isso é muito bom».
A Índia é acusada de que seu povo é incivilizado, ignorante e estúpido, o que significa uma acusação contra aquilo que constitui a nossa fortaleza. O que nós comprovamos e defendemos não nos deve fazer mudar. Há muita gente que dá conselhos à Índia, mas ela permanece inalterável. É nisso que consiste a sua beleza. Isso constitui a âncora de nossa esperança.
A nossa peculiaridade civilizadora de deixar uma pequena pegada ecológica no planeta está sendo apagada pelo afã de imitarmos o ocidente industrializado, usurpando o espaço ecológico dos outros seres, das comunidades rurais e tribais e dos pobres das cidades.
As auto-estradas e os automóveis são o símbolo cultural mais radical do desenvolvimento não sustentável e da exclusão ecológica.
As nossas estradas acolhiam as vacas, os cavalos, os camelos, os elefantes e os carros. A cidade de Dehli anunciou que, no fim de 2004, as suas vias de comunicação serão interditas para as vacas". Antes disso, foram proibidos os "rickshaw" ( os arrinhos tipicamente orientais puxados por uma pessoa, como meio de transporte tradicional para passageiros).
A cultura do automóvel e das auto-estradas são o símbolo das culturas totalitárias, as quais negam às pessoas alternativas mais sustentáveis e equitativas de mobilidade e transporte.
Para ir de Kanyakumari à Cachemira, a Índia dispõe da maior rede ferroviária mundial. Apesar disso, a propaganda dos projectos rodoviários faz crer que a ausência de rodovias implica que o povo da Índia não tem possibilidade de locomoção. O nossos dirigentes estão cegos frente à experiência do ocidente, onde foram abandonados modos de transporte mais sustentáveis e convenientes para as pessoas, optando-se pelo transporte rodoviário. Na Alemanha, o transporte rodoviário é responsável por 91% da poluição atmosférica, 64% da poluição acústica, 91% do desaparecimento de terras cultiváveis, 56% das despesas de construção e manutenção e 98% dos acidentes.

