26.4.07

Há 70 anos Guernica era bombardeada pelos aviões fascistas

O célebre quadro de Pablo Picasso, em homenagem às vítimas do bombardeamento aéreo perpetrado pelos aviões fascistas

A pequena povoação de Guernica após o bombardeamento aéreo que marca o início na Históriados bombardeamentos sobre populações civis


Símbolo da barbárie militar, o bombardeamento aéreo, há 70 anos, do pequeno povoado basco de Guernica (Guernika, em euskera, dialeto basco) pela força aérea nazi, em apoio às forças nacional-fascistas do General Franco, acontecimento que inspirou a obra-prima homónima da Picasso, marca a entrada na história militar dos chamados bombardeamentos às populações civis.


No dia 26 de Abril de 1937, o povoado de 6 mil habitantes era bombardeado pelos aviões da Legião Condor da aviação alemã, em apoio às forças nacionalistas do general Francisco Franco, meses após o início da Guerra Civil espanhola (1936-39).


O bombardeamento às cegas, ao cair da tarde, num dia de mercado, provocou incêndios que destruíram três quartos da cidade, e deixou centenas de mortos.


E foi assim que Guernica, base histórica do nacionalismo basco que queria derrubar Franco, se converteu na primeira cidade da História destruída por um ataque aéreo dirigido contra alvos civis.


Dois dias depois, o jornalista inglês George Steer denunciava a "tragédia" de Guernica num célebre artigo publicado na capa do The New York Times, mas que só saiu na página 17 do Times londrino.


Steer descrevia os ataques rasantes dos Junkers e Heinkel alemães que descarregaram sobre Guernica milhares de bombas, a maioria incendiárias, antes de metralhar os moradores que escapavam dos incêndios.


Os nacionalistas acusaram imediatamente as forças republicanas de ter incendiado a cidade, argumento de propaganda durante muito tempo repetido pelos meios de comunicação e círculos conservadores da Europa.


Posteriormente, quando se viram contra a parede, os franquistas atribuíram a responsabilidade pelo massacre aos alemães, que por sua vez afirmavam que só pretendiam bombardear uma ponte e uma fábrica de armas nos arredores de Guernica.


Entretanto, nem a ponte, nem a fábrica foram alcançadas pelas bombas.

Pesquisas históricas, em particular uma extensa investigação feita nos anos 70 pelo jornalista inglês Gordon Thomas, permitiram confirmar que o bombardeio fazia parte de uma "estratégia de terror" idealizada pelos franquistas em parceria com seus aliados nazistas.O general golpista Emilio Mola, que comandava a ofensiva dos fascistas contra os republicanos no norte da Espanha, havia explicado claramente que sua intenção era "arrasar Vizcaya" e terminar rapidamente com a guerra na região.

Pablo Picasso nunca duvidou da origem e magnitude dessa tragédia, que retratou na sua célebre tela de 1937, baptizada com o nome do povoado bombardeado.


"Vocês fizeram isso?", perguntou algum tempo depois, em Paris, o embaixador alemão Otto Abetz ao autor da obra. "Não, foram vocês", respondeu Picasso, que destinou os lucros das exposições de "Guernica" à causa republicana.