15.2.09

Clandestinos ( texto alheio, onde se invoca este blogue)

O blogue A Carga da Brigada Ligeira brindou o «Pimenta Negra» com um texto, cujo conteúdo subscrevemos por inteiro.
Agradecendo a referência, aproveitamos o momento para convidar todos a visitar o blogue A Carga da Brigada Ligeira que, de uma forma original, trata de várias problemáticas a partir da invocação de um weblog vocacionado para o tema abordado. Reproduzimos abaixo o texto daquele blogue amigo onde se fala da Terra-mãe, do universalismo, da abertura do mundo e dos espíritos, dos imigrantes clandestinos, de Manu Chao, de…



CLANDESTINOS
(texto retirado do blogue :

Hoje visitamos mesmo a propósito o blogue "Pimenta Negra"; Um blogue sobre os movimentos sociais, a ecologia, a contra-cultura, os livros, com uma perspectiva crítica sobre todas as formas de poder (económico, político, etc)


Caros Bloguistas Militantes

Ele existem pensamentos que quando surgem na nossa cabeça julgamos que são só nossos.
Então se esses pensamentos forem "estranhos" à ordem vigente, julgamos para nós (nós somos os nossos maiores julgadores) serem absurdos, isto até lermos um livro ou falarmos com alguém que tenha a mesma "visão" que nós.

É então que repensamos ou deixamos de julgar esse "absurdo" ou essa "visão" como a julgámos até aí e passamos a ver a ideia por outro prisma e até poderemos ter a vontade de a realizar.

É minha ideia de há muito tempo que:
O planeta Terra pertence a todos os que aqui habitam.
Tudo o que fazemos ou que nos fazem com maior ou menor grau tem consequências globais, vai sempre mexer com algo e/ou com alguém e tem sempre um efeito dominó.
Por exemplo: a bomba atómica que caiu em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, teve consequências globais, quer fosse pela radiação,quer fosse pelo horror, quer fosse pelo terror, quer fosse pelo solo que não se pode cultivar, quer fosse pelo destruir da biosfera.
Outro exemplo, os testes nucleares no atol da Muroroa na Polinésia francesa ou noutro local qualquer, a poluição marítima, a poluição dos rios, a poluição da atmosfera, a economia, tudo, mas tudo tem influência nas nossas vidas do dia a dia.

Como diz o corolário da teoria do Caos: Algo tão pequeno como o bater de asas de uma borboleta pode causar um Tufão gigante do outro lado do mundo"

Se o que uns fazem influência positiva ou negativamente a vida dos outros, se todos nascemos no mesmo planeta embora em pontos geográficos diferentes, porque é que determinados pontos do globo tem de ser de uns e tem de ser interditos a outros?

Tem de haver quem governe, é certo – pelo menos até que os seres viventes atinjam a capacidade inata de se respeitarem a si próprios e uns aos outros e contribuírem para a vivência em sociedade.

O caos não se pode instalar, concordamos com isso, mas daí a interditar que os seres humanos se desloquem de um lado para outro, no seu próprio planeta, vai um passo de gigante.

Resumindo, nós não concordamos que existam fronteiras à livre circulação de pessoas.

Se me apetece ir para a Austrália, pois vamos. Se quisermos ir viver em França, com as regras dos Franceses pois muito bem, nós iremos viver.

Nós não nos damos com o clima português, calor seco e frio húmido não é cá para "nous", por isso queremos mudar.

Ter de aturar papeis para esse fim, vistos passaportes e porcarias para nos deslocar dentro do planeta onde nós nascemos... não concordamos, não concordamos e pronto.

Se ainda fossemos para Marte, ou Júpiter ou dar uma voltinha no espaço, e nos pedissem depois papeis para entrar dentro do planeta... ainda quase que era aceitável. Agora para nos deslocarmos dentro do nosso próprio planeta?

Não .... e não!

Não aceitamos e custa-nos ver seres humanos a quererem migrar para outras partes do planeta, e serem espoliados de todas as maneiras, serem transportados de maneiras que nós não permitimos que animal algum fosse transportado assim.

Não aceitamos e custa-nos ver pessoas a enriquecer com o tráfico de migrantes, e tudo isto devido a uma política estúpida seguida pelos países desenvolvidos.