O transporte rodoviário é 8 vezes mais poluente, 10 vezes mais destruidor de terras e tem uma propensão para causar acidentes 20 vezes maior que o ferroviário. O transporte rodoviário causa 17% da contaminação por CO2, responsável pela instabilidade climática. Não obstante estarem cientes desses inconvenientes, os governantes da Índia vão escolher a mais obsoleta e custosa forma de transporte como símbolo da "Índia Radiante".
A auto-estrada ("sadak") fez parte da propaganda eleitoral do BJP ( Bharatiya Janata Party, partido do Primeiro Ministro) para as eleições legislativas. Levando-se em conta o número de anúncios publicitários na campanha para as eleições gerais, o povo da Índia pode ter certeza de que as rodovias e os automóveis serão apresentados como os símbolos de uma nova e feliz Índia. A auto-estrada tornou-se o Bharat Jodo Pariyojna (projecto de rodovias do Primeiro Ministro (PMBJP). As agências de publicidade conseguiram que a palavra auto-estrada seja equivalente a BJP, na cabeça das pessoas.
Porém, é preciso aceitarmos as lições que nos dá a história e que as outras sociedades nos oferecem. Temos um século de experiências sobre a violência social e ecológica provocadas pelo automóvel, o que nos permitiria escapar à sua escravidão. E dispomos das lições da Alemanha nazista, onde as auto-estradas foram desenhadas como forma de controle centralizado, de fascismo e de autoritarismo, e nunca como exemplo de liberdade humana e democracia.
Como Wolfgang Sachs mostra em sua agora clássica obra "For the Love of the Automobile" (Pelo Amor do Automóvel):
"As ditaduras não se mantêm somente pela força, como também pelo apelo emocional. As ilusões do homem médio constituem não só uma parte da mentalidade da época quanto de explicação para a Gestapo. A história desse entusiasmo durante o fascismo alemão, contudo, está ainda por ser escrito. Mesmo assim, quem quiser escutar escondido a conversa do bar da esquina e descobrir o consentimento dos de baixo com relação à opressão daqueles que mandam, terá que criar todo um capítulo sobre a política de motorização dos nacional-socialistas."
O populismo do Primeiro Ministro Vajpayees com o projeto de suas "adoradas" auto-estradas apresenta um claro paralelismo com as imagens do populismo de Adolf Hitler e a auto-estrada hanseática Frankfurt-Basel. A lei automobilística do Reich, que tornou possível o desenvolvimento das rodovias, retirou a competência dos estados federados e a concentrou-a no poder central.
As auto-estradas exclusivas para carros acabaram com o pluralismo e a democracia do transporte. Um documento daquela época indica o campo como o principal obstáculo para o automóvel, porque:
"espera-se compartilhar as ruas com carroças puxadas a cavalo, ciclistas e pedestres… o conceito moderno de tráfico está concentrado na introdução de uma rede de auto-estradas especiais ao serviço dos viajantes de longas distâncias e para uso pelos automóveis mais rápidos (para as quais são construídas)…" (Wolfang Sachs, p.49).
O monocultivo da mente, que destruiu a biodiversidade das granjas e florestas, e que alimentou os ódios entre as comunidades, está-se estendendo agora para a paisagem e os caminhos da Índia. O proprietário de automóvel e o viajante de longas distâncias é um cidadão privilegiado. O carro de bois, a bicicleta e o caminhante serão postos de lado pelo automóvel, que até agora era somente uma entre as várias formas de transporte. A composição diversa e pluralista da Índia está sendo remodelada de uma forma muito simples, através do projecto rodoviário do primeiro ministro. Hitler também deu impulso às "auto-estradas nacionais", com o objectivo de criar uma Volksgemeinschaft (uma sociedade nacional) unida como "um só povo, um só Reich, um só Führer", porém isso implicava erradicar a diversidade, a autonomia e a descentralização. Os nazis alemães serviram-se das auto-estradas para "moldar o povo alemão de forma unitária". Os actuais governantes da Índia também estão utilizando as auto-estradas como meio e metáfora para converter a Índia num monólito.
Segundo dados oficiais de 2004, da Índia:
"Entre 1947 e 1997 (em 50 anos): foram construídos somente 556 km de auto-estradas nacionais para 4/6 pistas de carros, ou seja, 11,12 km por ano.
A partir de 1997: com o PMBJP, estão a ser construídas 24.000 km de auto-estradas nacionais para pistas de 4/6 carros, o que significa 11 km diários, empregando 5.000 pessoas diariamente."
A propaganda dos nazis serviu-se das mesmas medidas para atingir os seus objectivos. A construção das auto-estradas foi o maior projecto de obras públicas, com 6.000 km previstos, e cerca de um milhão de empregos criados em consequência das políticas de motorização. A propaganda da "Índia Radiante de Alcatrão" só encontra paralelo com a euforia do Reich alemão. Os nacional-socialistas apresentaram a construção das auto-estradas na sua dupla condição de êxito técnico e de feito cultural. Como declarou Fritz Todt, inspector geral das auto-estradas alemãs, depois da construção das primeiras mil milhas:
"Uma vez mais resulta motivo de orgulho ser um construtor de auto-estradas. O Reich alemão está levando às auto-estradas um nível de beleza e extensão como nunca tinha sido alcançado na história da civilização humana…"
Pois bem, o Governo da Índia está tentando superar o Reich alemão.
A Índia do século XXI tem que ser construída sobre o legado de Gandhi, não sobre o de Hitler. Ela precisa evitar a repetição dos erros ecológicos e sociais dos países industrializados do ocidente. A Índia ofereceu alternativas civilizadoras que se baseiam na sustentabilidade e no pluralismo. Gandhi escreveu:
"Deus queira que a Índia não adopte nunca o modelo de industrialização ocidental. O imperialismo económico de um único ínfimo reino insular (Inglaterra) mantém hoje o mundo aprisionado. Se uma nação de 300 milhões de habitantes adoptasse o mesmo tipo de exploração económica, deixaria o mundo como se tivesse sido arrasado por uma praga de gafanhotos."
Hoje somos milhões e milhões de pessoas e pedem-nos para adoptar a forma de vida e o sistema económico de 20% da humanidade, a qual dispõe de 80% dos recursos do mundo. Se 200 milhões de cidadãos ricos da Índia quiserem viver segundo o estilo dos seus homólogos ocidentais, 800 milhões de seus irmãos e irmãs estarão privados de seus recursos hídricos, de suas terras, de suas casas e de seu sustento.

