«A Desobediência», peça de Luiz Francisco Rebello sobre o cônsul português em Bordéus Aristides de Sousa Mendes, que salvou 30 mil judeus passando-lhes vistos contra as ordens de Salazar, estreia hoje no Teatro da Trindade.
Esta peça, escrita em 1995 e baseada no livro de Rui Afonso «A Injustiça – O caso Sousa Mendes», “não pretende ser teatro histórico, mas sim teatro político e popular, na melhor acepção dos termos”, diz Rui Mendes, o encenador
A acção situa-se no Verão de 1940, quando as tropas nazis invadiram a França e a salvação de milhares de judeus na Europa dependia de um visto de trânsito para um país neutro.
Dividido entre a sua consciência e o cumprimento das ordens dadas por Salazar, Aristides de Sousa Mendes decidiu desobedecer ao ditador, o que resultou na salvação de 30 mil pessoas e no seu afastamento definitivo da carreira diplomática.
“Todos eles são seres humanos e o seu estatuto na vida, religião ou cor são totalmente irrelevantes para mim (...) Eu sou cristão e, como tal, acredito que não devo deixar esses refugiados sucumbir. E assim, declaro que darei, sem encargos, um visto a quem quer que o peça” – nestes termos se defendeu o cônsul português das acusações que o Estado Novo lhe dirigiu na sequência dos acontecimentos de Junho de 1940.
“Se outra valia não tiver – escreveu Luiz Francisco Rebello no texto de apresentação da peça – valerá como a simples homenagem de um simples dramaturgo português da segunda metade do século XX a um dos grandes portugueses desse século, que ousou desobedecer num tempo em que se exigia dos homens obediência cega”.
Depois de ser condenado à inactividade num processo disciplinar viciado, de estar arruinado e impedido de exercer a advocacia, Sousa Mendes viu-se obrigado a recorrer à caridade para sustentar a numerosa família.
Criado após a Segunda Guerra Mundial para julgar os crimes cometidos pelos nazis, o Tribunal de Nuremberga estabeleceria que ninguém pode atentar contra os valores humanos sob o pretexto da obrigação de cumprir ordens.
Com interpretação de Rogério Vieira, no papel do cônsul português, Carmen Santos, Diogo Amaral, Igor Sampaio, Joana Brandão, João Didelet, José Henrique Neto, Marques d’Arede e Rita Loureiro, entre outros, «A Desobediência» estará em cena até 25 de Novembro, na sala principal do Teatro da Trindade, de quarta-feira a sábado às 21h30 e ao domingo às 16h00.
No mesmo espaço, decorrerá um ciclo de actividades paralelas com entrada gratuita, intitulado «Desobediências», que pretende “enquadrar a apresentação do espectáculo” e incluirá artes plásticas, uma mostra de cinema intitulada «Histórias de Resistência», vídeo e actividades lúdicas e expressivas para estudantes.
Ciclo de actividades paralelas ao espectáculo “A Desobediência”:
Cinema Ciclo de Cinema Histórias de Resistência
Seis filmes, muito diversos entre si, que servem para dar (mesmo de forma não exaustiva) uma ideia da atenção dispensada pelo cinema alemão ao tema da heroicidade e resistência (incluindo a não-violência), contra a demência e barbárie do regime nazi de Adolfo Hitler.
Outubro
Dia 16 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
O Nono Dia (Der Neunte Tag)
de Volker Schlondorff
com Ulrich Matthes, August Diehl, Hilmar Thate.
Alemanha / Luxemburgo, 2004 93 min. cópia DVD, Leg. português
>O dramático dilema do padre católico, Henri Kremer que tem nove dias para convencer o bispo a influenciar o Vaticano das” virtudes” do regime nazi e assim salvar a sua família e os amigos, prisioneiros, tal como ele, no campo de concentração de Dachau. Schlondorff (o autor do mítico “O Tambor), realiza uma exemplar, dramática e realista reflexão sobre a moral e a consciência durante o nazismo.
O Nono Dia (Der Neunte Tag)
de Volker Schlondorff
com Ulrich Matthes, August Diehl, Hilmar Thate.
