15.6.07

R de Rivoli

O Rivoli-teatro municipal do Porto está transformado em casa de espectáculos!!!

Manifestação contra a política cultural de Rui Rio e a entrega do Rivoli-teatro municipal aos interesses comerciais reuniu muita gente.


(Nota pessoal: a beleza natural das jovens manifestantes contrastava com o kitsch e o evidente mau gosto exibido pelas convidadas de serviço do La Féria. Até nisso a manifestação foi uma vitória da população do Porto. )


Ontem a concentração silenciosa convocada para a estreia do espectáculo revivalista do empresário La Féria no Rivoli (ex-teatro municipal do Porto) conseguiu reunir muitos manifestantes que acabaram por cercar todo o aparato «à Hollywood-de-trazer-por-casa» que foi montado para o efeito à entrada da nova casa de espectáculos.
Os manifestantes exibiam um R impresso numa folha branca em memória ao Rivoli – teatro municipal, adquirido e totalmente reconstruído com dinheiros públicos e que, durante mais de uma década, realizou uma notável obra de divulgação cultural permitindo que os grupos e colectivos da cidade apresentassem as suas produções nas suas instalações como ainda trazendo de fora uma variada gama de artistas e produções artísticas sempre com uma boa receptividade e retorno financeiro.
A presença numerosa dos manifestantes permitiu o cerco completo à volta do gradeamento instalado na Praça D.João I e constituiu um cenário alternativo, mais recomendável e vistoso, que o triste e ridículo espectáculo em que se transformou a chegada e a recepção dos presumidos «vips» à estreia da velhinha e bolorenta ópera-pop «Jesus Cristo Superstar». O aparato montado metia dó, tal era o artificialismo bacoco que misturava batuques com um ritualizado meneio de ancas a que um casal não se cansava de se entregar no alto de dois andaimes. Um tenda de plástico transparente era a antecâmara por onde se tinha de passar para entrar no átrio do edifício, não sem antes a patrocinadora do espectáculo, uma conhecida marca de cerveja, se exibir a fim de mostrar o seu alto contributo para mais este acto «kultural». Mas pior ainda foi a chegada dos convidados. Aquilo parecia mais uma brigada do reumático. De todos os lados da praça, surgiam senhoras a coxear ( as jovens e as menos jovens pouco ou nada se distinguiam, tal era a sua semelhança), com notória dificuldade em locomover-se nas alturas dos seus sapatos, enquanto jovens imberbes mascarados de cavalheiros faziam o possível por se passarem por ambiciosos executivos do BPI e, outros, por versões recicladas do Conselheiro Acácio.
A acção de contestação, comparada com aquele refugado, foi excelente. De emoção contida, de número muito significativo de presenças, da qualidade de manifestantes ( sobretudo, da beleza da raparigas), em tudo a contestação de rua ficou a ganhar.
Rui Rio e o La Féria, de costas voltadas para a cidade e a sua população mais activa, ficarão definitivamente condenados ao papel de vendilhões do património urbano, aqueles que pretenderam esbulhar a cidade do seu teatro municipal e transformá-lo em casa de espectáculos.


Fotografia retirada de http://artimanha-artimanha.blogspot.com/