O projecto das auto-estradas não vai unir a Índia, mas dividi-la. Vai criar um apartheid automobilístico, no qual os ricos vão guiar em alta velocidade por auto-estradas que atravessam povoações e florestas, que obrigam a demolir casas, destruir plantações e arrancar árvores, que despojam do seu sustento e forma de vida os seus irmãos e irmãs. As auto-estradas são cemitérios de cimento e alcatrão que estão a enterrar os nossos solos, as nossas aldeias e as nossas liberdades.









Crise no recrutamento de soldados para a guerra

Segundo notícias publicadas na imprensa inglesa do fim de semana o recrutamento de voluntários para o exército está a tornar-se cada vez mais difícil em virtude da acção continuada do movimento contra a guerra no Iraque que tem recebido apoio de celebridades mediáticas e de familiares de militares mortos no Iraque.

O mesmo está a acontecer nos Estados Unidos, especialmente nas comunidades mais pobres que, normalmente, forneciam os maiores contigentes de voluntários para o exército norte-americano. Com efeito, o número de voluntários interessados em ingressar na carreira militar, vindos das comunidades negras e hispânicas têm vindo a diminuir nos últimos meses por efeito da sensibilização junto da população promovida pelo movimento contra a guerra no Iraque.

Jornada Internacional de protesto contra Bush no dia 20/Janeiro

Greve Mundial para o dia 20 Jan.

(ou fazer uma flashmob)

Links e propostas de acção para o dia 20 de Janeiro, data em que G.Bush irá tomar posse para o seu 2º mandato como Presidente dos Estados Unidos, e dia para o qual está convocada uma greve mundial e uma Jornada Internacional de protesto contra Bush pela invasão, agressão e ocupação do Iraque pelo exército norte-americano



J20 International General Strike and Bush Inauguration Protest

The first worldwide general strike in history.
Call in sick.
Take a personal day.
Blockade the imperial procession.
Protests everywhere.


www.counter-inaugural.org

www.j20.org

www.j20pdx.net

www.dawndc.net/events/j20_05/call.php

www.austinspokes.org/j20-org.shtml

www.organiccollective.org

http://www.notinourname.net/archive/20jan05-actions.htm

www.indybay.org/news/2004/11/1704178_comment.php

www.indybay.org/news/2004/12/1708244.php

http://www.globalizethis.org/article.php?id=50

www.voxunion.com

www.notinourname.net

http://actagainstwar.org/calendar.php?calid=321

http://www.unitedforpeace.org/article.php?id=2651

http://www.answerla.org/

http://www.rancor.info/

www.inaugurationmedia.org

http://www.organiccollective.org


Proposta de acção: Fazer uma flashmobs

Depending on the number of participants in your city, two or more flashmobs could descend on various locations and then converge with the main counter-inaugural protest
Esso/Exxon/Mobil provides an internationally unifying group of landmarks and could provide a clear link between Bush, corporations, oil, war, and the system in general.


Flashmobs could be a great way to rally the troops. It may not be easy but it's also not to late (and might be fun) -- so get busy, get active, get revolting!

http://www.flashmob.com/faq.html

http://xflashmobs.com/faq.asp

http://www.pacificenvironment.org/stopexxonmobil