Numa conferência de imprensa celebrada ontem no Centro Social Gentalha do Pichel, em Compostela, o diretor do Novas da Galiza, Carlos Barros, apresentou o novo formato deste periódico de informaçom crítica. que começa o ano 2010 com forças renovadas. Com um conselho de redação ampliado, um novo desenho mais moderno, de um terço mais de páginas, o periódico visar manter a sua qualidade informativa e ser capaz de dar cobertura a um movimento social galego cada vez mais amplo e assentado. O primeiro que chamará a atenção neste número 86 será a imagem gráfica renovada, as oito páginas mais e uma reestruturação de conteúdos e secções.
O periódico começou a sua andaina em 2002, como assinala o editorial do novo número, entre as lutas estudantis e a mobilização sem precedentes contra a maré negra, "com a pretensom de ser o meio de referência dos movimentos sociais, do ámbito do soberanismo, do reintegracionismo e de toda a Galiza crítica e contestatária que demanda uma imprensa que transmita uma realidade alheia ao tecido empresarial e ao poder político".
O jornalismo de investigação será a ser um dos piares do Novas da Galiza, "sem importar-nos, assinalou o diretor, a repressão da que podamos ser alvo, como sucedeu com a Operação Castinheiras ou com a denúncia que nos apresentaram do Ministério por uma reportagem contra o narcotráfico na Galiza na que saiam à luz dados comprometidos". O periódico mensal, medra sem pausa, atingindo mais de 700 assinantes e milhares de exemplares difundidos através da web.
"O Novas da Galiza, recordou Xoán R. Sampedro do conselho de redação, confecciona de forma democrática todos os seus conteúdos, e cada número é fruto de trabalho militante e desinteressado, mas com uma profissionalidade da que carecem os médias empresariais, por exemplo no que atinge ao cuidado da linguagem".
O Novas da Galiza é um jornal galego criado em fevereiro de 2002, e durante três anos manteve a distribuição gratuita, repartindo-se em locais sociais, espaços alternativos e sedes de colectivos, com presença também na Internet.
Em março de 2005 o projecto encetou uma nova etapa, marcada peloas mudanças no conselho de redacção, na imagem corporativa e, em definitiva, na profissinalização. Entre outras novidades, passou a ser vendido nas bancas ao preço simbólico de um euro, ampliando a sua cobertura territorial a toda a Galiza.
A filosofia que move a publicação caracteriza-se pelo investimento cultural, promovendo com os ingressos a edição de livros de autores novos, material audiovisual, etc. Contrariamente a outras iniciativas similares tanto na Galiza quanto em países do entorno, o projecto não se move por um afã económico. Prova disto é que o próprio periódico disponibiliza de graça todos os números na sua hemeroteca virtual um mês após a saída nos quiosques.
Nos seus princípios fundacionais, o Novas da Galiza afirma ter nascido ao serviço da liberdade de opinião e de todas as expressões artísticas, apartidista, contrário à globalização (especialmente à transnacionalização de capitais), laico, com afã de informar (em língua galego-portuguesa) de jeito honesto e veraz, consciente de que a soberania nacional reside no povo galego, cuja filosofia preside a tradição da política esquerda nacionalista galega.
Reproduzimos o editorial do novo número que foi lido na conferência de imprensa:
INFORMAÇOM COMUNITÁRIA
A pequena história do Novas da Galiza é também a pequena história dos movimentos populares do país nesta década que está a concluir. As primeiras capas deste jornal vírom a luz numha Galiza agitada por greves gerais, movimentaçons estudantis e laborais, reacçons massivas contra a maré negra. Num plano mais restrito, esta publicaçom foi mui devedora do mundo associativo tecido por volta dos centros sociais, multiplicados ao alento do independentismo, e derivados numha constelaçom de iniciativas comunitárias que atingírom campos diversos da vida social, do desporto à comunicaçom, da educaçom à defesa da língua.
O assentamento do jornal aconteceu, paradoxalmente, numha etapa de devalar das causas colectivas, que o poder chama “normalidade democrática”, e a dissidência galega interpretou como passividade e assimilaçom. Ao longo de oito anos, naturalizou-se um discreto estado de excepçom contra a militáncia galega, dirigido em Madrid, e saldado com pressom policial e penal, sempre secundada por activos e passivos; no plano político-institucional, e num contexto de reconquista espanhola das naçons resistentes, o bipartidismo quase perfeito já cobrou carta de naturalidade: e com ele esvaecêrom também as esperanças de um país regenerado polo nacionalismo institucional, carente de atractivo para quem manda de verdade. Esta nova fase do processo de assimilaçom da Galiza, que sem exagero podemos qualificar de terminal se nom o invertirmos desde já, achou nos meios um veículo perfeito. Hoje, mais do que ontem, reina a informaçom como mercadoria: e com ela a censura por saturaçom, a pressa como inimiga da análise, e a instalaçom passiva dos galegos e galegas num universo mediático hispano, dominado polo infoentretenimento e a banalizaçom da barbárie.
Novas da Galiza inicia agora umha nova etapa, ciente da história de que parte, dos constrangimentos do presente, e das necessidades mais elementares. Longe da cultura da imagem, sempre preferiu mostrar-se tal como era, sem enfeites e sem fachendas; e vacinado contra as precipitaçons, sempre apostou em dar passos avante pequenos e mui firmes. Hoje apresentamo-nos a leitores e leitoras com mais páginas e novos conteúdos, dispostos a nos melhorarmos como ferramenta da Galiza que se move. Este passo para a frente é possível por contarmos com umha equipa ampliada e mais diversa, com o apoio da nossa base leitora e solidária, e com os contributos permanentes -em informaçom e iniciativas- dos movimentos populares. Doravante, se os nossos passos para a frente continuam em sintonia com os da comunidade que nos acompanha, poderemos sentir-nos satisfeitos.
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