Fonte: http://gaia.org.pt/
O GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, em conjunto com a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, a COAGRET, Coordenadora de Afectad@s pelas Grandes Barragens e Transvases – Secção Portuguesa e o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), estão a dinamizar um ciclo de cinema itinerante pelas aldeias ribeirinhas do Rio Tua, na região de Trás-os-Montes.
Neste ciclo iremos percorrer as várias aldeias da região, projectando um documentário sobre a linha de comboio do Tua, ao qual se seguirá uma conversa com as pessoas presentes, de forma a conhecer o sentimento das populações locais acerca desta linha de comboio centenária.
O documentário será projectado na rua, após o pôr-do-sol, retomando uma actividade que antigamente acontecia nestas aldeias. A rua como local de projecção tem também como objectivo facilitar a presença de toda a gente que deseje visionar o documentário, pois a rua é por definição o local onde a vida da aldeia decorre, o local predilecto de interacção social, aberto a qualquer pessoa.
Este posicionamento na rua, ao ar livre, possibilita que o debate que se deseja após a projecção do documentário seja aberto e transparente, acessível a qualquer pessoa. Durante o debate pretende-se incitar a população a partilhar os seus sentimentos sobre a linha de comboio do Tua, que vivências nela tem, que recordações lhe traz, que perspectivas lhe sugere.
O debate pretende também que as pessoas possam demonstrar o seu contentamento ou desagrado com a potencial barragem de Foz Tua, num ambiente de diálogo informativo e construtivo. O processo deseja-se participativo, de forma a que a cada pessoa seja possível construir o seu próprio conhecimento e torná-lo depois vivo, adquirindo a confiança necessária para o fazer chegar a quem toma as decisões políticas na região.
As projecções já realizadas foram nas Aldeias do Castanheiro (6ªf, 02 de Julho) e da Brunheda (Sábado, 03 de Julho). Outras se realizarão nas próximas semanas
O Cinema no Tua arrancou!
Partimos de Lisboa rumo a Trás-os-Montes, mais precisamente para Mirandela, e começámos a viagem pelo maravilhoso mundo das aldeias ribeirinhas do Tua. Na mala levámos um projector, um sistema de som, um lençol, um computador, filmes da linha do Tua e uma vontade enorme de ouvir as populações que ficarão mais directamente afectadas com a eventual construção da barragem e destruição da Linha do Tua. A escuta do sentir das populações é o nosso objectivo principal, aquilo que nos traz a Trás-os-Montes.
O Início das projecções
As projecçõe s começaram na Sexta-feira, dia 02 de Julho, na aldeia do Castanheiro, concelho de Carrazeda de Ansiães, no meio das festas de S. Pedro. Cerca de 60 pessoas assistiram ao filme! No dia seguinte, fomos para a Brunheda, onde mais cerca de 60 pessoas estiveram presentes. Domingo fomos para Codeçais, onde de novo projectámos o filme, desta feita dentro de uma sala, onde estiveram cerca de 40 pessoas. A receptividade tem sido bastante boa à chegada do CineTua. Todas as aldeias têm configurações diferentes e em todas elas surgem discussões que têm tido dinâmicas diferentes, apesar de a tónica ser muito semelhante: a vontade das pessoas expressarem a sua opinião e demonstrarem o seu desagrado pelo fecho da linha do Tua.
Aquilo que mais nos contam
Muitas vezes ouvimos: "A barragem a nós não nos serve de nada"; "A nossa zona produz tanta electricidade, mas somos a região de Portugal que mais paga por KW"; "Querem melhor potencial para o turismo que uma linha como esta?"; "Mesmo para a agricultura, a água será cara e de má qualidade e não precisamos de uma barragem para ter água"; "Não era melhor ter mini-hídricas ao longo do rio Tua?"; "As barragens ao longo do Douro só trouxeram mais miséria àquelas populações"; "A linha do Tua traz muito mais emprego do que a barragem trará"; "Estamos cada vez mais isolados"; " Se o Sócrates vivesse aqui, já não deixava construir a barragem".
Falar da história do Tua
Nestas aldeias vivem muitos antigos ferroviários, que nos contam sobre a história e as estórias dos últimos 30 anos da linha. Uma história que passou de uma actividade dinâmica, com muitos empregos na manutenção e funcionamento da linha, para uma realidade de abandono. A linha afinal já estava abandonada muito antes de os comboios terem parado. Uma explicação para os acidentes que vieram a acontecer?
O Sentimento de impotência
Até agora percebemos que as populações mais afectadas com a construção da barragem e a paragem gradual da linha do Tua têm podido expressar a sua opinião de forma muito limitada, sendo que quando o fazem não são ouvidas. Demonstram o sentimento de se sentirem desamparadas, sozinhas e cada vez mais isoladas. O poder central é demasiado distante e autista, o poder local incoerente e obscuro nas suas declarações e decisões.
Acima de tudo esta experiência é uma aprendizagem enorme, que depois se deseja tornar viva, usando-a para construir a vida e a sociedade que as populações desejam.