Tratámos outros países como se de segunda ou terceira categoria fossem, roubámos e destruímos terras, escravizámos e assassinámos milhares de naturais desses países, fizemos as nossas guerras nos territórios deles, impusemos-lhes o nosso modo de vida, incutimos a riqueza e a ambição a quem bastava estar no seu local e usufruir das coisas que a natureza lhes dá para estarem bem na vida, para no fim dizermos não a quem quer vir para o nosso continente,para o nosso país para tentar ter uma vida melhor e dar sustento a quem no país de origem ficou.

A UE impôs a PAC e subsidiou a agricultura e os seus excedentes, deixámos de comprar produtos agrícolas aos países que "artesanalmente" os produziam, fomos estreitando o laço que estava sobre a garganta desses países, não ajudámos no desenvolvimento da sua agricultura, harmonizando a mesma com a natureza.

Os "colonos" e as grandes empresas agora, contribuem para a desertificação, desflorestação (com todas as consequências que daí adveem) dessas regiões com consequências planetárias, tirámos o sustento aos naturais desses países e depois dizemos que não queremos imigração?
Então e a FOME? a MISÉRIA? as Mortes? a SUBNUTRIÇÃO? a SOBREPOPULAÇÃO?

Fomos nós que impusemos com esta política de brancos, somos nós que temos as armas e a força, logo pensamos que isso é sinónimo de inteligência... quão enganados nós estamos.

Nós os Europeus de primeira ou de segunda mal disfarçada, não queremos nem aceitamos a imigração ilegal!

Venha ela de onde vier, seja de África, da América do Sul, da Europa de Leste (estes do nosso próprio continente), ou seja não queremos ninguém de lado nenhum.

Mas esta postura não é aceitável.

Não pode ser, algo está mal nas mentes e nas mentalidades de todos os que assim pensam e querem impor o seu pensamento.

Falta-lhes visão do futuro, tolerância, sabedoria e conhecimento do passado.

Eu não aceito a imigração ilegal!

E não aceito a imigração ilegal, porque não reconheço o termo. Não o aceito.

O caso de Portugal, que viveu anos e anos de Emigração, quando éramos um país mais pobre que o que ainda somos, e tivemos de migrar para outros destinos, e construímos fortunas mas também construímos "bidonvilles", migramos para todos os países do mundo, em todos os países do mundo existe um português.

Temos até Paris que é ou que era a segunda cidade com mais população portuguesa.

Andamos nós agora armados em "mete nojo", a dizer mal dos imigrantes, que fazem e acontecem, que ocupam o trabalho dos portugueses.

Nós, portugueses, que estamos melhor na vida do que estávamos nas décadas de 50, 60 ou 70.
Nós, portugueses, que não queremos ser empregados de café, trabalhar nas obras, ser canalizadores e outras profissões em que é preciso sujar as mãos, profissões essas que são ocupadas pelos migrantes de outros países.

Não fora eles, e os atrasos que estamos habituados ainda seria maiores por falta de mão de obra.

Nós que temos um deficit populacional, conseguimos colmatar grande parte desse deficit com a vinda de migrantes de outros países, para no fim de contas ainda os tratarmos mal e dizermos mal deles?

Parece-me que não é uma atitude muito acertada.
Acusá-los de marginalidade?
Marginalidade essa que nós os estamos a empurrar, como empurrámos os migrantes de 1974 e anos seguintes, para a periferia, quando vieram de África, expulsos ou fugidos de um país que era deles.

Estamos no "bom caminho" não haja dúvida, nós os Portugueses e todos os outros povos dos países chamados civilizados.

Reafirmamos "nascemos no Planeta TERRA e temos o direito de andar por qualquer parte do planeta onde nós nascemos."

Não somos clandestinos em nenhum lado e recusamo-nos a ser tratados como clandestinos no nosso planeta, e recusamo-nos a tratar como clandestino qualquer ser humano que se queira deslocar no planeta onde todos nós vivemos.

Se o ser humano se desloca por vezes é porque quer, mas a maior parte das vezes será por necessidade...

Por isso : Não julgues nenhum Homem até teres caminhado com os seus sapatos durante um tempo ... Provérbio Índio.

Clandestino - Manu Chao

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa' una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dejé
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley
Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Argelino clandestino
Nigeriano clandestino
Boliviano clandestino
Mano negra ilegal