Funeral do lavrador
Esta cova em que estás
Com palmos medidos
e a conta menor
que tiraste em vida !
E de bom tamanho
nem largo nem fundo
e a parte que te cabe
nesse latifúndio ...
Não é cova grande
e a cova medida
e a terra que querias
vai ser dividida
E uma cova grande
pra teu pouco defunto
mas estás mais ancho
que estavas no mundo
E uma cova grande
pra teu defunto parco
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
E uma cova grande
pra tua carne pouco
mas a terra dada
não se abre a boca
E a parte que te cabe
nesse latifúndio
E a terra que querias
ver dividida
Canção da Terra
Olorum dê
Olorum dê
Olorum
I si bê o bá
I si bê o bá
Ave meu pai o teu filho morreu
Sem ter nação para viver
sem ter um chão para plantar
sem ter amor para colher
sem ter voz livre pra cantar
e meu pai morreu
Salve meu pai o teu filho nasceu
E preciso ter força para amar
pois o amor é uma luta que se ganha
e preciso ter terra para morar
e o trabalho que é teu ser teu
só teu de mais ninguém
Salve meu pai teu filho cresceu
E muito mais é preciso não deixar
Que amanhã por amor possas esquecer
que quem manda na terra tudo quer
e nem o que e teu bem vai querer dar
por bem não vai não vai
salve meu pai o teu filho viveu
Olorum dê
Olorum dê
Olorum dê
Olorum
I si bê o bá
I si bê o bá
Ave meu pai o teu filho morreu
Sem ter nação para viver
sem ter um chão para plantar
sem ter amor para colher
sem ter voz livre pra cantar
e meu pai morreu
Salve meu pai o teu filho nasceu
E preciso ter força para amar
pois o amor é uma luta que se ganha
e preciso ter terra para morar
e o trabalho que é teu ser teu
só teu de mais ninguém
Salve meu pai teu filho cresceu
E muito mais é preciso não deixar
Que amanhã por amor possas esquecer
que quem manda na terra tudo quer
e nem o que e teu bem vai querer dar
por bem não vai não vai
salve meu pai o teu filho viveu
Olorum dê
Opinião
Podem me prender,
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer,
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio, não !
Se não tem água, eu furo um poço.
Se não tem carne, eu compro um osso
E ponho na sopa e deixo andar,
Deixo andar.
Fale de mim quem quiser falar !
Aqui eu não pago aluguel.
Se eu morrer amanhã, seu doutor,
estou pertinho do céu.
Podem me prender...