Alemanha / Luxemburgo, 2004 93 min. cópia DVD, Leg. português
>O dramático dilema do padre católico, Henri Kremer que tem nove dias para convencer o bispo a influenciar o Vaticano das” virtudes” do regime nazi e assim salvar a sua família e os amigos, prisioneiros, tal como ele, no campo de concentração de Dachau. Schlondorff (o autor do mítico “O Tambor), realiza uma exemplar, dramática e realista reflexão sobre a moral e a consciência durante o nazismo.
Dia 23 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
A Rosa Branca (Die Weisse Rose)
de Michael Verhoeven
com Lena Stolze, Wulf Kessler, Oliver Siebert.
Alemanha, 1982 123 min16mm, Leg. castelhano
>A história verídica de um grupo de estudantes da Universidade de Munique -Sophie Scholl, Hans Scholl, Willi Graf, Christoph Probst, Alexander Schmorell, e o professor Kurt Huber- que, em 1942, formaram uma célula de resistência (A Rosa Branca), não-violenta, contra o III Reich. Denunciados, são presos pela Gestapo e condenados à morte. Uma tocante lição de coragem e de abnegação.
Dia 30 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Os Cinco Últimos Dias Dias (Fünf letzte Tage)
de Percy Adlon
com Lena Stolze, Irm Herrmann, Joachim Bernhard
Alemanha, 1982 123 min16mm, Leg. castelhano
>Pela mão do realizador de, “Rosalie Vai às Compras” (divertida sátira ao consumismo), um drama intimista carregado de humanidade, dor e vida centrado nos derradeiros dias de cárcere de Sophie School, estudante de 21 anos, que ousou desafiar a tirania nazi.
Novembro
Dia 6 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Nú Entre Lobos (Nackt Unter Wolfen)
de Frank Beyer
com Krystyn Wojcik, Armin Mueller-Stahl, Fred Delmare
Alemanha (RDA, 1962 124 min. 16mm, Leg. inglês
>Baseado num romance célebre de Bruno Apitz, esta odisseia verdadeira de um grupo de prisioneiros no campo de concentração de Buchenwald que arrisca as suas vidas para salvar uma criança judia possui um inequívoco e tocante humanismo, que é mais forte em impacto do que a obra literária.
Nú Entre Lobos (Nackt Unter Wolfen)
de Frank Beyer
com Krystyn Wojcik, Armin Mueller-Stahl, Fred Delmare
Alemanha (RDA, 1962 124 min. 16mm, Leg. inglês
>Baseado num romance célebre de Bruno Apitz, esta odisseia verdadeira de um grupo de prisioneiros no campo de concentração de Buchenwald que arrisca as suas vidas para salvar uma criança judia possui um inequívoco e tocante humanismo, que é mais forte em impacto do que a obra literária.
Dia 13 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
Coragem de minha Mãe (Mutters Courage)
de Michael Verhoeven
Alemanha, 1995 16mm 93 min. v. o. leg. em castelhano
>No verão de 1944, durante a ocupação alemã, uma mulher deportada pelos nazistas consegue escapar da morte no campo de concentração, graças à sua coragem. Baseado na história verídica de Elsa Tabori, que também foi adaptada para o teatro pelo seu filho, o dramaturgo George Tabori, o filme foi , em 1996, premiado “Filme do Mês”.pela igreja evangélica.
Coragem de minha Mãe (Mutters Courage)
de Michael Verhoeven
Alemanha, 1995 16mm 93 min. v. o. leg. em castelhano
>No verão de 1944, durante a ocupação alemã, uma mulher deportada pelos nazistas consegue escapar da morte no campo de concentração, graças à sua coragem. Baseado na história verídica de Elsa Tabori, que também foi adaptada para o teatro pelo seu filho, o dramaturgo George Tabori, o filme foi , em 1996, premiado “Filme do Mês”.pela igreja evangélica.
Dia 20 Terça-feira 18h30 // Sala Principal
O 20 de Julho (Der 20 Juli)
de Falk Harnack
com Wolfgang Preiss, Annemarie Düringer, Robert Freitag, Maximilian Schell
Alemanha, 1955 16mm 97 min. leg. em castelhano
>Reconstituição histórica da oposição militar antinazi nas vésperas do atentado contra Hitler e os acontecimentos de 20 de Julho de 1944 que redundaram no fuzilamento dos resistentes sublevados.