15.6.08

O Teatro e a Estética do Oprimido (Aesthetics of the Oppressed ) de Augusto Boal

A ESTÉTICA DO OPRIMIDO é a mais recente pesquisa de Augusto Boal e da equipe do CTO-Rio. Os alicerces teóricos e os primeiros resultados dessa experiência estão registrados no livro Aesthetics of the Oppressed, lançado pela editora Routledge, em Londres / Reino Unido, em Março de 2006.

A Estética do Oprimido tem por fundamento a certeza de que somos todos melhores do que pensamos ser, capazes de fazer mais do que realizamos, porque todo ser humano é expansivo.

A Estética do Oprimido visa promover a expansão da vida intelectual e estética de participantes de Grupos Populares de Teatro do Oprimido, evitando que exercitem apenas a função de actor, que representa personagens no palco. Os integrantes desses grupos são estimulados, através de meios estéticos, a expandirem a capacidade de compreensão do mundo e as possibilidades de transmitirem aos demais membros de suas comunidades - bem como aos de outras - os conhecimentos adquiridos, descobertos, inventados ou re-inventados

Estética do Oprimido baseia-se na idéia de que o Teatro do Oprimido é um Teatro Essencial - no sentido de estar na essência própria de Ser Humano. Trata-se do Teatro que todo ser humano é, por sua capacidade de ver-se agindo, de ser espectador de si próprio. De se separar em actor e espectador para multiplicar a capacidade de entender sua própria acção. O ser humano, diferentemente de todas as outras espécies de animais, é capaz de se ver agindo, de analisar a situação em que se encontra e, como um director, se auto-dirigir durante sua própria ação. Como actor - age. Como diretor - dirige a ação. Como figurinista - tenta adequar sua aparência à situação e ao cenário onde vai atuar. Como dramaturgo - produz o texto conforme a ocasião. Como ser humano - é capaz de representar a realidade, recriar o real em imagem, para entender sua existência e imaginar sua acção futura


O Teatro do Oprimido actua neste sentido, estimulando as pessoas a descobrirem o que já são, a revelarem para si próprias que são potência, que, por serem capazes de metaforizar o mundo, ou seja, de representá-lo, são capazes de recriá-lo. O objetivo é que essa descoberta ou re-descoberta, permita que cada um se aproprie do que originalmente é seu: a capacidade de ver-se agindo, de analisar e recriar o real, de imaginar e inventar o futuro


Para ajudar cada um a descobrir essa potência e capacidade transformadora, promovem-se actividades artísticas em quatro eixos:



PALAVRA: falada/escrita: os participantes produzem poesias, poemas, reflexões: "o que mais me impressionou" (relato sobre situações que impressionam os participantes no dia a dia) "declaração de identidade" (carta para algum interlocutor - conhecido ou não - com descrição do remetente), artigos, contos, além de textos dos espectáculos;


IMAGEM: actividades de artes plásticas, com produção de desenhos, figuras, criação de esculturas a partir de objetos encontrados; fotografia - análise do mundo que nos cerca e, criação de cenas e espectáculos.


SOM: sonoridade: pesquisa sonora, descoberta do potencial da voz, instrumentos - existentes/inventados, música e criação de dança a partir de movimentos da vida quotidiana.


ÉTICA: diálogos/conversação: promoção de encontros com especialistas e promoção de centros de estudos de: filosofia, história, ecologia, economia, política e vida social









TEATRO do OPRIMIDO


O teatro do Oprimido é o método estético que sistematiza Exercícios, Jogos e Técnicas Teatrais que objetivam a desmecanização física e intelectual de seus praticantes, e a democratização do teatro.

O TO cria condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios de produzir teatro e assim amplie suas possibilidades de expressão. Além de estabelecer uma comunicação directa, activa e propositiva entre espectadores e actores.


O Teatro do Oprimido (TO) é uma metodologia teatral criada no Brasil pelo teatrólogo Augusto Boal, hoje desenvolvida e difundida por todo o mundo, que estimula uma postura activa e protagónica nos seus praticantes e espectadores.

Compõem a Metodologia:



Teatro Jornal
Conjunto de nove técnicas para teatralizar notícias de jornal e para perceber o significado oculto de cada uma. Criada em 1971, no Teatro de Arena de São Paulo, esta técnica foi muito usada na época da ditadura militar brasileira para revelar informações distorcidas pelos jornais da época, todos sob censura oficial.


Teatro Imagem
Técnica teatral que transforma questões, problemas e sentimentos em imagens concretas. A partir da leitura da linguagem corporal, busca-se a compreensão dos factos, porque a imagem do real é real enquanto imagem.


Teatro Invisível
Teatralização de uma cena do quotidiano apresentada no local onde realmente poderia acontecer, sem que se identifique como evento teatral. Desta forma, os espectadores são reais participantes, reagindo e opinando espontaneamente à discussão provocada pela encenação.


Teatro-Fórum

É um espetáculo baseado em factos reais, no qual os personagens, oprimidos e opressores, entram em conflito, de forma clara e objectiva, na defesa dos seus desejos e interesses. Neste confronto, o oprimido fracassa e o público é convidado, pelo Curinga (o facilitador do Teatro do Oprimido), a entrar em cena, substituir o Protagonista (o oprimido) e buscar alternativas para o problema encenado. No Teatro-Fórum o espectador é estimulado a entrar em cena,improvisar como protagonista e buscar alternativas ao problema encenado.


Arco-Íris do Desejo
“Método Boal de Teatro e Terapia”
Um conjunto de técnicas terapêuticas e teatrais, adequadas para a análise de questões interpessoais e/ou individuais.



Teatro Legislativo
O Teatro do Oprimido transforma o espectador em actor, ao passo que o Teatro Legislativo, pretende transformar o cidadão em legislador.
A partir de 1993, o CTO-Rio iniciou o projeto TEATRO LEGISLATIVO através da criação de grupos populares de Teatro do Oprimido, que produzem espetáculos de Teatro-Fórum sobre temas do cotidiano, realizando apresentações gratuitas, nos mais diversos espaços públicos, para estimular a discussão desses temas e recolher sugestões da platéia para elaboração de Propostas de Leis. Essas propostas são recolhidas e entregues à Célula Metabolizadora: equipe formada por um especialista no tema encenado, um assessor legislativo e um advogado com experiência na área, cuja função é fazer a "metabolização" das propostas, ou seja, analisá-las e sistematizá-las, para que sejam novamente encaminhadas à platéia para discussão e votação, ao final da apresentação, quando se instaura a Sessão de Teatro Legislativo.
Ver alguns exemplos em
www.ctorio.org.br