20.11.09

Encontros Regionais (Tomar, Castro Verde, Vialonga, S.Torcato) e encontro nacional em Peniche da ANIMAR (Assoc. para o desenvolvimento local)

Associação Portuguesa para o desenvolvimento local

Encontro Nacional da Rede Animar
AUDITÓRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PENICHE
5 DEZEMBRO10 - 12,30 H. / 14 -15,30 H.

Pensar a Animar e a resposta à crise

A crise económica em que o mundo e país e mundo se debatem, de carácter sistémico e caracterizada pelo eclodir cíclico de crises dentro da crise, que a aprofundam inexoravelmente, colocou-nos perante a evidência do esgotamento do modelo dominante de “desenvolvimento” do capitalismo iniciado nos anos 80 – o neoliberalismo. Nunca como agora a procura de modelos alternativos a esse desenvolvimento foi tão vital, sob pena de nos afundarmos numa crise social de consequências imprevisíveis.

O debate em torno crise iniciado na MANIFesta de Peniche, que sob o lema “A Inovação Social na Resposta à crise – Desenvolvimento Local e Economia Solidária sempre presentes!”, pretendeu ser um início de resposta à crise instalada. Teve como ponto de partida a experiência e os resultados acumulados por mais de duas décadas de activismo e empenhamento das organizações de desenvolvimento local, cívicas e solidárias que, no meio de enormes dificuldades e incompreensões e contrariando as lógicas dominantes, tiveram o engenho para encontrar e criar soluções práticas para mobilizar e arrancar as comunidades locais ao ostracismo centralizador dos grande centros de decisão política, económica, e financeira. São estas as pistas e os elementos estruturantes daquilo por onde, em nosso entender, passam obrigatoriamente as alternativas à crise.
A rede Animar apela a todos os seus associados para que participem e se empenhem neste debate, iniciado em Peniche. Vivemos tempos difíceis e de incerteza, mas também de esperança. Sobreviver à crise, construindo um mundo mais justo e solidário, só depende de nós. Temos por isso que discutir e entendermo-nos sobre o modelo organizativo da rede e a sua estratégia.
Com este objectivo foram programadas quatro Assembleias Regionais para debater todas estas questões, entre 17 de Novembro e 1 de Dezembro, as quais deverão culminar no Encontro Nacional da Rede Animar

http://www.animar-dl.pt/ver_noticia.php?id=70



DEBATES REGIONAIS

Região Centro – 25 Novembro e 2 Dezembro Tomar – Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais (centro da cidade) 10 – 17 h.


Região Alentejo – -3 Dezembro Castro Verde - Centro de Apoio ao Desenvolvimento da ESDIME - Rua Timor Loro Saie (junto ao Parque de Campismo)19 – 17 h.

Região Lisboa e Vale do Tejo – 24 Novembro e 1 Dezembro Vialonga – Animar – Edifício Ninho de Empresas – Bairro Olival de Fora – Rua Antero de Quental 10 – 17 h.
Almoço: Restaurante O Ninho do Môcho


Região Norte – 25 Novembro e 2 Dezembro S. Torcato – Hemeroteca Educativa da ADCL - Edifício da Antiga Casa do Povo de S. Torcato Guimarães 10 – 17 h.
Almoço: Restaurante Centelha (6 euros por pessoas, inclui bebida e sobremesa)



APROFUNDAR PENICHE

O papel decisivo e activo que as organizações cívicas e solidárias assumem e sentem reconhecido nos seus territórios confere-nos uma responsabilidade acrescida.
Assumimo-nos como modelo alternativo perante a falência do modelo actual de desenvolvimento, sentimo-nos forjados na gestão e no confronto com crises e somos capazes de produzir soluções concretas para problemas concretos, à escala local.
Reconhecemos que velhos obstáculos persistem e novos se colocam, configurando novas ameaças às organizações e aos territórios.
O conhecimento inovador que dizemos possuir na área da Economia Social e Solidária e do Desenvolvimento Local, e que pode fundamentar um novo paradigma de intervenção social e de aprendizagem cooperada, precisa de ser debatido, socializado e assumido para a estruturação de um pensamento estratégico que enforme o trabalho da rede Animar, em diferentes domínios:
- na sua visibilidade externa, representatividade e lobby (plataformas institucionais, rede colaborativas, co-responsabilização Estado-Organizações e Empresas)
- numa estratégia pragmática e programa para a rede Animar
- numa redefinição da missão do gabinete Animar como eixo estratégico do trabalho Animar.
O quotidiano tem de nos confrontar, tem de implicar inquietação e desassossego. Assim, convocam-se as associadas e associados ANIMAR para os debates regionais, instituídos como verdadeiros dias “D” do desenvolvimento local e da rede Animar.
São quatro grandes debates regionais, questionadores das nossas práticas, dos nossos procedimentos e das nossas estratégias, capazes de definir uma visão estratégica para a rede e para o desenvolvimento local.
Teremos uma metodologia de trabalho baseada na aprendizagem e conhecimento da rede, de participação activa, recorrendo à metodologia de Gestão de Ciclo de Projecto.
Acontecerá a validação dos produtos e de um documento, no Encontro Nacional, a realizar em Peniche, no dia 5 de Dezembro, coincidindo com a Assembleia Geral Eleitoral para o triénio 2010-2012.

