18.2.08

Soneto à Liberdade ( Sonnet to Liberty) de Oscar Wilde

Não que eu ame teus filhos cujo olhar obtuso
Somente vê a própria e repugnante dor,
Cuja mente não sabe, ou quer saber, de nada
É que, com seu rugir, tuas Democracias,
Teus reinos de Terror e grandes Anarquias
Refletem meus afãs extremos como o mar,
Dando-me Liberdade! - à cólera uma irmã.
Minha alma circunspeta gosta de teus gritos
Confusos só por causa disso: do contrário,
Reis com sangrento açoite ou seus canhões traiçoeiros
Roubavam às nações seus sagrados direitos,
Deixando-me impassível e ainda, ainda assim,
Esses Cristos que morrem sobre as barricadas,
Deus sabe que os apóio ao menos parcialmente.

No original:

Not that I love thy children, whose dull eyes
See nothing save their own unlovely woe,
Whose minds know nothing, nothing care to know,
But that the roar of the Democracies,
Thy reigns of Terror, thy great Anarchies,
Mirror my wildest passions like the sea
And give my rage a brother Liberty!
For the sake only do thy dissonant cries
Delight my discreet soul, else might all kings
By bloody knout of treacherous cannonades
Rob nations of their rights inviolate
And I remain unmoved and yet, and yet,
These Christs that die upon the barricades,
God knows I am with them, in some things.


Oscar Wilde
Tradução: Nelson Ascher



Poema que encontrei e trouxe até aqui pela mão de um
blogue com óbvias afinidades com o Pimenta Negra, e que recomendo a todos uma merecida visita.