25.11.08

Trabalhadores dos CTT lutam pelos seus direitos e convocaram uma greve para os próximos dias 2,3,4 e 5 de Dezembro

Centenas de trabalhadores dos CTT concentraram-se no Sábado passado, 22 de Novembro, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, contra o novo acordo de empresa que, dizem, lhes retira direitos e lhes está a ser imposto à custa de ameaças e pressões.


"Nos últimos seis meses tem havido um clima de terrorismo puro por parte da administração de pessoal", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, a estrutura sindical que convocou para esta tarde uma concentração de trabalhadores dos CTT em Lisboa contra o novo acordo de empresa (AE).

"A adesão individual [ao novo AE] tem sido conseguida através de ameaças, de fecharem os trabalhadores nos gabinetes, de ameaças de exoneração de chefias, de ameaças de represálias sobre familiares que também são trabalhadores, de deslocar [funcionários] para longe do seu local de trabalho", declarou o sindicalista, a propósito das adesões a título individual ao AE que, acusou Vítor Narciso, são ilegais.

"Há trabalhadores a assinar individualmente o acordo de empresa, inclusivamente nossos associados, não muitos, mas há. Os contratos de adesão individual são claramente ilegais ao abrigo do Código de Trabalho, da Constituição, das normas internacionais de trabalho, não têm nenhum valor ou efeito", explicou o representante do SNTCT.

Luísa Gonçalves foi uma dos muitos trabalhadores dos CTT que se deslocaram até aos Restauradores porque, também ela, sentiu necessidade de denunciar e manifestar-se contra as alegadas pressões da administração dos CTT.

"Estamos a lutar contra o assédio feito aos trabalhadores, porque chamam os trabalhadores individualmente e prometem-lhes coisas que depois não cumprem", disse à Lusa.

"Muitos venderam-se por 400 euros, que com certeza já não têm, e vão perder muito mais na sua vida profissional", lamentou Luísa Gonçalves.

Na passada quarta-feira, 19 de Novembro, o SNTCT interpôs uma providência cautelar contra o novo AE, por considerar que este foi apresentado unilateralmente, onde também foram expostas algumas denúncias relativas às eventuais ameaças e pressões praticadas pela empresa.

"Nunca deixámos de ter uma posição dialogante. Esta administração dos CTT claramente deixou de ter a nossa confiança. Qualquer coisa que se passe daqui para a frente tem que ter a intermediação de outros organismos, nomeadamente do ministro da tutela", afirmou Vítor Narciso.

Além da defesa do AE vigente desde 1981, a concentração de hoje, à qual se seguiu um desfile dos trabalhadores até à Praça do Comércio, teve também como objectivo a defesa do direito à negociação e a luta pela manutenção dos direitos e salários dos funcionários dos CTT.

Antonino Simões, trabalhador da empresa e representante sindical, considera inaceitável que há dentro da empresa trabalhadores discriminados em relação aos aumentos salariais.

"Mais de cinco mil trabalhadores dos CTT estão desde o dia 01 de Abril sem aumentos salariais. Uns tiveram um aumento de 2,8 por cento, estes cinco mil não tiveram qualquer aumento", denunciou o funcionário.

Antonino Simões queixou-se também daquilo que considera uma imposição unilateral por parte da empresa de um horário de trabalho alargado aos trabalhadores.

"Como é que é possível uma empresa, sempre que quiser e sem quaisquer regras, poder determinar se [um funcionário] trabalha mais três, quatro ou cinco horas?", questionou Antonino Simões, indignado.

Para os dias 02, 03, 04 e 05 de Dezembro está já convocada uma greve de trabalhadores dos CTT, mas Vítor Narciso admite que as formas de luta possam ir um pouco mais longe.

"Estamos já a pôr a hipótese de a partir dessa data voltar à luta com greves parciais, mas prolongadas", revelou o sindicalista que explicou que, a partir da segunda quinzena de Dezembro, é possível que os trabalhadores façam greves de duas ou três horas por dia, ao longo de vários dias, estando ainda por definir até quando se pode manter este tipo de greve.
Fonte: agências de informação