Contributos para os Debates Regionais

1 - INOVAÇÃO SOCIAL NA RESPOSTA À CRISE - DESENVOLVIMENTO LOCAL E ECONOMIA SOLIDÁRIA SEMPRE PRESENTES!
Perante a falência do modelo actual de desenvolvimento, bem evidente na crise que vivemos, a Manifesta foi/é a expressão de um modelo alternativo. As organizações cívicas e solidárias são uma força social real, forjada na gestão e no confronto com crises, que trabalha em contextos vulneráveis e produz soluções concretas para problemas concretos, à escala local.
Aconteceu em Peniche!
E agora?
Que fazer com a herança de Peniche?
É o momento de demonstrarmos ao poder politico o nosso papel na resolução das questões mais mobilizadores da sociedade portuguesa, As organizações do Desenvolvimento Local e da Economia Solidária, têm um trabalho que fala por si.
É o momento de, em conjunto, reflectirmos sobre as estratégias que possam levar a uma afirmação clara da pertinência da nossa acção em função de um Portugal democrático mais solidário, justo e sustentável.

2 - QUESTIONAR O QUOTIDIANO E AS PRÁTICAS INTERACTIVAS DA REDE ANIMAR
Ao longo dos últimos três anos, a Rede Animar reforçou-se pelas dinâmicas que foram criadas.
A formação acção para entidades da economia social (medida 3.1.2 do POPH) envolve 31 associadas e, no 2º ano vai envolver mais 62 associações, a Igualdade de Género e Exercício de Cidadania (medida 7.3 do POPH), envolve 31 associadas. O Acordo de Cooperação IEFP/ Animar tem, cada vez mais, as associações na sua execução e desenvolvimento.
Gradualmente, vencem-se resistências e associadas menos envolvidas implicam-se em actividades conjuntas.
Recentemente mais 14 associações discutiram em conjunto o Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego – IEFP, analisando a pertinência de candidaturas que enformassem uma mesma metodologia e estratégia, visando o conceito de rede, tendo o enquadramento metodológico do Gabinete Animar.
É certo que estamos condicionados pelos objectivos e enquadramento das medidas POPH, alinhando na perversa lógica de projectos que não emergem da verdadeira identificação/construção de problemas.
Porém, temos de questionar o modelo da nosa organização, as nossas estratégias de Rede e os resultados.
Devemos levar para os debates o conceito de rede no qual nos revemos ou desejamos rever….
Devemos levar para os debates o que queremos ou não queremos deste processo, desta articulação, desta aprendizagem cooperada, desta socialização do conhecimento.
Devemos levar para os debates qual a missão do gabinete Animar na organização e gestão do processo.



Declaração de Peniche, aprovada pela VII Assembleia MANIFesta,
realizada em Peniche, no dia 24 de Maio de 2009


INOVAÇÃO SOCIAL NA RESPOSTA À CRISE
DESENVOLVIMENTO LOCAL E ECONOMIA SOLIDÁRIA SEMPRE PRESENTES!



Perante a falência do modelo actual de desenvolvimento, bem evidente na crise que vivemos, a Manifesta é a expressão de um modelo alternativo. As organizações cívicas e solidárias são uma força social real, forjada na gestão e no confronto com crises, que trabalha em contextos vulneráveis e produz soluções concretas para problemas concretos, à escala local.

Em Peniche reunimos com duas ambições centrais:
1. Retomar e revitalizar o espírito original das respostas aos problemas locais a partir das capacidades e vontades locais;
2. Assumir as nossas responsabilidades na procura e na proposta de respostas para as dificuldades que vivem as sociedades actuais.

Quinze anos depois da primeira Manifesta há um caminho de construção de propostas, de teorização e de experimentação, de inovação, de realizações concretas:
• na economia solidária;
• nos serviços de proximidade;
• na qualificação e valorização dos patrimónios;
• no trabalho em rede e parceria;
• na animação territorial;
• na agricultura e desenvolvimento rural.
• no desenvolvimento do empreendedorismo;
• na criação de emprego digno;
• no fortalecimento de formas alternativas de comercialização;
• na qualificação e certificação das organizações;
• na educação e formação dos cidadãos;
• na dinamização da iniciativa juvenil;
• na promoção da saúde comunitária;
• na mobilização da participação dos/as cidadãos/ãs e das comunidades;
• na promoção da cidadania activa e inclusiva e da igualdade de género.

