23.4.07

Os livros são feitos para serem lidos!


«O verbo ler deriva de verbo latino que significa colher; o homem que lê é como um colhedor de frutos. Ler é pois, antes de tudo, um alimento»
CACÉRÈS, Geneviève, La lecture



«Os livros são feitos para serem lidos, por isso é que os emprestamos, para que eles continuem o seu caminho, e não os encontremos mais. Devem circular e nunca estarem inertes»
August Stindberg



Porquê ler os clássicos? (Ítalo Calvino)

A leitura de um clássico deve oferecere-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura directa dos textos originais, evitando o mais possível a bibliografia crítica, comentários, interpretações. A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem tudo para que se acredite no contrário. Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumo para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele.





Os dez direitos do leitor são:

1)O direito de não ler.
2)O direito de pular páginas.
3)O direito de não terminar um livro.
4)O direito de reler.
5)O direito de ler qualquer coisa.
6)O direito de amar os "heróis" dos romances..
7)O direito de ler em qualquer lugar
8)O direito de ler uma frase aqui e outra ali
9)O direito de ler em voz alta
10)O direito de não falar do que se leu.
( Daniel Pennac, 1944, Como um Romance)


O homem constrói casas porque está vivo, mas escreve livros porque se sabe mortal. Ele vive em grupo porque é gregário, mas lê porque se sabe só. Esta leitura é para ele uma companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma outra companhia saberia substituir. Ela não lhe oferece qualquer explicação definitiva sobre seu destino, mas tece uma trama cerrada de conivência entre a vida e ele. Ínfimas e secretas conivências que falam da paradoxal felicidade de viver, enquanto elas mesmas deixam claro o trágico absurdo da vida. De tal forma que as nossas razões para ler são tão estranhas quanto nossas razões para viver. E a ninguém é dado o poder para pedir contas dessa intimidade.
(Daniel Pennac)


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