2.9.08

A desigualdade social mata ( segundo um estudo da Organização Mundial de Saúde)



O meio e o contexto social influenciam decisivamente a saúde de cada indivíduo, segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde agora divulgado

As diferenças quanto ao estado de saúde, bem assim quanto à esperança de vida, existente entre os cidadãos dos diferentes países, e inclusivamente dentro do mesmo país, são uma consequência do contexto social onde cada qual nasce, vive, cresce, amadurece e envelhece. Esta é a principal conclusão de um estudo elaborado pela Comissão sobre as condicionantes sociais da saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) que analisou estes factores ao longo de três anos seguidos.

O relatório afirma que «a nefasta conjugação de políticas e normas económicas deficientes e de um má gestão são os responsáveis, em grande medida, pelo facto da grande maioria da população do mundo não gozar de um grau de saúde que seja biologicamente satisfatório».

E é a própria directora geral da OMS, Margaret Chan, que retira a conclusão mais óbvia: «a iniquidade sanitária é verdadeiramente uma questão de vida ou morte».

Outro dado a reter do estudo é que o nível de riqueza dos países não é decisivo, pois países com rendimentos baixos como é o caso de Cuba, Costa Rica ou Sri Lanka conseguem bons níveis de saúde.

Para além das desigualdades no acesso à saúde, existe outra série de variáveis que influenciam também na saúde. A causa das doenças transmitidas pela água, por exemplo, não é a falta de antibióticos, mas sim muito simplesmente pela insalubridade da água. Assim também as causas para as cardiopatias não resultam da carência de unidades de cuidados, mas antes do modo de vida da população; tal como o flagelo da obesidade advêm do excesso de alimentos ricos em açúcares


Dados sintomáticos recolhidos no estudo mostram a conexão entre as diferenças sociais e as doenças:

Assim, por exemplo, em Espanha os problemas de saúde mental entre os trabalhadores variam consoante o seu estatuto laboral: nos trabalhadores com contrato fixo, a percentagem de quem sofre esse tipo de doença está entre 5% e 15%, enquanto nos trabalhadores precários, sem contrato, a percentagem de quem sofre desse tipo de debilidades está entre 25% e 35%

Na Indonésia as mulheres da classe baixa morrem entre 3 e 4 vezes mais durante o parto do que as mulheres das classes superiores

Na Austrália os aborígenes australianos vivem 17 anos menos que qualquer outro indivíduo do mesmo país.

Nos Estados Unidos da América as taxas de mortalidade entre brancos e afro-americanos são muito diferenciadas, e o seu reequilíbrio poderia representar 886.202 mortes a menos.

No Quénia a mortalidade infantil entre as crianças dos bairros de barracas de Nairobi é multiplicada por 2,5 comparada com a que se regista com as crianças dos outros bairros da mesma cidade

Na Bolívia os bebés de uma mulher boliviana não instruída tem 10% de probabilidade de morrer comparado com os 0,4% dos bebés das mulheres instruídas.



Fonte: Publico.es

O relatório do estudo realizado: