Milhares de "ratinhos" de laboratório usados para investigação em Biotério da universidade
São aos milhares, só respiram ar puro e a água e alimentos que ingerem têm que ser esterilizados. Conhecidos por "ratinhos" de laboratório, são usados para investigação biomédica no Biotério da Universidade do Algarve (UAlg).
A estrutura, com capacidade para dez mil animais, é a única do género a Sul de Lisboa e ali são conduzidas experiências que não podem ser feitas em humanos, realizadas em nome do progresso científico.
As regras para aceder ao Biotério são rígidas: depois de se passar por tapetes autocolantes que retiram o excesso de pó das solas dos sapatos, é preciso vestir bata, colocar protecções nos pés, máscara, touca e luvas.
O procedimento é para evitar a contaminação entre as diferentes áreas do Biotério, já que o armazenamento dos animais - que respiram um ar semelhante ao que existe nos blocos operatórios -, requer cuidados extra.
Nas duas salas de armazenamento de animais, tudo é controlado ao pormenor: a temperatura, a humidade, a qualidade do ar e a intensidade da luz, sendo até simulados os ciclos diários e nocturnos.
As próprias gaiolas que servem de acomodação para os animais - algumas podem conter até cinco animais adultos -, têm filtros para impedir a passagem de micróbios.
Alguns dos ratinhos que ali estão armazenados já foram geneticamente manipulados em laboratório através do uso de células estaminais embrionárias, explicou à Lusa o coordenador do Biotério, José Belo.
A utilização de animais mutantes - aos quais lhes foi, por exemplo, retirado ou alterado um gene -, é importante para perceber o desenvolvimento embrionário de órgãos específicos como o coração ou o cérebro.
A manipulação genética é feita na sala experimental do Biotério, para onde os animais são levados sempre que se vai conduzir alguma experiência, sendo anestesiados, para lhes causar a mínima dor possível.
"Usamos os métodos menos dolorosos e mais humanizados possíveis", garante José Belo, lembrando que os animais são usados para o avanço da ciência e em benefício do ser humano.
"Não é uma coisa que façamos de ânimo leve nem pelo gosto de usar os animais, muito pelo contrário", sublinha aquele professor da UAlg, especialista em células estaminais e desenvolvimento embrionário.
Para ensinar os investigadores a manusear e trabalhar com animais em laboratório, haverá um curso organizado pelo Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural da UAlg, que decorre de 29 de Novembro a 01 de Dezembro.
Fonte da notícia:
http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=100091
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