A chacina da Candelária ocorreu na madrugada do dia 23 de julho de 1993 próximo da Igreja de mesmo nome localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Nesta chacina, seis crianças e dois jovens de maior idade, que dormiam na rua por não terem casa nem abrigo, foram assassinados por policias militares
Muito se especulou sobre os reais motivos da chacina, mas até hoje não se sabe por certo o que levou à realização da mesma. Duas das hipóteses mais aceitas afirmam que a chacina foi realizada por vingança dos agentes policiais ligada a motivos fúteis.
Na madrugada do dia 23 de julho de 1993, aproximadamente à meia-noite, vários carros pararam em frente à Igreja da Candelária. Logo após, vários polícias abriram fogo contra mais de setenta crianças e adolescentes que estavam dormindo nas proximidades da Igreja. Como resultado deste acto, oito jovens ( entre os quais, seis crianças de menor idade) sucumbiram às balas.
Os nomes dos oito mortos no episódio encontram-se inscritos em uma cruz de madeira, erguida no jardim de frente da Igreja:
Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
"Gambazinho", 17 anos
Leandro Santos da Conceição, 17 anos
Paulo José da Silva, 18 anos
Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
O resultado desse episódio ficou conhecido, internacionalmente, como a Chacina da Candelária e entrou, em definitivo, para o calendário como um dos piores crimes cometidos contra os Direitos Humanos e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
REDE CONTRA A VIOLÊNCIA DOS AGENTES AO SERVIÇO DO ESTADO
A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência é um movimento social independente do Estado, de empresas, partidos políticos e igrejas, que reúne moradores de favelas e comunidades pobres em geral, sobreviventes e familiares de vítimas da violência policial ou militar, e militantes populares e de direitos humanos. A Rede se constrói pela soma, com preservação da autonomia, de grupos de comunidades, movimentos sociais e indivíduos, que lutam contra a violência do Estado e as violações de direitos humanos praticadas por agentes estatais nas comunidades pobres.
Os objectivos da sua acção são:
1) Estimular e promover movimentos permanentes nas comunidades, de prevenção e denúncia da violência estatal, propiciando seu relacionamento e apoio mútuo; 2) Reduzir o número e a frequência, até a total eliminação, dos casos de mortes e violações de direitos devidas à actividade policial/militar; 3) Exigir do Estado reparação às vítimas e sobreviventes de abusos e violações cometidos por agentes do Estado; 4) Construir na sociedade uma rede de apoio jurídico às comunidades contra a violência policial/militar; 5) Construir na sociedade uma rede de apoio médico, psicológico e social às vítimas e sobreviventes da violência estatal; 6) Construir na sociedade uma rede de denúncias, ao nível nacional e internacional, de casos de violência e violações de direitos pelo Estado nas comunidades; 7) Junto com outros sectores da sociedade, lutar contra as causas económicas, sociais, históricas e culturais, da violência contra as comunidades, da criminalização e preconceitos contra os pobres e da desigualdade social.
A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência surgiu no ano de 2004 como fruto da luta mais organizada das comunidades e dos movimentos sociais contra a violência de Estado, a arbitrariedade policial e a impunidade.
Inspirada em mobilizações como as das comunidades do Borel, Acari, Caju e Manguinhos, bem como na resistência incansável de mães e outros familiares de vítimas da violência policial, a Rede (na época denominada Movimento Posso me Identificar) organizou em 16/04/2004 a manifestação, ao completar-se um ano da chacina que tirou a vida de quatro jovens no Borel em 2003. Na ocasião, foi apresentada uma série de propostas e reivindicações ao poder público, que acabaram sendo respaldadas pelas Conferências Estadual e Nacional de Direitos Humanos, realizadas naquele ano. Entretanto, até o momento isso não passou de formalidade, porque desde então as práticas e métodos da polícia face às comunidades e populações pobres não mudaram nada, e os policias envolvidos em matanças e grupos de extermínio continuam sentindo-se muito seguros e certos da impunidade, como o prova a chacina da Baixada de 31/03/2005, que tirou a vida de pelo menos 29 pessoas numa só noite.
http://www.redecontraviolencia.org