5.2.07

Decálogo-profecia a favor de um novo velho teatro, por Alfonso Sastre

( e que foi distribuída com o drama «Ulalume» escrito por Alfonso Sastre, e inspirado nos últimos dias de Edgar Allan Poe, e que foi estreado no passado dia 27 de Janeiro em San Sebastian,)

1. Tenho que confessar desavergonhadamente que «Onde estás, Ulalume, onde estás?» é um drama que cuidei em inseri-lo na melhor tradição do teatro europeu e americano

2. A minha profecia é que voltará a haver no mundo «ocidental» um drama digno daquela tradição literária e que vai desde Sófocles s Brecht, passando por Shakespeare, Ibsen, O´Neill Y Pirandello.


3. Creio que voltará a haver grandes autores dramáticos e que a sua história ainda não terminou

4. Voltará a haver um Drama que intervirá na vida social e na história do pensamento

5. Um Drama que voltará a ser um jogo perigoso, ou seja, uma actividade poética

6. Um drama que voltará a ser uma actividade política. Naturalmente crítica da política profissional e das suas corrupções; ou seja, um teatro crítico.

7.Um teatro que voltará a ser uma séria e divertida investigação (exploração) da realidade

8. Um Drama que exaltará a vida humana como uma praxis negadora de toda a agonia entendida como um absoluto ( um Drama contra o ilustre legado de Samuel Beckett, digamos) e também e ao mesmo tempo com o mesmo objectivo de perseguição da complexidade, como uma agonia negadora de qualquer activismo de revés ( contra o falso legado dos discípulos de Brecht)

9. A história do Drama não terminou, pois; e pela mesma razão pela qual q pós-modernidade começa hoje a ser uma antiguidade. Esta história do Drama continuará seguramente nas pequenas salas, naquelas onde se projectará uma luz sempre renovada sobre a vida social.

10. Nós acompanhamos hoje quase apologeticamente o nosso herói irrisório, Edgar Allan Poe, na sua morte histórica e na sua contínua ressurreição, também histórica. Esta é a pequena luz que agora acendemos neste palco em que nos encontramos, com a nossa agonia e a nossa praxis, ou seja, com a nossa praxis e a nossa agonia, à altura do nosso tempo