7.12.09

Espectáculo Futurista Zang Tumb Tumb (no dia 9/11, no Instituto Italiano de Lisboa)


ZANG TUMB TUMB è um espectáculo poético e musical sobre a força impetuosa e inovadora do Futurismo, em constante equilíbrio entre tensão dramática e humorismo. Com Claudio Pozzani: voz; Fabio Vernizzi: piano; Riccardo Barbera: contrabaixo e “intonarumori”

O espectáculo ZANG TUMB TUMB visa oferecer um exemplo da produção artística futurista, nos campos da poesia e da música. Lamentavelmente o Futurismo foi alvo de censura cultural a partir do pós-guerra, fazendo esquecer, particularmente no estrangeiro, a sua importância na evolução da arte moderna. O espectáculo reapresenta autores já conhecidos e outros injustamente menos conhecidos, demonstrando como no Futurismo conviviam várias e diferentes formas de expressão.

O Futurismo apesar de ser sobretudo conhecido pela arte figurativa, teve na poesia também um papel fundamental, basta pensar que Marinetti, o seu fundador, era essencialmente um poeta. Contudo, ao lado do experimentalismo mais radical, tal como as palavras em liberdade ou a imaginação ilimitada, que antecipou num decénio o surrealismo, há outros poetas como o irónico Palazzeschi, os sensíveis Cavicchioli e Buzzi ou o tecnológico Farfa que não distorcem a sintaxe, propondo uma poesia linear, quase clássica, mas com enxertos muito inovativos.

A música futurista porém, não produziu grandes composições. Os seus representantes mais famosos, de Balilla Pratella a Casavola, apesar das teorias revolucionárias, limitaram-se a uma música pós-simbolista, perfeitamente em tom e ainda ligada à tradição. Neste espectáculo privilegia-se um compositor, Alfredo Casella, podendo assim oferecer esta parte de criação musical futurista. Os Maestros Vernizzi e Barbera criaram composições escritas propositadamente para este espectáculo, tendo-se inspirado nas partituras de Balilla Pratella, Silvio Mix e Giuntini, demonstrando assim que, de qualquer modo, aquelas soluções harmónicas ainda são actuais.

Todavia, o Futurismo conseguiu trazer para a música uma grande revolução: a arte dos ruídos de Luigi Russolo. Através de instrumentos de invenção própria, os “Intonarumori”, trazia para a música sinfónica os ruídos da estrada, da cidade e das fábricas. Esta intuição está na base da música moderna, desde a música concreta à música electrónica, ao “rumorismo” e à criação de instrumentos electrónicos como os sintetizadores e “campionatori”.

Neste espectáculo tenta-se portanto fundir estas diferentes almas do Futurismo, precisamente para o libertar dos demasiados lugares comuns e clichés.

Informações
Data: quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Horários: 19h00
Local: IIC Lisboa
Organização: IIC Lisboa
Em colaboração com: Instituto de Estudos Italianos - FL Coimbra
Entrada livre; lotação máxima: 60 lugares



No mesmo dia 9 de Dezembro será apresentado o nº 4 da Revista Estudos Italianos em Portugal, pela direcção do Istituto Italiano de Cultura de Lisboa e com a colaboração do Instituto de Estudos Italianos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Este novo número contém artigos interessantes, entre os quais lembramos o de Sílvio Castro sobre Leopardi e Fernando Pessoa, o de Giona Tuccini e o de Paulo Lopes.

Na secção “Temas e Debates”, atrigos de Ernesto Rodrigues, mais várias resenções e dois artigos em destaque: o de Maria João Almeida e Giona Tuccini em mémoria de Luciana Stegagno Picchio e o de Manuel Simões em mémoria de Carmen Radulet.

Este ano, por ocasião do centenário da publicação do Manifesto do Futurismo de Filippo Tommaso Martinetti no jornal Le Figaro (20 de Fevereiro de 1909), a revista apresenta um dossiê inteiramente dedicado ao futurismo, coordenado por Gianluca Miraglia. Este dossiê está dividido em duas partes que seguem as linhas guias da nossa revista: a divulgação da cultura italiana junto do publico português e o estudo das relações culturais e históricas entre Itália e Portugal.

O dossiê abre com um artigo de Mariastella Margozzi, historiadora de Arte na “Galleria Nazionale di Arte Moderna di Roma” e comissária da importante exposição “Collezionare il futurismo” que o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa inaugura a 16 de Dezembro no Museu da Água.