Livro: Entre a casa e a caixa. Retrato dos trabalhadores na Grande Distribuição.
Autora: Sofia Cruz
Edições Afrontamento
As Oficinas do Pensável acontecem na última 5a de cada mês, às 21h30 nas instalações da UPP, na Rua Augusto Luso 167, 1 Porto
Trabalhar em centros comerciais. Algumas notas sobre uma pesquisa empírica.
Sofia Alexandra Cruz
Os centros comerciais (1) marcam desde os anos oitenta do século XX a paisagem urbana e comercial portuguesa. No contexto das jornadas sobre centros comerciais que se realizaram em Lisboa, no ano de 1989, defendeu-se que estes espaços eram centros de vida, uma vez que para além do uso comercial também estava em causa um uso cultural, desportivo e social. Volvidos vinte anos sobre esse encontro, destacamos uma outra utilização absolutamente incontornável - a laboral -, que remete para uma dimensão da sociedade do consumo e do lazer composta por indivíduos para quem estes centros comerciais correspondem aos seus locais de trabalho.
Muito embora contemplados sob o olhar da arquitectura, da engenharia e da geografia, os centros comerciais raramente têm sido analisados pela sociologia, exceptuando alguns estudos sobre a sociologia do consumo que os consideram como a expressão máxima de uma cultura de consumo e local mágico de troca e de fruição de mercadorias. Esta constatação, as conclusões decorrentes de um trajecto de investigação anterior (2) e a circulação por estes espaços em muito contribuíram para elegermos como objecto de estudo os/as trabalhadores/as dos centros comerciais.
Nesta Oficina nº2 pretendeu-se dar conta da pesquisa desenvolvida sobre o universo laboral constituído pelos/as trabalhadores/as de lojas de vestuário e de restauração localizadas em centros comerciais. O objectivo central foi reflectir sobre a estratégia metodológica accionada para investigar esta realidade e os desafios encontrados.
(1) A Portaria nº424/85 de 5 de Julho define o centro comercial como o “empreendimento comercial que reúna cumulativamente os seguintes requisitos:
1) possua uma área bruta mínima de 500m2 e um número mínimo de doze lojas, de venda a retalho e prestação de serviços, devendo estas, na sua maior parte, prosseguir diversificadas e especializadas;
2) todas as lojas devem ser instaladas com continuidade num único edifício ou em edifícios ou pisos contíguos e interligados, de modo a que todas usufruam de zonas comuns privativas do centro pelas quais prioritariamente o público tenha acesso às lojas implantadas;
3) o conjunto do empreendimento tem de possuir unidade de gestão, entendendo-se por esta a implementação, direcção e coordenação dos serviços comuns, bem como a fiscalização do cumprimento de toda a regulação interna;
4) o período de funcionamento (abertura e encerramento) das diversas lojas deve ser comum, com excepção das que pela especificidade da sua actividade se afastem do funcionamento usual das outras actividades instaladas”.
(2) No âmbito da tese de mestrado desenvolvemos uma reflexão sobre a especificidade do trabalho da linha de caixas nos hipermercados (Sofia Alexandra Cruz, 2003, Entre a Casa e Caixa. Retrato de Trabalhadoras na Grande Distribuição, Porto, Afrontamento).
Autora: Sofia Cruz
Edições Afrontamento
Com algum atraso damos aqui conta da realização no passado dia 30 de Abril da 2ª oficina do Pensável promovida pela Universidade Popular do Porto (UPP) a cargo de Sofia Alexandra Cruz e subordinada ao tema «Trabalhar em centros comerciais. Algumas notas sobre uma pesquisa empírica.»
As oficinas do pensável são uma iniciativa organizada no quadro das actividades da UPP Universidade Popular do Porto . Trata-se de um lugar de intercâmbio onde falamos do nosso trabalho e conhecemos o dos outros. Tudo porque rejeitamos essa espécie de "solidão especializada", hoje tantas vezes prevalecente, e reconhecemos que o conhecimento é sempre mais do que a soma das suas infinitas partes. Somos uma oficina onde pensar é um trabalho de todos para todos."
As Oficinas do Pensável acontecem na última 5a de cada mês, às 21h30 nas instalações da UPP, na Rua Augusto Luso 167, 1 Porto
Trabalhar em centros comerciais. Algumas notas sobre uma pesquisa empírica.
Sofia Alexandra Cruz
Os centros comerciais (1) marcam desde os anos oitenta do século XX a paisagem urbana e comercial portuguesa. No contexto das jornadas sobre centros comerciais que se realizaram em Lisboa, no ano de 1989, defendeu-se que estes espaços eram centros de vida, uma vez que para além do uso comercial também estava em causa um uso cultural, desportivo e social. Volvidos vinte anos sobre esse encontro, destacamos uma outra utilização absolutamente incontornável - a laboral -, que remete para uma dimensão da sociedade do consumo e do lazer composta por indivíduos para quem estes centros comerciais correspondem aos seus locais de trabalho.
Muito embora contemplados sob o olhar da arquitectura, da engenharia e da geografia, os centros comerciais raramente têm sido analisados pela sociologia, exceptuando alguns estudos sobre a sociologia do consumo que os consideram como a expressão máxima de uma cultura de consumo e local mágico de troca e de fruição de mercadorias. Esta constatação, as conclusões decorrentes de um trajecto de investigação anterior (2) e a circulação por estes espaços em muito contribuíram para elegermos como objecto de estudo os/as trabalhadores/as dos centros comerciais.
Nesta Oficina nº2 pretendeu-se dar conta da pesquisa desenvolvida sobre o universo laboral constituído pelos/as trabalhadores/as de lojas de vestuário e de restauração localizadas em centros comerciais. O objectivo central foi reflectir sobre a estratégia metodológica accionada para investigar esta realidade e os desafios encontrados.
(1) A Portaria nº424/85 de 5 de Julho define o centro comercial como o “empreendimento comercial que reúna cumulativamente os seguintes requisitos:
1) possua uma área bruta mínima de 500m2 e um número mínimo de doze lojas, de venda a retalho e prestação de serviços, devendo estas, na sua maior parte, prosseguir diversificadas e especializadas;
2) todas as lojas devem ser instaladas com continuidade num único edifício ou em edifícios ou pisos contíguos e interligados, de modo a que todas usufruam de zonas comuns privativas do centro pelas quais prioritariamente o público tenha acesso às lojas implantadas;
3) o conjunto do empreendimento tem de possuir unidade de gestão, entendendo-se por esta a implementação, direcção e coordenação dos serviços comuns, bem como a fiscalização do cumprimento de toda a regulação interna;
4) o período de funcionamento (abertura e encerramento) das diversas lojas deve ser comum, com excepção das que pela especificidade da sua actividade se afastem do funcionamento usual das outras actividades instaladas”.
(2) No âmbito da tese de mestrado desenvolvemos uma reflexão sobre a especificidade do trabalho da linha de caixas nos hipermercados (Sofia Alexandra Cruz, 2003, Entre a Casa e Caixa. Retrato de Trabalhadoras na Grande Distribuição, Porto, Afrontamento).