Consultar ainda: https://coagret.wordpress.com/
O GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, em conjunto com a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, a COAGRET, Coordenadora de Afectad@s pelas Grandes Barragens e Transvases – Secção Portuguesa e o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), estão a dinamizar um ciclo de cinema itinerante pelas aldeias ribeirinhas do Rio Tua, na região de Trás-os-Montes.
Neste ciclo iremos percorrer as várias aldeias da região, projectando um documentário sobre a linha de comboio do Tua, ao qual se seguirá uma conversa com as pessoas presentes, de forma a conhecer o sentimento das populações locais acerca desta linha de comboio centenária.
O documentário será projectado na rua, após o pôr-do-sol, retomando uma actividade que antigamente acontecia nestas aldeias. A rua como local de projecção tem também como objectivo facilitar a presença de toda a gente que deseje visionar o documentário, pois a rua é por definição o local onde a vida da aldeia decorre, o local predilecto de interacção social, aberto a qualquer pessoa.
Este posicionamento na rua, ao ar livre, possibilita que o debate que se deseja após a projecção do documentário seja aberto e transparente, acessível a qualquer pessoa. Durante o debate pretende-se incitar a população a partilhar os seus sentimentos sobre a linha de comboio do Tua, que vivências nela tem, que recordações lhe traz, que perspectivas lhe sugere.
O debate pretende também que as pessoas possam demonstrar o seu contentamento ou desagrado com a potencial barragem de Foz Tua, num ambiente de diálogo informativo e construtivo. O processo deseja-se participativo, de forma a que a cada pessoa seja possível construir o seu próprio conhecimento e torná-lo depois vivo, adquirindo a confiança necessária para o fazer chegar a quem toma as decisões políticas na região.
As projecções já realizadas foram nas Aldeias do Castanheiro (6ªf, 02 de Julho) e da Brunheda (Sábado, 03 de Julho). Outras se realizarão nas próximas semanas
O Cinema no Tua arrancou!
Partimos de Lisboa rumo a Trás-os-Montes, mais precisamente para Mirandela, e começámos a viagem pelo maravilhoso mundo das aldeias ribeirinhas do Tua. Na mala levámos um projector, um sistema de som, um lençol, um computador, filmes da linha do Tua e uma vontade enorme de ouvir as populações que ficarão mais directamente afectadas com a eventual construção da barragem e destruição da Linha do Tua. A escuta do sentir das populações é o nosso objectivo principal, aquilo que nos traz a Trás-os-Montes.
O Início das projecções
As projecçõe s começaram na Sexta-feira, dia 02 de Julho, na aldeia do Castanheiro, concelho de Carrazeda de Ansiães, no meio das festas de S. Pedro. Cerca de 60 pessoas assistiram ao filme! No dia seguinte, fomos para a Brunheda, onde mais cerca de 60 pessoas estiveram presentes. Domingo fomos para Codeçais, onde de novo projectámos o filme, desta feita dentro de uma sala, onde estiveram cerca de 40 pessoas. A receptividade tem sido bastante boa à chegada do CineTua. Todas as aldeias têm configurações diferentes e em todas elas surgem discussões que têm tido dinâmicas diferentes, apesar de a tónica ser muito semelhante: a vontade das pessoas expressarem a sua opinião e demonstrarem o seu desagrado pelo fecho da linha do Tua.
Aquilo que mais nos contam
Muitas vezes ouvimos: "A barragem a nós não nos serve de nada"; "A nossa zona produz tanta electricidade, mas somos a região de Portugal que mais paga por KW"; "Querem melhor potencial para o turismo que uma linha como esta?"; "Mesmo para a agricultura, a água será cara e de má qualidade e não precisamos de uma barragem para ter água"; "Não era melhor ter mini-hídricas ao longo do rio Tua?"; "As barragens ao longo do Douro só trouxeram mais miséria àquelas populações"; "A linha do Tua traz muito mais emprego do que a barragem trará"; "Estamos cada vez mais isolados"; " Se o Sócrates vivesse aqui, já não deixava construir a barragem".
Falar da história do Tua
Nestas aldeias vivem muitos antigos ferroviários, que nos contam sobre a história e as estórias dos últimos 30 anos da linha. Uma história que passou de uma actividade dinâmica, com muitos empregos na manutenção e funcionamento da linha, para uma realidade de abandono. A linha afinal já estava abandonada muito antes de os comboios terem parado. Uma explicação para os acidentes que vieram a acontecer?
O Sentimento de impotência
Até agora percebemos que as populações mais afectadas com a construção da barragem e a paragem gradual da linha do Tua têm podido expressar a sua opinião de forma muito limitada, sendo que quando o fazem não são ouvidas. Demonstram o sentimento de se sentirem desamparadas, sozinhas e cada vez mais isoladas. O poder central é demasiado distante e autista, o poder local incoerente e obscuro nas suas declarações e decisões.
Acima de tudo esta experiência é uma aprendizagem enorme, que depois se deseja tornar viva, usando-a para construir a vida e a sociedade que as populações desejam.
Consultar ainda: https://coagret.wordpress.com/