24.7.13

Os desempregados são o exército industrial de reserva do capitalismo

 
O capitalismo tem necessidade de gerar desemprego
 
 
 
«O desemprego em massa constitui o exército industrial de reserva, quanto maior ele é, melhor para o capitalista que poderá assim afirmar ao proletário no caso deste fazer greve, que pode contratar outra pessoa a um custo menor fazendo o mesmo trabalho. Daí que o exército industrial de reserva seja tão importante para o capitalismo»
Karl Marx
 
Exército industrial de reserva é um conceito desenvolvido por Karl Marx na sua crítica da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das economias capitalistas.
 
O exército de reserva corresponde à força de trabalho que excede as necessidades da produção.
 
Para o bom funcionamento do sistema de produção capitalista e garantir o processo de acumulação, é necessário que parte da população ativa esteja permanentemente desempregada. Esse contingente de desempregados atua, segundo a teoria marxista, como um inibidor das reivindicações dos trabalhadores e contribui para o abaixamento dos salários.
 
Segundo Karl Marx, na busca de inovações tecnológicas que lhes propiciem uma vantagem temporária sobre os seus concorrentes, os capitalistas tendem a elevar a composição orgânica do capital , substituindo gradativamente a força de trabalho (que é parte do capital variável ) por máquinas (que são parte do capital constante ), o que resultaria num aumento do desemprego e do exército de reserva.
 
O conceito de exército industrial de reserva lança por terra a crença liberal na liberdade de trabalho, bem como o ideal do pleno emprego.
 
Marx divide este exército de reserva industrial em três tipos: latente; flutuante; e intermitente.
 
A parte latente do exército de reserva industrial é gerada pela mecanização agrícola, que produz um excedente de população rural constantemente em condições de ser absorvido pelo proletariado urbano ou manufatureiro, e na espreita de circunstâncias propícias para esta transformação.
No Século XIX e princípios do XX, o camponês europeu formou uma reserva de trabalho latente para a indústria americana, e os negros do sul e outros grupos rurais minoritários desempenharam o mesmo papel durante os últimos cinquenta anos.
 
A reserva flutuante está composta por trabalhadores, atraídos às vezes pela indústria moderna e rejeitados por outras, especialmente jovens e pessoas mais idosas nos tempos de Marx, mas agora em grande parte imigrantes recém chegados da cidade e antigos imigrantes marginalizados que, de outro modo, subsistem graças aos seguros sociais.
 
A reserva de trabalho intermitente é uma parte do exército de mão-de-obra ativa, que tem um emprego completamente irregular. Tem salários mínimos, e as condições de vida desse grupo estão abaixo do padrão do resto da classe operária.
 
 Nos tempos de Marx, a força de trabalho intermitente era utilizada principalmente em indústrias domésticas pequenas e irregulares, se bem que se utilizasse também como reserva potencial de mão-de-obra barata nas indústrias regulares. Hoje é utilizado na "economia periférica" ou no "mercado de trabalho secundário", onde os trabalhadores têm uma produtividade baixa, salários abaixo do padrão e empregos instáveis. Uma vez mais, os grupos de minorias culturais e raciais constituem parte importante da reserva de trabalho intermitente.
 
 Daí a conclusão que a desigualdade não é um mal temporário nem a pobreza um fenómeno resolúvel nas sociedades de capitalismo avançado; pelo contrário, a desigualdade e a pobreza são vitais para o funcionamento normal das economias capitalistas.