2.9.07

Comemoram-se hoje os 50 anos da reserva ornitológica do Mindelo


Fonte da notícia: jornal O Primeiro de Janeiro

Em 1957, foi criada em Vila do Conde a primeira área protegida nacional.

Actualmente, a ROM estende-se por 600 hectares que constituem a última área costeira não construída do Grande Porto.



A Reserva Ornitológica de Mindelo (ROM) – primeira área protegida criada em Portugal em 1957 – comemora hoje 50 anos de vida. Durante décadas foi um espaço único que marcou o nascimento do estudo das aves e da conservação da Natureza em Portugal e no mundo. Nos primeiros trinta anos Santos Júnior, professor da Universidade do Porto, e os seus colaboradores da comunidade local, anilharam na zona mais de 78 mil aves. Com o aumento da pressão urbanística a área foi abandonada tornando-se um espaço ameaçado. Apesar da degradação a que se chegou, e da ambiguidade do seu estatuto de conservação, a ROM, que se estende por 600 hectares, foi conseguindo sobreviver, sendo mesmo a última área costeira não construída do Grande Porto, sendo procurada por cientistas e pela população para actividades de investigação e lazer. Nas últimas duas décadas foram realizadas campanhas de sensibilização da população local e foi criado o Movimento PROMindelo (Pela Reserva Ornitológica de Mindelo) que envolveu milhares de pessoas.



24 horas pela ROM


Para assinalar os 50 anos da ROM, estão em curso várias actividades que se iniciaram com a acção «De Regresso ao Futuro» realizada em Outubro de 2006, recriando as acções de anilhagem aí realizadas, e que se irão reforçar durante o próximo ano. O Movimento PROMindelo, fundado pela Associação dos Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente, irá também acompanhar a ROM durante 24 horas (que têm início hoje pelas 19h00 em Árvore na Rua Engenheiro Mário Almeida), contribuindo para a sua revitalização e na sequência do trabalho que diariamente é realizado. Serão, por isso, organizadas acções de remoção de resíduos (pelas 9h00 de domingo), limpeza de mato e abertura de caminhos, para além de actividades lúdicas como treino de orientação pedestre, piquenique solar e jogos tradicionais, previstos para as 14h00.


O objectivo é a ROM passar a ser Paisagem Protegida do Litoral de Vila do Conde. A finalidade é a de transformar este num espaço de promoção de actividades económicas sustentáveis, turismo e lazer, e de uma actividade educativa e científica em meio natural.


Às voltas na reserva

No princípio era o mar, as ondas espraiando-se em dunas que invadem a terra num ecossistema peculiar. Era o sal espalhado pelo vento, os pequenos arbustos resistentes às intempéries, pintando de verde os espaços amarelados de sol. Acalmam-se as areias numa planície transitória entre a praia e a floresta, como se uma força maior se tivesse rendido à energia da natureza e permitido, finalmente, o desabrochar da fauna e flora. O imenso azul cede a vez a um manto verde pontilhado, aqui e ali, por pequenas pétalas multicolores. O silêncio emanado da própria terra é apenas interrompido pelas vozes de quem segue pelos trilhos, de quem caminha entre os diversos ecossistemas que formam a ROM. É a praia, o espaço interdunar, o espaço agrícola e, por fim, a floresta. O chão vê-se geometricamente dividido em áreas de cultivo, terras aradas, montes de feno empilhados formando linhas de um xadrez imaginário. Apenas mais uns metros e as solas dos sapatos sentem uma nova textura; não mais a granulada de areia, ou a suave de campos tratados mas a terra nova, o chão rígido que não se deixa abater a passos dados. Aqui os trilhos são mais sinuosos… E no ar o cheiro a eucalipto, à seiva que corre nas árvores brotando em resina e mais uma vez o silêncio, ou a música das folhas que se agitam com o vento…




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