24.11.09

Diga não à vivissecção e ao biocídio: milhares de ratinhos são sacrificados em nome da ciência no biotério da Universidade do Algarve




Milhares de "ratinhos" de laboratório usados para investigação em Biotério da universidade

São aos milhares, só respiram ar puro e a água e alimentos que ingerem têm que ser esterilizados. Conhecidos por "ratinhos" de laboratório, são usados para investigação biomédica no Biotério da Universidade do Algarve (UAlg).

A estrutura, com capacidade para dez mil animais, é a única do género a Sul de Lisboa e ali são conduzidas experiências que não podem ser feitas em humanos, realizadas em nome do progresso científico.

As regras para aceder ao Biotério são rígidas: depois de se passar por tapetes autocolantes que retiram o excesso de pó das solas dos sapatos, é preciso vestir bata, colocar protecções nos pés, máscara, touca e luvas.

O procedimento é para evitar a contaminação entre as diferentes áreas do Biotério, já que o armazenamento dos animais - que respiram um ar semelhante ao que existe nos blocos operatórios -, requer cuidados extra.

Nas duas salas de armazenamento de animais, tudo é controlado ao pormenor: a temperatura, a humidade, a qualidade do ar e a intensidade da luz, sendo até simulados os ciclos diários e nocturnos.

As próprias gaiolas que servem de acomodação para os animais - algumas podem conter até cinco animais adultos -, têm filtros para impedir a passagem de micróbios.

Alguns dos ratinhos que ali estão armazenados já foram geneticamente manipulados em laboratório através do uso de células estaminais embrionárias, explicou à Lusa o coordenador do Biotério, José Belo.

A utilização de animais mutantes - aos quais lhes foi, por exemplo, retirado ou alterado um gene -, é importante para perceber o desenvolvimento embrionário de órgãos específicos como o coração ou o cérebro.

A manipulação genética é feita na sala experimental do Biotério, para onde os animais são levados sempre que se vai conduzir alguma experiência, sendo anestesiados, para lhes causar a mínima dor possível.

"Usamos os métodos menos dolorosos e mais humanizados possíveis", garante José Belo, lembrando que os animais são usados para o avanço da ciência e em benefício do ser humano.

"Não é uma coisa que façamos de ânimo leve nem pelo gosto de usar os animais, muito pelo contrário", sublinha aquele professor da UAlg, especialista em células estaminais e desenvolvimento embrionário.

Para ensinar os investigadores a manusear e trabalhar com animais em laboratório, haverá um curso organizado pelo Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural da UAlg, que decorre de 29 de Novembro a 01 de Dezembro.