25.8.10

Às Artes Cidadãos – uma exposição sobre arte e acção política (a partir de 19 de Novembro, em Serralves)


Exposição: Às Artes Cidadãos!
Local: Porto, Fundação de Serralves
Período de exibição: 19 de Novembro de 2010 a 13 de Março de 2011
Comissários: João Fernande e Óscar Faria

A exposição “Às Artes, Cidadãos!” incide sobre algumas das intersecções que a arte e o político, entendido como acção, representação ou referência, manifestam na actualidade. Salientam-se algumas questões que atravessam essa relação, as quais podem ser definíveis através de conceitos como activismo, cidadania, memória, arquivo, emigração, exílio, ideologia, revolução, utopia, iconoclastia, democracia, catástrofe, comunidade, crise, sexualidade, ambiente, globalização, etc.

A exposição reúne obras produzidas por artistas nascidos a partir de 1961, ano da construção do muro de Berlim, um objecto que materializa uma divisão ideológica que marca o século XX, cuja sombra continua ainda a marcar o pensamento político e cultural em inícios do século XXI. A escolha dessa data como referente – e ela permite confrontar uma história que irá, pelo menos, do presente até à Comuna de Paris, em 1871 – tem ainda como intenção sublinhar a relevância do político na produção artística das duas últimas décadas, uma constatação realizada a partir das obras de muitos autores cujo trabalho se afirmou nestes anos.

Simultaneamente, a exposição incluirá uma secção histórica, em que cartazes, revistas e publicações de artistas tornarão visíveis as referências ao político ao longo da história da arte que precede a geração dos artistas agora apresentados. Os comissários da exposição são João Fernandes, director do Museu de Serralves, Óscar Faria, crítico de arte, e Guy Schraenen, coleccionador e curador especializado em publicações de artistas, que será responsável pela secção histórica e documental.

A exposição resume um desejo de actualidade que não deixa de revisitar o passado, olhando para a história e participando na construção do presente. “Às Artes, Cidadãos!” levantará questões mais do que produzirá respostas; interpelará o visitante, convidando-o a reflectir a partir de obras e ideias produzidas por autores que constatam a necessidade da arte ser uma possível plataforma para a construção de uma consciência política.
Não deixará deste modo de dar continuidade a uma tradição republicana do museu, evidente desde que o Louvre abriu as suas portas ao público em 1793, no ano seguinte à criação da república francesa. Contudo, se no passado a referência política em arte no século XX, dos primeiros modernismos às décadas de 1960 e 70, foi também um modo de contestação e de crítica institucional ao papel do museu na sociedade, importa hoje interrogar o lugar da referência política num mundo onde a arte é também cada vez mais uma evidência de uma sociedade globalizada na sua economia e cultura.