Apesar das conquistas acumuladas ao longo deste percurso, velhos obstáculos persistem e novos se colocam, condicionando este contributo e ameaçando as organizações e os territórios.

As organizações cívicas e solidárias, disseminadas por todo o país, assumem um papel decisivo e activo, reconhecido nos seus territórios. No entanto, é necessário assumir um reconhecimento mais criativo e eficaz por parte do poder político central, nomeadamente de forma a permitir um papel mais continuado e sustentável destas organizações para a sua missão de promover o bem comum.

Neste sentido, as organizações cívicas e solidárias:
- Consideram que as suas práticas e reflexões configuram um conhecimento inovador nas áreas do Desenvolvimento Local e da Economia Solidária, que fundamenta um novo paradigma de intervenção social e novos modelos de aprendizagem colectiva;
- Renovam o seu compromisso para participar empenhadamente de forma autónoma e como parceiras na construção de soluções de mudança que respondam aos desafios da sociedade actual;
- Constatam que são necessários esforços conjugados das estruturas nacionais e convidam todas as organizações do Desenvolvimento Local e Economia Solidária para se juntarem numa acção concertada, traduzida numa plataforma institucional de nível nacional, mobilizando as redes colaborativas já existentes e promovidas por programas anteriores;
- Convocam todos os que queiram contribuir para um movimento que conduza à criação de um Banco Ético, um Banco das e para as organizações de Economia Social e Solidária;
- Pretendem contribuir para a existência de políticas e instrumentos apropriados que suportem a continuidade da intervenção, na incorporação, adaptação e utilização das soluções já constituídas e validadas, alimentando e renovando a capacidade de experimentação e de inovação social, a qualificação das organizações e o fomento de modelos de apoio ao desenvolvimento e à criação de emprego, assentes em contratualizações programáticas, traduzindo-se nomeadamente em programas específicos no âmbito do QREN;
- Propõem-se reforçar as suas qualificações e capacidades de intervenção, sobretudo numa perspectiva de inovação social e de animação territorial, as quais devem ser valorizadas e certificadas explicitamente por parte dos organismos competentes;
- Interpelam as forças políticas para a necessidade de integrarem nas medidas de política a animação territorial, como factor decisivo para a coesão social;
- Propõem a concretização de parcerias estratégicas com o Estado (aos seus diversos níveis) e com as Empresas, assentes na concertação e na co-responsabilização, visando encontrar soluções sustentáveis para problemas concretos – desemprego, assimetrias regionais, desertificação e despovoamento do interior, pobreza e exclusão social crescentes, entre outros;
- Associam-se à necessidade de aprofundar urgentemente a discussão e a decisão sobre a questão da Regionalização em Portugal, privilegiando a participação activa dos/as cidadãos/ãs e das comunidades locais, num processo que também esteja focado nas dinâmicas de Desenvolvimento Local;

Os territórios e os/as cidadãos/ãs exigem, de todos os actores públicos e privados, a dignidade e o respeito que merecem. Estas condições estão longe de estar adquiridas, como o demonstra a frequente ausência do cumprimento das responsabilidades de programação e de financiamento atempado e adequado.

Há 15 anos realizou-se a primeira MANIFesta do DESENVOLVIMENTO LOCAL em Portugal. Foi em 1994, em Santarém!

A MANIFesta foi, ao longo dos anos, um encontro, uma mostra, uma festa, um debate e uma manifestação, exprimindo o que os cidadãos e as suas organizações realizam na defesa e valorização das suas comunidades locais e na resposta aos seus problemas.

Assumiu três funções importantes: reforçar a rede entre esses cidadãos e associações; dar visibilidade ao movimento de Desenvolvimento Local junto da sociedade portuguesa; e promover o reconhecimento do seu papel nas instâncias de governação, passando a ser considerado um parceiro credível na regulação dos problemas económicos, sociais, culturais e ambientais.

Os princípios que nos nortearam em 1994 continuam na ordem do dia:
- Conjugar esforços entre todas as organizações cívicas e solidárias que intervêm nos territórios nacionais, para ganharem capacidade de afirmação estratégica;
- Combater pelo progresso de Portugal, praticando um desenvolvimento local nos vários territórios, urbanos e rurais, de forma equitativa e sustentável;
- Afirmar que só com uma cidadania activa e alargada e uma democracia participativa é possível uma economia e um desenvolvimento socialmente justos, solidários e mobilizadores.

Por último, parafraseando Sebastião da Gama, afirmamos que “Pelo Sonho é que vamos”. Porque, o futuro construímo-lo todos os dias!

Peniche, 24 de Maio de 2009

http://www.animar-dl.pt/manifesta/manifesta.php?id=12